domingo, 9 de outubro de 2016

Poema 1 - Parte 1

O Bicho Papão


Minhas negras garras alcançaram a janela aberta
Puxaram-me para dentro do quarto, sem fazer barulho
Colocando-me bem diante de minha doce descoberta
Sob os lençóis, lá estava o ingênuo embrulho

Dormindo gentilmente a garota estava
Sem alguma preocupação, sem algum tormento
Sem ouvir o meu riso grave que soava
Por antecipação ao que eu faria sem arrependimento

Com passos leves, eu me aproximei dela
De quem seria meu próximo joguete
Daquela criança tão meiga e singela
Que seria o meu próximo banquete

Porém, algum ruído devo ter feito
Pois aqueles olhos se abriram de repente
E logo me olharam com aquele jeito
Como se sua morte fosse iminente

Entretanto, a garota acabou por não gritar
O que era, para dizer o mínimo, estranho
Afinal, ela não podia simplesmente se controlar
Diante de um monstro daquele tamanho

Em silêncio, a pequena me observava
Com olhos vidrados, cada vez com menos medo
Pois algo em mim sem dúvida a cativava
O que trouxe à minha boca um gosto azedo  

Com um rugido, desisti de minha caçada
Partindo daquela casa rosnando enfurecido
Em direção àquela escuridão desgraçada

De uma noite que eu desejei ter esquecido

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