Infestação
Juggernaut e Overseer acordaram primeiro. Nada mais
normal, afinal, eles eram os que estavam do lado de fora do elevador.
Os outros quatro acordaram, logicamente, logo em seguida.
Porém, eles não haviam visto a plataforma do elevador ascender sem ninguém
dentro.
Overseer e Juggernaut se entreolharam. Todos os seis
estavam confusos, porém, apenas os dois haviam se assustado com o ruído que os
despertaram. Os olhos arregalados e respirações ofegantes comprovavam isso.
Juggernaut colocou o seu elmo de volta. Ele parecia ser
aquele que mais parecia estar confuso. Isso ficava claro pelo olhar dele em
direção à peça da armadura que cobria a cabeça: Juggernaut não se lembrava de
ter tirado o elmo. E foi ele mesmo que fez a pergunta que todos queriam saber a
resposta:
—
O que aconteceu?
—
É bem óbvio que nós adormecemos. —
Respondeu Silver. —
Mas quanto à forma...
—
Algo no ar. — Disse,
com firmeza, Specter. —
Algum tipo de sonífero. Tenho certeza.
—
Mas quem teria feito isso? —
Indagou Judge.
—
Isso eu não sei. —
Afirmou Overseer. —
Mas o motivo é bem claro. —
Ao dizer isso, ele apontou para o elevador. —
Não acho que temos como voltar agora, queridos.
Parecia que o Mago, Silver, Judge e Specter ainda não
haviam percebido o que havia acontecido com o elevador. Agora, o quarteto se
entreolhava. Seus olhos mostravam que eles já haviam se conformado com o fato.
Ao perceber a calma do grupo, Juggernaut indagou um pouco
exaltado:
—
Vocês não entenderem!?
—
Que nos trancaram aqui em baixo? —
Silver respondeu, parecendo um pouco entediado. —
Se for isso, acho que entendemos.
Juggernaut ficou em silêncio por alguns poucos segundos,
bem como o resto do grupo. Foi então que o Mago, ainda com o capuz abaixado,
perguntou:
—
Então...quem teria feito isso? Obviamente, já como houve um motivo para isso...
—
Não teria sido apenas para nos impedir de reagir? — Indagou Judge. — Afinal, nós nos pudermos fazer nada quanto
ao elevador...
—
E se algo mais tiver acontecido? —
Propôs, sério, Silver. —
Não sabemos quanto tempo ficamos desacordados.
Todos começaram a pensar naquela possibilidade. O que
poderia ter acontecido com eles naquele período de tempo indeterminado?
Eles poderiam vir com milhares de teorias e, ainda sim,
não acertar nenhum dos palpites. Pensar naquilo só serviria para deixar o grupo
paranoico. O Mago, Silver e Overseer entendiam aquilo. Judge parecia um pouco
abalada. Juggernaut, entretanto, parecia ser aquele que mais estava incomodado.
E ainda havia Specter. O assassino talvez estivesse ainda
mais paranoico do que os outros, porém, o motivo era diferente, além de óbvio:
Ghost. Ele não conseguia parar de pensar em sua irmãzinha. Afinal, por mais
letal que ela fosse com suas facas, Specter sabia o quão frágil ela era. E,
infelizmente, ele nem tinha como saber o quão frágil ela poderia ser sem o seu
irmão ao seu lado. Ironicamente, a fragilidade dela, no momento, se devia a
preocupação com Specter. Mas não tinha como nenhum dos dois saber disso.
Overseer bufou, um pouco irritado, e, então, disse:
—
Ficarmos parados aqui não ajudará em nada a nossa missão. — O líder mercenário sacou
sua espada e apontou para o único caminho possível. — Vamos!
Após um leve momento de hesitação, o grupo resolveu
seguir Overseer. Entretanto, não demorou muito para uma pergunta ser feita:
—
Será que isso é culpa do androide?
Todos
pararam de andar.
Aquelas
palavras saíram da boca daquele que mais estava paranoico com toda a situação:
Juggernaut.
A
resposta de imediato dos lábios do Mago:
— Não.
— Por que não? — Indagou o guerreiro.
— Eu sei que
você pensou nisso por causa das portas que se fecharam antes, bem como o
elevador agora. Ambos são diferentes de tudo o que conhecemos. Funcionam com
eletricidade...bem como o androide. Mas eu tenho certeza de que não poderia ter
sido ele.
