sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Um Outro Mundo, Epilogo

Epilogo


Um mês havia se passado no mundo dos humanos. Nos outros mundos, porém, era difícil de se dizer.
Em Gehenna, o labirinto de ruas sombrias e sem fim continuava. Mais pessoas imersas na tristeza se deparavam com a sua morte lá. Monstros sedentos de sangue espreitavam a cada esquina.
Corra, moleque! O riso maníaco veio. Corra por sua vida!
Um rapaz que não devia ter mais de vinte anos corria desesperadamente, tentando não tropeçar a cada passo dado. Poucos metros atrás dele estava a montanha de músculos cinzentos que era Behemoth.
Vamos! O assassino continuou. Vamos! Continue correndo! Só mais um pouco! Não me decepcione!
O suor escorria pelo rosto moreno do jovem. Sua respiração estava ofegante. Seus pés doíam. Porém, ele se recusava a parar. Ele ainda havia esperança de que conseguiria fugir de seu perseguidor e escapar daquele pesadelo.
Entretanto, toda a esperança se foi em um instante.
Ao virar em uma esquina, o rapaz estava crente que conseguiria abrir distância do maníaco que o perseguia. Porém, ele não esperava ser alvo de outro monstro. Mais especificamente, de um monstro ainda pior.
O garoto olhou impotente para a criatura a sua frente. Paralisado de medo, ele nem conseguia respirar.
A criatura era um pouco mais baixa que ele. Entretanto, sua aparência era intimidadora o suficiente. Todo seu aspecto era como uma ilusão, flutuando centímetros acima do chão, parecendo que poderia desaparecer a qualquer instante ou, então, tornar-se mais forte. O corpo humanóide e pálido era envolto por uma túnica feita de sombras. As longas e frouxas mangas se estendiam quase até o chão, quase como asas presas aos braços dele. Seus longos cabelos bruxuleantes pareciam se misturar às trevas de sua roupa. O rosto cadavérico não tinha olhos: apenas duas cavidades ocas e negras.
O rapaz tentou gritar, porém, nenhum som saiu. A criatura apontou com um dedo ossudo em sua direção. O rosto do jovem se contorceu de pavor enquanto as trevas saiam do monstro e o agarravam, como tentáculos que pareciam esmagar os seus ossos, arrastando-o para o seu fim.
Nos seus últimos instantes de vida, o rapaz conseguiu enfim gritar. Sua agonia era palpável. Enquanto seus membros eram destroçados, seu sangue jorrava, salpicando o ar, o chão e as paredes. Seus pedaços, então, eram devorados, absorvidos pelas trevas que compunham o corpo de seu assassino.
Parece que você foi o mais rápido dessa vez, Belial. Bufou Behemoth enquanto observava o massacre a sua frente. Mas... Sem ressentimentos! Foi até divertido de assistir! Ele riu. É ainda mais divertido quando estamos do mesmo lado, não acha?
Sim... Belial murmurou. Sua voz era distorcida e grave. Parece que foi ontem, não?
O dia que você se tornou um monstro?
Belial assentiu
Ora, o tempo passa rápido quando você se diverte! Behemoth gargalhou. Bem... Continue assim. Talvez, um dia, você me supere.
São anos que você tem de vantagem... Ele abriu um largo sorriso, exibindo seus dentes pontiagudos. Em um mês eu já devo ter te passado.
É assim que se fala! Ele gargalhou. Mesmo você nunca sendo capaz de tal proeza... É bom ver que você tem o espírito da coisa.
Veremos...
Ai, ai... Behemoth aproximou de Belial e apoiou sua mão no ombro do amigo. Você realmente deixa esse lugar muito mais divertido, sabia, Coelhinho?

Quantas memórias esse apelido me traz... Belial, o outrora Joshua, sorriu. 

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