The City of Angels
A
Cidade dos Anjos
—
Então...é aqui. —
Tristan disse. — Essa
é a cidade de Leviathan.
A cidade era gigantesca.
Situada em uma montanha, a capital do Reino da Luz acompanhava todas as
irregularidades do terreno. Logo, haviam escadarias por todas as partes para
que a população pudesse transitar por pelos diversos níveis da cidade. Haviam
andares a poucos metros de alturas e, outros, a mais de um quilômetro acima do
portão de entrada. Espalhadas pela cidade haviam estátuas de mármore, praças
com fontes que jorravam água incessantemente, jardins floridos e até termas
naturais. As residências dos seguidores da Luz variavam de cabanas de madeira
construídas em terrenos abertos até casas esculpidas nas paredes rochosas da
montanha. O sol do fim da tarde coloria a cidade. As ruas e construções brancas
se tingiam de alaranjado. O aroma da cidade era uma harmonia de vários
perfumes, provindos tantos dos moradores mais abastados tanto dos jardins da
capital. Pelas ruas, uma quantidade imensurável de guardas, nobres, mercadores
e clérigos circulavam, parando apenas para olharem os recém chegados.
“Esse povo pode vir a nos
causar problemas...”.
—
Um esplendor, não concorda? —
Gabriel perguntou.
“Nem parece que houve uma
invasão nesta cidade...”.
O guerreiro das Trevas trincou
os dentes.
“Certamente fizeram uma reforma
o mais rapidamente possível...a fim de manter a estética do lugar...”.
—
Sim...é perfeito. —
Tristan respondeu. —
Perfeito até demais.
—
Como assim? — Uma
pitada de indignação e confusão estavam presentes na voz do guerreiro da Luz.
—
Isso é apenas uma cidade de um reino gigantesco. —
Astaroth disse. —
Para vocês manterem um lugar desses do jeito que está...bem, é meio óbvio que
os outros lugares não chegam nem aos pés desse. —
Ele encarou Gabriel. —
Ou eu estou enganado?
Astaroth ainda carregava o
corpo de Catherine nos braços. O Escolhido de Leviathan olhou para o rosto da aliada.
—
Bem...não é muito diferente do caso de vocês. —
Gabriel disse com a voz baixa. Ele limpou a garganta. — Há um abismo monetário entre as nossas
capitais e as demais cidades...
—
Mas nenhum chega a esse nível. —
Tristan disse rispidamente. —
A cidade de Leviathan é muito mais rica que a de Nidhogg. Isso é evidente.
Porém, no nosso reino, existem muitas outras grandes cidades, além de diversas
guildas de assassinos e mercenários espalhadas por todos os cantos. Vocês têm
poucas cidades tão grandes e fortificadas como essa. E, a maioria, é voltada
para a exaltação de Leviathan. —
O guerreiro das Trevas riu com desdém. —
Não me surpreende que a popularidade do Lorde da Luz seja maior do que a do
Lorde das Trevas. Quando o momento da guerra entre os nossos reinos chegar,
veremos o que será o fator decisivo. Será quantidade ou qualidade de
seguidores?
Gabriel riu.
—
Também estou ansioso para saber o resultado. —
O guerreiro da Luz cruzou os braços. —
Mas, até lá, não podemos nos matar. Temos que cooperar, não?
—
Claro! — Astaroth
sorriu. — É por isso
que até agora eu não matei metade da população esnobe e nojenta dessa cidade. — Ele se voltou a um trio
de nobres vestidos com roupas de cetim. —
Não é mesmo!?
Os nobres gritaram e correram.
Astaroth gargalhou. Tristan não pode conter um sorriso. De várias direções,
cinco guardas se reuniram em um círculo em volta dos seres das Trevas. Todos
eles apontavam suas armas para os visitantes. Gabriel deu um passo à frente.
—
Não se preocupem. — O
guerreiro da Luz disse solenemente. —
Eles estão comigo...por enquanto pelo menos.
—
Nós sabemos. — Um dos
guardas disse.
—
É por isso que não fizemos nada até agora. —
Outro guarda acrescentou. —
Porém, não toleraremos ameaças voltadas aos nossos cidadãos.
—
Como se vocês pudessem fazer qualquer coisa contra nós. — Astaroth provocou.
—
Demônio! — Um
terceiro guarda bradou. —
Não abuse da sorte! Nós...
—
Não. — Gabriel
interveio.
—
Mas...
—
Não. Vocês não podem fazer nada contra eles, infelizmente. Eles são muito
poderosos. Talvez vocês possam enfrentá-los...caso reúnam todos os guardas da
cidade e ataquem simultaneamente. Caso contrário, não. Não desperdicem suas
vidas assim. Vivam para proteger a cidade de outros problemas...problemas que
vocês possam lidar.
Os cinco guardas abaixaram suas
cabeças simultaneamente.
—
Sim, senhor! — Os
cinco disseram em uníssono.
Os guardas se voltaram a seus
postos enquanto Gabriel se voltou para seus companheiros.
—
Não é por que vocês só estão de passagem que vocês podem começar intrigas sem
se preocuparem com as conseqüências, certo? —
Gabriel perguntou em um tom de superioridade.
—
Que seja. — Astaroth
disse. — Só quero
garantir que a Catherine tenha um fim digno. Depois, vou embora. Não agüento
ficar nem mais um segundo nesse lugar cheio de gente esnobe e irritante.
—
Idem. — Tristan
cruzou os braços.
Gabriel bufou.
—
Certo... — O
guerreiro da Luz apontou para um lugar elevado na montanha. — Ali. Temos que falar com
um clérigo responsável por ritos fúnebres especiais. Eu conheço Catherine. Ela
não gostaria que apenas mostrássemos condolências ou a enterrássemos. Muitos de
nós, seguidores da Luz, se possível, queremos ser transformados em Luz.
—
Como é? — Astaroth
indagou.
—
Alguns Anjos têm essa capacidade. —
Gabriel continuou. —
Desintegrar um corpo fraco, de preferência ser energia. O pó remanescente
brilha coma as estrelas. Acho que não deve não é muito diferente das chmas
negras que alguns de vocês sabem usar...digo, com a exceção de que o ataque
resulta em um morte rápida, evitando que a vítima sinta dor.
—
Mas por que isso? —
Tristan perguntou. —
Por que ser transformado em Luz? Só por que não é garantido que todos tenham
esse...privilégio?
—
Em parte...sim. — Gabriel
afirmou. — Mas, desse
jeito, o corpo é eliminado de uma maneira que consideramos perfeita. Não resta
nenhum resquício do corpo físico, sobra apenas a alma.
—
Dessa maneira...o corpo físico não pode ser utilizado para qualquer tipo de
ritual pagão ou sombrio, não? —
O guerreiro das Trevas perguntou.
Gabriel assentiu com a cabeça.
—
Necromantes. — O
guerreiro da Luz falou quase em um sussurro. —
Eles são o maior pesadelo pós vida...pelo menos, para nós. Usarem nossos corpos
para lutarem contra nossos amigos e familiares...sem que possamos impedir...é
quase inimaginável. Isso tudo em pró de nossos inimigos.
—
Bem...eu sei um pouco como é isso, não é? —
Astaroth estava sério.
Antes que Gabriel pudesse dizer
qualquer coisa, gritos foram ouvidos nas ruas. Uma mulher havia sido
assassinada. Um homem havia cravado um adaga entre os olhos da vitima.
“Não...”.
O assassino vestia trajes
completamente negros e irradiava uma aura negra.
—
Por Nidhogg! — Ele
bradou.
Mais assassinos surgiram das
trevas e sacaram suas armas.
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