sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Capítulo 66

The Slayer of Giants
O Matador de Gigantes         

Antes que o Golem pudesse atacar com seu martelo, o ataque de Tristan o atingiu. A espada se cravou no peito da criatura. O brilho da arma quase cegava o guerreiro das Trevas. Em uma fração de segundos, a espada se desfez em uma explosão de chamas escarlates, arremessando Tristan para trás.
“Droga...eu não esperava que o ataque seria tão forte...”.
O guerreiro se transformou em trevas e, suavemente, aterrissou no chão. O Golem parecia rugir a frente de Tristan.
“Ora...”.
Apesar de arfar de cansaço, o guerreiro conseguiu abrir um largo sorriso ao ver o oponente. A poucos metros de distância estava o Golem, completamente imóvel, com o peito aberto. Maximillian estava exposto. A criatura não conseguia mais se regenerar. O guerreiro das Trevas respirou fundo.
“Agora...é o fim”.
Em um instante, Tristan se transformou em trevas e avançou contra Maximillian. Segurando-se nas próprias rochas do peito aberto do Golem, o Escolhido de Nidhogg encarou o oponente.
Oi. Tristan sorriu. Vamos acabar logo com isso, certo?
O guerreiro envolveu seu punho direito com chamas negras. Antes que Maximillian pudesse dizer alguma coisa, Tristan o socou diretamente na máscara. Mais rachaduras surgiram na superfície âmbar. Ininterruptamente, Tristan continuou a atacar Maximillian. Com os pés e a mão esquerda firmes, o guerreiro se mantinha em pé enquanto desferia soco seguido de soco contra o adversário. A cada golpe, mais rachaduras apareciam na máscara do líder da Tiamat. Após mais de vinte ataques, Tristan urrou. As chamas negras pareciam ainda mais intensas em seu punho. Com a mão aberta, o guerreiro das Trevas atacou a máscara de Maximillian, terminado de despedaçar-la, arrancando-a do rosto do oponente e, por fim, arremessando os fragmentos dela para longe.
Maldito... Maximillian resmungou com a voz fraca.
O rosto do líder da Tiamat estava quase doentio de tão pálido. Os olhos estavam quase opacos. Arranhões estavam espalhados pela sua face. Pequenos cortes na altura das sobrancelhas derramavam pequenos fios de sangue.
Vejo que você está bem acabado. Tristan zombou.
Eu ainda posso lutar... Retrucou Maximillian quase com um sussurro.
Certo... O guerreiro bufou e, em seguida, sorriu. Mostre-me então.
Tristan agarrou o pescoço do oponente e, com um movimento rápido, arremessou-o para trás. O corpo de Maximillian se chocou contra o chão. Tristan aterrissou no chão tranquilamente. Ruídos soaram atrás dele. Ao se virar, o guerreiro viu uma rocha caindo bem a sua frente, errando-o por menos de três centímetros.
“Bem...isso já era esperado”.
O Golem desmoronava rapidamente enquanto emitia seu último rugido. Dezenas de rochedos começaram a se chocar contra o chão. Rapidamente, Tristan se transformou em trevas e se distanciou do local.
“Agora...de volta ao meu amigo Maximillian...”.
O guerreiro das Trevas se voltou na direção onde o líder da Tiamat estava. No local, não havia mais ninguém.
“Não me diga que ele...”.
Tristan olhou mais alguns metros adiante. Tropeçando a cada passo, Maximillian tentava correr para longe.
“Eu...nem sei como expressar o quão ridículo ele parece agora...”.
O guerreiro invocou uma adaga púrpura com sua mão direita. Em um instante, ele arremessou a lâmina, atingindo a panturilha esquerda de Maximillian, derrubando-o.
“Certo...isso foi ainda mais ridículo...”.
Tristan bufou. Com um estralar de dedos, sua espada voltou a sua mão direita, agora, de volta ao normal. Calmamente, ele andou na direção do adversário que, agora, tentava fugir se arrastando pelo chão. Após alguns segundos, Maximillian, que arfava incessantemente, olhou para trás, na direção do adversário, e, então, parou de se mover.
Resolveu desistir? Indagou o guerreiro das Trevas.
O Escolhido do Deus da Terra não respondeu. Tristan continou andando na direção dele. De repente, com toda a força possível, Maximillian socou o chão, causando um tremor em toda a área da clareira.
“O quê...?”.
Em um instante, rachaduras se espalharam por mais de cinco metros, em todas as direções, ao redor do líder da Tiamat. Em um segundo, o solo começou a ruir.
“Droga...”.
Rapidamente, Tristan se transformou em trevas e fugiu, para trás, antes que ele caísse no desconhecido. Maximillian gargalhou enquanto se levantava com dificuldade. O Escolhido do Deus da Terra estava, agora, em pé em cima de uma coluna de terra no meio de um abismo.
Eu já entendi. Tristan bufou. Você é muito poderoso. E, aparentemente, sua energia é inesgotável. Mas...convenhamos, essa luta já acabou.
Não... Maximillian sorriu. A expressão em seu rosto era completamente insana. Ainda não, garoto...
O Escolhido do Deus da Terra ergueu ambas as mãos. Mais uma vez, todo o chão começou a tremer. Em um instante, dezenas de rochas se ergueram do abismo, todas vermelhas, incandescentes.
Espero que você não tenha se esquecido... Maximillian arfou. O magma que corre por baixo de onde andamos...
O líder da Tiamat apontou na direção de Tristan. As rochas pareciam voar contra o guerreiro das Trevas. Transformando-se em trevas, Tristan desviou dos projéteis. Maximillian gargalhou insanamente. O guerreiro olhou para trás. As rochas incandescentes, que ele havia acabado de desviar, voltavam em sua direção. Tristan cerrou os punhos. De repente, algo, extremamente quente, atingiu as suas costas.
“Maldição...”.
Tristan trincou os dentes, segurando o grito. Ao se voltar para trás, ele viu que mais rochedos incandescentes surgiam do abismo. De repente, o guerreiro das Trevas se viu cercado por centenas de rochas vermelho sangue. Ele bufou. Maximillian ainda ria enlouquecidamente. Rapidamente, Tristan se transformou em trevas. Porém, ao tentar sair do centro da armadilha de Maximillian, uma das rochas o atingiu. No mesmo instante, Tristan foi forçado a voltar a sua forma normal, caindo e se chocando contra o chão.
“Por quê...?”.
O guerreiro das Trevas arfou. Ao olhar em volta, viu que mais rochas haviam se juntado a armadilha. Agora, elas giravam freneticamente ao redor de Tristan, prendendo-o no centro de um vórtice caótico.
“Ora...nada mal Maximillian...”.
Aos poucos, o vórtice seguia, lentamente, na direção do Escolhido do Deus da Terra, forçando Tristan a andar na mesma direção. Em um instante, a expressão no rosto do guerreiro mudou. A preocupação estava, agora, estampada em sua face.
“O abismo...com magma...”.
Ao olhar para o chão a sua frente, Tristan viu os rios incandescentes. Ele cerrou os punhos.
“Bem...eu ainda tenho tenho uma chance...”.
O vórtice seguiu em frente, fazendo com que o guerreiro das Trevas pudesse ver claramente o abismo. Em poucos instantes, ele seria empurrado em direção aos rios de magma.
Eu irei...de boa vontade... Tristan murmurou.
Antes que ele fosse empurrado, o guerreiro se jogou no abismo, caindo diretamente no magma escaldante. Tristan trincou os dentes.
“Eu...eu consigo...”.
A risada de Maximillian soava distante. A aura de Tristan brilhava como chamas negras.
“Eu...só preciso...”.
Como em uma erupção vulcânica, a lava foi expelida para fora da cratera. Entretanto, desta vez, o magma havia mudado de colaração. A torre de lava, que estava bem à frente de Maximillian, era um misto de vermelho e preto.  No centro do caos estava Tristan. Em cada um de seus braços, asas, de mais de dez metros de extensão cada, feitas de lava e escuridão. Com um sorriso no rosto, o guerreiro criou duas asas para se manter no céu, enquanto a torre de lava sob seus pés caia de volta para o abismo.
Você deveria ter desistido quando teve a oportunidade. Tristan sorriu.
Como em um golpe de chicote, utilizando a lava de seu braço direito, o guerreiro atacou Maximillian, forçando-o a ajoelhar e gritar de dor. Como ácido, a lava se espalhava pela armadura cor de âmbar, corroendo-a, arrancando pedaços delas. Os olhos vermelhos de Tristan brlhavam como nunca. Antes que Maximillian pudesse tentar reagir, o guerreiro atacou com seu braço esquerdo, derrubando o adversário.
“Pronto...acho que foi o suficiente...”.
Tristan se transformou em trevas e aterrissou ao lado de Maximillian. O homem estava estirado no chão. Sua armadura estava derretida quase por completo. Seu rosto apresentava queimaduras leves. Ele arfava incessantemente. Calmamente, Tristan andou até o lado direito da cabeça de Maximillian. O guerreiro das Trevas apontou sua espada contra a face do adversário caído. Após um segundo, mexendo apenas os olhos, Maximillian olhou para Tristan.

