terça-feira, 21 de março de 2017

Anúncio 51

Consegui me mudar e agora tenho internet (por mais meh que ela seja).
As postagens voltarão ao normal em breve (espero).
Até logo!

segunda-feira, 13 de março de 2017

Anúncio 50

É o 50º anúncio. UHUUUUL!
Mas falando sério, tenho que me desculpar pela falta de postagens nessa semana. Eu estava animado para continuar o "Descanse em Paz", porém, está difícil arrumar tempo e foco ultimamente. Muitas coisas acontecendo na minha vida, incluindo uma faculdade pra começar daqui a uma semana e uma mudança pra daqui a uns poucos dias. Juro que quando eu tiver tempo eu voltarei pro conto. Estou agoniado para escrevê-lo, mas agora não é a a hora.
Espero que compreendam.
Até logo.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Anúncio 49

Já foi "Os Viajantes", aí virou "Uma Falsa Esperança" e agora é "Descanse em Paz". Fazia tempo que eu ficava tão em dúvida em relação ao nome de uma história. Não acho que devo alterar de novo, mas nunca se sabe. O que realmente importa é: Não pretendo escrever mais nada até acabar esse conto. Exato, vou me focar por completa nessa coisa. Tô tão meticuloso que toda hora reescrevo alguma coisa (é bom reler as partes anteriores, principalmente a segunda, devido às alterações).
Bem, por hoje é isso. Em breve terei mais uma parte do "Descanse em paz". Aguardem!
Até mais!

