The Calm Before The Storm
A
Calmaria Antes da Tempestade
Três dias depois...
—
Nidhogg? — Tristan
chamou o Lorde das Trevas.
O guerreiro estava de volta à
sala do trono. Nidhogg conversava com uma pessoa que trajava uma capa com capuz
de cor prata.
—
Ah...Tristan. — O
Lorde das Trevas sorriu. —
Ótimo. Você chegou.
O homem encapuzado olhou de
relance para Tristan e, em seguida, voltou-se a Nidhogg.
—
Quem é esse? — O
guerreiro das Trevas perguntou enquanto encarava o estranho.
—
Ele? — Nidhogg
sorriu. —
Ninguém...só o nosso maior aliado nesta missão.
—
E por que você diz isso? —
Tristan indagou.
—
Ora...por que ele é um dos Capitães da Tiamat.
—
Ah... — Tristan parecia
levemente surpreso. —
Um traidor, então?
—
Quando você fala desse jeito, parece algo horrível e imperdoável...mas, é. — O Lorde das Trevas riu. — Ele está abandonando a
Tiamat e se juntando a nós. Ele acredita que nossa vitória ocorrerá mais cedo
ou mais tarde.
—
Então...ele resolveu se juntar ao lado vencedor no último instante?
—
Sim. Mas, também, com isso, ele evitará muitas perdas do nosso lado.
—
Como?
—
Convencendo os outros oficiais a mudaram o plano de defesa deles. O plano é,
basicamente, fazer com que eles dêem prioridade a algumas entradas da base.
Assim, as passagens que não usaremos estarão mais protegidas e, a que usaremos,
estará bem menos guardada.
—
Isso não vai gerar suspeitas?
—
Se fizermos isso direito, não.
—
E como faremos isso direito?
—
Ainda estarão protegendo a passagem que usaremos. O nível de defesa dela estará
igual ao de outra, então, não gerará suspeita.
—
Presumo que essa passagem que usaremos seja menos óbvia ou de acesso mais
difícil acesso...pelo menos, em relação às outras.
—
Exatamente. A base da Tiamat fica em uma floresta densa em Wolfrealm. Dois
terços da base se encontram no subsolo. Existem galerias subterrâneas na
região. Alguns túneis podem nos levar diretamente para dentro da base, mas...
—
Esses são os caminhos mais bem protegidos, presumo.
—
Sim.
—Atravessarmos
a floresta também não é uma opção, certo?
—
Certo. A floresta é gigantesca, então existem vários acampamentos espalhados,
além de alguns assassinos e arqueiros patrulhando o local.
—
Então, como chegaremos lá?
—
Usaremos algumas das galerias subterrâneas. Muitas levam a cavernas na
superfície. Dividiremos o exército em vários pelotões e...bem, acho que já está
claro o que vai acontecer.
—
Sim...mas a parte superior da base não é muito bem protegida, é isso?
—
Ela é protegida...mas não tanto quanto o subsolo e a floresta. E, além do mais,
as cavernas nos levarão muito próximo da base. Os guardas da Tiamat não terão
tempo para se reagirem. É bem provável
que eles apenas emitam um alerta para o resto da base, mas...isso, não temos
como evitar. Estaremos atacando a base deles, não é mesmo? — Nidhogg sorriu. — Além do mais, as cavernas
nos levarão a vários pontos ao entorno da base. Atacaremos pelo sul, sudeste e
norte. As outras passagens serão a que serão guardadas em vão, que estão no
nordeste e leste.
—
Entendo... — Tristan
sorriu. — Acredito
que nunca havíamos traçado um plano de invasão assim.
—
Como?
—
Deixando para o último instante.
Nidhoog riu.
—
Ora...creio que você está certo. —
O Lorde das Trevas olhou para o Capitão da Tiamat. — Não há mais nada para discutirmos, certo?
O homem encapuzado sussurrou
algo.
“Ele está tão próximo de mim,
mas...eu não consigo ouvir sua voz. Esse homem...não tenho como confiar nele.