Eu venci, velho. O guerreiro das Trevas sorriu e estendeu a espada para os céus.

domingo, 25 de setembro de 2016

Conto de Terror 15, parte 4

Eu abri meus olhos lentamente. E logo me arrependi.
O lugar em que eu estava era diferente do de antes. A escuridão era quase absoluta nessa nova câmara da caverna. Algumas tochas estavam presas nas paredes, iluminando fracamente o ambiente, tingindo o que era visível com o alaranjado das chamas bruxuleantes. O ar estava pesado, abafado como uma sauna, empesteado pelo fedor de enxofre.
Então, eu a vi.
Julie.
Lá estava ela, a poucos metros de mim, banhada tanto pela luz das chamas tanto pelas sombras. Ajoelhada, a garota permanecia imóvel sobre o chão rochoso. Seu rosto estava mais pálido que o de costume. Seu olhar, repleto de medo, parecia fixo no nada. Seus lábios, sempre rosados, pareciam trêmulos, tentando falar algo em vão.
Acordou, hein? A maldita voz perguntou.
Obviamente, era a droga daquele psicopata asqueroso que estava falando. Quem mais poderia ser...?
Entretanto, ele não estava visível... Não a princípio, pelo menos.
Das sombras, uma mão surgiu. Vindo por trás de Julie, os dedos brancos tocaram o ombro da garota, fazendo-a estremecer.
Nós estávamos esperando por você... Ele continuou, soltando seu riso grave que parecia ecoar em minha mente. Esperando pacientemente por você...
A mão começou a subir pelo pescoço de Julie, acariciando-a suavemente, fazendo a garota fechar seus olhos com força, desejando que aquilo acabasse.
Pare! Eu gritei, quase rosnando em seguida.
Meu estômago estava se revirando com a cena. Os risos do desgraçado só me deixaram mais enjoado. Eu queria fazer algo para ajudar Julie, levantar-me e investir contra o maníaco, ser a droga de um herói... Mas sabia que seria inútil.
Não consegui derrubar o filho da puta antes. Não conseguiria agora também. Não sem um plano...
Eu queria apenas fechar meus olhos como Julie, esperar que tudo aquilo acabasse, talvez me forçar a olhar para outro canto, mas não conseguia. Não creio que fosse humanamente possível ignorar uma cena tão revoltante quanto aquela.
Não vai vir salvar sua donzela em perigo...? O desgraçado perguntou lentamente, saboreando suas palavras, apreciando aquele momento com calma. Não vai vir matar esse monstro...?
Eu não respondi.
Hm... O maníaco riu. Entendo... Você é mais sensato do que achei que fosse... Você sabe seus limites... Sabe o que possível e o que é impossível... Ele bufou, parecendo entediado. Nesse caso...
Como uma assombração, um rosto mascarado surgiu, aproximando-se abruptamente do lado direito da face de Julie, juntamente com outra mão, segurando um revólver contra a têmpora esquerda da garota.
Então, o tempo pareceu ter congelado por um instante interminável, forçando-me a memorizar aquela maldita cena.
Vamos acabar logo com tudo isso então? O demônio perguntou, rindo em seguida com um prazer invejável.
Eu permaneci imóvel. Um grito ficou preso em minha garganta. Mais uma vez impotente, então, assisti com um desespero mudo Julie se contorcendo inutilmente, presa pelas garras do monstro.
Nem assim você cria coragem...? O maníaco soou incrédulo. Decepcionante...
Violentamente, ele jogou Julie para o lado, fazendo-a soltar um gemido meio abafado. Meus olhos iam em direção  da garota, porém, voltaram rapidamente para o maníaco que avançava em minha direção. Com passos pesados e largos, ele caminhava, rodopiando inquietamente o revólver em um de seus dedos pelo guarda do gatilho.
Sabe como eu consegui isso? O mascarado perguntou num tom pouco paciente, olhando-me de cima enquanto me exibia a arma prateada.
Eu balancei minha cabeça para os lados numa resposta negativa.
Olhe mais de perto... Ele pediu e, então, apontou o cano da arma entre os meus olhos. Arrisque um palpite. Não tenha medo.
Eu engoli em seco. Poderia dizer que estava paralisado se não estivesse tremendo, temendo um simples deslizar de um dedo no gatilho.
Pense bem... O maníaco afastou a arma de mim, apontando seu cano para o chão, diminuindo a pressão que parecia esmagar meu corpo. Você já a viu antes... Você a viu logo antes de entrar nessa mina...
Antes de entrar nessa mina...
De repente, a resposta se tornou óbvia.
A arma do Diego...? Indaguei, certo da resposta.
Um momento de silêncio. Deve ter sido um segundo apenas. Pouco importava. Aquilo foi o suficiente para eu começar a me preocupar com o magricela que, até o momento, eu tolerava com tanta dificuldade, imaginado com pesar o fim que ele havia levado.
Diego... O maníaco repetiu o nome lentamente. É. Acho que é esse o nome do sujeito. Mas não tenho certeza... Não tive tempo de perguntar...
Você o matou...!? Perguntei, exaltado, mais uma vez certo da resposta.
Eu só não esperava estar errado.
Não... Julie respondeu num tom deprimido. Eu quase havia me esquecido que ela ainda estava ali. Ele não morreu...
O quê? Eu estava um tanto quanto surpreso. O que aconteceu então?
Ele fugiu. O mascarado respondeu secamente. Largou a arma e correu para longe assim que me viu. Um pouco rude, devo dizer... Abandonou a garota sem pensar duas vezes...
Eu olhei para Julie. A garota estava cabisbaixa, desolada, sem saber o que dizer, sem ter como negar a verdade.
Quanto a mim, eu estava sem palavras, sentindo um pouco de nojo de mim mesmo por ter me preocupado com Diego, mesmo que só por um breve instante.
Ah... O maníaco soltou um riso grave. Que história triste essa nossa, não...? Talvez eu devesse tentar alegrar um pouco um clima... Com um jogo, quem sabe?
Eu olhei para o mascarado. Calmamente, ele puxou o tambor do revólver para o lado, expondo, para si, as balas intactas da arma.
Não vamos precisar de todas elas... O maníaco murmurou. Pelo menos, não por ora...
Se o que aquele lunático pretendia não estivesse óbvio antes, agora, apenas um idiota não entenderia o que estava prestes a acontecer.
Uma. Duas Três. Quatro. Cinco. Cinco balas removidas. Cautelosamente, o mascarado as guardou em uma pequena sacola de couro que carregava junto à cintura. Em seguida, ele empurrou o tambor de volta para dentro do revólver.
Imagino que esta seja a primeira vez que vocês jogam isso, meus queridos... O desgraçado rodou o cilindro da arma. Mas não se preocupem. É um jogo cujas regras são bem fáceis de ser entendidas, ainda mais fáceis de serem aprendidas na prática... Mesmo com as regras da casa...