sábado, 4 de março de 2017

Descanse em Paz - Parte 2

O caminho foi menos que agradável, tornando-se gradualmente mais agonizante a cada passo dado em direção à vila. O ar venenoso parecia ceifar a vida de tudo o que lá vivia. Árvores enegrecidas eram deixadas como carcaças, exibindo seus esqueléticos galhos retorcidos como adornos para a trilha. O grasnar dos corvos soava distante, aconselhando inutilmente os viajantes a deixarem aquele local amaldiçoado. A sufocante atmosfera ficava cada vez mais densa, pesando sobre seus ombros cansados. As rajadas gélidas de ar os açoitavam sempre que baixavam a guarda, atravessando tecido e carne sem esforço, golpeando seus ossos com cada sopro.
Aquele sofrimento, entretanto, não era o pior que poderia acontecer. Rick e Liza bem sabiam disso. Com o tempo souberam apreciar aquelas situações, abrir um largo sorriso diante de um desafio verdadeiro, saborear a adrenalina proporcionada pelo medo e, até mesmo, pela dor.
Era quase engraçado como estar mais próximo da morte podia fazer alguém apreciar melhor a vida. E era pensando assim que, ao chegarem ao vilarejo, os dois sentiram uma melancolia sem fim dilacerando seus espíritos.
A vila estava pior do que morta. Ela respirava, porém, não mais ansiava por viver. O vento não soprava. As crianças não brincavam. Os cachorros não latiam. Os homens não trabalhavam. As senhoras não tagarelavam. Tudo estava inerte. Tudo estava cinza.
E eu achava que nossa cidade era parada... Murmurou Liza. Seus olhos corriam de um canto para o outro, viajando nervosamente pela cena, tentando encontrar algo que não transbordasse tristeza. Algo me diz que não vamos encontrar muita hospitalidade por aqui...
Se isso significar não ter que enfrentar hostilidades, não vejo problemas... Rick disse num tom áspero, claramente desconfortável com o ambiente. Quanto menos tempo passarmos aqui, melhor pra nós...
Verdade... Ela concordou pensativa. Vamos tentar procurar alguém pra nos dar informação...? Perguntou após alguns segundos. Se bem que parece difícil...
Sim... Acho mais provável sermos puxados até o demônio que estamos procurando...
E foi praticamente aquilo que aconteceu. Uma aura sombria ardia intensamente no meio da vila, algo muito diferente da monotonia enlouquecedora que via ao seu redor. Rick sentia a intensidade do calor aumentando a cada passo seu dado na direção certa. Seu coração acelerou. Zumbidos começaram a chegar seus ouvidos. Vagarosamente, foram se tornando mais claros, compreensíveis como um enigma que se resolvia sozinho.
Rick... Liza o chamou.
Ele pediu silêncio. Suspiros chegavam até seus ouvidos. Era como se não quisessem ser descobertos pela pessoa errada. Rick se manteve calmo, atento para o que diziam. Uns pareciam chorar, arrependidos por algo que não fizeram. Alguns aconselhavam que ele fugisse, deixasse o vilarejo o quanto antes. Outros pediam desesperadamente por ajuda, implorando por uma paz que lhes foi negada. E mais e mais vinham até seu ouviente.  
Rick. Liza soava nervosa.
O homem nem sequer pôde ouvir a companheira. Sua pobre voz se perdeu entre as tantas que clamavam pela atenção de Rick. E elas estavam mais altas. Estavam mais inquietas. E eram cada vez mais delas. Tantas que já não eram mais nítidas. Um caos sonoro foi o que resultou daquilo, engolindo seu ouvinte, arrastando-o para um abismo escuro. Eram gritos. Choros. Urros. Até mesmo risadas. Nem mais sabia dizer que idioma falavam. Tudo o que sabia era que não mais enxergava. Não mais andava pelo vilarejo cinza de antes. Nem mais sentia o chão sob seus pés.
Rick! Liza berrou.
Um ato em vão. O grito da jovem foi impedido de chegar até os ouvidos Rick. Aquelas incontáveis vozes angustiadas não gostavam de compartilhar. Afinal, o ouvinte era deles. E somente deles. Querendo ou não, seu escolhido ouviria tudo o que tinham que dizer. Ouviria suas mágoas. Suas aflições. Seus desejos nunca realizados. Tudo isso enquanto roubavam suas forças, pouco a pouco, palavra a palavra, materializando o inferno diante dos seus olhos, preenchendo as trevas com luzes espectrais, observando a revelação das centenas de seres amorfos que o assombravam, trazendo o sopro da morte que o fazia se curvar.
Por fim, lentamente, tentáculos negros começaram a surgir. Abrindo buracos no próprio ar, os membros asquerosos serpenteavam até sua presa. Rick apenas permaneceu lá, paralisado pela aura sombria, observando atônito o que não sabia se era um demônio avançando ou, então, a própria insanidade clamando por sua alma.
Então, tudo acabou abruptamente.
Um tapa. Apenas um. Foi o suficiente para trazer Rick de volta à realidade.
As vozes foram cessando até que não mais pudessem ser ouvidas. Sua visão foi clareando, tornando-se menos turva a cada segundo que passava, até que pudesse ver Liza bem em sua frente.
Rick fitou o rosto da companheira. Ela estava pálida, ofegante após tanto gritar. Seus olhos então foram até a mão da amiga, ainda parada no ar. Ele podia sentir a bochecha formigando, quente após o tapa que levou.
O que aconteceu, Rick...? Liza perguntou nitidamente preocupada. O que você viu...? O que você ouviu...?
Muitas vozes... Rick respondeu ainda lento. Muitos espíritos... E... Algo que não tenho certeza do que era...
A jovem suspirou um pouco aliviada. Seu coração batia acelerado em seu peito, é claro, mas era bom ouvir uma resposta do parceiro. Rick, por sua vez, pensou em agradecer pelo resgate, apesar do tapa em sua cara, mas acabou não o fazendo. Sua visão, bem como sua atenção, foi pega pela paisagem que o cercava.
A terra cinza e as flores quase mortas já pareciam típicas do lugar. As lápides cobertas de musgo e os túmulos ornados com teias de aranha, no entanto, não eram.
Ótimo... Rick bufou. Agora entendia o porquê de tantas vozes melancólicas em sua cabeça. Como eu cheguei aqui...?
Você correu. Liza respondeu sem ânimo, cruzando os braços junto do corpo em seguida. Claramente não estava confortável após o que havia acontecido. Você estava fora de si... Só parou quando chegou aqui no cemitério... Aí... Você ficou aí, em pé, parado... Só faltou começar a espumar pela boca...
Entendo... Ele coçou o queixo, pensativo. Curioso...
O que foi...?
É só uma teoria, mas... Rick sentiu um calafrio percorrendo sua espinha ao pensar nos tentáculos de antes. Presumindo que eu vi o demônio que procuramos, mesmo que não em sua forma verdadeira... E pela quantidade de espíritos sem descanso... Creio que o nosso alvo pode usar essas almas como seus servos... Provavelmente almas ceifadas por ele mesmo...
Então... O demônio é um tipo de necromante...? Ela concluiu sem muita certeza. Pode não ser muito forte sozinho... Mas fica se escondendo atrás dos capangas... Que são vários... É isso?
É só uma teoria. Ele repetiu. Mas sinto estar certo... Seu olhar, então, começou a vagar pelos arredores. Não sei se o demônio vai estar escondido aqui, mas talvez possamos achar...
Não. Liza o interrompeu. Não aqui.
Por que tem tanta certeza...?
A jovem respondeu não com palavras, mas sim, apontando um dedo. Rick seguiu o indicador da parceira, levando seu olhar para fora do cemitério, num dos pontos mais altos da vila.
Ah... Rick soou um tanto quanto surpreso. Ali...
Com passos firmes, a dupla caminhou até saírem do cemitério. Seus olhos estavam fixos no que estava no fim da rua, bem no topo da colina.
A grande e solitária casa permanecia suprema. Sua mera aparência era o suficiente para manter os visitantes afastados. As paredes de madeira foram enegrecidas, desgastadas pelos anos. O telhado cinzento se desfazia, erodido pelas chuvas e ventos, pronto para ceder a qualquer momento. Do buraco onde uma vez existiu uma porta, as sombras absolutas pareciam rir de quem se aproximava.
Mas nada disso importava. A imaginação de curiosos pode criar ilusões, gerando pavor onde antes nada sobrenatural existia. Aquela poderia ser, sem dúvidas, uma casa abandonada qualquer. Suas histórias de terror não seriam nada mais que boatos e mentiras. Rick, entretanto, sentia a aura que o lugar emanava. Sentia ao ponto de ficar enjoado apenas de olhar na direção da velha construção. Sabia muito bem que a história de terror já havia começado a ser contada.
Se você acha que estiver bem... Liza começou, mantendo seu tempo preocupado de antes. Podemos ir. Caso contrário, podemos esperar mais um pouco...
Eu estou bem. Rick disse com firmeza, apesar de não acreditar nas próprias palavras. Ele abriu um sorriso então, tentando tranquilizar a parceira. Vamos?

Liza assentiu, sem hesitar, retribuindo o sorriso em seguida. Porém, seu rosto logo se fechou. A cada passo dado em direção à maldita casa, a jovem podia sentir um aperto cada vez mais forte em seu coração. Algo dentro dela simplesmente sabia que um deles não sobreviveria à noite.

Descanse em Paz - Parte 1

Descanse em Paz


O vento soprava calmamente naquele outono. O aroma de flores e frutas silvestres perfumava tudo o que tocavam. O canto dos pássaros se juntava ao som dos rios apressados para criar uma sinfonia sem igual. As folhas secas da estação eram levadas através dos céus, viajando sem destino certo entre as árvores, subindo morros e descendo vales, tingindo com tons alaranjados os ares de cada colina. Um belo pôr do sol era o que faltava para finalizar aquela obra prima da Mãe Natureza.
Porém, nem todo canto daquelas terras parecia ter sido agraciado com aquela bênção.
Viajando pelas estradas da região, siga para onde não se deva ir e logo perceberá a maldição. Você poderá ver a paisagem mudando pouco a pouco. As terras perdendo sua cor. As árvores se tornando mais secas. O ar deixando de lado sua fragrância. O canto das aves sendo substituído pelo silêncio. O calor da floresta deixando de existir. A vida sendo envenenada lentamente.
E no epicentro da toxicidade, estava a Colina da Esperança, lar de um vilarejo afastado do resto do mundo, lar de um lugar dito como amaldiçoado.
Sob a sombra da colina, um carro solitário parou. De lá, um homem e uma mulher desceram sem pressa, alongando-se após a longa viagem. Eram jovens os dois, porém, com um aspecto sério que os envelhecia. Suas roupas eram relativamente simples, preparados para o frio da região e para as caminhadas que fariam.
Á primeira vista, a dupla parecia um casal de amantes da natureza, aproveitando suas férias para escapar das grandes cidades, mergulhando na natureza para se livrarem de seus estresses rotineiros. Entretanto, não estavam viajando a lazer. Tinham trabalho a fazer naquelas bandas.
Que lugarzinho, hein...? Foi o que Rick murmurou enquanto tentava encontrar o sol naquele céu. Sem sucesso, bufou. É cada canto que a Ordem nos manda...
É... Liza soou desinteressada, olhando para a tela do celular. Droga... Grunhiu após alguns segundos. Sem sinal, como sempre...
Nem sei por que você ainda tenta...
Ela deu de ombros
Nem eu. A jovem guardou o aparelho no bolso. Já virou costume. É quase um ritual para começo de trabalho. Ainda estamos vivos mesmo depois de tanta coisa, então... Talvez esteja nos dando sorte. Não acha...?
Rick a fitou, mas nada disse. Seus olhos rapidamente se dirigiram para o caminho que tinham que seguir.
A velha escadaria de pedras parecia ser o único caminho viável para chegarem à vila. Seus degraus cinzentos foram desgastados pelo uso em épocas passadas. Agora, frios e cobertos de limo, a história era diferente. Eles carregavam a energia dos que conseguiram fugir do lugar maldito, as trevas que transbordavam em forma de ódio e medo. E o enjoo explícito no semblante de Rick mostrava que ele sentia aquilo como poucos.
O caso da vez vai ser mais pesado que os últimos... A voz de Liza tirou o companheiro de seu transe. Suas palavras preocupadas emanavam uma doçura reconfortante. Mas tenho certeza que nos sairemos bem.
Hm... Rick se manteve um silêncio por breves momentos, tentando encontrar as palavras. É. Acho que sim... Foi tudo o que saiu de seus lábios. Ele bufou, cruzando os braços sobre o peito em seguida, visivelmente desconfortável. Eu quase posso ouvir os gritos, Liza... Quase posso sentir a dor, o desespero desse lugar... E ainda sinto que estamos longe, muito longe do que causa todo esse caos...
Ótimo. Sua companheira soou animada. Talvez a gente consiga uma recompensa boa dessa vez, algo que vala o esforço...
Rick não pôde conter um sorriso. Mais uma vez o jeito brincalhão da parceira mantinha o pouco otimismo que tinha vivo. Sua preocupação, entretanto, continuava lá, escondida de todos que o cercavam.
Vamos então. Liza disse ansiosa. Sem enrolação.

Vamos... Rick concordou tentando não pensar no que enfrentariam. Vamos antes que eu mude de ideia...