Nessa jornada que
um fim não parece ter
Nos perdemos mais
do que gostaríamos
Dessa guerra da
qual não podemos correr
Nós perdemos mais
do que admitimos
Num labirinto que
se ergue a cada amanhecer
Procuramos uma saída que proferimos
Caindo exaustos no
chão a cada anoitecer
Sem nos questionar
de como agimos
Porque talvez
errado estamos correndo
Explicaria por que
estamos tão ofegantes
Perseguindo
miragens que estamos vendo
Mas que se tornam
cada vez mais distantes
Nossas forças vão então
se desvanecendo
Extinguindo-se dos
nossos semblantes
Enquanto uma dor
vem nos preenchendo
E por fim nos
esquecemos do antes
Antes de
carregarmos o peso do mundo
Antes de nos
moldarem a uma imagem
O que será que
somos bem lá no fundo?
Como é a alma por
debaixo da blindagem?
Deixamos o corpo
se tornar moribundo
Para satisfazer
algum outro personagem
Uma amálgama com
um caráter imundo:
O esmagador
pedágio da nossa viagem
Nossos sonhos foram
então apagados
À força arrancados
por mãos alheias
Na esperança de cairmos
desamparados
Num deserto soterrados
por suas areias
Sem olharmos para
caminhos passados
Velhos túneis
cobertos por densas teias
Impermeados por
ideais abandonados
De vidas que antes
pareciam cheias
A verdade tem
outra face entretanto
A doce e sedutora nostalgia
nos engana
Nos carrega até
aquele velho canto
Nos vicia com uma
ação tão mundana
Que nós nem mesmo
esboçamos espanto
Quando a amarga
tristeza nos esgana
Queremos apenas
recorrer ao pranto
Sem almejar
enxergar o nirvana
Pois de tudo do
passado que enxergamos
De algo valoroso
ignoramos a existência
Que há tanto tempo
nós abandonamos
Por muito mais que
falta de sapiência
Porque para
sobreviver nós mudamos
Sacrificamos mais
que nossa inocência
E de tão cegamente
que nós lutamos
Acabamos por perder
nossa real essência
Nos tornamos algo
que não queremos admitir
Um ser costurado como uma colcha de retalhos
Nos tornamos algo
que desejamos é omitir
Um ser humano
deixado em frangalhos
Alguém que
escolheu por tanto se reprimir
Que só realmente
se expressa por atos falhos
Alguém cheio
demais de nadas para sentir
Algo real além da
chegada de seus grisalhos
Mas as nossas
histórias não precisam acabar assim
Pois pode ser
recuperado aquilo que foi perdido
As centelhas de
nossas chamas não chegaram ao fim
Então deixemos
queimar o que não tem nos servido
Para podermos respirar
sem sentirmos o gosto ruim
Daquilo que nos
tem a essa torpe escuridão prendido
Seguiremos nosso
caminho como quisermos enfim
E seremos quem nós
sempre deveríamos ter sido
Não mais nos
contentaremos com a mediocridade
Não mais nos
tornaremos vazios para preencher alguém
Não mais ousaremos
desistir na nossa própria vontade
Em prol de quem sempre
nos trata com tamanho desdém
Reencontraremos nós
mesmos no meio dessa tempestade
Para não mais do
acaso ser apenas mais um mero refém
E não mais
tentaremos nos esconder da realidade
Porque nossa bravura
finalmente nos cai bem
Agora enfim podemos
nos olhar nos espelhos
Sem termos de nos
envergonhar do que vemos
Sem mais termos de
cair derrotados de joelhos
Pedindo por perdão
pela vida que escolhemos
Porque já ouvimos
os mais loucos conselhos
E de nós nunca
mais nos arrependeremos
Após sangrarmos
tantos rubis vermelhos
Podemos nos
orgulhar de como vivemos
E com essa força na
qual podemos contar agora
O mais pesado dos
fardos já não pesa mais nada
A culpa dos incontáveis
erros cometidos outrora
Apenas nos
fortalece a cada verdade revelada
Enfrentando sem
medo os demônios de agora
Pois os do passado
não mais sobrevivem à alvorada
Anunciando com seu
brilho a chegada da nossa hora:
A hora de sorrirmos
para enfim viver a nossa jornada