The Mechanical
Army
O
Exército Mecânico
“Impressionante...”.
Tristan e Astaroth haviam chegado à primeira câmara do
covil de Nighthand. O local era gigantesco. As paredes, piso e teto eram feitas
de ferro. Dezenas de tochas com fogo verde iluminavam a área completamente.
Autômatos humanoides, feitos de bronze e de estatura normal, andavam pela
câmara em um ritmo frenético. Os rostos deles eram esculpidos com detalhes, mas
não apresentavam nenhum tipo de movimento, como os dos olhos e das bocas. Portas
se abriam e se fechavam incessantemente, com mais e mais das criações de
Nighthand chegando e deixando o local. Eles carregavam diversos objetos, de
ervas a animais recém mortos a peças mecânicas. O cheiro de óleo e graxa no
local era intenso.
—
Certo...mais autômatos. —
Astaroth respirou aliviado. —
Ainda bem que eles são nossos aliados.
—
Sim. — Tristan
concordou. — Mas... — Ele olhou rapidamente ao
redor. — Onde está o
nosso anfitrião?
—
Ah...bem...é. — Ele
limpou a garganta. —
Boa pergunta.
Entre as várias portas que se abriam, Nighthand apareceu
junto de um autômato diferente dos demais. A máquina era feita de ouro e era
muito mais trabalhada do que as outras. Todas as centenas de articulações se
moviam com perfeição. O andar do autômato dourado era natural e solto como o de
uma pessoa. Ele gesticulava com as mãos enquanto conversava com Nighthand. Seus
olhos de safira, suas sobrancelhas e seus lábios se moviam perfeitamente
durante o diálogo.
—
Ah! — Nighthand
exclamou. — Aí estão
vocês!
—
Bem...foi você que desapareceu... —
Murmurou Tristan.
—
Só por que vocês estavam demorando a aparecer. —
O mago suspirou. — E
eu também tenho algumas coisas importantes para manter em ordem, como por
exemplo... — Ele
alisou a barba. —
Ah...não eram três de vocês?
—
Shadowing resolveu não entrar aqui... —
Disse Astaroth.
—
Ah...certo. —
Nighthand continou a alisar a barba. —
E por que ele decidiu fazer isso?
—
Alguém tinha que ficar de vigia, não é? —
Tristan conseguiu falar rapidamente.
—
Na verdade, não. — O
ancião parecia sorrir por debaixo do capuz. —
Do mesmo jeito que eu senti a presença de vocês, eu posso sentir a presença das
forças da Luz, caso eles se aproximem.
—
Tudo isso por causa dos seus autômatos? —
Astaroth perguntou.
—
Sim, graças a alguns que são especializados nisso. — Respondeu Nighthand. — Graças ao meu trabalho e estudos, cada um
dos meus autômatos tem talentos especiais. Alguns são caçadores, outros são
cozinheiros, há ainda construtores e até aqueles que alertam outros autômatos
para suas funções. —
Ele suspirou. —
Enfim...vocês podem chamar o seu amigo para vir aqui. Não há nada com o que
vocês devam se preocupar.
—
Espero que você não esteja subestimando Shadowing. — Tristan sorriu. — Eu tenho certeza que ele virá nos avisar da
presença do inimigo antes de seus autômatos.
—
Ora... — O mago riu. — Talvez devêssemos fazer
disto uma oposta.
—
Claro! — Astaroth
abriu seu sorriso maníaco. —
Aposte esse seu brinquedinho de ouro.
—
Ah...brinquedinho... —
O autômato dourado falou. Seu timbre de voz era diferente de qualquer outro. O
movimento das engrenagens, bem como o de outras peças metálicas, parecia
produzir o som. Entretanto, a voz parecia transmitir certa emoção. No momento,
o autômato soava levemente irritado. —
Eu suponho que essa foi a palavra mais sofisticada que um Demônio pôde pensar.
—
Como!? — Astaroth
parecia rosnar.
—
Desculpe-me. — A
máquina disse em tom solene. —
Você não sabe o significado de alguma das palavras que eu usei em minha última
constatação?