— O sonífero... — Murmurou Silver.
O
Mago concordou assentindo com a cabeça e, então, continuou a sua resposta:
— Se o sonífero
estava no ar...não creio que o androide pudesse ter feito alguma coisa.
— Magia,
plantas, talvez até algum animal... — Disse Specter,
pensativo. — Um desses foi
quem usou o sonífero. Mas o androide? Não. Não há como.
— E como vocês
podem ter tanta certeza!? — Perguntou,
nervoso, Juggernaut. — Vocês nem o conhecem! Vocês...
— Tente se
acalmar, homem! — Overseer pediu
rispidamente.
Juggernaut
parou de falar e, então respirou fundo. O líder mercenário colocou uma mão no
ombro do guerreiro. Um olhar determinado de Overseer fora o suficiente para
acalmar Juggernaut.
Não
havia sido a primeira vez que aquilo havia acontecido. Juggernaut já havia se
preocupado à toa em outras situações. Tudo por que ele havia pensado demais,
focando em hipóteses pessimistas e paranóicas. “Pensar não é o seu forte,
grandão”. Silver já havia dito aquilo em outra situação, provocando o guerreiro.
Overseer, obviamente, reconhecia a fraqueza de
Juggernaut. Entretanto, ele também reconhecia as qualidades do guerreiro, principalmente
em combate. Juggernaut era incrivelmente forte e surpreendentemente ágil
manejando sua espada. Além disso, ele era o tipo de pessoa que não desistia de
seus objetivos, podendo, talvez, se sacrificar para que eles tenham êxito. E eram
essas as razões pelas quais Juggernaut estava naquela missão.
Uma
vez mais calmos, os membros do grupo voltaram a andar.
Seguindo
pelas pontes de metal, os seis tentavam não olhar para baixo. O labirinto
metálico suspenso abaixo deles os deixava tontos. E o abismo sem fim abaixo
daquilo era, indiscutivelmente, morte certa.
Não
demorou muito para o sexteto chegar até uma grande plataforma de aço. Todo o
lugar estava, praticamente, incrustado em uma grande rocha cheia de crateras. Estalactites compunham o teto multicolorido.
Uma ponte de metal se conectava ao local. No outro extremo da plataforma, havia
um portão de aço aberto. Ele era a entrada para um túnel. Aquele era o único
caminho que eles tinham.
Entretanto,
o grupo sabia que aquilo não seria tão simples. Os sons que vinham de cima
deles era a evidencia.
Dezenas
de ruídos agudos baixos. Centenas de passos fervorosos e pesados. O teto
começou e tremer.
De
repente, dezenas de criaturas começaram a surgir pelas crateras do teto, soltando-se
e aterrissando em pé na plataforma de metal.
Os
pequenos corpos ovalados delas estavam a quase meio metro de altura do chão. A
pele parecia ser feita de aço, pela cor e textura. Cada uma tinha quatro pernas
articuladas, como a de aranhas, que atingiam quase um metro de altura e,
consequentemente, ainda mais de comprimento. Na ponta das pontas havia uma
única garra retorcida em cada, como um gancho dourado e afiado. Os três olhos,
na formação de pirâmide, eram completamente verdes. Entretanto, aquele padrão
se repetia quatro vezes. Entre cada par de patas havia uma face.
Em
pouco tempo, as feras já haviam cercado o sexteto. Haviam, ao menos, vinte
delas. E mais desciam do teto. Outras, ainda, pareciam que estavam para descer,
uma vez que os sons dos passos e guinchos não cessavam.
O
Mago tinha seu cajado brilhando com uma luz carmim. Overseer já havia sacado
sua espada afiada. Judge estava a postos com sua espada e escudo. Silver tinha
sua sempre fiel adaga em sua mão esquerda e, na direita, um cristal elétrico.
Juggernaut segurava firmemente sua espada gigantesca. Specter tinha um cristal
do fogo na mão direita e, na esquerda, um do gelo.
As
criaturas começaram a emitir um guincho ainda mais alto e agudo, entrando em
harmonia.
De
repente houve silêncio. E então, todos atacaram ao mesmo tempo.
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