A New Goddess
Uma
Nova Deusa
Cinco dias depois...
—
Que bom que você pôde vir. —
Nidhogg disse.
Tristan havia acabado de entrar
na sala do trono do Lorde das Trevas. O deus o esperava com um largo sorriso
estampado no rosto.
—
Algum motivo para me chamar e interromper o meu treinamento? — Tristan indagou.
—
Ora... — Nidhogg
coçou o queixo. —
Você me parece um tanto quanto irritado...
—
Não é nada. Eu só quero voltar logo pro meu treinamento.
—
Entendo... — O Lorde
das Trevas sorriu. —
Bem...faz sentido. Quanto antes você terminar o seu treinamento...
—
Mais cedo eu posso...
—
Voltar para Lilith, certo? —
Nidhogg arqueou uma sobrancelha.
Tristan arregalou os olhos.
“Ele...como ele...?”.
—
Você está em meu palácio, garoto. —
O Lorde das Trevas sorriu. —
E, ainda por cima, em sou um deus. Você não pode esconder nada de mim aqui.
—
Ah... — Tristan coçou
a nuca. —
Certo...tentarei não me esquecer disso.
—
Ótimo, mas...você lembra do que eu havia lhe dito?
—
Ah...sobre o quê?
Nidhogg bufou e se levantou.
Calmamente, o Lorde das Trevas andou até o lado de seu Escolhido e pousou sua
mão direita sobre o ombro esquerdo de Tristan.
—
Eu havia lhe dito que eu te apoiaria. —
A voz de Nidhogg soava extremamente reconfortante e suave. — Quanto à sua decisão.
Lilith ou Isolde. Eu disse que eu te apoiaria.
Tristan sorriu.
—
Não se preocupe. — O
Deus das Trevas pediu. —
Quando tivermos a vantagem nessa guerra, eu garanto que você e a Lilith podem
viver o resto de suas vidas juntos.
—
Bem...obrigado. — O
guerreiro das Trevas sorriu. —
Eu...realmente não sei como te agradecer.
—
Aparentemente, você já deve ter se esquecido do motivo de todo o seu trabalho.
Os dois riram.
—
Ah...é...verdade. —
Tristan coçou a nuca. —
Nesse caso, creio que eu não te deva mais nada.
—
Bem...é. — Nidhogg
concordou meio apreensivo. —
Você ainda tem mais alguns anos de trabalho a sua frente, mas...é.
—
Não se preocupe. Eu continuarei a cumprir com o meu lado do acordo.
—
Excelente. — O deus
sorriu. —
Então...isso me leva ao motivo pelo qual eu te chamei aqui.
—
Diga.
—
Eu tenho uma missão especial para você.
—
Ah...sério? Uma nova missão a menos de uma semana do ataque contra a Tiamat?
—
Exatamente.
—
E você realmente acredita que isso é uma boa idéia?
—
Claro que sim. Essa missão será um teste.
—
Mas isso não vai me consumir muito tempo ou energia?
—
Energia...sim. Tempo...não.
—
Como você pode ter tanta certeza?
—
A luta é apenas contra um inimigo.
—
Ah...ótimo. — Tristan
respirou fundo. — O
quão forte é ele?
—
Ela.
—
Certo. O quão forte é ela?
—
Ela é uma deusa.
—
Como!?
—
Uma deusa. Pagã. Ela surgiu a pouco tempo aqui mesmo em Dragonrealm. Ela está sendo
um tanto quanto problemática para os moradores da região.
—
Entendo... — Tristan
bufou. — Então...ela
é uma deusa...do quê?
—
De acordo com relatos...creio que seja Deusa da Tristeza.
—
Da...Tristeza? —
Tristan parecia confuso. —
Como assim?
—
Bem...nós, deuses, não temos uma origem muito clara. Eu, pessoalmente, creio
que existe algum ser superior a nós.
—
Então...esse ser...foi ele que criou o que está a nossa volta?
—
É o que eu acredito.
—
Nesse caso, vocês...deuses...simplesmente surgem?
—
Sim. As minhas primeiras memórias...bem, fazem alguns milênios. Não estão muito
nítidas. Em um dia comum, há uns cinco mil anos, em surgi no mundo. Eu tinha
exatamente essa aparência e não tinha roupas. Eu fui acolhido por uma família,
mas...bem...havia um grande problema. Eu não conseguia controlar os meus
próprios poderes. Eu...acabei matando eles. Os rostos deles...eu nem me lembro
mais. Após aquele dia...eu comecei a vagar pelo mundo. Com o tempo e com
esforço, eu fui dominando os meus poderes. Com as minhas viagens, eu fui
conhecendo várias pessoas. Algumas delas eram muito sábias. Elas...foram me
ensinando sobre o mundo. Elas me ajudaram a pensar. Eu nunca me esqueci de seus
ensinamentos. —
Nidhogg respirou fundo. —
Todas aquelas experiências me moldaram. Eu sou muito grato por tudo o que
aconteceu. Mas...após quase um século, eu conheci alguém como eu...que, na
verdade, não era nem um pouco parecido comigo. —
Ele riu. —Leviathan.