Astaroth levantou a mão contra o autômato dourado.
Tristan segurou o braço do amigo. A expressão no rosto da máquina continuava
calma. Nighthand riu alegremente.
—
Há muitos anos que eu não via uma discussão calorosa como essa. — O mago alisou a barba.
—
Que bom que você está se divertindo. —
Disse Tristan em um tom frio. —
Agora...há algo realmente importante que você tenha que nos mostrar aqui?
—
Bem...talvez eu possa lhes mostrar a extensão da minha residência. — Nighthand parecia sorrir
orgulhoso por debaixo do capuz. —
Esses túneis podem nos levar para longe da cidade, sabiam? Eu poderia, agora
que somos aliados, estender-los até a cidade de Nidhogg. O que vocês acham?
—
Sinceramente... —
Tristan bufou. —
Eu...
Antes que o guerreiro das Trevas pudesse terminar de
falar, Shadowing, com as asas abertas, abruptamente entrou na sala. O Demônio
arfava. Todos os que estavam presentes, inclusive os autômatos, pararam o que
estavam fazendo para ver o recém chegado.
—Shadowing...
— Tristan o chamou.
— As
forças da Luz estão chegando! —
O Demônio encapuzado disse apressadamente. —
Vamos!
—
Ora... — Nighthand
murmurou.
De repente, um som agudo, como o do caranguejo de bronze,
soou extremamente alto dentro do local. Milhares de ruídos metálicos vieram em
seguida.
—
Então esse é o tal alerta dos autômatos? —
Astaroth riu. —
Parece que você perdeu a oposta.
—
Infelizmente, para você, nós não tínhamos definido nada. — Nighthand suspirou. — Portanto, eu não perco
nada desta vez.
—
Miserável... — O
Demônio de olhos verdes rosnou. —
Verme escorregadio...
—
Esqueça o que vocês estão discutindo! —
Shadowing vociferou. —
Isso não tem importância agora!
—
Ele está certo. —
Disse Tristan. —
Vamos logo, Astaroth.
—
Ah...certo... — O
Demônio bufou. — Vamos...
Rapidamente, Tristan, Astaroth e Shadowing voltaram a
superfície.
“Droga...”.
Um esquadrão com, pelo menos, uma centena de Anjos
atravessava os céus, aproximando-se do trio de seres das Trevas.
—
Tristan... —
Shadowing o chamou.
—
O que foi? — O guerreiro
perguntou.
—
Preste atenção... —
Ele apontou para um Anjo em específico. —
Ele está muito a frente dos outros...
—
Ele é bem rápido. —
Comentou Astaroth. —
Mas...o que ele tem de especial.
—
A não ser que exista outro como ele... —
Tristan suspirou. —
Bem, eu não creio que exista. Só pode ser ele.
Shadowing assentiu cm a cabeça, concordando com o
guerreiro das Trevas.
—
Do que vocês estão falando? —
Astaroth parecia legitimamente confuso.
—
Um...conhecido. —
Respondeu Shadowing, embora um pouco relutante. —
Apenas...espere. Não o ataque.
Após poucos segundos, o Anjo aterrissou na frente do
trio. A armadura apresentava três cores, branco, prata e bege. As asas eram
brancas como as de qualquer outro da sua raça. O rosto era delicado e belo. Os
cabelos curtos eram loiros e sedosos. Os olhos tinham cores diferentes, sendo
um verde e, o outro, azul. No lado direito de sua cintura, o cabo de uma arma
estava preso, apesar de não ter nenhuma utilidadade aparente.
—
Não esperava te encontrar aqui. —
Tristan sorriu.
—
Principalmente agora que não somos mais aliados. —
Acrescentou Shadowing soturnamente.
—
Sem dúvidas...não era assim que eu havia imaginado o nosso reencontro. — Migrasi bufou. — Mas...não há nada o que
possamos fazer...a não ser cumprir a nossa missão.
O Anjo sacou o cabo da arma. Uma luz branca intensa
brilhou.