Capítulo 10
Os Arcanos do salão, que até alguns instantes atrás estavam
sentados calmamente no grandioso mosaico do chão da sala, levantaram-se às
pressas e se dirigiram para as paredes laterais, deixando um corredor livre
para que Elise se aproximasse.
—
Venha! — Disse
Valentina com a voz firme. —
Vamos acabar logo com isso...
—
Você espera que eu me ajoelhe e espere você cortar minha cabeça!? — Elise retrucou. Sua voz
era tão imponente quanto a da adversária agora.
Os olhares de todos os presentes na sala, inclusive o de
Ishmael, voltaram-se, arregalados, para a sacerdotisa. Murmúrios vieram em
seguida.
—
Ah... — Um sorriso
discreto surgiu no rosto da mageknight. —
Pretende lutar?
—
Eu fiquei mais forte. —
Elise disse séria. —
Caso contrário, não teria vindo até aqui.
—
Mais forte... —
Valentina cruzou os braços. —
Certo... Vamos ver se não é só falatório...
Calmamente, ela começou a andar pelo corredor. Seus olhos
estavam fixos em sua oponente.
Os espectadores, atentos, discutiam. Ninguém tinha coragem
de enfrentar a Lady Lockhart. Aqueles que travavam confrontos contra os Arcanos
não ousavam enfrentar a mageknight sem ter uma boa vantagem numérica. E, além
disso, ela era nova para padrões de magos. Certamente se tornaria mais poderosa
que o Ancião algum dia. Muitos já a respeitavam mais do que seu líder, Ishmael.
—
Você tem certeza...? —
Murmurou Lumia para Elise.
—
É a minha melhor chance de sair daqui com vida... — A sacerdotisa respondeu. — E com Lily... — Seus olhos foram ao
encontro dos de Viktor. —
Então... Vale a pena arriscar.
—
Não espere que o inimigo haja de maneira honrosa. —
Avisou Dreadraven.
—
Não se preocupe. —
Elise sorriu. — Eu conheço a Lady Lockhart. Ela não faria
nada do gênero...
—
Eu não estava falando dela... —
O doutor esclareceu.
A sacerdotisa não disse mais nada. Ela apenas olhou para onde
o companheiro olhava. Ishmael, sentando em seu trono, olhava para Elise e seus
amigos com uma expressão severa, certamente impaciente e intimidadora, em seu
rosto velho. Ela se lembrava do que o Ancião era capaz quando irritado.
—
Você vai se sair bem. — Disse
Viktor, quebrando um pouco a tensão no ar. Seu tom de voz não era muito
animado, porém, Elise sabia que o Sandrealmer não diria algo como aquilo
sarcasticamente, não numa situação como aquela. —
Tenho certeza. — Ele
esboçou um sorriso.
Então, entre murmúrios dos Arcanos e desejos de boa sorte
dos aliados, a sacerdotisa respirou fundo e andou com passos firmes até
Valentina. A mageknight, por sua vez, aguardava sua adversária. Na mão direita,
estava a sua espada. No rosto, uma expressão satisfeita.
—
Coragem você tem, garota. —
Ela disse quase alegre. —
Isso não dá pra negar...
— Obrigada...
— Elise falou com um
sorriso no rosto e, então, levantou os punhos cerrados que começaram a soltar faíscas
brancas. Seu olhar estava mais determinado do que nunca. —
Agora, vamos... Mestra.
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