sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

The Godsbane, Capítulo 6

Capítulo 6


O quê...? Damian estava completamente confuso. O guerreiro nem sabia para onde voltar o seu olhar: para o corpo sem vida de Sebastian ou para o Demônio que sorria para ele.
Era um teste. A criatura vil começou a explicar. E você passou.
Damian não disse mais nada. Ele retirou o próprio elmo e, então, olhou para o homem que ele considerava um pai, não podendo acreditar que sua espada estava cravada no peito de Sebastian.
Eu fiz isso...? O jovem indagou. Lágrimas começavam a brotar dos cantos dos olhos. Foi minha culpa...?
Bem, é a sua espada no peito dele, não é...? O Demônio se aproximava com passos lentos do rapaz. Interessante... Eu não tinha previsto isso...
Damian dirigiu o olhar para seu interlocutor. Com lágrimas escorrendo por sua face, ele não disse nada.
A morte dele te deixou mais abalado que a minha presença... O Demônio continuou. Mais abalado do que qualquer outra coisa que você já presenciou... Mesmo os horrores que você enfrentou sob meu feitiço não puderam quebrar o seu espírito... Mas isso...
Espere... Damian o interrompeu. Feitiço? Você quer dizer que tudo o que aconteceu aqui... Foi culpa sua?
Achei que era óbvio... Ele sorriu.
Você me fez matar Sebastian!?
E o resto dos seus amigos também.
Ah... Como assim...!?
Os monstros que você matou antes... Eram só ilusões sobre os outros guerreiros. A mesma coisa aconteceu com Sebastian. O Demônio riu. Mas não se sinta mal. Na visão deles, você era o monstro que eles tinham que matar. Mas... Depois de ver como você lutou... Até eu mesmo diria que você é um monstro...
Desgraçado! O rapaz esbravejou.
Damian olhou para Sebastian. Ele não arrancaria a espada de seu peito, simplesmente não parecia certo. Porém, a espada de seu mestre não estava muito longe dali. Bastava correr um pouco. E assim foi feito.
O jovem deu as costas para o Demônio. Com um sorriso no rosto, a vil criatura olhou Damian correndo para a espada de Sebastian.
Tolo... O Demônio murmurou.
Damian saltou, aterrissando com uma cambalhota ao lado da espada, pegando-a e levantando rapidamente, apontando a arma na direção de seu inimigo.
Porém, como a expressão de surpresa no rosto do guerreiro dizia, o Demônio não estava mais lá.
Você gostou de matar eles, não é? A voz maligna soou na cabeça do jovem.
Apareça! Damian bradou. Suas mãos estavam firmas no cabo da arma. Inquieto, ele se voltava a cada segundo para uma direção diferente, brandindo sua espada, esperando seu oponente ressurgir. Lute!
Não adianta negar... Ele riu. Sei que você gostou. E não venha me dizer que você só fez aquilo porque estava matando monstros... Eu senti sua intenção assassina, humano... Chegou até a me surpreender, admito...
Pare de falar... Pare de fugir... Venha! Venha me enfrentar!
Com um brilho nos olhos... Com um sorriso no rosto... Você matou cada um deles... Imagina o que passou pela cabeça deles? Sendo mortos brutalmente por um monstro...
Cale a boca...
No último instante de vida, eles viram a ilusão se desfazer, sabia? Todos eles viram o seu rosto, sorrindo enquanto eles morriam... E Sebastian não foi uma exceção...
As últimas palavras não vieram da mente de Damian, mas sim de trás dele.
O rapaz trincou os dentes e, rapidamente, voltou-se para trás. Com um golpe horizontal, Damian deferiria um golpe que deveria abrir uma fenda no abdômen da gigantesca criatura.
Porém, não foi o que ocorreu.
Sem dificuldade, o Demônio antecipou o ataque e segurou a espada pela lâmina.
Essa sua raiva é linda, você sabia? Ele sorriu para Damian.
Com um movimento brusco de suas garras, o Demônio apertou a lâmina da espada, quebrando-a sem dificuldade e a reduzindo em centenas de cacos de aço.
Damian nada pôde fazer. Ele apenas observava boquiaberto os resquícios da espada caindo lentamente no chão. O som de cada fragmento se chocando contra o solo parecia ecoar dentro de sua cabeça. Por fim, o cabo da arma caiu de suas mãos, emitindo um baque surdo que ecoou pelo local.
Ela mostra o seu lado verdadeiro... O Demônio continuou. Ela mostra a sua verdadeira força... Ela te permitiu sobreviver... E ela só surgiu graças a sua vontade de viver... De repente, sua garra foi de encontro ao pescoço de Damian. No instante seguinte, o guerreiro sendo erguido no ar, sendo estrangulado, debatendo-se inutilmente. Vontade de viver... Ou medo de morrer? Eis a pergunta...
Arfando, Damian tentava inutilmente se soltar das garras do Demônio com suas mãos. Ele esperneava enquanto sua visão se tornava mais e mais embaçada. Após alguns instantes, o guerreiro parecia nem mais haver forças para tentar respirar. Era como ver um peixe se debater em terra, tentando voltar para a água, sem saber por qual caminho seguir.
