quinta-feira, 25 de junho de 2015

Morning Star, Capítulo 2

Oportunidade


Lar doce lar... Murmurou Gunslinger com um sorriso no rosto.
Lá estavam eles. Os cinco amigos estavam em frente àquilo que só poderia ser descrito como uma colossal fortaleza feita de aço. O nome escrito em gigantescas letras douradas, grafadas bem no topo de uma das paredes da base, poderiam ser vistos de quase qualquer parte da cidade: Excalibur. Logo abaixo, a imagem de uma longa espada dourada na horizontal: o símbolo do qual eles tanto se orgulhavam.
As portas de aço se abriram após o quinteto se identificar. O sistema de segurança analisava as vozes, não as palavras ditas em si. Portanto, qualquer coisa poderia ser dita. Os mais comuns acabavam sendo um “oi”, “olá” ou “abra logo”, mas qualquer palavra poderia ser dita.
Uma vez dentro do prédio da Excalibur, o mundo parecia se transformar. O aspecto frio, cinzento e formal do exterior da base logo ficava para trás, dando lugar a um ambiente mais cheio de vida. Isso, entretanto, devia-se às pessoas que lá estavam.
Um longo e retangular pátio se estendia a frente do grupo. Lugar que eles já estavam tão bem familiarizados. A grama era cortada baixa, cedendo espaço para algumas passarelas de aço que criavam caminhos para conectar dezenas de portas pelo local.
Nesse pátio, pessoas de todos os jeitos podiam ser encontradas. Jovens e adultos andavam, conversando entre si, enquanto trajavam o uniforme do exército de Camelot. A cor branca cobria completamente seus corpos, dos sapatos até a gola da camisa, com a exceção dos botões dourados das vestes. Entretanto, um detalhe a mais podia ser notado nas roupas dos jovens: uma pequena espada dourada, presa bem na frente da gola da camisa.
Alguns carregavam armas. Outros, peças da armadura cinzenta padrão para combate. Entretanto, haviam aqueles que levavam consigo bolas de basquete, bolas de futebol, bolas de rúgbi, baralhos de cartas e até videogames portáteis. Tudo isso era permitido por Bennett e o resto dos mandantes da Excalibur. Era um incentivo aos soldados, de acordo com o próprio Adrian. A agilidade mental e física dos jovens já fora verificada tanto em treinamentos tanto em missões sérias. Estar certo fazia muito bem para o ego de Bennett.
Enquanto os soldados seguiam para simulações de missões, estandes de tiros e quadras esportivas, muitos paravam para cumprimentar algum dos cinco. Afinal, nada mais normal.
Gunslinger dispensava introduções. Muitos o admiravam imensamente, principalmente em combate. Além disso, ele podia ser um grande amigo para as pessoas que ele realmente se importasse.
Nick e Sandy tinham vários amigos. Afinal, muitas pessoas tentavam se aproximar deles. Claro que eles muito carismáticos e se enturmavam com praticamente qualquer um em missões e treinamentos, mas esse não era o motivo da aproximação. Afinal, pode-se dizer com certeza que metade daquelas pessoas já se sentiram atraídas por, pelo menos, um dos irmãos Hunter.
Victor, por ser o mais quieto do grupo, era o que menos tinham amigos. Entretanto, isso não era problema para ele. Ter alguns poucos amigos que se pudesse confiar era o que importava para Andersen. Aqueles que ele cumprimentava eram pessoas que ele arriscaria a vida para proteger sem pensar duas vezes.
Jerry era, sem dúvida, aquele que mais conhecia pessoas. Sua personalidade carismática e energética nunca falhava em fazer amigos. Felizmente para Fey, conquistar aqueles que o interessavam raramente era um problema.
Não demorou muito para o quinteto chegar até o prédio central da Excalibur.
As paredes de aço do edifício eram tão bem polidas que pareciam brilhar. As portas de vidro cristalinas se abriram quando o grupo se aproximou. O ar frio de dentro do local os atingiu. Como sempre, o ar condicionado central funcionava perfeitamente.
Após serem cumprimentados pela atendente do local e alguns outros funcionários, o quinteto se dirigiu ao elevador. O quartel general no subsolo os aguardava.
Chegando lá, eles foram recebidos por um amigo de longa data:
Ora... Thomas sorriu. Aí estão vocês.
Os abraços apertados que vieram em seguida faziam parecer que Moss os via há tempos. Mas era sempre assim. O grande Commando, um dos maiores nomes da iniciativa Excalibur, tinha vários amigos. Entretanto, ele sabia que podia confiar apenas em um grupo seleto. E aquele quinteto fazia parte de tal grupo.
Jerry coçou a nuca e, então, perguntou:
Então... Quantas pessoas já estão esperando pela gente?
