terça-feira, 26 de maio de 2015

A Queda, Capítulo 10

Caminho Sem Volta


O grupo liderado por Overseer seguiu o seu caminho sem falar muito. Eles estavam em um território completamente estranho e, agora, sem a ajuda do androide. O bando preferia não arriscar chamar a atenção de alguma criatura desconhecida. A luz emitida pelas chamas em suas mãos já era um tanto quanto arriscado, mas era o único jeito de se atravessar as trevas que os cercavam.
Entretanto, por boa parte do caminho, nada apareceu para atacá-los. Andando por corredores e descendo escadarias de aço o grupo chegou a um grande elevador. Estranhamente, o uso de magia elétrica não fora necessária desta vez. Todos se entreolharam, porém, sem a opinião do andróide, eles não tinham certeza se poderiam haver, de fato, elevadores como aquele. Entretanto, não lhes restava outra alternativa a não ser embarcar nele. Afinal, aquele era o único caminho possível.
A porta de aço indestrutível, que separou o grupo em dois, não havia sido um caso isolado. Felizmente, ninguém havia sido separado desta vez. Ao invés disso, as portas de aço apenas impediram a passagem deles em algumas ocasiões. Assim, até onde o grupo de Overseer sabia, apenas um único caminho foi disponibilizado para eles. E, claro, isso os preocupava.
Dez minutos se passaram. Nenhum dos seis membros do grupo se incomodaria em caminhar durante esse tempo. Mas todos estavam inquietos. Nada mais normal. Afinal, dez minutos foi o tempo que o elevador demorou a chegar ao solo.
Aqueles foram momentos agonizantes para o grupo. Afinal, nada podiam eles fazer a não ser esperar.
Enfim em contato com o solo, a porta do elevador se abriu. Claridade preencheu a câmara metálica. Os olhos de todos arderam.
Felizmente, não demorou muito para que eles se acostumassem com a claridade. Assim, eles puderam ver onde estavam.
Naquele momento, todos estavam embasbacados, sem nem saber o que dizer sobre o esplendor do local.
O grupo estava, agora, debaixo da cidade. O céu deles eram as paredes da caverna. As superfícies rochosas e irregulares de coloração bege tinham, espalhadas desordenadamente, multicoloridos cravados por toda parte. A luz que provinha das jóias iluminava o local. Abaixo deles, um abismo negro, coberto por neblina, parecia os ameaçar. Entretanto, a luz dos cristais fazia com que essa neblina fosse tingida de cores. Assim, abaixo do grupo, algo semelhante a uma aurora boreal se estendia, fazendo com que o abismo parece um pouco menos ameaçador.
De fato, as cores daquele lugar, somadas às brisas gentis que sopravam o aroma de dezenas de flores, eram tranquilizadoras. Um som único também ecoava pelo lugar. Era como uma delicada e esplendorosa sinfonia de sons de origem desconhecida. Entretanto, todos os seis membros do grupo ainda estavam extasiados com a visão majestosa do lugar.
Todos demoraram a perceber que as plataformas metálicas continuavam naquela área. Pontes de aço azul cruzavam o abismo de vários ângulos, conectando grandes plataformas de metal e de rocha umas com as outras. Alguns túneis de metal atravessavam certas áreas rochosas que mais pareciam montanhas de ponta cabeça. Algumas escadas ligavam certas plataformas e pontes, uma vez que toda a área se estendia por quilômetros abaixo.
Overseer, com um largo sorriso no rosto, quebrou o silêncio:
Esse lugar não para de me surpreender...
Sim... Concordou Specter. Isso me faz perguntar...
“O que mais nos aguarda neste lugar?” Arriscou Judge.
Sim. O assassino concordou sorrindo.
Não faço ideia. Disse Juggernaut. Só sei que não podemos baixar a guarda.
Isso é verdade... Concordou o líder mercenário.
Assentindo com a cabeça, os outros também concordaram com o que Juggernaut havia dito.
Silver, de repente, voltou-se para o Mago e disse:
Nem mesmo você sabe, não é?
Como eu poderia? Respondeu o Mago indagando.
Silver deu de ombros e murmurou:
Sei lá...
Overseer respirou fundo, estufando o peitoral e enchendo os pulmões. Então, exalou calmamente e perguntou:
Vocês vão continuar apreciando a paisagem?
Não seria uma má ideia... Murmurou Silver. Logo em seguida, ele sorriu. Aliás, é uma bela ideia.
Suponho que descansarmos um pouco não faria mal... Acrescentou Judge.
Overseer ergueu uma sobrancelha. Claramente, ele não esperava aquela resposta. Entretanto, o líder mercenário estava um pouco cansado, bem como todos os outros ali também estavam. Eles haviam caminhado muito e só haviam parado antes de se encontrarem com o androide. Além disso, aquela jornada parecia estar sendo mais cansativa psicologicamente do que fisicamente. Logo, Overseer suspirou e disse:
Creio que...nós merecemos um pequeno descanso.
Ninguém contestou o que foi dito pelo líder mercenário. Com um sorriso no rosto, todos se sentaram.
A plataforma de rocha onde eles estavam sentados não era muito grande. Não havia espaço suficiente para eles, por exemplo, se deitarem. Mas, caso conforto não fosse muito importante, não haveria problema.  
Juggernaut e Overseer haviam se encostado-se à parte de fora do elevador. Specter, Judge, Silver e o Mago estavam sentados ao lado deles, fazendo um círculo.
Todos haviam se alimentado bem da última vez. Logo, ninguém sentia fome, o que era bom, já que eles teriam que conseguir mais comida.
Não demorou muito para os corpos dos seis companheiros amolecerem. Mesmo tentando conversar, e até contar algumas piadas, eles acabaram adormecendo.
Realmente, o cansaço físico e psicológico havia os enfraquecido. Porém, não havia sido aquilo que os havia derrubado. De fato, o lugar onde eles estavam providenciou aquilo: o doce aroma que eles haviam sentido era sonífero.

Apesar de fraco, aquilo fora o suficiente para fazê-los dormir. Em breve, o grupo se acostumaria com aquilo. O aroma das flores não surtiria mais efeito neles. Mas não antes dos seis despertarem com um ruído estrondoso vindo do elevador.

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