A Anarquia e o Apocalipse
Uma dúvida ainda persiste: o que a humanidade vai
destruir primeiro? O mundo? Ou ela mesma?
A ideia de destruirmos este planeta e fugirmos para outro
não parecia tão distante. Pelo menos, essa era a realidade de uns anos atrás.
Porém, algo muito peculiar aconteceu. Digo peculiar por
que era algo que todos esperavam, em algum nível, mas não estavam preparados: o
Apocalipse.
Mas não a qualquer fim de mundo, entenda. Eu estou
falando do fim de mundo que muitos entusiastas de filmes e seriados esperavam:
um Apocalipse Zumbi.
É, eis uma evidência a favor de “a humanidade vai se
destruir”: aguardar ansiosamente o fim do mundo pelas mãos de mortos vivos.
Entretanto, o jeito que o “vírus” se espalhou não fora
antecipado. Pelo menos, não pela maioria da humanidade.
Imagine um belo dia. O céu estava azul celeste. O sol
brilhava forte. E os primeiros zumbis apareceram correndo pelas ruas da minha
cidade.
Mais tarde descobrimos que aquilo aconteceu como um
ataque coordenado. Em vários locais do globo, todos altamente povoados, os
zumbis apareceram. No mesmo instante, em dezenas das mais importantes capitais
do mundo, o caos foi implantado.
Em pouco tempo, milhões de mortos vivos de pele cinzenta
e apodrecida se arrastavam pela Terra.
Trágico, não? Nem tanto. Creio que nós merecíamos aquilo.
Nos anos que vieram em seguida, o esperado foi se
tornando realidade.
Pessoas matavam zumbis.
Zumbis matavam pessoas.
Pessoas se recusavam a matar zumbis por que eles eram,
antigamente, um parente ou amigo. Zumbis matavam as pessoas que não tinham
coragem de matá-los.
Pessoas matavam pessoas por que, como aprendemos, um
Apocalipse Zumbi não era o suficiente para fazer algumas delas trabalharem
juntas.
Lágrimas caiam tanto quanto sangue e suor na Terra.
Porém, nós sobreviveríamos. Mas não por que éramos fortes
por que, sejamos sinceros, não somos. Era algo mais concreto do que isso: era a
bondade que existe em nós e a preocupação com o próximo.
Espero que você não tenha acreditado nessa última parte.
Sério.
Como muitos fãs de teorias da conspiração pensavam, sim,
existe um grupo que contava com a presença das pessoas mais ricas do globo.
Líderes de nações, presidentes de empresas multinacionais, gênios (de acordo
com algumas definições, pelo menos). E, sim, eles tinham um plano para quando o
Apocalipse Zumbi chegasse.
Acreditem ou não, mas aqueles magnatas insensíveis
distribuíram tudo o que precisávamos para sobreviver.
Aviões cruzavam os céus e lançavam caixotes presos com
para quedas. Quando eles aterrissavam, nós pegávamos todas as balas, armas,
comidas enlatadas, garrafas de água e medicamentos que podíamos carregar.
E foi assim que sobrevivemos o Apocalipse Zumbi.
A humanidade se reconstruiria.
Uma nova era de paz começaria...
Mas havia um porém. Um grande porém.
A origem dos primeiros zumbis.
Eles foram construídos. Criados em laboratório para
servir apenas um propósito: enfraquecer a humanidade.
Digo enfraquecer por que o objetivo nunca foi eliminar os
seres humanos. Pelo menos, não a todos. A humanidade tinha que sobreviver para
se reerguer e, então, seguir seus novos líderes.
E quem seriam os santos que guiariam a raça humana, você
pergunta? Ora, isso é óbvio: aqueles que providenciaram suprimentos para nós,
aqueles que não deixaram a nossa esperança acabar, aqueles que, “no fim”,
criaram uma cura.
É claro que eu me refiro à união dos líderes mundiais.
E esses magnatas foram aqueles que criaram os zumbis.
Um plano bem elaborado, não?
Aqueles desalmados enfraquecem a humanidade com um
exército de monstros que eles podiam destruir a qualquer momento. Ainda mais
genial foi o daqueles homens e mulheres se tornarem os heróis da raça humana.
O nosso messias era um ser com muitos nomes e rostos. Mas
nós o seguimos mesmo assim.
Até que o segredo veio à tona.
Esse tipo de coisa ia acabar sendo revelado. Alguém ia
acabar dando com a língua entre os dentes. Isso era óbvio.
Afinal, você seria capaz de manter algo obscuro como isso
em segredo? Com sua mente sendo corroída aos poucos pela culpa?
Talvez sim, talvez não.
Alguns conseguiriam. Outros não.
E foi assim que o segredo deixou de ser segredo.
E foi assim que a humanidade se voltou contra os seus
líderes.
E foi assim que as chamas da revolução queimaram.
E, bem, aqui estamos.
O que existia de civilização não existe mais.
O Apocalipse Zumbi havia deixado praticamente tudo em
ruínas. A revolução causou ainda mais dano. A anarquia destruiu o que sobrou.
Mas, quem sabe? Essa pode ser uma segunda chance para a
humanidade e para o próprio planeta.
Uma nova era está por vir e eu vou fazer parte dela.
Será que mudaremos o mundo? Ou faremos os mesmos erros?
Apenas o tempo dirá.
Por ora, tenho uma nova vida para construir com a minha
família.
Até logo.
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