7.
Noriko Ikari
Base subterrânea da Behemoth, principal fabricante e distribuidora
de armas de fogo do mercado negro da região.
Uma forte explosão abriu um buraco em uma parede de
concreto.
O alarme começou a soar. Luzes vermelhas coloriram a sala
antes branca e cinza.
Algumas dezenas de homens e mulheres trajando jalecos brancos
se assustaram. Alguns tentaram correr para longe. Outros se esconderam atrás do
maquinário e escadas.
Pouco mais de dez guardas trajando roupas cinzentas, com
coletes a prova de balas negros por baixo, sacaram suas armas. Em pouco tempo,
seus rifles estavam apontados para a fissura em chamas na sala.
Noriko Ikari olhava para baixo. Ela sabia que, no momento
em que ela pulasse, aqueles atiradores atacariam sem hesitar.
Com isso em mente, Noriko saltou com um sorriso por
debaixo de seu capacete.
Rajadas de tiros vieram contra Ikari. Entretanto, nenhuma
bala parecia a atingir.
Calmamente, Noriko aterrissou no chão em pé. A queda de
cinco metros não parecia para ela.
Os atiradores agora olhavam calmamente para sua
adversária.
Ikari , com seu corpo sinuoso de um metro e setenta e
cinco, usava uma roupa negra justa em seu corpo. Sua blindagem era tão forte
quanto a de seus inimigos. Entretanto, sua agilidade não era prejudicada.
Seu capacete lhe dava um ar de mistério. O visor lhe
permitia uma visão excelente, porém, seus inimigos não conseguiam ver seu
rosto. E era assim mesmo que ela queria.
Noriko ajeitou seus longos e lisos cabelos negros com a
mão esquerda. Ela respirou fundo e estendeu a palma da outra mão para frente.
Os atiradores nem puderam reagir. Uma onda de força os
atingiu como uma forte rajada de vento. Alguns perderam o equilíbrio, caindo de
joelhos ou até de costas no chão. A maioria acabou soltando as armas.
Aquele era um cenário que Ikari gostava.
O mais rápido possível, a super humana correu contra seus
oponentes. Mais balas foram atiradas contra Noriko. Nenhuma surtia efeito.
Algumas eram desviadas para longe. Outras atingiam o ar a sua volta e, em
instante, caíam no chão, amassadas, como se tivessem atingido uma parede.
Ao se aproximar o suficiente, Ikari pulou e chutou o
atirador em sua frente. O homem caiu para trás, de costas, a quase cinco metros
de onde estava, derrubando um de seus aliados. Eles não iriam se levantar tão
cedo.
Noriko sorriu ao ver seus inimigos aturdidos pelo o que
acabara de acontecer. E ela também sabia que aquela era uma ótima brecha para o
que viria a seguir.
Ao apontar suas mãos para dois rifles no chão, as armas
vieram até Ikari. Os atiradores tentaram atirar nela antes que sua adversária
pudesse atacar. Mais uma vez, em vão. Os projéteis foram defletidos como antes.
Noriko se manteve calma enquanto fuzilava seus oponentes.
Quando as duas armas foram descarregadas, metade dos
atiradores já estava morta. Os que estavam vivos tentavam correr para longe.
Grande erro. Ikari tinha apenas que pegar mais dois rifles do chão para dar
cabo do restante. E foi exatamente isso o que ela fez.
Após exterminar aqueles guardas, Noriko retirou seu
capacete, revelando sua face delicada de feições orientais e uma expressão
séria no rosto.
Ela enxugou uma gota de suor que escorria pela face e se
voltou para trás, olhando na direção da fenda gigantesca na parede.
—
Viu? — Ikari sorriu. — Eu falei que não
precisava de ajuda pra derrotar esses caras, Gerrard.
Um homem, de corpo esbelto e pouco mais de um metro e
oitenta de altura, caminhou até a beira do buraco na parede. Ele coçou o cabelo
loiro desgrenhado com a mão direita. A esquerda segurava seu capacete. Suas
roupas eram como as de Noriko. Sua pele era alva. Seus olhos azuis pareciam
brilhar. Os traços fortes do rosto e o cavanhaque lhe davam um ar intimidador.
Aquele era Rainier Gerrard, companheiro de Ikari do esquadrão
de mercenários super humanos conhecido como Meister.
—
Você não perde uma chance de se exibir. —
Disse ele. — É só
isso, Noriko.
—
Talvez. — Ela riu
baixo. —Mas talvez
seja por que os meus poderes sejam tão úteis, não acha?
— Claro,
claro... — Rainier
bufou. — Agora, você
poderia parar de falar e me ajudar aqui?
Ikari esboçou um sorriso e estendeu sua mão direita na
direção do companheiro. Gentilmente, ele foi puxado pelo ar até aterrissar do
de sua companheira.
—
Ainda temos muito o que fazer aqui. —
Disse Gerrard. —
Vamos.
Noriko assentiu e colocou seu capacete. Rainier fez o
mesmo. Sem tempo a perder, eles seguiram o mais rápido possível pelos
corredores da base subterrânea.
O som agudo e constante do alarme. As luzes vermelhas das
sirenes espalhadas por todos os lados. Os eventuais atiradores que apareciam no
caminho. Nada parecia afetar os dois.
Ikari lançava aqueles que tentavam atirar contra ela ou
Gerrard para longe. Suas ondas de força eram mais do que o suficiente para
isso.
Rainier se encarregava dos atiradores que chegavam perto
demais deles. Eles deveriam achar que, caso se aproximassem, seus tiros
atravessariam a barreira de Noriko. Era uma hipótese válida, mas Gerrard não
deixaria aquilo acontecer. Sua faca era mais do que o suficiente para
aniquilá-los. Golpes certeiros nas gargantas de seus inimigos lhe permitiram
poupar seus poderes.
