Nighthand, The
Creator Automata
Nighthand,
o Criador de Autômatos
Todas as máquinas emitiram um ruído agudo ao mesmo tempo.
Fumaça negra foi expelida das articulações deles como pequenos gêiseres.
Chiados vieram em seguida. Em um instante, todos os autômatos pareciam haver
adormecido.
“O quê...?”.
—
Não se preocupem! — O
homem em pé em cima da cabeça do autômato gigante disse. — Eles nunca atacariam
seres das Trevas! Eu não os fiz para que eles agissem assim!
Em uma fração de segundos, o homem se transformou em
trevas e surgiu na frente de Tristan. Apesar de ter o rosto coberto pelo capuz
negro, sua longa barba grisalha não podia ser escondida.
—
Nighthand. — O
guerreiro das Trevas sorriu. —
Nós estávamos a sua procura.
—
É claro que estavam. —
Nighthand resmungou. —
Por que mais vocês estariam em um lugar desses?
—
É...ele está certo quanto a isso. —
Shadowing concordou, embora um pouco relutante.
Astaroth respirou aliviado.
—
Contanto que eu não tenha que enfrentar essas coisas...eu não tenho motivos
para reclamar. — O
Demônio de olhos verdes sorriu. —
Agora, podemos focar em enfrentar os seguidores da Luz.
—
O quê? — Nighthand
indagou. — Seguidores
da Luz?
—
Sim. — Respondeu
Tristan. — É muito
provável que alguns deles venham para tentar te matar.
—
E é exatamente por isso que viemos aqui. —
Acrescentou Shadowing. —
Você pode ser um aliado ainda mais valioso para as Trevas caso venha conosco.
Trabalhe no Palácio de Nidhogg. Sirva o Lorde das Trevas diretamente.
—
Ah...não. — Respondeu
Nighthand. — Eu não
tenho nenhum problema em ajudar Nidhogg. Eu sou um seguidor das Trevas a final
de contas. Mas...eu não deixarei esse lugar. Eu tenho tudo o que eu preciso
aqui.
—
Sério...? — Astaroth
franziu a testa. —
Esse lugar está completamente destruído.
—
Se você realmente acredita que eu moro aqui, vivendo por séculos em meio a esse
caos, você é mais estúpido do que parece. —
Disse o mago. — É
óbvio que eu não vivo aqui na superfície. Eu apenas saí de minha singela
residência por que alguns dos meus autômatos detectaram...bem, vocês. Eles
apenas sentiram s suas auras. Logicamente eu fiquei curioso para ver o que
estava acontecendo. Não é sempre que eu recebo visitantes...principalmente,
seres das Trevas tão poderosos assim. —
Ele respirou fundo. —
Enfim...agora, eu tenho outro motivo para permanecer aqui.
— E
qual seria? — Indagou
Tristan.
—
Enfrentar os seguidores da Luz. —
Nighthand respondeu alegremente. —
Faz muito tempo desde que eu enfrentei adversários dignos. — Ele olhou para as bestas
mecânicas abaixo. — E
eu posso dizer o mesmo sobre os meus autômatos. Ultimamente, eles apenas caçam
e buscam por comida e temperos. Chega a ser uma função um tanto quanto ridícula
para bestas e guerreiros de bronze gigantescos...
—
Entendo... — Tristan
murmurou.
—
Então, nós vamos enfrentar os seguidores da Luz... — Astaroth sorriu. — Ótimo!
Nighthand riu.
—
Vejo que um de vocês já se entusiasmou com a idéia. — Ele disse e, em seguida, olhou para Tristan
e Shadowing. —
Mas...e quanto a vocês dois?
Os dois amigos se entreolharam. Sem dizer uma palavra, os
dois chegaram a um consenso.
—
Caso você prometa se aliar diretamente às Trevas, não creio que existam motivos
para não lutarmos lado a lado agora. —
Decidiu Tristan.
— Ótimo. — Disse Nighthand satisfeito.
— Então...caso não
hajam objeções, sigam-me.
—
Para onde? —
Perguntou Shadowing.
—
Para minha humilde residência. —
O mago alisou a longa barba. —
Vamos.
—
Bem...antes disso, há algo que eu preciso perguntar. — Disse Tristan.
— Você
pode me perguntar enquanto andamos, não?
—
Ah...eu suponho que sim...
—
Ótimo! Então...vá perguntando.
Nighthand se virou para outra direção e começou a andar
para longe de Tristan. O guerreiro olhou para os amigos.
—
Bem...vamos segui-lo. —
Disse Shadowing. — Eu
também tenho algumas perguntas.
—
De uma maneira ou de outra, não podemos ir embora ainda. — Astaroth sorriu. — Temos que esperar nossos
amigos da Luz aparecerem antes.
—
Certo... — O
guerreiro bufou.
Em um instante, Tristan, Shadowing e Astaroth pareceram
ao lado de Nighthand.
—
Então... — O
Escolhido de Nidhogg limpou a garganta. —
Como você conseguiu sobreviver esse tempo sozinho?
—
Eu não estava sozinho. —
O mago respondeu. —
Eu estava com as minhas criações.
—
Certo...
—
Você me parece bem são para alguém que não teve contato com pessoas por tanto
tempo. — Admitiu
Shadowing. — Pelo
menos, comparado ao Astaroth.
—
Aceite isso como um elogio. —
O Demônio de olhos verdes gargalhou.
—
Viu...? — Shadowing
riu. —Completamente
insano.
—
Sim... — Nighthand
parecia levemente assustado. —
Mas...creio que vocês subestimam as minhas criações...
—
Como assim? — Indagou
Tristan.