Antes que eu pudesse ponderar sobre o que poderiam ser as regras da casa, o filho da puta mirou a arma contra mim.
Vamos começar com você, amor... O maníaco disse casualmente. Tudo bem?
Eu fechei meus olhos num reflexo, isolando-me nas trevas.
O lunático puxou o gatilho. Julie gritou desesperada.
Então, veio o som de um clique metálico. E mais nada. Nenhum som.
Até o riso psicótico voltar.
Lentamente, abri meus olhos, com medo do que eu veria, deparando-me com o maníaco rindo histericamente. Seu corpo se chacoalhava além de seu controle, de uma maneira quase bizarra, de tanta que ria.
Vocês dois são engraçados... Ele soou como um bêbado numa mesa de bar com os amigos após algumas garrafas demais. Tanto desespero... Para nada!
Antes que eu pudesse pensar em algum xingamento apropriado, o maníaco apontou a arma para Julie. Foi, então, a minha vez de gritar e a dela de fechar os olhos.
E, mais uma vez, nada aconteceu.
Belo grito, moleque, mas preferi o da moça... O lunático admitiu. Mas isso é coisa minha. Prefiro o som de mulheres gritando mesmo... Ele respirou fundo. Enfim... O próximo a ter sua sorte testada será... O maníaco imitou o som de um rufar de tambores usando a boca, divertindo-se enquanto criava mais suspense. Eu mesmo!
A ponta do revólver foi até o pescoço do próprio mascarado.
Com os meus olhos arregalados, eu observei o desgraçado puxar o gatilho, sem hesitar, apenas para ter o mesmo resultado que o nosso.
Hm...! Ele hesitou por um breve instante. Ainda estou vivo...? Então, a gargalhada voltou. Isso é ótimo! Maravilhoso! Fantástico! Exclamou entre risadas. O show vai continuar!
Depois daquilo, não conseguiria questionar mais a insanidade daquele diabo. Eu não queria mais tentar prever o que estava por vir.
Faltam três balas ainda... O maníaco anunciou agora mais calmo. Uma pra cada um de nós...
Demônio... Julie murmurou num breve momento de silêncio do nosso captor. Como você pode fazer isso tudo...? Como...? Lágrimas começaram a verter de seus olhos. Como...!? Seu monstro... Nós somos só crianças...
Ah... O mascarado bufou. Só crianças... Ele repetiu lentamente. Seus olhos estavam fixos em Julie. Só... Crianças... Seu riso doentio voltou. Só crianças... Não é mesmo...? O maníaco, então, começou a andar na direção da garota. Apenas crianças tolinhas e inocentes, que não sabem o que fazem, que não podem ser culpadas pelo que fazem... O desgraçado se agachou diante da presa. Não é...?
Julie permaneceu quieta, desviando seu olhar do monstro, agora, tão perto.
Não vai responder...? O maníaco indagou.
Ele não teve resposta.
Hm... O mascarado riu. É... Você realmente é só uma criança...
Como um bote de uma cobra, a mão do demônio foi até o pescoço de Julie, apertando-o com força, aprisionando o grito da garota em sua garganta.
Julie! Berrei desesperado.
O maníaco pareceu não me ouvir. Ele estava focado demais no que estava fazendo.
Só mais uma criança... O mascarado se levantou, levando Julie junto consigo. Uma vez em pé, o desgraçado estendeu seu braço para o alto, erguendo a garota no ar, indefesa. As pernas dela balançavam, agonizantes, a palmos do chão. Só mais uma porra de uma criança que não vai fazer falta nesse mundo...
Eu não pensei. Não tive que pensar. Não tinha nem o que pensar.
Julie estava sendo estrangulada lentamente, sem conseguir respirar, tendo seu pescoço triturado por garras frias. Ela estava mais próxima de sua morte a cada segundo que se passava. E nada no mundo parecia mais importante, ou divertido, para o nosso captor, aquele mascarado filho da puta.
A guarda dele estava baixa. Era a minha chance.
Levantei-me com um salto. Corri o mais rápido que eu pude. Nada estava entre mim e as costas do maníaco. Eu não precisava saber lutar. Eu só precisava me jogar contra ele o mais forte que eu conseguisse. Derrubar o maldito apenas com minha brutalidade. O que aconteceria depois não importava.
Eu seria a porra de um heroi.
Mas aí eu ouvi o tiro... E, ainda pior, eu o senti.
O maníaco nem se virou para olhar para onde atiraria. Ele apenas apontou o revólver com uma mão, aquela que não estrangulava Julie, e atirou, acertando meu pé direito.
Eu gritei de dor.
Pisei em falso com meu pé baleado, parando de correr no mesmo instante, cambaleando para frente, caindo ainda a passos de distância do maníaco.
Quando olhei para cima, vi o filho da puta golpeando o rosto de Julie com uma coronhada, arremessando-a em seguida como um saco de lixo, deixando a garota gritar ao cair de costas no chão duro.
Filho da puta... Grunhi.
Minha crítica foi respondida com um chute, acertando minha mandíbula em cheio, deixando-me aturdido com a dor instantânea e me jogando para perto de Julie.
Criancinha tola... O desgraçado murmurou, encarando-me com sua cabeça inclinada para o lado. Realmente não sabe o que faz... Certo...?
Apesar de tonto, eu tentei me levantar. Uma tentativa em vão. No momento em que meu peso caiu sobre meu pé baleado, meu corpo desabou enquanto eu soltava um grito de dor. Caí sentado, impotente, olhando para o buraco escuro em meu tênis de onde meu sangue vertia, escorrendo pelo chão da caverna.
Vic... Julie murmurou. Eu podia ver com clareza o inchaço se formando em seu rosto, bem onde a arma havia a acertado. Tá doendo muito...?
Eu hesitei um pouco. Eu não podia responder de maneira sincera e rude. Nem sabia como. Afinal, como ela conseguia se importar mais comigo do que com ela mesma naquele momento era algo impressionante ao ponto de me emudecer.
Julie realmente era única, não...?
No final, respondi balançando minha cabeça para os lados.
Então, eu respirei fundo, tentei pensar um pouco. Logo desisti. Foi patético. Não conseguia imaginar como Julie e eu sairíamos de lá com vida.
Vocês... O maníaco soltou um riso baixo. Vou contar uma história para vocês... Uma história verídica... Um relato, se assim preferirem chamar...
Me mata logo... Rosnei.
Não... Ele bufou. Assim não tem graça. Tenho muito a compartilhar.
Aquele demônio se agachou, ainda mais alto que eu e, é claro, ainda ameaçador. Lentamente, ele colocou o revólver no chão e, então, levou seus dedos até a sua máscara.