Não só por ele estar traindo a Tiamat, mas também pela presença dele. Eu havia
me esquecido que ele estava aqui. É quase como se ele tivesse desaparecido. Por
ser um Capitão da Tiamat, certamente ele é um seguidor de algum deus pagão,
mas...eu não consigo sentir a aura dele. Será que é mais um Ilusionista...?
Espero que não...”.
—
Certo. — Nidhogg
disse sério. — Muito
bem. Espero vê-lo amanhã ao nosso lado, Capitão.
O homem encapuzado assentiu com
a cabeça e, sem dizer mais nada, andou apressadamente até a saída da sala.
—
Devo me preocupar com ele? —
Tristan indagou.
—
Creio que não. — O
Lorde das Trevas respondeu. —
Ele ganhará mais nos ajudando.
—
Mesmo assim, se ele é capaz de trair os seus companheiros, ele pode muito bem
nos trair.
—
Eu sei.
—
Por que está tão certo assim que ele não nos trairia?
—
Porque ele receberá uma grande recompensa e a minha palavra de que nós não o
mataríamos.
—
Só por isso?
O Lorde das Trevas gargalhou.
—
Ora...você sabe o que uma promessa minha significa. — Nidhogg sorriu. — Não é?
—
Claro... — Tristan
respondeu não muito animado. —
Um pacto. Ele firmou um pacto com você.
—
Exatamente.
—
Qual seria a punição para ele?
—
Se ele for tolo o suficiente para quebrar o pacto...eu mesmo irei caçá-lo. — A voz do Lorde das Trevas
se tornou mais grave. —
Eu mesmo asseguraria que ele sofresse durante os instantes finais de vida. Eu o
faria implorar por uma morte rápida. Eu faria que ele sentisse uma dor
equivalente a dez vidas em um único minuto. —
Nidhogg sorriu. —
Bem... — A voz dele
voltou a ser mais suave. —
É por isso que eu creio que ele não nos trairia.
—
Ah...certo. Entendi...
“Nem a Deusa da Tristeza
conseguiu me assustar tanto assim em tão pouco tempo...”.
—
Ah...acho que isso é tudo. —
Disse o Lorde das Trevas. —
Você está dispensado. Aproveite o dia para fazer os seus últimos preparativos e
descansar bem, certo?
—
Certo. — Tristan
respondeu.
“Ótimo...ele voltou a ser
amável. Tentarei não reclamar mais desse lado dele”.
Tristan se despediu de Nidhogg
e caminhou para fora da sala do trono. Ele andou calmamente pelos corredores do
palácio até chegar a um quarto próximo ao seu. Tristan abriu a porta
lentamente. Entro do quarto, Sorrow estava deitado em uma cama. Sentado em uma
cadeira ao lado dele, Shadowing observava o homem.
—
Como ele está? —
Tristan perguntou calmamente.
Shadowing suspirou.
—
Um pouco melhor. — O
Demônio olhou com tristeza para o homem. —
A aparência dele ainda está ruim, mas...já melhorou um pouco. Ele conseguiu
acordar algumas vezes. Foi bom. Ele pôde se alimentar.
—
Ele me parece um pouco menos pálido também.
—
Sim. A alimentação ajudou um pouco, bem como o tratamento. Porém, creio
que o fator principal para a melhora foi a morte da deusa.
—
Entendo. Ele era atormentado não só pelos gritos dela, mas como também pelas
memórias que aquele lugar trazia.
—
É... — Shadowing
respirou fundo. —
Espero que não demore muito tempo para que ele fique melhor. Ele tem alguém a
agradecer.
Tristan sorriu.
—
Bem...eu não vou morrer tão cedo. —
O guerreiro das Trevas disse seguramente. —
Em algum momento, ele vai levantar e me agradecer.
—
Sim. — O Demônio
sorriu e fitou Sorrow. —
Esse homem já passou por coisas demais nessa vida.
—
Sim... — Tristan
respirou fundo. — E
ele agüentou todas elas...e sem perder as esperanças...sem desistir de viver.
—
E é exatamente por isso que ele não vai morrer agora.
—
Sim. — Ele coçou a
nuca. — O único
problema vai ser o que aconteceu com os outros moradores do vilarejo...
