And so it begins
E
assim começa
No dia seguinte...
“Então...este é o lugar...”.
Tristan, em forma de trevas, voava pelo céu alaranjado do
fim da tarde. Em meio a uma floresta de árvores, com mais de sete metros de
altura cada, havia uma clareira gigantesca. Nela, um templo colossal havia sido
construído. Calmamente, Tristan aterrissou na frente do lugar.
“Essa é a Catedral dos Deuses Pagãos...”.
Agora, boa parte da estrutura estava destruída. Várias
das pilastras haviam sido derrubadas. As paredes estavam cobertas por
rachaduras, trepadeiras ou, simplesmente, estavam despedaçadas. A cor branca da
Catedral havia perdido seu brilho de outrora. Perante Tristan estavam, agora,
as ruínas de um templo cinzento.
“Nidhogg e Leviathan não foram piedosos aqui...”.
Após respirar fundo, Tristan entrou no lugar.
—
Maximillian! — O
guerreiro bradou. —
Apareça!
Tristan cerrou os punhos. Pequenos ruídos pareciam vir de
todas as direções. Uma densa camada de poeira cobria boa parte das ruínas. O
piso de mármore parecia rachar pouco a pouco a cada passo do guerreiro. Marcas
de queimadaduras negras cobriam vários pontos do piso e das paredes. Teias de
aranha estavam em todos os cantos escuros. Algumas espécies de vegetações
rasteiras se infiltravam no local. Escombros das paredes, do teto e das
pilastras estavam espalhados pelo chão.
—
Horrendo, não? — A
voz de Maximillian perguntou. —
Toda essa destruição...veio da ignorância dos Lordes.
—
Eu não creio que essa seja a palavra certa. —
Retrucou Tristan enquanto se virava para todas as direções, freneticamente,
procurando pelo líder da Tiamat. —
Vocês ameaçavam a soberania tanto de Nidhogg tanto de Leviathan.
—
Os deuses pagãos não queriam dominar o mundo. Eles apenas queriam viver e
espalhar a sua sabedoria.
—
Exatamente. Essas influências ameaçavam o poder dos Lordes. A soberania dessas
terras seria algo ainda mais difícil de se obter com mais oponentes, você não
acha?
—
Talvez, mas...isso não importa mais. A Tiamat vai conseguir a soberania destas
terras. Isso tudo graças ao ódio que muitos sentem pelos Lordes. Muitos
inocentes morreram por seguirem os deuses pagãos.
—
Certo...muitos nos odeiam. Mas isso não importa. Vocês são uma minoria
revolucionária. Apenas isso. O que vocês vão fazer se chegarem ao poder? Eu
garanto que nada de muito melhor. Vocês vão enlouquecer com o poder. Sem que
vocês percebam, vocês vão se tornar os opressores.
—
Você me parece ter muita certeza disso. Por quê?
—
É isso o que vai acontecer caso apenas uma pessoa, ou um grupo de pessoas, seja
absoluto. Você não vê que as coisas estão funcionando muito bem com Leviathan e
Nidhogg se enfrentando? Caso um deles seja derrotado, o outro reinará absoluto.
Caso tiremos os dois do poder...alguém, possivelmente, pior do que eles,
aparecerá.
—
Eu estou disposto a lutar pelos meus ideais. Eu estou disposto a derrubar os
dois.
—
Que bom. — Tristan
invocou sua espada. —
Eu estou disposto a te enfrentar...caso você resolva aparecer.
—
É claro. Mas não aqui. Dirija-se para a clareira atrás da Catedral. Este lugar
não precisa presenciar mais destruição.
Tristan se transformou em trevas e, rapidamente, deixou o
lugar.
“Quem são eles...?”.
A mais de cem metros de Tristan, haviam cinco pessoas.
—
Não se preocupe! —
Maximillian disse. —
Não é nenhum tipo de armadilha!
“Ótimo...”.
Tristan apertou o punho da espada em sua mão com mais
força. Após respirar fundo, ele avançou até Maximillian.
—
Viu? — O líder da
Tiamat sorriu. — Sem
armadilha, como prometido.
Maximillian trajava a mesma armadura cor de âmbar, porém,
desta vez, ele tinha um capacete completamente fechado, sendo convexo em quase
toda a sua extensão, com a parte que cobre o queixo se estendendo como uma
pequena lâmina. Duas pessoas estavam à esquerda de Maximillian e, outras duas,
à direita. Duas estavam ajoelhadas olhando para o chão enquanto as outras
estavam em pé atrás delas.
—
Quem são esses? —
Indagou Tristan.
—
Bem... — Maximillian
sorriu e apontou para o homem a sua esquerda. —
Este é Lycan. — O
homem grunhiu. Lycan tinha pouco mais de dois metros altura com um físico
musculoso. Ele usava uma armadura que parecia ser feita de prata com vários
detalhes que remetiamm a lobos. A face de um lobo olhando para frente estava no
peitoral. Caninos estavam esculpidos nas extremidades de suas ombreiras,
manoplas e botas. Em cada lado de sua cintura, um machado estava preso. Em suas
costas, mais uma arma, essa, um pouco menor que o próprio Lycan: um machado com
lâminas de ambos os lados. Todas as armas eram feitas de prata com cabos de
madeira. O rosto do homem tiha uma expressão séria. Sua pele era clara. O
queixo era quadrado. As íris dos olhos
eram amarelas. A barba e o cabelo, desgranhado, eram grisalhos. — Ele é o Deus dos Animais.