Vou mostrar a vocês, meus amores, o que crianças são capazes de fazer.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Capítulo 65

The Golem
O Golem

Com um simples balançar de seu braço direito, o Golem atacou. Sem dificuldades, o guerreiro desviou do golpe do inimigo.
Com essa velocidade, você nunca será capaz de acertar um golpe em mim. Tristan caçoou em tom de advertência. É melhor você desistir.
Antes que Maximillian pudesse responder, o guerreiro começou a atacar com uma saraivada de adagas escarlates. Cada ataque causava dano, por menor que fosse, no Golem. Gradualmente, a criatura foi coberta por uma nuvem de poeira provinda das rochas que o formavam. Tristan arfou.
“Espero não ter me desgastado demais...”.
O guerreiro sorriu enquanto a poeira baixava.
“De qualquer maneira, creio que foi o suficiente para causar algum estrago...”.
Quando a camada de poeira estava quase desfeita, era possível ver o Golem.
Bem...eu não esperava por essa... Tristan resmungou.
A criatura estava intacta. A risada de Maximillian, apesar de abafada, podia ser ouvida de dentro do Golem.
“Ele não pode ser invencível. Ele nem tem aquela aura branca. Tem que haver uma explicação...”.
O gigante avançou, vagarosamente, contra Tristan. Cada passo do Golem fazia o chão tremer. Tristan se transformou em trevas e se distanciou da criatura antes que ela pudessa atacar. Entretanto, apesar de não estar próximo de seu alvo, o Golem estendeu as duas mãos, preparado para lançar algum tipo de ataque.
“O quê...?”.
Extraordinariamente rápido, o gigante golpeou o chão. O solo rachou. Uma nuvem de poeira foi levantada. O impacto do ataque lançou Tristan alguns metros para trás. O guerreiro grunhiu. Mais uma vez, a gargalhada abafada de Maximillian podia ser ouvida.
“Droga...ele ficou muito mais rápido de repente...”.
Tristan bufou.
“Mas...mesmo assim...ele não pode ser invencível. Será que ele...?”.
Tristan trincou os dentes. Em um instante, ele avançou até o ombro esquerdo do Golem. Em pé, ao lado da cabeça da criatura, o guerreiro das Trevas começou a tocar, rapidamente, em vários pontos do topo do braço do gigante. Sem hesitar, porém, vagarosamente, o Golem tentava tirar Tristan de cima de seu ombro com sua mão direita. Sem dificuldade, o guerreiro das Trevas conseguia desviar dos ataques do oponente conseguindo, ainda, deixar mais marcas escarlates na criatura. Após alguns segundos, o Golem começou a balançar, incessantemente, o seu ombro esquerdo até que, depois de alguns segundos, Tristan perdeu o equilíbrio, caindo de cima do adversário. Porém, entes que o guerreiro atingisse o solo, ele se transformou em trevas e se afastou do inimigo, aterrissando a uma distância segurava da criatura.
“Bem...deve ser o suficiente...”.
Tristan respirou fundo e, então, estralou os dedos. Dezenas de explosões foram ativadas simultaneamente. Uma nuvem de poeira surgiu envolvendo o ombro da criatura.
“Ótimo...”.
 O golem rugiu enquanto o seu braço esquerdo se soltava de seu corpo. O membro de rocha se chocou contra o chão, desfazendo-se em várias rochas. O impacto ruidoso foi seguido por mais poeira e um leve abalo sísmico.
“Agora...para testar a teoria...”.
Tristan encarou o Golem. Em uma fração de segundos, as rochas que formavam o braço do gigante flutuaram de volta para a possição original. Juntamente com os fragmentos em forma de pó, os pedaços do Golem se reconstituíram, formando, de volta, o membro da criatura.
“Teoria confirmada...ele pode ser danificado...mas ele consegue se regenerar...”.
Tristan suspirou.
“Talvez eu consiga tirar Maximillian de dentro do Golem antes que ele se reconstitua...”.
A aura de escarlate de Tristan brilhou intensamente. Mais uma vez, sua espada parecia estar pegando fogo. O guerreiro trincou os dentes.
“Isso...está ficando cansativo...”.
Tristan avançou ferozmente contra o peito do Golem. Com um golpe estrondoso de sua espada, o guerreiro atacou o adversário, causando dezenas de rachaduras no alvo. Apesar do impacto, o Golem não se abalou e, rapidamente, tentou agarrar o oponente com sua mão direita. Ao se transformar em trevas, Tristan se esquivou do ataque do gigante, recuando alguns metros. Ao aterrissar, o guerreiro viu que a rachadura no peito do Golem já havia desaparecido.
“Bem...talvez eu só tenha que atacar com mais força...”.
A aura do guerreiro brilhou ainda mais intensamente. Tristan começou a arfar. Suas mãos começaram a tremer.
“Droga...eu...eu...”.
O guerreiro trincou os dentes e apertou o cabo da espada.
“Eu consigo. Eu consigo...”.
Novamente, Tristan avançou novamente contra o mesmo ponto do Golem. Novamente, com sua espada, ele desferiu um ataque contra o peito da criatura. Desta vez, o golpe despedaçou parte do inimigo. Apesar de não ter conseguido alcançar Maximillian, Tristan conseguiu abrir um sorriso.
“Ótimo”.
Agora, a mão do gigante vinha, ainda mais rapidamente, tentar agarrar o oponente. Apesar de cansado, Tristan conseguiu se transformar em trevas, passando por entre os dedos da mão do Golem. Entretanto, no exato instante em que o guerreiro conseguiu se esquivar do ataque da criatura, o Escolhido de Nidhogg voltou a sua forma normal.
“Não...agora não...”.
Tristan atingiu o chão depois de uma queda de cerca de cinco metros, aterrissando de joelhos, praticamente sem ar nos pulmões.
“Meu poder...já acabou...?”.
O guerreiro olhou para frente. O braço direito do gigante vinha diretamente em sua direção. Sem poder desviar, Tristan foi atingido pelo ataque do Golem em cheio, sendo arremessado metros para trás, caindo deitado.
“Não...”.
O guerreiro tossiu e cuspiu sangue, quase se engasgando. Rapidamente, apesar da dor, ele se levantou. O Golem continuava a avançar contra Tristan.
“Bem...esse é o momento...”.
O Escolhido de Nidhogg respirou fundo.
“Se não agora...eu não terei outra oportunidade...”.
O chão tremia a cada passo do Golem. A criatura avançava constante, porém, lentamente. Tristan suspirou. Ele estralou os dedos de ambas as mãos simultaneamente. O guerreiro sorriu. Em cada mão, uma Poção das Trevas havia surgido. Sem hesitar, ele abriu a que estava a sua direita e a bebeu. No mesmo instante, sua aura brilhou mais intensamente sem que ele se esforçasse. Antes que o Golem o alcançasse, Tristan despejou o líquido do frasco remanescente em sua espada. A arma se modificou quase de que imediato. Agora, a espada se alongou. Ela adquiriu uma cor negra como as sombras. Inscrições em vermelho sangue surgiram. Presas ornavam o cabo da arma. A aura a envolvendo aumentou ainda mais. Tristan sorriu ainda mais largamente.
“Pronto...”.
O Golem alcançou seu oponente. Antes mesmo que o gigante pudesse ameaçar atacar, Tristan se distanciou dele em uma fração de segundos.
“Bem...vamos tentar atacar agora...”.
Mais rapidamente do que o Golem pudesse reagir, o guerreiro avançou contra ele e atacou. O choque da espada de Tristan contra o peito do gigante causou um estrondo, além de criar mais uma nuvem de poeira. O guerreiro abriu um sorriso largo. O ataque fora o suficiente para expor Maximillian. O líder da Tiamat estava em sua frente, indefeso. Tristan ergueu sua espada. Porém, antes que ele pudesse desferir seu ataque, a mão direita da criatura o agarrou, derrubando sua espada e o puxando para longe de Maximillian.
“Droga...”.
A mão do Golem começou a se fechar, forçando Tristan a resistir o ataque, impossibilitando sua fuga em forma de trevas.
“Não...eu não vou morrer depois de tudo isso...”.
O guerreiro já estava envolto pela escuridão. A mão do Golem havia acabado de se fechar. Tristan arfava. A criatura exercia cada vez mais força sobre o seu corpo. O guerreiro já não conseguia mais se mover. Respirar estava cada vez mais difícil. A dor estava estampada em seu rosto.
“Certo...só me resta...uma opção...por mais...cansativo...que seja...”.
A aura de Tristan voltou a brilhar. Faíscas o envolviam. Ele rugiu. Em um segundo, toda sua energia parecia ter deixado seu corpo violentamente, como em uma explosão, desintegrando a mão que o prendia. Tristan arfou. Metade de sua energia havia se esgotado em um único instante.
“Maldição...”.
O guerreiro estava em pé em pleno ar, graças a duas asas feitas com sua energia. Ele olhou para baixo. Sua espada ainda emanava um poder imenso. Ele esboçou um sorriso e estendeu a mão. A espada veio até ele. Tristan olhou para o Golem.
“Agora...”.
Rapidamente, com o punho esquerdo, o gigante atacou o oponente, arremessando-o para o alto.
“Droga...”.
Por um instante, Tristan pôde ver que o Golem já havia regenerado seu peito. Agora, além de haver reconstituído sua mão, mas rochas vinham na direção do gigante.
“Mas o quê...?”
Com suas asas, formadas por suas trevas, Tristan parou momentaneamente no ar. Abaixo dele, o Golem agora manejava um martelo tão grande quanto ele.
“Bem...descer não me parece uma ideia tão boa...”.
Tristan suspirou e olhou para o alto.
“Não me diga que...”.
O guerreiro das Trevas franziu a testa e, em seguida, sorriu.
“Então...é isso...”.
As seis rochas de antes flutuavam cerce de dez metrosacima de onde Tristan estava.
“Realmente...eu não havia destruído elas.Bem... eu creio que, enquanto elas existirem, o Golem vai continuar se regenerando infinitamente...”.
O guerreiro sorriu.
“Vale a pena tentar destruir-las...”.
Rapidamente, Tristan alcançou os alvos, subindo em cima de uma delas. Com uma adaga púrpura, ela atacou o rubi na parte traseira da rocha. No mesmo instante, o inimigo se desfez em pó. Tristan sorriu. Apesar de cada rocha ter tentado voar para um lado diferente, o guerreiro, freneticamente, foi atrás de cada uma delas sem dificuldade. Sempre com uma adaga púrpura, ele destruiu os alvos. No instante em que a sexta rocha foi destruída, o Golem urrou ruidosamente.
“Perfeito...”.

A espada de Tristan se tornou completamente escarlate. Faíscas a envolviam. O guerreiro respirou fundo. O mais rapidamente possível, Tristan voou contra o peito do gigante. 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Anúncio 36

Sobre a "Mina Mal Assombrada"...
Senti que eu estava seguindo por um caminho errado ontem quando eu escrevia a quarta parte do conto. Decidi que vou reescrevê-la de outra maneira. Assim, espero que fique melhor do que ficaria. Por  isso não postei nada ontem infelizmente. Mas nada temam: postarei a continuação da história assim que pronta.
...
É o que eu pretendo, pelo menos.
Até a próxima!

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Capítulo 64

The Master of Tiamat
O Mestre da Tiamat

Tristan avançou contra Maximillian. Em um instante, uma troca incessante de ataques e defesas começou. Entretanto, apesar de Maximillian usar um martelo de duas mãos, ele conseguia atacar mais rapidamente que Tristan, forçando o guerreiro das Trevas a permanecer na defensiva na maior parte do tempo.
“Droga...não vou poder continuar a lutar assim...”.
Maximillian atacou, verticalmente, com seu martelo. Ao se transformar em trevas, Tristan atravessou o oponente e surgiu atrás dele. O guerreiro segurou sua espada com ambas as mãos. Antes que Tristan pudesse atacar, entretanto, seu pé direito afundou no chão.
“O quê...?”.
Ao olhar para frente, o guerreiro das Trevas viu seu oponente sorrindo enquanto atacava. Sem tempo para desviar, Tristan se envolveu com sua aura. O ataque do martelo de Maximillian acertou o peito de seu adversário, lançando-o metros para trás. Tristan grunhiu. Entretanto, ele não teve nenhum ferimento. Maximillian riu por debaixo do elmo.
Eu não tenho problemas com você usando os seus truques. Ele disse. Mas, espero que você entenda que eu também não vou hesitar em usar os meus.
Nada mais justo. Tristan sorriu.
Com um estralar de dedos, dezenas de rochas saíram do chão e se reuniram ao redor de Maximillian. Ele apontou para frente. Em um instante, todos os projéteis foram lançados contra Tristan. O guerreiro das Trevas sorriu. Rapidamente, ele invocou e arremessou adagas escarlates o suficiente para destruir as rochas.
Ora...nada mal. Maximillian admitiu. Talvez eu tenha que atacar um pouco mais para fazer você ceder.
Eu não vou te dar essa oportunidade. Tristan cerrou os punhos.
Maximillian riu. Mais rochas se reuniram ao seu entorno. Antes que ele atacasse, porém, Tristan formou uma esfera de escuridão em sua mão e a arremessou contra o oponente. O ataque surpeendeu Maximillian, que foi envolvido por sombras. Tristan sorriu. Com a espada em punhos, ele ascendeu aos céus e, em um instante, foi de encontro com o oponente em meio à escuridão. No instante em que a espada acertou algo sólido, entretanto, ela foi repelida e mandada um metro para trás.
“Como...?”.
Em poucos instantes, as sombras foram se desfazendo.
“Maldito...”.
Perante Tristan, agora, havia uma barreira de rochas no formato de uma metade de esfera. O guerreiro bufou. Sua espada retornou para sua mão.
“Certo...”.
A aura de Tristan brilhou intensamente. Faíscas vermelhas envolviam seu corpo. Sua espada parecia estar envolta por chamas ofuscantes. Ele respirou fundo. Rapidamente, ele desferiu seu ataque. O golpe fez toda a estrutura tremer e, em um instante, a metade da barreira, que estava a sua frente, ruiu.
“Droga...”.
A frente de Tristan, no centro da barreira, havia um buraco. Rapidamente, o guerreiro se voltou para trás. No mesmo instante, Maximillian surgiu, com grande impulsão, do subsolo, atacando Tristan com um soco diretamente abaixo de seu queixo, lançando seu adversário cerca de três metros para cima.
“Maldição...”.
Tristan grunhiu. Enquanto comçava a cair, ele viu Maximillian manejando o martelo com ambas as mãos, pronto para atacá-lo. Tristan conseguiu sorrir.
“Eu tenho um pouco de tempo...”.
Maximillian atacou. Tristan se transformou em trevas e surgiu atrás dele, apesar de estar de cabeça para baixo. Rapidamente, o guerreiro das Trevas tocou as costas de seu inimigo com ambas as mãos. O líder da Tiamat, ao perceber que havia errado seu ataque e, que, além disso, havia sido atacado pelas costas, voltou-se para trás e atacou. Tristan conseguiu se transformar em trevas e se evadiu do ataque, distanciando-se um pouco de seu oponente.
Ora...eu esperava que você fosse fazer algo mais...interessante. Maximillian disse descontente. Aliás, que ataque foi aquele?
Aquilo foi só o começo. Tristan sorriu.
O guerreiro das Trevas estralou os dedos. As marcas vermelhas nas costas de Maximillian brilharam. Em um instante, elas explodiram, lançando o Escolhido do Deus da Terra para frente, em direção de Tristan que, sem hesitar, golpeou o adversário. O ataque vertical, de cima para baixo, atingiu o elmo de Maximillian, lançando-o metros para trás, além de criar uma rachadura na vertical no elmo. Seu martelo caiu no chão e se desfez no mesmo instante.
E então? Tristan riu. Esse ataque foi a sua altura, Maximillian?
O Escolhido do Deus da Terra se levantou com certa dificuldade, arfando. Ele olhou na direção de Tristan e começou a rir.
Nada mal, garoto. Admitiu Maximillian. Nada mal mesmo. Ele respirou fundo. Mas...espero que você entenda que estamos apenas começando.