Esse foi o nome que ele me disse. Aquele foi o meu primeiro encontro com ele.
Aquela foi a nossa primeira luta. Aquele foi o nosso primeiro confronto
ideológico. — Nidhogg
caminhou até o trono e voltou a se sentar. —
As nossas mentes foram moldadas por mestres diferentes. Creio que esse foi o
principal fator para sermos tão diferentes.
—
Entendo. E, quanto ao resultado da luta?
—
O motivo de nós nunca mais termos nos enfrentado pessoalmente. — O deus bufou. — As nossas forças se
equilibram. Caso continuássemos lutando...creio que nós dois morreríamos.
Então, estabelecemos uma trégua. Nós não nos enfrentaríamos pessoalmente...tão
cedo. Entretanto, algo inesperado aconteceu comigo. Pessoas...de vários lugares
vieram até mim. Elas souberam sobre a luta. Elas souberam sobre o conflito
ideológico e...elas resolveram se juntar a mim. Elas me apoiaram e, com o tempo,
uma legião estava sob o meu comando. Eles me seguiam quase que cegamente. Anos,
décadas, séculos se passaram. Eu estabeleci um Império. Mas, eu não fui o
único. Leviathan também criou o dele. Logo, resolvemos que seria desse jeito
que resolveríamos a nossa luta. Nossos Impérios se enfrentariam...até que
apenas um sobrevivesse. —
Nidhogg riu. — Nós só
não esperávamos que isso fosse demorar tanto.
—
Ah...eu nunca soube disso...tudo.
—
É...bem, creio que você seja um dos poucos que sabe agora.
—
Certo... — Tristan
respirou fundo. —
Mas...e quanto à origem de seus poderes?
—
É um mistério, mas...por algum motivo, nós nos ligamos a algo...em um nível
muito mais profundo.
—
Como assim?
—
Eu não sei exatamente, mas...creio que isso determina a nossa força. Eu me
liguei às Trevas. O Leviathan se ligou à Luz. Creio que é por isso que somos os
mais fortes. Outros deuses se ligaram a elementos da natureza, como Fogo, Água
e Eletricidade. Esses também são extremamente poderosos. Alguns se ligaram a
certos ofícios, como Ilusão e Alquimia. Outros, a criaturas, como Animais e
Pragas. Mas existem alguns, mais fracos, que se ligam a, por exemplo, emoções,
como é o caso da Tristeza. Porém...esses deuses mais recentes conseguem evoluir
muito facilmente.
—
Então...essa deusa...ela se tornara um grande problema em pouco tempo, caso não
façamos nada.
—
Exatamente.
—
Ela pode ter seguidores também?
—
Creio que sim, mas eu não me preocuparia com essa possibilidade.
—
Por quê?
—
Por que ela está atacando todos os que se aproximam dela. E não fazemos
idéia de como ela está matando.
—
Os poderes dela consistem do quê?
—
Esse é o problema. Não sabemos.
—
Mas...
—
Como sabemos que ela é a Deusa da Tristeza?
—
É...
—
Bem...houveram alguns sobreviventes. Eles estavam totalmente perturbados.
Parecia que a mente deles havia sido quebrada.
—
E...como eles estão agora?
—
Mortos. Eles se mataram no mesmo dia.
—
Ah...entendo. E você quer que eu enfrente essa deusa macabra?
—
Sim...isso é...caso você acredite que você está apto ao desafio.
Tristan sorriu.
—Ora...você
vai duvidar de seu próprio Escolhido? —
O guerreiro das Trevas arqueou uma sobrancelha.
Nidhogg riu.
—
É claro que não. — O
Lorde das Trevas estralou os dedos. Uma carta surgiu acima de Tristan, caindo
suavemente, deslizado pelo ar. O guerreiro pegou o objeto. — A localização está
escrita dentro dessa carta. Creio que não falta mais nada para eu te informar. — Ele sorriu. — Sendo assim...você está
dispensado. Volte já pode voltar para os braços de sua amada. Amanhã, vá
cumprir a sua nova missão.
—
Ora... — Tristan riu.
— Eu vou, não precisa
nem me avisar.
Com um aceno de mão e um
sorriso, o guerreiro e o deus se despediram.
“Enfrentar uma deusa...”.
Tristan suspirou.
“Espero que Lilith não se
preocupe muito”.
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