—
Espero que você não esteja se culpando.
—
É claro que não. Não se preocupe quanto a isso. —
Tristan bufou. — Aquele
grito...quando eu deixei o vilarejo e fui para o covil da deusa...
—Não
tinha como ninguém imaginar a potência daquilo...e muito menos as
conseqüências. A não ser que você pudesse prever aquilo.
—
Não.
—
Ótimo. Então, eu sugiro que você pare de pensar nisso. Amanhã teremos algo um
tanto quanto importante para fazermos, não é?
—
Sim, mas...e você?
—
Eu o quê?
—
Por que você está se preocupando tanto assim com ele? Você ficou realmente
emocionado com o que aconteceu com ele. Ótimo, sem problemas. Mas por que é
você que o está acompanhando? Os seus conhecimentos em magias curativas não são
muito bons. Você sabe muito bem disso. —
Tristan bufou. —
Então...por quê?
Shadowing permaneceu em
silêncio.
—
Ah...entendi. —
Tristan bufou. — Eu
não sei exatamente o motivo, mas...sei qual o seu sentimento.
—
Sério? — Shadowing
arqueou uma sobrancelha. —
Então...diga.
Tristan respirou fundo.
—
Culpa. — O guerreiro
das Trevas disse calmamente. —
Eu não sei o porquê, mas...é isso o que você sente. Você se culpa pelo o que
aconteceu com o Sorrow.
—
Ora... — Shadowing
esboçou um sorriso. —
É tão óbvio assim?
—
Pelas suas ações e pelo seu olhar...é.
—
Entendo...
—
Presumo que você ainda vai me contar o porquê...mas não será tão cedo.
—
É bem provável.
—
Certo. Então...nos falamos mais tarde.
Shadowing assentiu com a
cabeça. Tristan deixou o quarto de Sorrow e andou até o seu. O guerreiro andou
até a varanda e olhou para os céus.
—
Pensando na vida? — A
caçadora perguntou.
Tristan se virou para trás.
Lilith havia acabado de entrar no quarto. Tristan sorriu.
—
Eu até gostaria de poder estar pensando. —
O guerreiro admitiu.
—
Nossa... — Lilith
suspirou e foi caminhando na direção do amado. —
Tanta coisa assim acontecendo?
—
Você nem faz idéia...ou melhor...você faz, sim.
—
É... — Ela sorriu. — Mas você é o Escolhido do
Lorde das Trevas. Você agüenta.
—
Será?
—
Bem...eu confio em você. —
Ela segurou as mãos de Tristan delicadamente com as suas.
—
Eu sei.
Com uma troca rápida de olhares
e um sorriso, os dois se beijaram.
—
Então...o que te aflige? —
Lilith perguntou.
—
Bem...toda essa confiança. —Tristan
respondeu.
—
Como assim? Ter um Império inteiro confiando em você não é bom?
—
Não se essa confiança vem com cobrança.
—
Você...está preocupado com a possibilidade de você falhar?
—
É.
—
E desde quando você se importa com as outras pessoas?
—
Eu...não sei. Eu realmente não sei quando eu mudei tanto. Só sei que foi nesse
ano.
—
Talvez...tenha sido isso mesmo.
—
Como assim?
—
Aconteceram muitas coisas nesse ano. Você mudou o seu jeito de se relacionar
com algumas pessoas também, não é? Pelo o que eu entendi, você não era muito
sociável.
—
É...eu devo admitir que é verdade. Eu...só queria ter a Isolde de volta do meu
lado. Eu...
“Isolde...”.
Tristan olhou para Lilith.
—
Ah...o que foi? — A
caçadora indagou.
—
Nada... — O guerreiro
respondeu. —
Eu...só...
—
Tem algo a ver com Isolde?
—
Ah...é.
—
O que foi?
“Ela não pode saber do que
aconteceu na caverna. Eu...eu nem tive tempo para pensar naquilo”.
Lilith fitava Tristan. Ela
suspirou.
—
Acho que eu entendi. —
A caçadora disse.
“Como!?”.
—
Ah...como assim? —
Tristan perguntou, tentando permanecer calmo.
