Enemy Territory
Território
Inimigo
Quatro dias depois...
—
Espero que todos estejam prontos. —
Tristan sorriu.
Lilith estava ao lado do guerreiro das Trevas. Atrás deles,
uma tropa de quinhentos seres das Trevas. O batalhão estava em um campo verde musgo.
A frente deles, uma cadeia de montanhas cinzentas pareciam se estender até o
infinito. O céu acima deles estava coberto por nuvens negras. O som de trovões
podia ser ouvido à distância. O vento parecia uivar. O aroma dos pinheiros da
floresta após as montanhas chegava até onde o batalhão se encontrava.
—
Eu também espero. —
Um Demônio a frente dos outros concordou. O guerreiro carregava um machado em
cada mão e trajava uma armadura cor de sangue. Ele tinha mais de dois metros de
altura. — Nós já
percorremos uma distância enorme até chegarmos a Wolfrealm. Caso alguém desista
agora, eu mesmo matarei o cretino.
Murmúrios começaram dentro do batalhão. Tristan sorriu.
—
E você...quem seria? —
O guerreiro das Trevas perguntou.
—
Grimmig, sem dúvidas, o Demônio mais poderoso que esse exército possui! — O guerreiro se
vangloriou.
Os murmúrios continuaram, porém, desta vez, acompanhados
de algumas risadas e xingamentos.
“Ora...vejo que a fama desse daí não é muita boa...”.
Grimmig grunhiu. Os olhos amarelos dele pareciam soltar
faíscas pela pequena abertura de seu elmo. Ele se voltou para trás.
—
Algum de vocês crê ser mais forte do que o grande Grimmig!? — O Demônio urrou.
—
Fique quieto. — Uma
voz disse acima de Grimmig.
Shadowing desceu dos céus e pousou suavemente bem a
frente de Tristan.
—
Não gaste seu tempo ouvindo o que esse idiota tem a dizer. — O Demônio encapuzado
disse. — Esse Grimmig
é apenas um mercenário. O poder dele é apenas sua força bruta. Patético, eu
digo.
—
Shadowing! — Grimmig
abriu os braços. —
Talvez seja hoje o dia em que você finalmente me enfrenta. — Ele gargalhou. — Isso é, se você não fugir
de medo de novo!
Shadwoing bufou.
—
Eu não tenho nenhum motivo para de matar...por enquanto. — O Demônio encapuzado
disse. — Continue me
atormentando e eu ficarei feliz em atravessar o seu crânio com a minha
alabarda. — Ele
respirou fundo. —
Mas...se possível, não agora. Temos uma missão para cumprir.
Grimmig grunhiu em protesto, mas Shadowing o ignorou.
—
Amigo interessante. —
Disse Tristan.
—
Claro...acredito que essa seja uma maneira apropriada de se referir àquilo. — Shadowing respirou fundo.
— Enfim...acredito
que estamos prontos para entrar nas cavernas.
—
Todos os batalhões estão posicionados?
Shadowing assentiu com a cabeça.
—
Ótimo. — Tristan
sorriu.
Shadowing voou para longe. O guerreiro das Trevas olhou para a entrada
estreita de uma caverna na montanha. Ela estava a poucos metros de distância.
Tristan andou até o lugar e, rapidamente, voltou-se para o batalhão.
—
Chegou o momento! — O
guerreiro das Trevas bradou para que todos pudessem ouvir. — Homens...em frente!
Tristan adentrou a caverna. A passagem permitia que
apenas três pessoas pudessem entrar de cada vez. O guerreiro das Trevas e a
caçadora andavam a frente do resto do esquadrão. Os Demônios urravam cheios de
energia, preparados para a batalha. Os mercenários contavam piadas e riam alto.
Os magos conversavam tranquilamente. . Os assassinos estavam tentando se
concentrar, completamente calados.
—
Eu realmente acredito que todos estão preparados. — Disse Tristan para Lilith. — Ninguém parece muito
apreensivo ou desesperado. Isso é um bom sinal.
—
Sim... — A caçadora
concordou praticamente sussurrando.
—
Ah...certo. Tem uma pessoa que não está muito bem.
Lilith deu um soco fraco no ombro de Tristan. O guerreiro
riu.
—
Eu admito...eu estou um pouco apreensiva ainda. —
Lilith respirou fundo. —
Guerras...não fazem parte das minhas especialidades.
