quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Conto 12 - Parte 1

Proposta


Acordei como nunca antes.
Quando abri os olhos, eu estava em pé, no meio de uma sala completamente branca. Não via nenhum objeto lá. Isso incluía portas e janelas.
Eu também não sentia nada. Nem frio nem calor. Nem mesmo um sopro de ar fresco vindo de algum canto.
Aliás, até o chão parecia não estar ali. Não sentia meus pés tocarem nada. Mesmo assim, lá estava eu. Em pé. Andando em círculos.
Ei! Uma voz veio de trás de mim.
Eu me virei rapidamente.
Deparei-me com um homem, trajando um terno preto, sentado em uma simples cadeira de madeira. Seu rosto, entretanto, estava escondido sob uma máscara que mais parecia a face de um manequim: branca, sem expressão, cobrindo-lhe os olhos e boca inclusive.
Entretanto, os pequenos detalhes pareciam não atrapalhar o homem, nem na fala nem na visão.
Você mesmo! Ele apontou para mim. Não que houvesse mais alguém naquela sala, mas o homem talvez tenha achado que aquele gesto seria cômico. Chegue mais perto! Venha!
Com três passos, eu já estava quase pisando nos pés do homem de terno. Sem dizer nada, fiquei apenas o observando.
Bem... Ele disse após alguns instantes. Sente-se.
O homem estava me encarando, apoiando a cabeça na mão direita.
Onde...? Murmurei, sem ânimo.
Na cadeira. Ele respondeu com calma. Bem atrás de você.
Claro...
Eu permaneci parado, tentando entender ainda o que estava acontecendo.
A única conclusão que eu podia chegar era que aquilo era algum tipo de sonho bizarro.
Entretanto, tudo aquilo parecia muito real, por mais intangível que o ambiente pudesse ser.
Mais rápido do que parecia possível, o homem mascarado se levantou e, com um toque em meu peito, fui para trás, caindo sentado.
Incrédulo, olhei por cima do ombro, vendo o encosto da cadeira em minhas costas.
Rapidamente, olhei para toda a cadeira de madeira. Era exatamente como a do homem de terno a minha frente.
Então... Ele começou a falar calmamente.
Eu olhei para o sujeito. Agora, ele tinha uma xícara de porcelana na mão direita e um pires na esquerda.
Eu olhei, intrigado, enquanto o homem levava a xícara até a boca e bebia seja lá o que for que era. Aparentemente, a máscara não atrapalhava naquela situação também.
Chá de camomila? Ele ofereceu.
Ah... Limpei a garganta. Não. Obrigado.
Você que sabe. Ele tomou mais um gole do chá. Se você quiser, tem mais à sua esquerda.
Rapidamente, me virei para o lado. Agora, havia uma mesa de madeira. No topo dela, havia uma chaleira prateada, uma xícara e um pires de porcelana.
Que sonho estranho você está tendo, não é? O sujeito riu baixo.
Só que não é um sonho. Disse rispidamente. Não é mesmo?
Bem... Às vezes, a realidade é mais estranha que a ficção, não é?
Só me diga o que está acontecendo.
É bem simples na verdade: eu tenho uma proposta para te fazer. Ele me olhou diretamente nos olhos, o que era inquietante com aquela máscara sem expressão. Uma proposta que você dificilmente poderá recusar.
Que seria? Antes que ele pudesse responder, percebi que eu havia mais a falar. Aliás, quem é você?

Ora... Ele riu baixo. Eu sou Deus e vim te oferecer uma troca. A sua vida pela minha. O que acha?

Nenhum comentário:

Postar um comentário