Retaliation
Retaliação
Bárbaros corriam
desesperadamente pela cidade. Entre centenas de urros e grunhidos, algumas
ordens podiam ser ouvidas.
—
Ah...Tristan? —
Migrasi o chamou. —
Você sabe o que eles...?
—
Estão tentando se organizar. —
O guerreiro sombrio respondeu rispidamente. —
Droga...
—
Qual o problema?
—
A sociedade deles é totalmente voltada para a guerra.
—
Sim, eu sei, mas...
—
Isso quer dizer que por mais burros que eles sejam, as estratégias de guerra
deles são muito boas. —
Ele suspirou. — E,
para isso, eles também conseguem ser muito organizados.
—
Ah...entendo... — O
Anjo respirou fundo. —
Mas...ainda venceremos, não? O que eles poderiam fazer contra o nosso
exército...?
—
Fique quieto por um segundo. —
Tristan pediu impacientemente. —
Estou tentando ouvir...
Migrasi se calou. Os ventos se
acalmavam lentamente. As vozes se tornavam cada vez mais claras.
—
Os arqueiros já estão posicionados nas muralhas, General! — Um guerreiro bárbaro se
dirigiu a um homem que trajava uma armadura feita de aço e pele de urso pardo. — Eles já começaram a
atacar o exército inimigo! Nossos batalhões estão posicionados em todas as entradas!
Metade do nosso contingente está esperando o inimigo derrubar o portão
principal!
—
Ótimo. — O General
parecia analisar toda a cidade pelas frestas de seu elmo. — E quanto aos trabucos? Já
temos homens a postos?
“Trabucos!?”.
—
Sim! — O guerreiro
respondeu ao General. —
Vamos esperar os inimigos se aproximarem da cidade antes de atacarmos com eles?
—
Precisamente. — O
General riu. —
Atacaremos com todos ao mesmo tempo. Eles não terão como se defender e, muito
pouco provável, irão recuar depois de já terem se aproximado tanto.
“Não pode ser...”.
A neve parou de cair. Os ventos
se acalmaram por completo. A cidade ficou mais visível. As construções eram
feitas de pedra com portas de metal negro. Os portões principais eram feitos de
madeira e aço. Milhares de guerreiros bárbaros estavam esperando o exército da
Luz e das Trevas invadirem a cidade. Centenas de arqueiros estavam nas muralhas.
Já havia baixas de ambos os lados. Entretanto, alguns poucos soldados não
estavam junto dos outros grupos. Em alguns pontos da cidade, grandes estruturas
de madeira reforçadas com metal estavam sendo armadas. As máquinas de guerra
eram presas ao chão. Na extremidade mais próxima do chão, havia uma lona feita
de couro. Nessa extremidade, os bárbaros colocavam um rochedo gigantesco. Na
oposta, a metros do chão, havia um contrapeso de ferro gigantesco. Cordas
prendiam a lona de couro ao tronco, bem como sustentavam o contrapeso no ar.
—
Maldição... — Tristan
trincou os dentes.
—
Aqueles são...trabucos? —
Migrasi perguntou apreensivo.
—
Sim...
—
Eu não sabia que eles sabiam como construir eles.
—
Nem eu.
—
Obra da Tiamat?
—
Provavelmente. —
Tristan bufou. —
Droga! Temos que destruí-los...
O som de todos os trabucos atirando
simultaneamente soou pela cidade. Ao todo, doze projéteis foram lançados contra
o exército invasor. Inúmeras mortes ocorreram em um único instante e, ao mesmo
tempo, o medo tomou conta de muitos soldados.
—
Droga! — Tristan
gritou. Seus olhos brilhavam intensamente. —
Migrasi! — Ele se
voltou para o aliado. —
Temos que destruir os trabucos! Agora!
—
Apenas vocês dois? —
Uma voz familiar perguntou atrás de Tristan.
Rapidamente, o guerreiro das
Trevas e o Anjo se voltaram na direção da voz. Gabriel e Shadowing estavam
parados em pleno com as asas abertas.
—
E...então? — Gabriel
sorriu. — Vocês não
acham melhor que nós os ajudemos?
—
Imagino que você não vai aceitar uma resposta negativa, não é? — Tristan perguntou
sorrindo.
—
Ora... — Gabriel riu.
— Parece que você me
conhece tão bem, não é? —
Ele se voltou para Migrasi. —
E...quanto a você... —
O guerreiro da Luz respirou fundo. —
Eu não tenho problemas com isso , mas...talvez possamos falar com o Lorde da
Luz depois dessa missão. Talvez ele possa te ajudar, caso você queira.
Migrasi ficou boquiaberto.
Gabriel sorriu.
—
Então...quanto aos trabucos... —
Shadowing chamou a atenção dos aliados. —
Bem...cada um pode destruir três. —
Ele apontou para três trabucos próximos um do outro. — Tristan, pode cuidar daqueles?
—
Sem problemas. — O
guerreiro das Trevas respondeu.
Sem dizer mais nada, Tristan
foi de encontro ao trabuco mais próximo. Seis bárbaros estavam juntos a máquina
de guerra. Eles se preparavam para lançar outro projétil.
“Eu não permitirei...”.
Com tremenda velocidade e
envolto por sua aura sombria, Tristan se chocou contra o trabuco. No impacto, o
guerreiro das Trevas se transformou em sombras e derrubou as sustentações da
maquina de guerra. O projétil foi lançado contra uma das ruas da cidade. As
sombras envolveram os bárbaros que, inutilmente, tentavam andar para longe da
escuridão ou, então, tentavam golpeá-la com suas armas.
“Patéticos...”.
Com uma seqüência rápida e
precisa de ataques, Tristan eliminou todos os bárbaros que estavam no local.
“Pronto. Um trabuco a
menos...”.
Novamente, mais rochedos foram
lançados para o alto. Em poucos instantes, mais corpos foram esmagados ou
arremessados para longe pelo impacto do projétil. O número de mortos no lado do
exército da Luz e das Trevas continuava a subir.
“Maldição...”.
Tristan se lançou contra o
próximo trabuco. Novamente, revestido por sua aura negra, ele destruiu a
maquina de guerra e matou os bárbaros envoltos em suas sombras.
“Falta um apenas...”.
Antes que Tristan pudesse se
dirigir ao próximo alvo, o portão principal da cidade foi derrubado. O exército
de Luz e Trevas se chocou contra o contingente de bárbaros que os aguardavam.
“Droga! A essa distância...os
bárbaros estão com a vantagem...”.
Rapidamente, Tristan se dirigiu
a última arma de guerra e parou no ar, bem acima do alvo. Com um estralar de
dedos, chamas negras tomaram conta do trabuco. Sem nem atacar os bárbaros que
tomavam conta da máquina de guerra, o guerreiro das Trevas se dirigiu ao portão
principal da cidade. A algumas dezenas de metros acima do caos da batalha dos
exércitos, Tristan respirou fundo. Seus olhos se tornaram ainda mais vermelhos.
Aos poucos, sua aura parecia se transformar em fogo. Apesar da cor púrpura, ela
agora bruxuleava e estava ainda mais quente.
“É agora ou nunca...”.
Pequenas faíscas púrpuras
surgiam em volta de Tristan. Sua aura se expandiu ainda mais. Em um instante, o
guerreiro das Trevas se elevou cem metros no ar e, em uma fração de segundos,
despencou.
“Eu sinceramente espero que
isso dê certo...”.
Tristan atingiu o solo atrás
dos guerreiros bárbaros. No mesmo instante, um mar de chamas negras se
espalhou. Ambos os exércitos foram surpreendidos. As chamas negras derretiam
armaduras e carbonizavam a carne dos guerreiros de Isbjerg sem dificuldades. Em
segundos, metade do exército de guerreiros bárbaros foi consumido pelo fogo.
“Bem...creio que funcionou...”.
O guerreiro das Trevas olhou
para frente. Os bárbaros remanescentes haviam perdido a concentração na luta.
Muitos, inclusive, estavam se rendendo ou fugindo da luta.
“Bárbaros em pânico...? Não
esperava por essa”.
Tristan se levantou com
dificuldade. Ele olhou ao chão ao redor. Onde antes havia neve, agora havia uma
grande marca negra de queimadura.
“Ótimo...”.
Urros de vitória vieram do
exército de Luz e Trevas. Migrasi, Shadowing e Gabriel surgiram juntos bem a
frente de Tristan.
—
Querendo toda a diversão só para você? —
O guerreiro da Luz riu. —
Isso é egoísmo.
—
E...da onde veio essa ideia? —
Shadowing perguntou. —
Eu nunca havia visto um ataque assim.
—
Realmente impressionante. —
Migrasi admitiu. —
Tenho certeza que ninguém esperava por isso.
—
Eu não esperava nem que desse certo. —
Tristan admitiu rindo. —
Eu...eu...acho que vou descansar um pouco.
Calmamente, o guerreiro das
Trevas sentou-se no chão.
—
Mandem alguns dos soldados vasculharem a cidade. —
Tristan disse enquanto arfava. —Pode
haver alguns bárbaros remanescentes. —
Ele respirou fundo. —
E também pode haver algo de valor aqui. —
O guerreiro das Trevas se deitou no chão. —
Hoje, dormiremos aqui. Esse território é nosso agora.
Antes que qualquer um pudesse
dizer mais alguma coisa, Tristan adormeceu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário