terça-feira, 25 de agosto de 2015

Intervenção, Capítulo 7

7.


Noriko Ikari


Base subterrânea da Behemoth, principal fabricante e distribuidora de armas de fogo do mercado negro da região.
Uma forte explosão abriu um buraco em uma parede de concreto.
O alarme começou a soar. Luzes vermelhas coloriram a sala antes branca e cinza.
Algumas dezenas de homens e mulheres trajando jalecos brancos se assustaram. Alguns tentaram correr para longe. Outros se esconderam atrás do maquinário e escadas.
Pouco mais de dez guardas trajando roupas cinzentas, com coletes a prova de balas negros por baixo, sacaram suas armas. Em pouco tempo, seus rifles estavam apontados para a fissura em chamas na sala.
Noriko Ikari olhava para baixo. Ela sabia que, no momento em que ela pulasse, aqueles atiradores atacariam sem hesitar.
Com isso em mente, Noriko saltou com um sorriso por debaixo de seu capacete.
Rajadas de tiros vieram contra Ikari. Entretanto, nenhuma bala parecia a atingir.
Calmamente, Noriko aterrissou no chão em pé. A queda de cinco metros não parecia para ela.
Os atiradores agora olhavam calmamente para sua adversária.
Ikari , com seu corpo sinuoso de um metro e setenta e cinco, usava uma roupa negra justa em seu corpo. Sua blindagem era tão forte quanto a de seus inimigos. Entretanto, sua agilidade não era prejudicada.
Seu capacete lhe dava um ar de mistério. O visor lhe permitia uma visão excelente, porém, seus inimigos não conseguiam ver seu rosto. E era assim mesmo que ela queria.
Noriko ajeitou seus longos e lisos cabelos negros com a mão esquerda. Ela respirou fundo e estendeu a palma da outra mão para frente.
Os atiradores nem puderam reagir. Uma onda de força os atingiu como uma forte rajada de vento. Alguns perderam o equilíbrio, caindo de joelhos ou até de costas no chão. A maioria acabou soltando as armas.
Aquele era um cenário que Ikari gostava.
O mais rápido possível, a super humana correu contra seus oponentes. Mais balas foram atiradas contra Noriko. Nenhuma surtia efeito. Algumas eram desviadas para longe. Outras atingiam o ar a sua volta e, em instante, caíam no chão, amassadas, como se tivessem atingido uma parede.
Ao se aproximar o suficiente, Ikari pulou e chutou o atirador em sua frente. O homem caiu para trás, de costas, a quase cinco metros de onde estava, derrubando um de seus aliados. Eles não iriam se levantar tão cedo.
Noriko sorriu ao ver seus inimigos aturdidos pelo o que acabara de acontecer. E ela também sabia que aquela era uma ótima brecha para o que viria a seguir.
Ao apontar suas mãos para dois rifles no chão, as armas vieram até Ikari. Os atiradores tentaram atirar nela antes que sua adversária pudesse atacar. Mais uma vez, em vão. Os projéteis foram defletidos como antes. Noriko se manteve calma enquanto fuzilava seus oponentes.
Quando as duas armas foram descarregadas, metade dos atiradores já estava morta. Os que estavam vivos tentavam correr para longe. Grande erro. Ikari tinha apenas que pegar mais dois rifles do chão para dar cabo do restante. E foi exatamente isso o que ela fez.
Após exterminar aqueles guardas, Noriko retirou seu capacete, revelando sua face delicada de feições orientais e uma expressão séria no rosto.
Ela enxugou uma gota de suor que escorria pela face e se voltou para trás, olhando na direção da fenda gigantesca na parede.
Viu? Ikari sorriu. Eu falei que não precisava de ajuda pra derrotar esses caras, Gerrard.
Um homem, de corpo esbelto e pouco mais de um metro e oitenta de altura, caminhou até a beira do buraco na parede. Ele coçou o cabelo loiro desgrenhado com a mão direita. A esquerda segurava seu capacete. Suas roupas eram como as de Noriko. Sua pele era alva. Seus olhos azuis pareciam brilhar. Os traços fortes do rosto e o cavanhaque lhe davam um ar intimidador.
Aquele era Rainier Gerrard, companheiro de Ikari do esquadrão de mercenários super humanos conhecido como Meister.
Você não perde uma chance de se exibir. Disse ele. É só isso, Noriko.
Talvez. Ela riu baixo. Mas talvez seja por que os meus poderes sejam tão úteis, não acha?
Claro, claro... Rainier bufou. Agora, você poderia parar de falar e me ajudar aqui?
Ikari esboçou um sorriso e estendeu sua mão direita na direção do companheiro. Gentilmente, ele foi puxado pelo ar até aterrissar do de sua companheira.
Ainda temos muito o que fazer aqui. Disse Gerrard. Vamos.
Noriko assentiu e colocou seu capacete. Rainier fez o mesmo. Sem tempo a perder, eles seguiram o mais rápido possível pelos corredores da base subterrânea.
O som agudo e constante do alarme. As luzes vermelhas das sirenes espalhadas por todos os lados. Os eventuais atiradores que apareciam no caminho. Nada parecia afetar os dois.
Ikari lançava aqueles que tentavam atirar contra ela ou Gerrard para longe. Suas ondas de força eram mais do que o suficiente para isso.
Rainier se encarregava dos atiradores que chegavam perto demais deles. Eles deveriam achar que, caso se aproximassem, seus tiros atravessariam a barreira de Noriko. Era uma hipótese válida, mas Gerrard não deixaria aquilo acontecer. Sua faca era mais do que o suficiente para aniquilá-los. Golpes certeiros nas gargantas de seus inimigos lhe permitiram poupar seus poderes.
Corredor após corredor, porta após porta, a dupla acabou encontrando rostos familiares.
À direita, havia um homem. Ele tinha quase dois metros e dez de altura. Sua pele negra parecia brilhar com o suor que escorria por sua face. Os olhos eram cor de avelã. Os dreadlocks chegavam até seus ombros. Os traços fortes e a barba por fazer lhe davam um ar intimidador. O corpo musculoso estava coberto pelo mesmo tipo de roupa que Noriko e Rainier trajavam.
Aquele era Zephyr Durant e, sobre o seu ombro esquerdo, estava um homem amordaçado e com os pés e mãos amarrados.
À esquerda, havia uma mulher. Ela tinha pouco mais de pouco menos de um metro e oitenta de altura. Sua pele era como a do homem ao seu lado. O mesmo podia ser dito sobre os seus olhos determinados. Seus cabelos cacheados, porém, pouco volumosos escorriam até um pouco abaixo de seus ombros. Seus belo rosto apresentava traços fortes e lábios carnudos. Bem como os outros, ela também usava o traje a prova de balas especial.
Aquela era Gaia Durant, irmã de Zephyr.
Aqueles quatro estavam entre os melhores soldados da Meister.
Olha só quem achamos. Disse Zephyr com um sorriso no rosto.
Está falando de nós ou desse cara que você ta carregando? Indagou Gerrard.
 Zephyr balançou o homem em seu ombro. Grunhidos irritados abafados vieram dele.
Sem hesitar, o soldado jogou seu refém no chão. Mais gritos abafados vieram como protesto do sujeito.
Rainier e Noriko olharam atentamente para o homem de terno prateado e gravata vermelha. Ele não tinha muito mais de um metro e setenta de altura. A roupa disfarçava bem seu corpo esquelético. O rosto asqueroso e a cabeça quase calva eram tudo o que os dois precisavam para identificá-lo.
Não havia dúvida que aquele no chão era Marcus Heidrich, dono na Behemoth.
Antes que alguém pudesse dizer alguma coisa, o som de tiros e passos acelerados vieram do corredor.
Trouxeram amigos com vocês? Ikari perguntou.
Sempre. Gaia sorriu.
Parece que vocês apanharam um pouco... Observou Gerrard.
Os irmãos olharam um para o outro. Ambos estavam com os trajes bem danificados. Marcas de bala estavam por toda parte. Além disso, nenhum dos dois usava capacete. Certamente eles haviam sido danificados ao ponto que eles estavam mais atrapalhando do que ajudando.
Não podemos negar isso... Zephyr esboçou um sorriso.
É... Concordou Gaia.
Ali estão eles! Alguém gritou.
O quarteto se voltou na direção da origem da voz. Rapidamente, eles se depararam com um trio de atiradores.
Merda... Rainier resmungou.
Os soldados da Behemoth atiraram. Sem dificuldade, Noriko impediu os projéteis de chegarem até eles. Um campo de força bloqueou o corredor em um instante. As balas caíram inutilmente no chão.
Acho melhor vocês dois levarem o senhor Heidrich de volta vivo. Disse Ikari para os irmãos. Ela ainda mantinha o campo de força. Aquilo a cansaria com o tempo. Afinal, foi para isso que viemos aqui, não?
E vocês dois conseguem segurar esses daí? Indagou Zephyr.
Sem problemas. Respondeu Gerrard. Ele olhou diretamente para Gaia. Proteja o seu irmão. Desajeitado do jeito que é, ela não vai conseguir se virar só com uma mão.
Claro que ele não vai. Gaia esboçou um sorriso e, então, olhou para o irmão. Vamos?
Certo, certo. Zephyr pegou Marcus Heidrich do chão e olhou para Noriko e Rainier. Tentem voltar vivos, ok?
Os dois assentiram. Rapidamente, os dois irmãos correram para o caminho de onde a dupla havia vindo.
Ikari baixou o campo de força quando a munição dos rifles dos atiradores havia acabado. Com um movimento de suas mãos, ela puxou a arma do soldado que estava no meio para si.
Não precisamos de munição, não é mesmo? Noriko sorriu para Gerrard.
É claro que não. Ele sorriu ainda mais largamente.
Ikari entregou a arma para o companheiro. Rainier segurou a arma com as duas mãos. Rapidamente, ela começou a emitir luz.
Em alguns instantes, o rifle havia sido transformado em algo que mais parecia ser uma luz dourada pura.
Os três soldados olhavam aturdidos para o que Gerrard fazia. Isso deu todo o tempo que ele precisava.
Mais cinco atiradores vieram. Antes que eles pudessem atirar, porém, Rainier atirou a arma luminescente contra seus adversários.
No mesmo instante em que o rifle tocou um dos soldados, uma explosão violenta os aniquilou.
Nenhum colete a prova de balas poderia oferecer algum tipo de resistência contra aquilo.
A poucos metros de Gerrard e Ikari havia, agora, quase uma dezena de corpos destroçados e chamuscados.
E depois sou eu quem gosto de me exibir... Noriko murmurou.
É. Rainier riu.
Vamos. Ela disse. Certeza que teremos mais alguns desses aí para nos livrar.
Mais passos vieram em direção ao corredor. Ikari e Gerrard tinham sorrisos estampados em seus rostos por debaixo de seus capacetes.

Certo... Ele suspirou. Vamos! 

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