quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Conto de Terror 12 - Parte 6

O gigante atacou. Seu machado a cintura de Edgar. Um golpe seria o suficiente para cortar o rapaz em dois, deixando-o vivo, porém, sem condições de fugir. Aquilo seria o suficiente para deixar Marie aterrorizada e fazê-la baixar a guarda. Sem muito esforço, o Executor mataria suas duas presas.
Entretanto, não foi isso o que ocorreu.
Edgar parecia ter previsto o exato momento do ataque do inimigo. Com uma agilidade quase desumana, ele se abaixou, deslizando por baixo da lâmina do machado e, em seguida, passando por entre as pernas do Executor.
O colosso nem teve tempo de reagir à surpresa.
Edgar, que nem mesmo havia se levantado do chão, atacou. Sua faca, então, acertou atrás do joelho direito do Executor.
O gigante urrou de dor enquanto o sangue começava a verter.
Bruscamente, o rapaz puxou sua faca da carne do inimigo que, mais uma vez, gritou e, então, caiu ajoelhado, derrubando o grandioso machado que provocou um estrondo ao se chocar com o chão.
Edgar se levantou com um leve sorriso no rosto. Em seguida, levou uma mão levemente ao capacete do adversário, puxando o visor em sua direção, forçando-o a olhar nos olhos. Então, ele atacou mais uma vez.
A faca quebrou o vidro sem dificuldades. Pequenos cacos caíram, revelando os olhos cheios de medo do Executor. A lâmina da faca parecia brilhar agora.
Edgar sentiu um ímpeto de sorrir. Porém, conteve-se. No final, uma expressão preocupada surgiu em seu rosto e, então, deixou a faca cair de sua mão e deu um passo para trás.
A respiração do jovem ficou pesada, acelerada, como se estivesse recuperando o fôlego após correr por sua vida.
Por que você não o matou? Por que hesita em matar? Não parece mais o mesmo de antes, seu desgraçado.
Edgar! A voz de Marie o chamou, tirando-o do transe. Edgar!
Ela olhava para o rapaz com aquela expressão preocupada que ele já estava se acostumando.
Monstro... Murmurou uma voz ao deles.
Era o próprio Executor. Sua voz não estava mais abafada, afinal, ele havia acabado de tirar seu capacete.
Ele suava frio e tremia quase imperceptivelmente. Seu rosto de pele morena estava esbranquiçado e com leves cortes próximos aos olhos, culpa dos cacos do visor. Sua respiração estava ofegante, recuperando-se do susto.
Esses olhos... O executor grunhiu. Por um instante, eles não eram humanos. Eram os de um assassino frio e desalmado. Não tente negar, filho da puta...
O Executor não disse mais nada em seguida. Após o chute de Marie em seu rosto, o colosso caiu de costas no chão apenas para ter sua face pisoteada uma única vez. Inconsciente e com o nariz quebrado, ele não seria mais um problema.
A expressão no rosto de Marie foi de enraivecida a melancólica ao olhar para Edgar.
Ei... Ela disse num tom acolhedor enquanto se aproximava do rapaz. Não se deixe abalar pelo o que ele disse... Aquele merda não sabe de nada, viu?
Não... Edgar suspirou. Eu... Acho que ele tem razão...
O quê?
Em parte, pelo menos...
Ei, Edgar... Como assim?
Tem algo dentro de mim... Algo ruim... Uma voz... Que quer fazer o mal... Matar até...
Querido... Marie sorriu e deu um tapinha do ombro dele. Relaxa. Todo mundo tem dessas de vez em quando, viu?
Certeza?
Certeza. Se alguém te dizer que nunca sentiu vontade de acertar algum filho da puta na cara, saiba que é mentira. Acredite. Você vai ver muito disso quando sairmos daqui... Nesse momento, ela balançou o molho de chaves na frente dos olhos do rapaz. Entendeu?
Um sorriso surgiu no rosto de Edgar. Por um momento, ele havia se esquecido do porquê de estar lutando. Agora, porém, a esperança tomava o lugar da melancolia em seu corpo.
Rapidamente, Edgar abraçou Marie. Ela pareceu surpresa por um segundo e, então, sorriu tranquila e o abraçou de volta.
Foi quase surreal. Um abraço forte foi um refúgio confortável no meio daquele caos. Talvez nenhum dos dois havia se sentido tão bem desde o da no qual a vida resolveu mostrar o quão cruel poderia ser.
Obrigado. Ele cochichou enquanto se afastavam lentamente um do outro.
Eu que preciso te agradecer. Ela disse.
Por quê?
Eu teria enlouquecido sem alguém como você. Tenha certeza disso.
Marie sorriu calorosamente. Edgar sorriu de volta tão alegremente quanto a amiga.
Então... Ele limpou a garganta. Por onde vamos?
Marie, então, apontou para um ponto específico numa parede. Lá, uma seta vermelha, um pouco gasta, estava pintada. Ela apontava para frente.
Temos que ir seguindo as setas. Marie sorriu. Simples assim.
Nossa... Edgar parecia legitimamente surpreso. Mas... Ninguém nunca percebeu isso? Nenhum Executor? Ou Asmodeus? Ou uma das câmeras...?
Agora, Marie apontava para cima da seta. Lá, havia uma câmera.
A seta está num ponto cego. Ela afirmou. Todas estão. Não muitos sabem da existência e do significado delas. E, não, nenhum dos funcionários daqui sabem disso. Então... Fique calmo, ok?
Hm... Ele esboçou um sorriso. Vou tentar.
Os dois olharam para o corredor sombrio a frente deles.
Edgar ainda parecia estar em conflito com a própria mente. Porém, mantinha um sorriso no rosto para tranquilizar a amiga.
Marie também estava perdida em um mar de pensamentos. Entretanto, ela estava legitimamente feliz. Afinal, fazia planos para quando saíssem daquele inferno. Edgar aparecia em alguns deles.
Distraídos, a dupla percebeu tarde demais a quebra do silêncio. Eles não conseguiram se virar a tempo.
A ponta de uma lança atravessou o peito de Marie.
As chaves caíram da mão dela.
Edgar virou-se para ver a amiga. Ela parecia mais surpresa do que qualquer outra coisa.
Edgar... Marie tentou sorrir. Sem sucesso.
Com os olhos arregalados e a boca aberta, o rapaz viu o novo Executor puxar sua lança, erguendo o corpo daquela que o havia guiado por aquele inferno. Bruscamente, ele arrancou a arma do peito de Marie, fazendo o sangue verter como a água de um rio.
Acabou para você... Ele disse com sua voz grave e abafada e, então, arremessou o corpo dela para trás como se fosse uma criança desinteressada com um brinquedo. Então, o Executor olhou diretamente para Edgar. Agora é a sua vez.
Paralisado de medo, o rapaz não conseguia tirar os olhos do corpo de Marie que, nas sombras, sangrava até morte, formando uma poça rubra em volta do próprio corpo.
É bom que você me ouça agora.
Edgar engoliu em seco.
Pegue as chaves no chão.
Tremendo, ele se abaixou para pegar o molho de chaves. O Executor avançava em sua direção com passos vagarosos. Sua lança, porém, estava pronta em suas mãos. Ele parecia pronto para atacar o rapaz a qualquer instante.
Ótimo. Agora... Corra...

Edgar não ousou discordar. Rapidamente, ele virou as costas para o gigante e disparou para frente.

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