Com um estralar de dedos, seis jóias diferentes surgiram em torno. Um rubi, vermelho, uma safira, azul, uma esmeralda, verde, um topázio, amarelo, um ônix, preto, um diamante, branco.
Essas dádivas da terra... Maximillian respirou fundo. Elas serão a sua perdição.
Em um instante, as jóias entraram, abruptamente, no solo. Com a mesma velocidade afundaram na terra, as pedras saíram. Agora, elas estavam envoltas por pedras que a revestiam como máscaras, tendo, inclusive, feições de criaturas esculpidas, com dentes largos e olhos arregalados.
  Interessante... Tristan murmurou. O que elas fazem?
Bem... Maximillian riu. Veja por si mesmo...
O líder da Tiamat apontou na direção de Tristan. As seis rochas voaram na direção ordenada. Sem hesitar, Tristan lançou uma adaga escarlate em cada uma. Entretanto, mesmo recebendo todos os golpes, as rochas não receberam nenhum tipo de dano. Tristan trincou os dentes. As rochas ainda avançavam em sua direção. Rapidamente, Tristan avançou contra apenas um dos alvos. Com sua espada, o guerreiro golpeou um dos projéteis. Novamente, a rocha não sofreu dano e, como conseqüência, a arma de Tristan foi repelida, sendo lançada para longe.
“Droga...”.
Antes que Tristan pudesse pensar em outra estratégia, uma das rochas conseguiu o acertar. Apesar do impacto não ter sido forte o suficiente para lançá-lo para longe, o golpe foi o suficiente para deixá-lo tonto, abrindo sua guarda para o ataque das outras rochas. Maximillian riu. No momento, Tristan era atacado incessantemente por uma dança de seis rochas, não deixando espaço para ele reagir.
“Não vai ser tão fácil assim...”.
Tristan cerrou os punhos. Em um instante, uma explosão de chamas negras partiu dele, afastando as rochas, dando tempo o suficiente para que se aproximasse de Maximillian. Rapidamente, Tristan, com sua espada, golpeou o elmo do adversário. No instante do contato, uma aura branca cobriu Maximillian, protegendo-o do ataque.
“Mas o quê...?”.
O Escolhido do Deus da Terra acertou um soco na face de Tristan, derrubando o oponente desatento. Maximillian riu.
Você não pode me derrotar, garoto. Ele disse em tom superior.
Tristan trincou os dentes. Rapidamente, ele se levantou e socou o estômago de Maximillian. A mesma aura brnca o protegeu novamente. O líder da Tiamat riu com desdém e levantou a mão. Outro martelo de rochas se formou. Maximillian atacou. Tristan desapareceu e surgiu atrás do oponente. O guerreiro das Trevas viu as seis rochas avançando novamente em sua direção. Tentando ignorá-las, Tristan se focou em atacar o adversário. Novamente, sua espadada não surtiu efeito contra Maximillian. Entretanto, desta vez, Tristan pôde ver que a aura branca brilhou envolta das rochas ao mesmo tempo em que ela brilhou em seu adversário.
“Então...há uma conexão...”.
Maximillian atacou com seu martelo novamente. Tristan se transformou em trevas e se distanciou do oponente. As seis rochas vinham, todas alinhadas, na direção do Escolhido de Nidhogg. Sem dificuldades, Tristan as atravessou em forma de trevas.
“Ah...”.
Ao olhar para a parte de trás das rochas, Tristan pôde ver claramente que as pedras preciosas estavam expostas.
“Talvez se eu...”.
Tristan se voltou para trás. Maximillian vinha atacá-lo novamente. Desta vez, o líder da Tiamat atacou incessantemente, forçando Tristan a desviar de quase uma dezena de ataques.
“Bem...ele deve ter percebido que eu descobri...”.
Após se distanciar de Maximillian, Tristan voltou-se para trás. As seis rochas avançavam contra ele novamente. Tristan sorriu. Novamente, ele atravessou os alvos em formas de trevas. Porém, desta vez, com extrema destreza, o guerreiro, quando estava exatamente atrás das rochas, lançou seis adagas escarlates. As lâminas acertaram as jóias certeiramente. Faíscas brancas envolveram tanto as rochas tanto o Escolhido do Deus da Terra, derrubando todos os afetados. Tristan sorriu e avançou na direção de Maximillian. O líder da Tiamat se levantava com dificuldade. Ao olhar para frente, ele viu Tristan apontando sua espada contra sua cabeça. Com um golpe horizontal, da direita para a esquerda, o guerreiro das Trevas lançou seu adversário para longe, causando, agora, uma rachadura na horizontal do elmo de Maximillian.
Bela cruz. Tristan caçoou das rachaduras no elmo de seu oponente.
Após alguns segundos, Maximillian conseguiu se levantar.
Vai se render? Indagou Tristan. Eu não te julgaria...
Cale-se! O Escolhido do deus da Terra urrou.
Maximillian levantou as duas mãos. O chão começou a tremer. Aos poucos, rochedos enormes, vindos do subsolo e de floresta, vieram até Maximillian. Aos poucos, eles foram se organizando.
“Ora...impressionante...”.
Em poucos instantes, um gigante humanoide de mais de seis metros de altura se formou atrás de Maximillian. As pernas eram relativamente curtas para o seu tamanho. Seu torso era robusto e estava aberto. Seus braços eram gigantescos, conseguindo tocar o solo. Sua cabeça era chata com olhos feitos de dezenas de pedras preciosas.
Eu não queria ter que chegar a esse ponto... Maximillian suspirou. Mas você não me deixa escolha.
O solo abaixo do líder da Tiamat se ergueu, flutuando até o peito aberto do gigante, entrando na criatura.
Boa sorte enfrentando o meu Golem. Maximillian riu.