Corredor após corredor, porta após porta, a dupla acabou
encontrando rostos familiares.
À direita, havia um homem. Ele tinha quase dois metros e
dez de altura. Sua pele negra parecia brilhar com o suor que escorria por sua
face. Os olhos eram cor de avelã. Os dreadlocks chegavam até seus ombros. Os
traços fortes e a barba por fazer lhe davam um ar intimidador. O corpo
musculoso estava coberto pelo mesmo tipo de roupa que Noriko e Rainier
trajavam.
Aquele era Zephyr Durant e, sobre o seu ombro esquerdo,
estava um homem amordaçado e com os pés e mãos amarrados.
À esquerda, havia uma mulher. Ela tinha pouco mais de
pouco menos de um metro e oitenta de altura. Sua pele era como a do homem ao seu
lado. O mesmo podia ser dito sobre os seus olhos determinados. Seus cabelos
cacheados, porém, pouco volumosos escorriam até um pouco abaixo de seus ombros.
Seus belo rosto apresentava traços fortes e lábios carnudos. Bem como os
outros, ela também usava o traje a prova de balas especial.
Aquela era Gaia Durant, irmã de Zephyr.
Aqueles quatro estavam entre os melhores soldados da
Meister.
—
Olha só quem achamos. —
Disse Zephyr com um sorriso no rosto.
—
Está falando de nós ou desse cara que você ta carregando? — Indagou Gerrard.
Zephyr balançou o
homem em seu ombro. Grunhidos irritados abafados vieram dele.
Sem hesitar, o soldado jogou seu refém no chão. Mais
gritos abafados vieram como protesto do sujeito.
Rainier e Noriko olharam atentamente para o homem de
terno prateado e gravata vermelha. Ele não tinha muito mais de um metro e setenta
de altura. A roupa disfarçava bem seu corpo esquelético. O rosto asqueroso e a
cabeça quase calva eram tudo o que os dois precisavam para identificá-lo.
Não havia dúvida que aquele no chão era Marcus Heidrich,
dono na Behemoth.
Antes que alguém pudesse dizer alguma coisa, o som de
tiros e passos acelerados vieram do corredor.
—
Trouxeram amigos com vocês? —
Ikari perguntou.
—
Sempre. — Gaia
sorriu.
—
Parece que vocês apanharam um pouco... —
Observou Gerrard.
Os irmãos olharam um para o outro. Ambos estavam com os
trajes bem danificados. Marcas de bala estavam por toda parte. Além disso,
nenhum dos dois usava capacete. Certamente eles haviam sido danificados ao
ponto que eles estavam mais atrapalhando do que ajudando.
—
Não podemos negar isso... —
Zephyr esboçou um sorriso.
—
É... — Concordou
Gaia.
—
Ali estão eles! —
Alguém gritou.
O quarteto se voltou na direção da origem da voz.
Rapidamente, eles se depararam com um trio de atiradores.
—
Merda... — Rainier
resmungou.
Os soldados da Behemoth atiraram. Sem dificuldade, Noriko
impediu os projéteis de chegarem até eles. Um campo de força bloqueou o
corredor em um instante. As balas caíram inutilmente no chão.
—
Acho melhor vocês dois levarem o senhor Heidrich de volta vivo. — Disse Ikari para os
irmãos. Ela ainda mantinha o campo de força. Aquilo a cansaria com o tempo. — Afinal, foi para isso que
viemos aqui, não?
—
E vocês dois conseguem segurar esses daí? —
Indagou Zephyr.
—
Sem problemas. —
Respondeu Gerrard. Ele olhou diretamente para Gaia. — Proteja o seu irmão. Desajeitado do jeito
que é, ela não vai conseguir se virar só com uma mão.
—
Claro que ele não vai. —
Gaia esboçou um sorriso e, então, olhou para o irmão. — Vamos?
—
Certo, certo. —
Zephyr pegou Marcus Heidrich do chão e olhou para Noriko e Rainier. — Tentem voltar vivos, ok?
Os dois assentiram. Rapidamente, os dois irmãos correram
para o caminho de onde a dupla havia vindo.
Ikari baixou o campo de força quando a munição dos rifles
dos atiradores havia acabado. Com um movimento de suas mãos, ela puxou a arma
do soldado que estava no meio para si.
—
Não precisamos de munição, não é mesmo? —
Noriko sorriu para Gerrard.
—
É claro que não. —
Ele sorriu ainda mais largamente.
Ikari entregou a arma para o companheiro. Rainier segurou
a arma com as duas mãos. Rapidamente, ela começou a emitir luz.
Em alguns instantes, o rifle havia sido transformado em
algo que mais parecia ser uma luz dourada pura.
Os três soldados olhavam aturdidos para o que Gerrard
fazia. Isso deu todo o tempo que ele precisava.
Mais cinco atiradores vieram. Antes que eles pudessem
atirar, porém, Rainier atirou a arma luminescente contra seus adversários.
No mesmo instante em que o rifle tocou um dos soldados,
uma explosão violenta os aniquilou.
Nenhum colete a prova de balas poderia oferecer algum
tipo de resistência contra aquilo.
A poucos metros de Gerrard e Ikari havia, agora, quase
uma dezena de corpos destroçados e chamuscados.
—
E depois sou eu quem gosto de me exibir... —
Noriko murmurou.
—
É. — Rainier riu.
—
Vamos. — Ela disse. — Certeza que teremos mais
alguns desses aí para nos livrar.
Mais passos vieram em direção ao corredor. Ikari e
Gerrard tinham sorrisos estampados em seus rostos por debaixo de seus
capacetes.
—
Certo... — Ele
suspirou. — Vamos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário