quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Poema 1 - Parte 3

Vi que outros dois moravam naquele lugar
Sempre agitados, sempre correndo
Com a garotinha pareciam não muito se importar
Sempre triste, sempre sofrendo

Logo eu chegaria ao esclarecimento
Sobre o motivo do silêncio da pequena
Vi que uma vida sem voz era um tormento
Algo miserável, digno de pena

Porém, não demorei para mudar minha opinião
Sobre o que eu sentia em relação à criança
Afinal, percebi que a via como uma aberração
Assim como fazia toda a maldita vizinhança

A imagem de anjo logo se desfazia
Quando descobriam sobre seu defeito
O inocente sorriso da pequena sumia
Ao se ver como um ser tão imperfeito

Acho que foi por isso que ela se apegou a mim
A garota via como eu a olhava
Via além de meus olhos vis cor de carmim
E algo bom creio que ela achava

E antes mesmo que eu pudesse perceber
Guardião da garota eu me tornei
Uma fiel sombra que a seguia sem entender
Como a uma presa eu me apeguei

Mais forte a cada dia
Mais confiante, mais cheia de vida
Era assim que eu a via
Uma vencedora, não mais vencida

Me perguntei se era influência minha
Tudo aquilo que acontecia
Transformar uma plebeia em rainha
Seu destino eu tecia?

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