quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Conto 13 - Parte 2

Bem... O homem limpou a garganta. Eu tenho um trabalho pra você.
Então você deveria ter ido à agência.
Mas, veja bem, somente você seria capaz de fazer o serviço que tenho em mente.
Por quê?
Porque só você tem a motivação necessária. Ele abriu um largo sorriso. Vingança, meu caro.
Hm... Marcos olhou diretamente nos olhos do homem a sua frente. E você sabe quem são os meus inimigos?
Fora esse, não.
O mercenário saiu de dentro do apartamento e, rapidamente, jogou o estranho contra uma parede, levando uma mão ao pescoço dele e, a outra, a sua cabeça.
Eu não sou de ter inimigos, sabe? Marcos disse calmamente. Eu não os deixo vivos.
Mas... Esse é... Diferente. O sujeito falou com dificuldade enquanto era sufocado.
Diferente como?
Você... Não se lembra dele... Não tem... Como você se lembrar...
Explique.
Você... Era muito novo... Não vai... Conseguir se lembrar... Mas... Mas...
Marcos poderia ter matado o sujeito ali, sem gastar uma bala, sem manchar-se de sangue. Porém, o homem com cara de rato disse mais duas palavras, dois nomes. Aquilo fez com que o mercenário o poupasse.
Rita... Heitor...
Após essas palavras, Marcos soltou o pescoço do sujeito. Rapidamente, o homem caiu no chão, com as costas na parede, respirando freneticamente, tentando recuperar o ar.
Então... O mercenário começou a falar. O cara que você quer que eu mate... Foi ele o responsável pela morte deles?
O sujeito assentiu.
E como você sabe disso? Marcos apontou o revólver para o homem no chão. Diga!
Eu trabalhava para ele... Para o desgraçado do Capo agora...
Capo? Marcos ergueu uma sobrancelha. O mafioso de Dimas?
Sim! Esse mesmo... O sujeito tossiu. Trabalhei para ele durante anos, mas agora... Ele me vê como algo a ser substituído... Por uma versão mais... Nova... Outra tosse, agora mais forte, veio. O cretino que vai tomar o meu lugar... Já pegou tudo de mim... Só me restaram esses trapos que visto...
Hm... Entendo. E você sabe demais para sair andando por aí. É isso?
É... Negócios... Sabe como é, não é?
Claro, claro... Então você quer que eu mate o Capo antes que ele te mate. Simples assim?
Bem... O homem levou a mão esquerda ao bolso de sua calça e, rapidamente, tirou um pedaço de papel. Aqui está o endereço. E a senha para você entrar na base.
Certo... Marcos pegou o pedaço de papel e o leu rapidamente. Tem mais alguma coisa pra falar?
Só que você vá e mate o desgraçado do Capo o quanto antes... Ele não pode chegar até mim...
Não se preocupe. Ele não vai te matar.
Claro... O sujeito riu. Eu queria poder ter certeza disso...
Então... Marcos se agachou ao lado do homem e o olhou nos olhos. Presumo que você não tenha como me pagar pelo trabalho, não é?
Ora... A vingança na é o suficiente?
Esse que é o problema...
Como assim?
Se eu for começar a matar pessoas de graça... Acho que eu poderia me livrar de algumas que podem se tornar um incômodo... Ele coçou a barba por fazer. Sabe? Pessoas que conseguiram descobrir onde eu moro, por exemplo.
O sujeito tentou protestar. Porém, Marcos foi mais rápido.
Antes que o homem com cara de rato pudesse dizer uma palavra, Marcos torceu seu pescoço, quebrando-o em um movimento repentino.
O mercenário estava quase feliz por não ter tido que gastar munição com o sujeito.
O mais rápido que pôde, Marcos voltou para seu apartamento pela última vez. Afinal, voltar para o lugar não seria uma escolha sábia. Já haviam o encontrado uma vez, poderiam encontrá-lo de novo.
Ele pegou sua jaqueta de couro e colocou por cima da camisa regata amarelada que usava. Em seguida, pegou os coturnos e os calçou. Então, pegou as chaves e carteira e as colocou nos bolsos da calça jeans surrada que já usava. Por fim, antes de sair do apartamento, o mercenário pegou um medalhão.
O pequeno objeto era feito de prata. Entretanto, ele nunca ousou o vender. Afinal, ele era muito precioso. Dentro dele, à direita, havia uma foto. Um homem, uma mulher e uma criança pequena sorriam juntos. À esquerda, três nomes estavam cravados: Marcos, seu nome, além de Heitor e Rita, seus pais.
As memórias eram meio turvas. Marcos não se lembrava muito bem de sua infância fora das ruas. Afinal, aquela época feliz aconteceu quando ele era apenas uma criança de não mais de quatro anos de idade. Entretanto, era aquela imagem dos três reunidos no medalhão que fazia a memória persistir em sua mente, dando-lhe forças todos esses anos.
Matar o responsável pela morte de seus pais, o responsável por todo o seu sofrimento, era uma oportunidade que o mercenário não deixaria passar.

Em questão de instantes, Marcos já estava em sua garagem. Com sua sempre confiável moto, além de todas as armas e balas que ele podia carregar, o mercenário deixou o lugar e partiu para Dimas.

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