—
Eu sei... — Disse
Tristan. — Shadowing
também não é assim, mas...podemos lutar do jeito que escolhermos.
—
Sim...mas tentar assassinar seus inimigos um a um enquanto você foge de um exército...é bem
complicado. O Shadowing pelo menos tem a alabarda dele. Minha besta e minhas
katares não foram feitas para enfrentar vários inimigos ao mesmo tempo.
—
E é exatamente por isso que estaremos juntos. Você não percebeu?
—
O quê?
—
Eu vou ter que me preocupar com muitos inimigos ao mesmo tempo. Isso significa
que algum tente me atacar furtivamente. Caso você esteja cobrindo a minha
retaguarda, você pode matar esses sujeitos mais...sorrateiros para mim. Além de
você poder matar alguns dos guerreiros da Tiamat com sua besta.
—
E, como troca, você vai me proteger dos guerreiros deles?
—
Exatamente.
Lilith respirou fundo.
—
Bem...eu me sinto muito mais segura agora. —
A caçadora sorriu e segurou a mão de Tristan.
—
Eu digo o mesmo. — O
guerreiro sorriu. —
Eu odeio ter que me preocupar com os assassinos e arqueiros inimigos.
Os dois riram. Seguindo por mais quinze minutos pela
caverna, o aroma dos pinheiros se tornou muito mais forte. Após mais alguns
minutos, o som da chuva começou a soar juntamente com trovões. Alguns metros à
frente, podia-se ver a água da chuva escorrendo para dentro da caverna. Os
ventos sopravam mais fortes e frios.
“Ótimo...a tempestade começou...”.
Após quase mais meio quilômetro de caminhada pela caverna
encharcada, Tristan avistou a saída do lugar. Pela passagem estreita, o clarão
provocado pelos raios iluminava o céu. Tristan apertou o passo. Lilith o
seguiu. Ao chegarem até a saída, Astaroth surgiu bem à frente deles.
—
Ora... — O Demônio
parecia surpreso. —
Vocês acabaram de chegar, hein? —
Um sorriso maníaco surgiu em seu rosto. —
Perfeito.
—
Os outros batalhões já chegaram às saídas de suas cavernas? — Perguntou Tristan.
—
Sim. Vocês foram os últimos a chegar. Creio que essa passagem tomou mais tempo
do que as outras.
—
Ótimo. Avise para os outros batalhões que iremos atacar em um minuto.
—
Bem...espero conseguir avisar todos os outros nove batalhões a tempo...
Astaroth desapareceu. Tristan olhou para Lilith. Ela
respirava apressadamente e ficava mexendo nas flechas em sua aljava. Tristan
segurou a mão dela delicadamente.
—Vai
dar tudo certo. — O
guerreiro sussurrou para a amada e sorriu.
Lilith sorriu de volta, mas a preocupação ainda estava
estampada em seu rosto.
Após a passagem de um minuto, Tristan saiu da caverna
juntamente com Lilith. O batalhão o acompanhou aos poucos pela passagem
estreita.
“Mas que dia lindo...”.
O céu estava completamente negro. O som da chuva pesada
atingindo o solo era tão ensurdecedor quanto o trovejar. Os raios iluminavam o
céu por frações de segundos. Os ventos mandavam folhas e pequenas pedras para
todas as direções possíveis.
“Então...aquele é o lugar...”.
Seguindo por uma
passagem entre os pinheiros, estava uma construção do tamanho de uma montanha.
Mesmo ainda estando longe do lugar, era possível ver alguns detalhes do forte.
Ele parecia ter sido esculpido diretamente de uma montanha cinzenta. Janelas e
escadarias podiam ser avistadas. Algumas tochas eram acessas e apagadas
constantemente.
“Então...essa tempestade parece estar prejudicando eles
também”.
Tristan riu. Ele voltou-se para o seu batalhão, que já
havia deixado a caverna.
—
Esses vermes da Tiamat não estão acostumados à escuridão! — Tristan bradou. — Mas nós estamos! — Ele gargalhou. — Homens! Vamos mostrar a
eles quem são os mais fortes!
O batalhão urrou em uníssono.
“Espero que os outros batalhões estejam avançando
também...”
Tristan invocou sua espada e a ergueu em direção aos
céus.
—
AVANÇAR!
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