—
Bem...creio que é melhor vocês verem por vocês mesmos... —
O mago riu. — Vamos
um pouco mais rápido agora, certo?
Em um instante, Nighthand se transformou em trevas e,
rapidamente, distanciou-se de Tristan e seus amigos.
“Droga...”.
Rapidamente, Shadowing abriu as sãs e voou atrás de
Nighthand. Tristan se transformou em trevas e alcançou o mago. Astaroth surgia e
desaparecia incansavelmente pelas sombras, acompanhando os outros.
—
Não se preocupem, já estamos chegando! —
Nighthand riu.
Após mais alguns segundos de perseguição, o mago se
transformou de volta ao normal.
—
É aqui. — Nighthand
anunciou.
Tristan, Shadowing e Astaroth surgiram em atrás do mago.
—
Aqui...? — O Demônio
de olhos verdes parecia confuso. —
O...
Antes que Astaroth pudesse terminar de falar, Nighthand
estralou os dedos. Faíscas verdes envolveram a mão do mago. Um ruído agudo como
os dos autômatos soou do chão a frente deles. O símbolo das Trevas, com cerca
de meio metro de diâmetro, brilhou no solo. Lentamente, o pedaço do chão se
ergueu, revelando uma escadaria que descia dezenas de metros para o subsolo.
—
Então...essa é a entrada para a sua casa? —
Indagou Tristan.
—É
uma delas. —
Nighthand respondeu. —
Para ser mais preciso...essa era a mais próxima.
—
Quantas são no total? —
Shadowing perguntou.
—
Ah...bem...boa pergunta. —
O ancião riu. — Eu
nem faço ideia. Sinceramente, eu só me lembro das mais recentes e das mais
antigas. — Ele alisou
a barba. — Creio que
eu saiba da localização de uma centena. Deve haver pelo menos umas quinhentas
passagens na cidade inteira.
—
Nossa...impressionante. —
Tristan admitiu.
—
É...creio que sim. —
Nighthand suspirou. —
Foram séculos de trabalho. Eu criei túneis no subsolo dessa cidade a partir de
uma simples caverna. Eu criei muitos autômatos
para me ajudarem. E...a população da cidade também me ajudou, tanto na
construção dos túneis, tanto na dos autômatos. —
Ele cerrou os punhos. —
Eles me ajudaram tanto, mesmo sem saber sobre o meu passado... — Nighthand sacudiu a
cabeça para os lados. —
Mas...bem...isso não é importante. O que vocês precisam saber é que todo o
trabalho da minha vida como mago está bem debaixo de seus pés. Quilômetros e quilômetros
de túneis recheados com as minhas invenções, incluindo maquinários, autômatos
e...bem...vocês verão em breve.
“Ah...memórias prendem Nighthand a esse lugar. Muitos
morreram enquanto o ajudavam. Talvez as forças da Luz vieram aqui exatamente
para matá-lo. Ele...não deseja abandonar aqueles que deram a vida pela
dele...”.
—
Bem...para você ter sobrevivido aqui por tanto tempo, tenho certeza que a
infra-estrutura que você criou é excelente. —
Admitiu Shadowing. —
Imagino que você tenha criações para buscar alimento, cozinhá-los...certo?
Nighthand riu.
—
Bem...vocês podem tentar ficar adivinhando... —
O mago começou a descer as escadas. —
...ou vocês podem me seguir e descobrir por si mesmos.
Tristan, Astaroth e Shadowing se entreolharam. O Demônio
de olhos verdes andou até o começo da escadaria e olhou para a escuridão
abaixo.
—
Bem, vamos seguir um mago imortal, que era um assassino, para o esconderijo
dele no subsolo que, sem dúvidas, está cheio de brinquedinhos, criados por ele,
com a capacidade de nos matar. —
Disse Astaroth. —
Bem...isso certamente é loucura. —
Ele gargalhou. —
Então...vamos?
Tristan riu.
—
Claro...por que não? —
O guerreiro andou até o lado de Astaroth.
—
Ótimo. — O Demônio
abriu seu sorriso largo e brilhante.
—
E você, Shadowing? —
Tristan sorriu. —
Preocupado?
—
Sempre. — O Demônio
encapuzado respondeu. —
Alguém aqui tem que ter bom senso.
—
Pare de ser irritante! —
Astaroth zombou. —
Vamos logo!
—
Não era você que estava com medo do desconhecido? — Shadowing indagou.
—
Sim. Mas agora o Nighthand não é um desconhecido. Os autômatos dele não vão nos
atacar. Então...vamos!
—
Você não está nem um pouco desconfiado dele?
—
Não. — Astaroth
bufou. — Vamos!
—
Shadowing. — Tristan
o chamou com a voz calma. —
Não se preocupe. Mesmo se ele tentar nos atacar, nós três estaremos juntos. Não
há como ele nos derrotar.
—
Eu não confio nele. —
Disse o Demônio encapuzado. —
Ele está escondendo alguma coisa. Eu tenho certeza. E, agora, nós estamos
prestes a entrar no covil dele...
—
Bem...fique ai então. —
Sugeriu o guerreiro das Trevas. —
Caso as forças da Luz venham nos atacar...você nos avisa com antecedência. Está
bom assim?
Shadowing assentiu. Tristan se virou para trás e começou
a descer as escadas. Astaroth o seguiu.
—
Tristan... — O
Demônio o chamou. —
Você...tem certeza quanto a isso?
—
Não se preocupe. — O
guerreiro pediu. —
Shadowing deve ter os motivos dele para estar desconfiado. Eu não vou forçá-lo
a fazer algo que ele não esteja confortável.
—
Ah...certo...
Passo
a passo, Tristan e Astaroth desceram os degraus da escadaria rumo ao
desconhecido.
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