Duas. Respondeu Thomas.
Já imagino quem sejam... Murmurou Victor.
Moss não disse mais nada. Ele apenas sorriu e, com um gesto de sua mão, pediu que o grupo o seguisse.
Liderados por Commando, o grupo seguiu por um corredor cinzento. Ao longo dele, haviam várias portas nas laterais, todas enumeradas. Todas eram salas de reuniões para discutir missões com isolamento acústico, impedindo que uma discussão pudesse atrapalhar outra. Entretanto, as conversas não eram secretas, uma vez que todas estavam sendo monitoradas. Nenhum tipo de traição era tolerado por Adrian Bennett.
As salas que estavam marcadas com números em vermelho estavam sendo usadas. Consequentemente, as que tinham dígitos verdes estavam livres para uso.
Naquele momento, apenas três salas estavam em uso. Entretanto, Thomas continuava guiando o grupo pelo corredor. O grupo já sabia o que esperar.
O sexteto chegou até o fim do corredor. Portas gigantescas de aço se abriram, revelando a famosa Sala Mestre.
O ar parecia mais frio no local. Luzes brancas iluminavam a área. Uma grande parede de vidro separava o ambiente em dois.
Na porção da sala onde o grupo não estava, dezenas de pessoas, trajando o uniforme de Camelot, trabalhavam em frentes a computadores. Aqueles eram os agentes da Inteligência do exército. Eles eram os responsáveis pelo controle de todas as informações que chegariam até os mandantes da nação, como os saldos de batalhas, mensagens obtidas por espiões e hackers, novidades sobre a Iniciativa Excalibur e até o que se conversava nas outras salas de reuniões.
Onde o sexteto estava, o cenário era um pouco diferente. O espaço era muito maior e iluminado em comparação com o ambiente ao lado. Uma grande mesa quadrada de aço polido estava fixa no centro da sala. Nela, hologramas azuis podiam ser vistos exibindo textos, estatísticas e os rostos de algumas pessoas (soldados de Camelot, muito provavelmente). Fora os seis, haviam mais duas pessoas no local.
Encostada na parede oposta ao sexteto estava uma jovem. Talvez um pouco magra demais, ela, vestida com o uniforme de Camelot, parecia entediada. Parecia bem provável que aquela jovem estivesse parada, ali, apenas esperando suas próximas ordens. Ao alisar seu longo cabelo castanho claro, delicadamente, com sua mão esquerda, a mecha roxa de Edith Stone parecia mais visível, bruxuleando como uma chama.
Apoiada com ambas as mãos na mesa, encarando os hologramas, estava uma mulher. Com quase a mesma altura de Victor, sua face exibia uma expressão confiante e intimidadora. Sua pele era cor de café. Seu cabelo cor de ébano estava arrumado em um rabo de cavalo. Seus negros, intensos, brilhavam, parecendo capazes de paralisar alguém de medo. As vestes dela eram ligeiramente diferente dos demais. Aquele era, sem dúvida, o uniforme de Camelot. Entretanto, sua coloração era prata e, do pescoço até os ombros, espadas douradas estavam presas, como na gola da camisa dos jovens da Excalibur. Aos trinta e sete anos de idade, aquela era Abigail Williams, general do exército de Camelot.
O sexteto pareceu congelar com o olhar irritado de sua general. Rispidamente, Williams perguntou:
Que raios de roupas são essas?
Rapidamente, cada um dos seis olhou para o que vestiam. Com a exceção de Moss, ninguém vestia o uniforme do exército.
Rick vestia uma camiseta regata bege, calças jeans pretas e tênis prateados.
Victor usava uma camisa preta com a estampa de uma banda de rock, jeans azuis surrados e tênis vermelhos.
Nick trajava um conjunto de calça com agasalho preto e tênis azuis escuros.
Jerry vestia uma camisa cinza que ficava um pouco larga nele, além de uma bermuda preta e um par de chinelos azuis marinho.
Sandy vestia uma camiseta regata branca, mini saia azul clara e rasteirinhas beges.
Com uma expressão constrangida no rosto, Nick, Victor, Rick, Jerry e Sandy começaram a pensar em alguma desculpa. Dizer que eles haviam colocado roupas mais confortáveis para assistirem o discurso de Bennett na cidade seria uma péssima ideia, já que soldados da Excalibur não podiam se vestir à paisana e passear pela cidade.
Antes que algum dos cinco pudesse bolar uma desculpa, a general Williams bufou e, então, disse:
Quer saber? Isso não importa. Pelo menos, agora não. Tratem de se arrumar depois de eu explicar o que vocês farão, certo?
Todos, até Thomas, responderam “sim” em uníssono.
Com um sorriso satisfeito no rosto, a general Williams falou:
Ótimo. Agora... Vejam.