—
Você...acha que eu tenho algum tipo de problema com a Isolde. — Lilith respondeu. — Bem...ela pode ter
conseguido o seu coração antes de mim, mas isso não importa mais. Ela se
foi...e você permaneceu aqui. Agora... —
Ela entrelaçou os braços ao redor da cintura de Tristan. — Agora você é meu. E só
meu. Certo?
O guerreiro sorriu.
—
Certo. — Ele
respondeu e retribuiu o gesto. —
Você é a única para mim.
—
Eu digo o mesmo. —
Lilith sorriu por um instante e, logo em seguida, a expressão dela se tornou de
preocupação. —
Então...prometa que você ficará bem. Eu não posso perder você, Tristan. Eu...
Antes que ela pudesse terminar
de falar, Tristan a beijou.
—
Não se preocupe. —
Tristan sorriu. — Eu
já devo ter te falado milhares de vezes. Eu não pretendo morrer tão cedo.
Lilith respirou aliviada e
sorriu, mas a expressão de preocupação não havia desaparecido de seu rosto.
—
Vai dar tudo certo amanhã. —
Disse Tristan. —
Estaremos juntos. Eu te protegerei...e espero que você me proteja.
—
Com relação a isso...você pode ter certeza. —
Lilith abraçou Tristan. —
Mas...mesmo assim...você entende o porquê de eu insistir em agir assim, não é?
—
Claro que sim. O amor é uma coisa fascinante. Ele faz com que dois matadores
como nós dois tenham momentos meigos como este.
Lilith riu.
—
É...verdade. — Ela
olhou fundo nos olhos de Tristan. —
Eu te amo, meu guerreiro.
—
E eu amo você, minha caçadora. —
Tristan disse com o mesmo carinho.
Uma batida forte soou na porta
do quarto.
“Droga...”.
—
Se não respondermos, talvez nos deixem em paz. — Lilith sugeriu.
Tristan assentiu com a cabeça.
Os dois ficaram em silêncio. Uma conversa podia ser ouvida do lado de fora do
quarto, apesar das palavras não soarem nitidamente.
“Quem será que...?”.
De repente, a conversa cessou.
“Ufa...”.
—
Tristan! — Astaroth
gritou.
O Demônio havia acabado de
surgir no quarto a partir das sombras. Ao ver Tristan junto de Lilith, Astaroth
parecia ter ficado paralisado.
—
Ah...eu...estou atrapalhando, não é? —
O Demônio riu forçadamente. —
Eu...eu...
—
Se você veio falar alguma coisa, pode falar. —
Tristan disse. —
Mas...tente falar rápido.
—
Bem...certo. Eu...ia chamar você para vir comigo, com o Shadowing e com mais
alguns seres das Trevas para beber alguma coisa...sabe como é um dia antes
dessas missões importantes, não é? Mas...enfim...vejo que você já está
ocupado...então...até amanhã, vocês dois.
Em uma fração de segundos,
Astaroth desapareceu nas sombras.
“Bem...e lá se vai o clima...”.
Antes que Tristan pudesse dizer
alguma coisa, Lilith o beijou.
—
Vamos voltar para onde nós estávamos, certo? —
A caçadora sorriu.
—
Claro. — O guerreiro
respondeu.
“Ufa...”.
Ele olhou fundo nos olhos de
Lilith.
“Eu tenho que aproveitar esse
dia, esse momento. Amanhã...”.
—
Tristan... — Lilith o
chamou. — Eu sei que
nós dois estamos preocupados com o amanhã, mas...agora...
—
Vamos nos esquecer dessas preocupações. —
Ele disse. — Só por
enquanto...é isso que você pensou?
Lilith suspirou aliviada.
—Sim...exatamente
isso. — Ela
respondeu.
—
Ótimo. —
Tristan sorriu. — Do
que você quer falar agora?
—
No momento... — Ela
segurou as mãos de Tristan. —
Nada.
—
Ora... — Ele puxou
Lilith delicadamente para junto de si e a beijou. — Perfeito.
O casal passou a noite juntos.
No dia seguinte, os dois acordaram e prepararam para a guerra iminente.
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