Então, o sofrimento de Damian chegou ao fim. Pelo menos, era o que ele achava.
O Demônio arremessou o guerreiro para trás. A armadura pareceu inútil naquele instante, pois o rosto de Damian se contorceu de dor antes de voltar a arfar, tentando recuperar o ar perdido.
Trate de ficar mais forte. O Demônio advertiu. Tenho planos para você. Você vai fazer parte de algo grande, humano... Se não morrer no caminho, é claro...
Miserável... O rapaz disse com esforço tremendo. Eu vou... Vou te matar...
Talvez. Você irá me encontrar novamente, tenho certeza disso.
Você vai... Fugir...?
Não é o momento da nossa luta, humano. Além disso, é como eu já falei... Você tem que ficar mais forte. Ele disse as últimas palavras pausadamente, fazendo com que cada uma ecoasse pelo salão.  Entendeu?
O Demônio, então, voltou-se na direção de Sebastian.
Deixe-me ajudá-lo... Murmurou a criatura vil.
Com um movimento de sua garra, o Demônio escreveu no ar um símbolo que Damian nunca havia visto. Então, o corpo de Sebastian brilhou com uma cor vermelha escarlate.
O que você...? O guerreiro grunhiu de dor enquanto se levantava. O que você está fazendo...?
No instante seguinte, Sebastian queimou, transformando-se em chamas.
Não! Damian gritou com todas as forças. Não!
Rapidamente, o jovem correu até o corpo de seu mestre. Impotente, nada pôde ele fazer além de cair de joelhos e observar as chamas.
Sebastian... Damian murmurou, quase sem voz.
O rapaz demorou a perceber o vulto entre as chamas.
Sua própria espada flutuava envolta por um círculo de chamas intensas. A cada instante que se passava, a arma era erguida, afastando-se mais e mais do chão, alongando-se, alargando-se e mudando lentamente de cor, tornando-se negra como o céu da noite.
O que é isso...? Foi tudo o que Damian conseguiu dizer, com um misto de pavor e curiosidade em sua voz.
Isso é o que vocês vieram buscar... Respondeu o Demônio.
As chamas, então, foram em direção à espada, moldando a forma final da arma e se fundindo com ela.
Com um brilho escarlate, ela surgiu.
A espada era negra como ébano. Suas marcas escarlates pulsavam como as batidas de um coração. Sua lâmina afiada brilhava como diamantes.  
Essa é a Demonsbane. Anunciou a criatura vil.
Lentamente, Damian se levantou, observando a lendária espada flutuando, etérea, bem em frente aos seus olhos.
Ela precisava de um sacrifício digno para vir à vida... O Demônio explicou. Ela sempre precisou...
O que você quer dizer? Indagou Damian.
Todos os que já usaram essa espada passaram por uma situação semelhante à sua nesse momento. Afinal, tal poder tem que ter um preço.
Poder... O guerreiro murmurou.
Lentamente, Damian levou sua mão até a Demonsbane. Nervoso, ele viu o cabo da espada se curvar até o alcance de seus dedos trêmulos. De repente, uma onda de coragem atingiu o rapaz que, então, agarrou a arma.
Com uma mão, Damian brandiu a Demonsbane, surpreso pela leveza da espada.
Poder... Ele repetiu. Poder o suficiente para te matar?
Talvez. O Demônio respondeu, andando entorno do rapaz. Porém, para isso, você deve alimentá-la bem.
Alimentá-la?
Sim. Caso contrário, ela morrerá, tornando-se um pedaço inútil e pesado de metal. Então... A criatura sorriu, centímetros atrás de Damian. Alimente-a bem. Banhe-a em sangue, não importa de quem, não importa do que... Apenas a alimente. Fortaleça-a. Torne-a sua. Transforme-a no instrumento de destruição perfeito... Honre a memória de seu sacrifício... E venha me enfrentar quando estiver pronto, humano...
As últimas palavras do Demônio soaram distantes, como se sumissem com o vento.
Quando Damian se voltou para trás, a criatura havia sumido. Uma porta estava aberta. A saída do guerreiro estava o esperando.
Com a Demonsbane em mãos, Damian lamentou em silêncio a morte de Sebastian mais uma vez. Com as lágrimas secas, ele deixou o templo, jurando vingança contra o Demônio.
***
Damian abandonou o lugar, deixando o corpo de seus companheiros caídos para trás. Ele, juntamente como Sebastian Eisenfaust, foram considerados desertores, uma vez que o corpo de nenhum dos dois foi encontrado no local e seus superiores de nada foram informados. Assim, a culpa das mortes dos guerreiros das tropas recaiu sobre a dupla.
Damian foi encontrado e confrontado várias vezes, porém, nunca puderam o capturar. Uma recompensa foi prometida pela sua cabeça, fazendo com que o jovem guerreiro se tornasse um dos criminosos mais procurados de Snowrealm em pouco tempo.
Sebastian, pelo desaparecimento de anos, foi considerado morto por muitos, pelas mãos do próprio aliado, muitos palpitavam.

Damian nunca mais viu o Demônio desde aquele dia. Sua caçada continua enquanto ele mesmo é caçado.

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