Com um movimento rápido de sua mão direita, a general mudou as imagens que apareciam no holograma. Agora, um extenso edifício, talvez uma fábrica, aparecia diante deles. Ao redor dele, o relevo rochoso e irregular podia ser visto cercando-o. Era como se o local tivesse sido construído em uma cratera.
Mais uma vez, Williams tornou a falar:
Essa é uma das bases da Mjolnir. Mais especificamente, uma que trabalha no desenvolvimento de melhorias para a inteligência artificial de seus androides. O que significa que, se a destruirmos, poderemos estar botando-os em uma boa desvantagem.
Sabemos algum detalhe sobre o que eles estão desenvolvendo? Indagou Victor.
Infelizmente, não. Foi Edith que respondeu. Obviamente, elas já haviam discutido o plano com antecedência.
Só saberemos o que nos aguarda quando vocês entrarem lá dentro. Disse a general.
E qual é o plano? Perguntou Nick. Imagino que, para chamar todos nós, você deva ter uma missão interessante planejada, não?
Digamos que sim. Respondeu Thomas sorrindo. Nós já planejamos tudo antes de os chamarmos.
Sendo que “nós” não me inclui. Disse Rick. Eu sei tão pouco quanto vocês quatro...
E espero que vocês quatro consigam chegar até as minhas expectativas. Acrescentou a general. Afinal, estou confiando nesses três aqui quanto às habilidades de vocês.
O quarteto não pode deixar de sorrir para os amigos. Eles não se esqueceriam de agradecer por uma oportunidade como aquela. Afinal, ser chamado para a discussão de uma missão significava que você seria um dos líderes dela, um dos mais responsáveis, sem dúvida. Para Nick, Victor, Jerry e Sandy, aquela era uma oportunidade excelente para eles mostrarem o seu valor.
Rapidamente, a general voltou a falar:
Quanto ao plano... Vocês serão divididos em equipes, de acordo com a especialidade. Vocês precisam se infiltrar naquela base. Mas a segurança fará daquele lugar um inferno para nós. Por isso, começaremos uma distração. Atacaremos por fora da base, atraindo a atenção deles e algumas de suas tropas. Enquanto isso, uma equipe de infiltração entrará no lugar. Furtividade não será essencial nesse caso, uma vez que eles já estarão em alerta. O combate, sim, será imprescindível. Pelo menos, vocês terão menos inimigos para se preocupar. Williams fez uma breve pausa. Quanto aos atiradores de elite... Ela apontou para Nick e Edith. Cada um de vocês liderará uma equipe. Stone, você estará a oeste. Hunter, você estará a norte. Cada um de vocês estará acompanhado por mais três atiradores.
Não houveram protestos. Nick Hunter, em especial, gostou daquela ideia. Numa missão como aquela, ele estaria em pé de igualdade com Edith Stone. Ele tentaria mostrar o quanto ele havia evoluído como atirador, saindo da sombra de alguém mais novo que ele. Para Nick, ser ofuscado por alguém, de acordo com ele, menos inexperiente era, sem dúvida, humilhante.
Quanto à linha de frente... Williams apontou para Rick, Thomas e Victor. Moss liderará o grupo principal. Greyman terá o grupo que avançará pelo flanco esquerdo e, Andersen, o direito. Vocês dois deverão seguir as ordens de Moss, entendido?
Os dois responderam que sim. Victor, em especial, ficou animado com a ideia. Ele lideraria uma tropa, enquanto Rick e Thomas liderariam outras. Parecia o tipo de coisa que eles brincariam quando menores. Entretanto, a situação era um pouco mais séria desta vez. Mesmo assim, ele conseguiu manter a calma.
E aqueles que irão se infiltrar na base... A general apontou para Jerry e Sandy. Façam o que sabem fazer de melhor. E não se esqueçam que vocês terão uma pequena tropa com vocês. Entretanto, saibam que soldados tão promissores quanto vocês estarão os acompanhando. Portanto, não ajam como se vocês tivessem que fazer tudo sozinhos. Fui clara, Hunter e Fey?
A resposta foi positiva. E, bem como Victor, Jerry e Sandy estavam ansiosos. Eles sabiam do tamanho da responsabilidade que tinham, mas, mesmo assim, aquela oportunidade era quase como um sonho.
A general olhou, rapidamente, para todos. Todos pareciam empolgados, até mesmo Edith, que quase sempre estava de mal humor. Com um sorriso no rosto, a Williams falou:
Se não há reclamações... Ela fez uma breve pausa. Chequem o local da missão depois. Por ora, vocês podem ir. Estejam preparados para amanhã... Vão!

Ela não precisava dizer mais nada. Rapidamente, os sete deixaram a Sala Mestre, ansiosos para a batalha do dia seguinte.

PS: desculpe pela demora na finalização desse capítulo...

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