— Em seguida,
Maximillian apontou para a sua direita. —
Este é Vlad. — O
homem sorriu. Vlad tinha quase um metro e oitenta de altura com um físico magro.
Ele trajava vestes cor de sangue por de baixo de sua armadura leve cor de
grafite, composta por ombreiras, botas, manoplas e torso. Sua longa capa negra
quase alcançava o chão. Seu rosto era extremamente pálido. Seu cabelo curto,
penteado para trás, e seu cavanhaque eram negros como ônix. As íris de seus
olhos eram vermelhas como as de Tristan. Seus dentes eram da cor do marfim.
Seus caninos eram longos como presas de um animal. Diferentemente de Lycan,
Vlad não carregava armas. —
Ele é o Deus do Sangue.
—
Certo... — Tristan
suspirou. — Eles vão
lutar?
—
Não. — Maximillian
sorriu. — Pelo menos,
não hoje.
—
Bom... — O guerreiro
das Trevas olhou para as duas pessoas ajoelhadas. Um homem, de cabelos
castanhos curtos, estava à frente de Vlad enquanto uma mulher, de longos
cabelos ruivos, estava à frente de Lycan. Ambos estavam vestidos roupas
esfarrapadas, além de estarem amordaçados e com algemas nos pés e nas mãos. — E quem seriam esses?
—
Traidores que serão eliminados. —
Uma voz grave retumbou abaixo deles.
O chão tremeu e começou a se abrir. Aos poucos, um homem
trajando uma armadura, cor de âmbar como a de Maximillian, surgiu coberto por
terra. Ele era um pouco mais baixo que Lycan, porém, seus ombros e torso eram
mais largos. O elmo do homem tinha uma máscara esculpida com uma barba branca.
Os únicos espaços abertos em toda a armadura eram dois pequenos orifícios para
os olhos. Ele grunhiu e caminhou em direção dos outros. Automaticamente, a
terra atrás dele tapou o buraco por onde ele tinha vindo.
—
Alexander, eu suponho. —
Disse Tristan.
—
Sim. — O Deus da
Terra afirmou enquanto andava até os outros deuses. — E você é aquele que Maximillian disse que
enfrentaria...sem a minha intervenção...ou a de Vlad...ou a de Lycan.
—
Creio que sim. —
Tristan suspirou. —
Então...o que você quis dizer com...
—
Traidores que serão eliminados. —
Maximillian completou. Em seguida ele olhou para as duas pessoas ajoelhadas. — Eles eram Escolhidos. O
homem, do Vlad e, a mulher, do Lycan. Porém, agora, eles vão ser executados.
—
Foram eles...que eram membros da Chimaera...não é? — O guerreiro das Trevas indagou.
—
Sim. — Respondeu Vlad
com desgosto. — Eles
usaram os poderes que nós os concedemos para seguir um ideal que não era nosso.
—
Por isso, nós retiramos os poderes deles. —
Acrescentou Lycan. —
E, agora, Maximillian vai executar esses dois traidores.
—
Bem na minha frente? —
Perguntou Tristan.
—
Sim. — Maximillian
respondeu. — Temos
três deuses para confirmar a identidade deles, sendo que dois deles são os
deuses deles. Portanto, eu quero que você seja a testemunha de que eu os
executei. Espalhe essa notícia para as forças das Trevas e, posteriormente,
para as da Luz. Eu quero que você, e o resto do mundo, entendam a nossa força.
Nós capturamos dois Escolhidos que conseguiram fugir das forças de Leviathan.
Entende o quão poderoso nós da Tiamat somos?
—
Claro...então execute-os logo. Quanto antes você terminar isso, mais cedo
poderemos lutar.
—
Ora... — Alexander
riu. — Gostei da
atitude.
Maximillian bufou.
—
Certo... — Ele
murmurou.
Com um estralar de dedos, o chão abaixo dos membros da
Chimaera se abriu. Os dois foram praticamente absorvidos pelas crateras. O som
dos gritos soou abafado junto com o ruído de algo queimando.
—
Tem magma correndo bem abaixo de nós. —
Maximillian informou. —
Eu garanto que aqueles dois não tiveram uma morte bonita. — Ele estralou os dedos. O
chão voltou ao lugar de origem, fechando as crateras. Maximillian olhou para os
três deuses. —
Então...será que eu posso lutar contra Tristan agora?
—
Claro... — Respondeu
Alexander. Ele tocou nos ombros de Vlad e Lycan. —
Não faça nada estúpido.
Aos poucos, o solo abaixo dos três deuses afundou, formando
uma escadaria para o subsolo. O Trio desceu os degraus e, rapidamente, o chão
se reconstruiu.
—Não
iríamos querer eles perto de nós enquanto lutamos, não é? — Maximillian sorriu. — Eu não gostaria de tentar
de enfrentar tendo a chance de te acertar.
—
Eu digo o mesmo. —
Tristan apontou sua espada contra o líder da Tiamat. — Agora...vamos!
—
Certo... — Ele
estendeu a mão para o alto. Pequenas rochas vieram de todas as direções e se
juntaram. Em um instante, um martelo de duas mãos se formou. Maximillian sorriu
e, em seguida, colocou seu elmo. —
Vamos!
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