Unpleasant Teamwork
Trabalho
em Equipe Desagradável
Duas semanas depois...
—
Eu ainda não me sinto confortável com isso. —
Astaroth admitiu.
Tristan e Astaroth estavam
acompanhados por Gabriel e uma mulher que usava trajes completamente brancos
feitos de cetim que se estendiam em direção ao chão como um vestido. Nos braços,
que não eram cobertos pelas vestes, ela usava braceletes de prata incrustados
de jades. Suas feições eram delicadas, fazendo com que ela não parecesse ter
mais de vinte anos. A pele era levemente rosada e, os cabelos, dourados. No
topo da cabeça, uma tiara feita dos mesmos materiais dos braceletes parecia
irradiar poder. Os lábios cor de carmim pareciam brilhar, compensando os olhos,
que estavam sempre fechados. A mulher carregava uma flauta de prata adornada
com o símbolo da Luz com ambas as mãos.
—
Não haja como se estivéssemos felizes com sua presença, Demônio. — Gabriel disse
rispidamente.
Os quatro aliados estavam no
topo de uma formação de rochas peculiar. Era uma grande montanha formada por
degraus de rochas cinzentas hexagonais que desciam em direção ao mar. O lugar
era uma ilha que se estendia por centenas de metros. A mais de três quilômetros
de distância, havia a costa de alguma região, que estava coberta por neblina,
tornando a ilha praticamente isolada.
“Que dia lindo...”.
Uma tempestade estava por vir. O céu estava
negro, coberto por nuvens. As águas estavam agitadas. As ondas atingiam a
montanha com violência. Um trovão pode ser ouvido à distância. O aroma da água
salgado preenchia o ar.
—
Você tem certeza que essa é uma das bases? —
Tristan perguntou cético.
—
Sim. — A mulher
respondeu suavemente. —
Confio nas habilidades de nossos batedores. E se vocês querem obter êxito nessa
missão e no ataque contra os bárbaros, vocês também terão que confiar.
—
Se você diz... —
Astaroth murmurou. Em seguida, ele grunhiu. —
Por que Wolfrealm sempre tem que ser assim!? Sempre chovendo!? É desanimador...
Gabriel riu.
—
É sempre assim nessa região... —
O Escolhido do Lorde da Luz disse desanimado. —
Prefiro não botar os pés aqui, mas...temos uma missão a cumprir.
Astaroth bateu o pé no chão com
força.
—
Pelo som...o lugar é oco. —
O Demônio constatou. —
Uma caverna em uma ilha no meio do nada. Belo esconderijo, devo admitir. — Astaroth mostrou os
dentes em um sorriso psicótico para a mulher de trajes brancos. — Como é mesmo que seus
batedores descobriram esse lugar, minha querida?
—
Eu prefiro que você me chame pelo meu nome, criatura. — A mulher falou secamente. — Catherine, não se
esqueça...
—
Que seja. — Astaroth
a interrompeu, zombando-a.
—
Enfim... — Catherine
retomou. — Nossos
batedores são muito bem treinados, pode ter certeza.
—
Mas...admita que eles tiveram um pouco de sorte, também. — Gabriel pediu.
—
Sim...é verdade. —
Catherine admitiu. —
Nossos batedores estavam perseguindo um grupo da Tiamat naquela região. — Ela apontou para a costa
coberta de neblina. —
Sem perceberem a presença de nossos homens, o inimigo pegou um barco e vieram
para cá. Nossos batedores os seguiram até aqui, porém, não sabemos como eles
entraram aqui. Provavelmente algum dos membros da Tiamat atua como um porteiro.
Talvez ele mova as rochas para abrir uma passagem. Talvez ele abra um caminho
pelas rochas. Talvez seja tudo uma ilusão, não sei ao certo.
—
Bem...então qual é o plano para entrarmos no esconderijo? —
Tristan perguntou impacientemente.
—
Queremos fazer isso o mais rápido possível, sem nos importamos com a discrição,
não é? — Gabriel
perguntou.
Tristan riu.
—
Já entendi. — O
guerreiro das Trevas sorriu. —
Vamos fazer isso juntos?
—
Claro que sim. —
Gabriel tirou o elmo. Seus olhos azuis pareciam brilhar. O cabelo comprido e a
barba mal feita cor de avelã mostravam certo desleixe com o visual. O rosto era
fino e, os dentes, extremamente brancos. —
Pronto?
—
Sim. — Tristan
respondeu entusiasticamente.
—
O quê? — Astaroth
indagou confuso.
Catherine deu um passo para
trás e puxou o Demônio para junto dela. Em um instante, Tristan e Gabriel
socaram o chão simultaneamente. Uma onda de poder de Luz e de Trevas abalou o
lugar e, em um piscar de olhos, um buraco havia surgido. Os quatro aliados
caíram para dentro da caverna. O teto da caverna caiu em cima de dois
guerreiros da Tiamat, que morreram esmagados. Gabriel e Tristan caíram no chão
em segurança envolvidos por suas auras. Astaroth havia desaparecido nas
sombras. Catherine parecia cair vagarosamente em direção ao chão enquanto ela
tocava uma melodia serena com sua flauta, aterrissando com segurança no solo da
caverna. O Demônio surgiu nas sombras de uma parede e correu até seus aliados.
Os quatro agora estavam cercados por inimigos por todos os lados. Astaroth riu
maniacamente.
—
Agora a diversão começa! —
O Demônio exclamou.
O interior do lugar fora
reformado. O chão e as paredes foram modificados a fim de se tornarem planos e
regulares, apesar de manterem a cor cinza original das rochas. Havia um
atracadouro dentro do lugar, permitindo que o cheiro da água do mar preenchesse
o lugar, bem como a brisa marinha, que deixava a atmosfera do local mais
refrescante. Dezenas de guerreiros com armaduras de cristal agora sacavam suas
armas e corriam na direção dos invasores.
—
Matem-nos! — Um
guerreiro que trajava uma armadura de cristal e uma capa roxa ordenou.
—
Ali está o Capitão! —
Gabriel bradou. — Não
o matem! Precisamos dele vivo...entendeu, Astaroth?
—
Sim... — O Demônio
murmurou.
Tristan e Gabriel avançaram
juntos contra cinco guerreiros. O Escolhido da Luz invocou sua espada. A arma
era completamente dourada. A guarda da espada, juntamente com o cabo, exibiam a
figura esculpida de uma ave com as asas abertas. Com um movimento rápido, Gabriel
cortou a garganta de um adversário. Rapidamente, com um passo para o lado
esquerdo, ele abriu espaço para que Tristan pudesse avançar e desferisse uma
estocada contra diretamente contra a abertura da frente do elmo de um
adversário.
—
Eu tenho medo de sua espada. —
Gabriel comentou enquanto bloqueava uma machadada de outro inimigo com sua
arma.
—
Isso é bom. — Tristan
riu e, em seguida, desferiu um ataque na vertical de cima para baixo contra o
ombro de seu oponente. Com a lâmina envolvida por seu poder, o guerreiro das
Trevas conseguiu cortar o braço do adversário para fora, atravessando a
armadura de cristal facilmente. —
Mas por quê?
—
Ela não tem uma ponta típica de espada. —
Gabriel jogou atravessou o peito de um inimigo com uma estocada de sua espada
envolvida pelo seu poder luminoso. —
Ela é reta, como uma espada de execução. —
O Escolhido da Luz usou um flash contra o rosto do último oponente, cegando-o
temporariamente. —
Mas é extremamente afiada.
—
Uma estocada dela é tão poderosa quanto a sua. —
Tristan afundou sua espada no peito do inimigo que estava no chão sem um braço.
— Isso te intriga,
não é?
—
Obviamente. —
Gabriel, com um movimento horizontal de sua espada, decapitou o adversário que
havia cegado. — Como
é que você faz isso?
Tristan riu.
—
Bem...preste atenção na próxima estocada que eu deferir, certo? — O guerreiro das Trevas
propôs. — Logo, logo,
você entenderá.
—
Ótimo. — O Escolhido
de Leviathan aceitou.
Mais dois guerreiros se
aproximaram de Tristan e Gabriel, cada um manejando um machado com as duas
mãos.
—
Bem, você terá duas chances para ver. —
Tristan sorriu.
O guerreiro sombrio se
transformou em trevas e avançou contra um dos guerreiros. Ao atravessar o
adversário, Tristan cravou sua espada em seu peito. Rapidamente, o guerreiro
das Trevas transformou sua espada em sombras e a reconstituiu em sua mão e, no
momento em que o seu oponente se voltou para ele, Tristan desferiu uma estocada
contra a garganta do adversário, perfurando-a, matando o guerreiro com a
armadura de cristal em instantes.
—
Conseguiu perceber? —
Tristan indagou.
—
Sim. — Gabriel sorriu
visivelmente, uma vez que não havia colocado seu elmo de volta. — Nada mal. Você cria uma
ponta em forma de uma única diagonal na lâmina de sua espada com seu poder das
Trevas durante o próprio golpe. Nada mal mesmo. O oponente não espera por isso.
—
São poucos os que percebem isso. —
Tristan admitiu. —
Por isso...eu sei que não posso abaixar a guarda perto de você.
—
Sinto-me lisonjeado. —
Gabriel riu. —
Mas...sinceramente, com um truque desses, eu é que me preocupo com minha
segurança perto de você. Caso tenhamos que lutar algum dia um contra o
outro...bem, seria interessante, para dizer o mínimo.
—
Concordo. — Tristan
sorriu. — Mudando de
assunto, como vão nossos aliados?
Os dois Escolhidos se viraram
para trás. Pelo menos uma dezena de corpos estava estendida pelo chão. Litros
de sangue pintavam o solo do esconderijo. Astaroth ria como nunca.
—
Você é a melhor aliada que eu já tive, sem dúvida! — O Demônio ria enquanto pulava na direção de
outro inimigo.
Astaroth dilacerou a garganta
do guerreiro da Tiamat. Outro se aproximava com uma espada em cada mão. Antes
que ele pudesse atacar, porém, Catherine tocou uma melodia doce com sua flauta.
De repente, o inimigo havia parado de se mover. Astaroth andou até ele e,
tranquilamente, atravessou o peito do oponente com suas garras.
—
Tem alguma coisa que você não saiba fazer com sua flauta, meu amor? — O Demônio perguntou com
um sorriso não tão assustador.
—
Bem... — O rosto de
Catherine corou. —
Não são técnicas perfeitas...mas eu me orgulho muito delas.
—
Sério, se eu pudesse fazer metade das coisas que você consegue...eu seria o
maior matador de todos os tempos! —
Astaroth riu maquiavelicamente. Ele andou até Catherine. —Juntos, minha querida,
seríamos imbatíveis!
—
Eu...eu... — O rosto
de Catherine ficou ainda mais vermelho. De repente, ela arregalou os olhos. — Cuidado! — Ela gritou e empurrou
Astaroth para o lado.
Uma espada gigantesca passou a
poucos centímetros dos dois. O guerreiro que a manejava tinha mais de dois
metros de altura e sua pele era completamente coberta pela sua armadura de
cristal verde.
—
Acho melhor intervirmos. —
Opinou Tristan.
Gabriel colocou seu braço na
frente do peito do aliado.
—
Não será necessário. —
O guerreiro da Luz disse. —
Veja.
Catherine começou a tocar uma
melodia aguda com a flauta. Seus dedos pareciam borrões enquanto tocavam o
instrumento de tão rápidos que se moviam. De repente, o guerreiro ergueu sua
própria espada acima de sua cabeça. Com uma mão segurando o cabo e, a outra, a
ponta da lâmina, a melodia de Catherine continuou ainda mais frenética. Poucos
instantes depois, o membro da Tiamat afundou a lâmina da espada na própria
nuca, caindo morto no chão.
—
Impressionante. —
Tristan admitiu.
—
Eu sei. — Gabriel
sorriu. — É por isso
que ela geralmente me acompanha nas missões mais difíceis.
Astaroth correu até Catherine
e, em um instante, abraçou-a e a levantou no ar.
—
Catherine, você é sem igual! —
O Demônio praticamente gritava euforicamente. —
Nenhuma deusa poderia chegar aos seus pés! Linda e com o potencial de matar
quase qualquer inimigo sem sair do lugar! Você, meu doce, é o mais próximo do
que alguém pode chegar à perfeição!
—
Pare...não estou acostumada a me tratarem assim... — O rosto dela estava ainda mais vermelho.
Porém, agora, não conseguia conter o próprio sorriso.
—
Assim como? —
Perguntou Astaroth, colocando-a no chão? —
Alguém te levantar no ar ou alguém te elogiar?
—
Bem...os dois. —
Catherine admitiu sem jeito.
—
Terminaram com os gracejos? —
O capitão inimigo perguntou.
O guerreiro se aproximava
carregando uma alabarda. Os passos firmes dele ressoavam pelo esconderijo. De
repente, outro guerreiro surgiu de uma parede. Ele se desprendeu da superfície
como se eles fossem o mesmo ser. Da mesma parede, ele retirou um martelo de
guerra. A lâmina da arma do capitão brilhou com uma luz verde. Rapidamente, um
perfume doce e enjoativo se espalhou pelo ar. Uma nuvem de gás esverdeado se
espalhou pelo local.
“O que é isso?”.
O corpo de Tristan ficou mole.
O guerreiro caiu no chão ajoelhado. Do seu lado, Gabriel também caiu do mesmo
jeito.
—
É...algum tipo de sonífero. —
O guerreiro da Luz disse com a voz pesada.
—
Não...acredito. —
Tristan bocejou. —
Que golpe baixo.
O Capitão riu maquiavelicamente.
Seu aliado permaneceu calado. Astaroth e Catherine despencaram no chão em
estado de sono profundo.
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