O peito da criatura se fechou, protegendo o Escolhido do Deus da Terra. Os olhos do Golem brilharam. Com um urro estrondoso, a criatura começou a se mover.

domingo, 11 de setembro de 2016

Anúncio 35

E o que acontece quando você tem duas redações pra fazer no final de semana? Você não continua seu conto de terror. Pelo menos eu consegui escrever mais uma parte na quinta feira... Eis o lado positivo. Vamos tentar ser otimistas, certo?
Bem, fico sem escrever nada pro blog nesse domingo, a não ser que alguém queira ler minhas redações...
...
É, imaginei que não.
Até a próxima!

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Conto de Terror 15, parte 3

Aquela foi a primeira vez que tive contato com clorofórmio... Espero nunca mais ter que chegar perto daquilo.
Saindo de meu estado de inconsciência, fui logo alarmado pelas minhas mais recentes memórias. Eu tive que voltar a mim o mais rápido possível.
Abri meus olhos com dificuldade. Lentamente, minha visão se reacostumaria com o ambiente recheado pela penumbra. Eu mexi os dedos de minhas mãos, roçando o chão de pedra frio com movimentos letárgicos. Em seguida, movi meus pés, estralando meus tornozelos.
Até onde eu sabia, não havia nada errado comigo a não ser a lentidão que logo passaria. Este que vos fala apenas tinha que se levantar e, cautelosamente, checar onde eu estava.
Entretanto, temo que minha missão tenha mudado.
Havia um maníaco naquela caverna. Alguém que havia me derrubado e, por algum motivo, me poupado... Mas aquilo não duraria.
Eu tinha que sair de lá o mais rápido possível. Gabriella poderia ser deixada para trás. Entrar na mina mal assombrada foi ideia e culpa dela. Eu não sofreria o mesmo fim que ela teria.
Minha tola aventura havia acabado e eu tinha noção disso.
Ora, ora... Disse uma voz masculina seguida por uma risada grave.
Eu estava me levantando lentamente até ouvir o que ouvi. Então, meu corpo congelou.
Voltei meu olhar na direção de onde a voz veio, logo à minha esquerda, a uns poucos metros de distância. Bem ali, debaixo de uma falha no teto da caverna, banhado parcialmente pela luz pálida da lua, com o rosto escondido sob uma máscara de madeira, estava ele.
Despertou de seu sono de beleza? O mascarado caçoou. Espero que as instalações de minha humilde residência tenham lhe proporcionado umas boas horas de sono...
Eu não consegui responder nada. Apenas permaneci naquela posição, parado, respirando pesadamente.
Vou presumir que você não houveram insatisfações... Ele continuou. O que é bom, sabe? Eu estava um tanto quanto inseguro... Sou péssimo recebendo críticas. Normalmente fico bem triste... Ou bem irritado... O sujeito soltou um riso baixo. Mas já que nem você e nem sua amiga reclamaram... Eu fico feliz. Talvez eu comece a trazer mais gente para cá...
Continuei ali, imóvel na mesma posição de antes, apenas ouvindo, sem esboçar reação, o que aquele homem dizia.
Não é muito falante, hein? Ele pareceu um pouco irritado. Tudo bem... Vou trazer alguém pra conversar com você...
O mascarado deu um passo para trás, sumindo nas sombras por um breve instante. Então, ele voltou, arremessando Gabriella, amordaçada e com os pulsos amarrados atrás das costas, na minha direção.
Eu apenas observei enquanto a garota vinha, cambaleando com passos fracos, até tropeçar e cair a poucos centímetros de mim.
Eu só tenho que tirar esse negócio da boca dela... O mascarado soltou uma risada breve. Aí vocês podem conversar sobre o que aconteceu com vocês, ok?
Então, lentamente, o maníaco avançou, parecendo saborear cada passo que dava, fantasiando com o que faria conosco a seguir, enumerando as possibilidades numa lista mental.
À medida que ele se aproximava, pude observar melhor meu carcereiro e, principalmente, sua vestimenta. Feita de couro da cor da terra, adornada com ossos amarelados e penas escuras, a roupa fazia o homem parecer um membro de alguma tribo perdida, ainda mais com a máscara de madeira ainda escondendo sua face. Entretanto, a pele dele era doentiamente branca, muito diferente dos nativos da região, o que me fez chegar a conclusão que o sujeito apenas achava divertido se vestir daquele jeito ou, então, era completamente insano, o que era deveras mais preocupante.
Gostou das minhas roupas? O mascarado perguntou, vendo claramente que eu o fitava surpreso. Eu mesmo as fiz... Ele parou de andar, próximo a mim, e começou a fazer diferentes poses, exibindo seu figurino de maneira um tanto quanto provocativa. Não preciso dizer que aquela não foi uma das cenas mais agradáveis que já presenciei, certo? Foi um tanto quanto complicado fazê-las... Surgiram da mistura de várias tribos que estudei nos últimos anos... Tribos extintas, infelizmente, cujas culturas não foram completamente perdidas. Eu poderia contar várias coisas sobre elas, dos costumes, dos rituais, dos...
A fala dele foi interrompida por gritos abafados. Eles eram de Gabriella, cuja situação era pior do que eu imaginava. Além de amordaçada e parcialmente imobilizada, a garota tinha um aspecto doentio agora. O rosto estava pálido e, apesar dos protestos, parecia desprovida de energia. Apesar dos pés não estarem presos, a jovem não parecia capaz de correr, se não já teria o feito.
Você nem consegue mais ficar em pé... O maníaco parecia entretido com a própria observação. Em seguida, agachou-se do lado de Gabriella e aproximou seus lábios do ouvido da jovem. Não é mesmo, querida?
As últimas palavras dele foram sussurros que fizeram o corpo da garota estremecer. Seus olhos se fecharam e sua cabeça balançava da esquerda para a direita, tentando negar as imagens que surgiram em sua mente. Eu não pude evitar sentir uma pitada de enjoo.
O que você fez...? Perguntei, apesar de não querer saber a resposta.
Eu não ia fazer nada... O sujeito começou a se explicar. Essa daqui nem faz muito meu tipo... Mas aí... Ele esticou sua mão esquerda. Nela, estava a câmera de vídeo que pertencia à Gabriella. Eu vi isso... Ou melhor dizendo... Eu vi os vídeos que foram gravados com isso... Vídeos dela... Seus dedos deslizaram sobre o ombro da jovem. Ela, mais uma vez, estremeceu. E quando eu vi o que ela podia fazer, meu amigo... Eu sabia que tinha que experimentar um pouco...
Com mais uma risada grave, o homem fez a garota se encolher. Quando percebi, lágrimas começavam a verter dos olhos de Gabriella, escorrendo pelas suas bochechas até seu queixo.
Eu podia não gostar dela, mas isso não significava que eu queria que aquilo acontecesse.
Monstro... Murmurei. Como você pôde fazer isso...?
Não foi difícil. Ele soou entediado. Já fiz coisas bem piores. Acredite em mim.
Aquelas palavras foram mais que o suficiente para me irritarem e me levantarem do chão. Meu estado de letargia havia acabado, bem como minha paciência para ficar ouvindo aquelas falas asquerosas.
Olha só... Ele riu. Criou coragem, é?
Eu não respondi. Apenas avancei contra o desgraçado, pronto para socá-lo até quebrar aquela máscara junto com o rosto dele.
Mas, é claro, fui precipitado.
Eu consegui desferir meu soco sem problemas. Entretanto, não contava que o sujeito fosse segurar meu punho com tanta facilidade.
Você vai ter que fazer melhor que isso, bonitão... Ele caçoou e, em seguida, acertou uma joelhada em meu abdômen Entendeu?
Meu corpo se curvou após o golpe. Senti o ar saindo de meus pulmões enquanto eu olhava, tonto, para o chão da caverna. Eu não pude fazer nada quando o maníaco avançou e atacou, passando uma rasteira em mim, derrubando-me com as costas no chão.
Sem conseguir respirar direito, eu me vi inerte, mais uma vez, observando o teto da caverna.
Eu normalmente aconselho as pessoas a não tentarem serem heróis, mas... Eu levantei minha cabeça para olhar para meu interlocutor. Impotente, vi o desgraçado puxando Gabriella pelos pulsos amarrados, forçando-a a ficar de pé. O seu caso é diferente, não é...?
O quê...? Foi tudo o que saiu de meus lábios. Eu não sabia o que ele queria dizer com aquela frase vaga.
Você gosta dessa vadia, não é, Romeu? O maníaco sacou uma faca de trás da cintura. Lentamente, ele aproximou a lâmina prateada do rosto de Gabriella que, desesperada, fechou os olhos enquanto soltava mais gritos abafados. Você quer salvá-la! Você veio até aqui por ela! Ouso dizer que seus sentimentos por ela são... Intensos... O desgraçado gargalhou. Não é mesmo...?
A resposta era não, obviamente, mas preferi não responder. Aquele psicopata estava se divertindo como nunca e eu não participaria da brincadeira.
Eu, então, apenas me levantei e observei a cena, pensando calmamente qual seria o meu próximo passo.
Não vai vir...? Ele soou confuso. Não vai vir salvar sua donzela em apuros!? Não vai vir enfrentar o seu adversário!? Não vai vir matar esse monstro!? O maníaco gargalhou. Grite minha querida! Com um golpe rápido de sua faca, o mascarado cortou a mordaça ao meio, fazendo-a cair. Grite por seu amor! Grite para mim!
Por alguns breves segundos, ninguém proferiu uma só palavra. Entretanto, eu não podia descrever aquilo como um momento de silêncio. A tensão no ar era palpável. Meu coração batia tão forte que fazia meu peito doer. Minha mente gritava desesperada, tentando achar uma solução para tudo aquilo.
Obviamente, seria um equívoco considerar a falta de falas como um sinônimo de paz.
Victor... Ela murmurou, o que, admito, acabou me acalmando, abrandando o caos. Lágrimas impossíveis de se ignorar ainda escorriam pelo rosto da garota. Por favor... Me ajuda... Vic... Eu...
Após aquelas poucas palavras, sua voz parecia ter morrido. A jovem apenas ficou lá, na mesma posição, chorando. E eu permaneci no mesmo lugar, imóvel, sem saber o que fazer.
Eu nunca me importei com a Gabriella. Eu sequer a respeitava. Mas algo dentro de mim queria ajudá-la, algo dentro de mim sabia que eu precisava fazer alguma coisa. Mas o quê? Como eu poderia salvá-la? O desgraçado que a segurava conseguia me derrotar sem dificuldade, mesmo desarmado. Foi por isso que ele me deixou solto, sem nem sequer me algemar ou algo do gênero... Para aquele filho da puta, eu era completamente inofensivo.
Espere um pouco... O maníaco disse com um tom pensativo. Chegue mais perto...
Era óbvio que ele estava falando comigo, mas eu temia seguir a ordem.
Você mesmo... O mascarado apontou com a faca na minha direção. Venha... Sem timidez...
Eu hesitei por mais um momento, ouvindo nada a não ser o choro de Gabriella. No final, porém, respirei fundo e obedeci.
Com uns poucos passos curtos, segui até estar ao alcance de uma facada.
Ótimo. O sujeito soou satisfeito. Agora... Fique parado...
Ele manteve a faca próxima do pescoço da refém. Para mim, apenas lançou um olhar fixo na direção dos meus olhos.
Se aquilo fosse uma disputa para ver quem piscava primeiro, eu teria sido humilhado. Não devia ter passado nem dez segundos e, após piscar, desviei meu olhar dos olhos frios do maníaco.
Você está com medo... Ele afirmou. Algo completamente natural. Porém... O sujeito olhou para a fragilizada Gabriella. Você não se importa com essa daqui, não é mesmo?
Eu olhei para o mascarado, querendo perguntar como ele sabia daquilo, mas não precisei.
Seus olhos não mentem, querido. O desgraçado gargalhou. Você não sente nada por esse traste aqui... Mas sente algo por outra pessoa...
Não falei nada. Apenas fiquei ali, parado, ouvindo, querendo saber até onde ele chegaria.
Só me resta saber quem... Seu olhar passeou pelo rosto de Gabriella que não mais chorava. A garota parecia completamente paralisada de medo. Talvez ela pressentisse o pior. Hm... Você é hétero, não é? Não precisa responder. Meu gaydar não falha... Inquieto, o maníaco começou a rodar o cabo da faca por entre os dedos. É... Tenho quase certeza que você é hétero... Então, basta sabermos quem é a sua garota especial... Ele soltou uma risada grave. Ah... Talvez devêssemos perguntar àquela garota que tava lá fora, sabe? A bonitinha que tava junta de um magricela...
Julie...
Meu coração disparou. Se aquele demônio colocasse as mãos nela, eu não o perdoaria... E também não me perdoaria por permitir que aquilo acontecesse.
Por um instante, temi profundamente a mera ideia de deixar Julie sofrer. Senti mais medo pela vida dela do que pela minha própria. E meus olhos delataram isso.
Hm... O maníaco gargalhou. Isso era tudo que eu precisava saber... Seu olhar foi, em seguida, para Gabriella. Não preciso mais de você, amor. Mas não se preocupe... A lâmina de sua faca se aproximou do pescoço da jovem. A nossa diversão continua mais tarde...
Foi tudo tão rápido. Com um movimento de seu braço, o maníaco fez um único e preciso corte na garganta de Gabriella, fazendo o sangue jorrar em minha direção.
Ainda mais impotente, eu observei a garota cair débil de joelhos no chão. Com as mãos presas atrás das costas, ela nem pôde tentar conter inutilmente o sangramento. Gabriella apenas olhou para mim, movendo os lábios sem dizer nada, assistindo seu sangue tingir minhas roupas de vermelho em seus últimos instante de vida.
Quando suas costas finalmente acertaram o chão, eu era quem estava de joelhos, sem conseguir fazer nada
Eu já volto... Disse o mascarado. Vou trazer mais alguém pra festa... Comporte-se, ok?
Naquele instante, demorei para entender as palavras. Minha atenção estava voltada para Gabriella e, principalmente, para a poça de sangue que se formava ao seu redor. Quando eu entendi o que eu maníaco pretendia, saí de meu transe, voltando meus olhos para o punho que vinha contra a minha face.

Então, mais uma vez, tudo escureceu.