Caminho Sem Volta
O grupo liderado por Overseer seguiu o seu caminho sem
falar muito. Eles estavam em um território completamente estranho e, agora, sem
a ajuda do androide. O bando preferia não arriscar chamar a atenção de alguma
criatura desconhecida. A luz emitida pelas chamas em suas mãos já era um tanto
quanto arriscado, mas era o único jeito de se atravessar as trevas que os
cercavam.
Entretanto, por boa parte do caminho, nada apareceu para
atacá-los. Andando por corredores e descendo escadarias de aço o grupo chegou a
um grande elevador. Estranhamente, o uso de magia elétrica não fora necessária
desta vez. Todos se entreolharam, porém, sem a opinião do andróide, eles não
tinham certeza se poderiam haver, de fato, elevadores como aquele. Entretanto, não
lhes restava outra alternativa a não ser embarcar nele. Afinal, aquele era o
único caminho possível.
A porta de aço indestrutível, que separou o grupo em dois,
não havia sido um caso isolado. Felizmente, ninguém havia sido separado desta
vez. Ao invés disso, as portas de aço apenas impediram a passagem deles em
algumas ocasiões. Assim, até onde o grupo de Overseer sabia, apenas um único
caminho foi disponibilizado para eles. E, claro, isso os preocupava.
Dez minutos se passaram. Nenhum dos seis membros do grupo
se incomodaria em caminhar durante esse tempo. Mas todos estavam inquietos. Nada
mais normal. Afinal, dez minutos foi o tempo que o elevador demorou a chegar ao
solo.
Aqueles foram momentos agonizantes para o grupo. Afinal,
nada podiam eles fazer a não ser esperar.
Enfim em contato com o solo, a porta do elevador se abriu.
Claridade preencheu a câmara metálica. Os olhos de todos arderam.
Felizmente, não demorou muito para que eles se
acostumassem com a claridade. Assim, eles puderam ver onde estavam.
Naquele momento, todos estavam embasbacados, sem nem
saber o que dizer sobre o esplendor do local.
O grupo estava, agora, debaixo da cidade. O céu deles
eram as paredes da caverna. As superfícies rochosas e irregulares de coloração
bege tinham, espalhadas desordenadamente, multicoloridos cravados por toda parte.
A luz que provinha das jóias iluminava o local. Abaixo deles, um abismo negro,
coberto por neblina, parecia os ameaçar. Entretanto, a luz dos cristais fazia
com que essa neblina fosse tingida de cores. Assim, abaixo do grupo, algo
semelhante a uma aurora boreal se estendia, fazendo com que o abismo parece um
pouco menos ameaçador.
De fato, as cores daquele lugar, somadas às brisas gentis
que sopravam o aroma de dezenas de flores, eram tranquilizadoras. Um som único
também ecoava pelo lugar. Era como uma delicada e esplendorosa sinfonia de sons
de origem desconhecida. Entretanto, todos os seis membros do grupo ainda
estavam extasiados com a visão majestosa do lugar.
Todos demoraram a perceber que as plataformas metálicas
continuavam naquela área. Pontes de aço azul cruzavam o abismo de vários
ângulos, conectando grandes plataformas de metal e de rocha umas com as outras.
Alguns túneis de metal atravessavam certas áreas rochosas que mais pareciam
montanhas de ponta cabeça. Algumas escadas ligavam certas plataformas e pontes,
uma vez que toda a área se estendia por quilômetros abaixo.
Overseer, com um largo sorriso no rosto, quebrou o
silêncio:
—
Esse lugar não para de me surpreender...
—
Sim... — Concordou
Specter. — Isso me
faz perguntar...
—
“O que mais nos aguarda neste lugar?” —
Arriscou Judge.
—
Sim. — O assassino
concordou sorrindo.
—
Não faço ideia. —
Disse Juggernaut. —
Só sei que não podemos baixar a guarda.
—
Isso é verdade... —
Concordou o líder mercenário.
Assentindo com a cabeça, os outros também concordaram com
o que Juggernaut havia dito.
Silver, de repente, voltou-se para o Mago e disse:
—
Nem mesmo você sabe, não é?
—
Como eu poderia? —
Respondeu o Mago indagando.
Silver deu de ombros e murmurou:
—
Sei lá...
Overseer respirou fundo, estufando o peitoral e enchendo
os pulmões. Então, exalou calmamente e perguntou:
—
Vocês vão continuar apreciando a paisagem?
—
Não seria uma má ideia... —
Murmurou Silver. Logo em seguida, ele sorriu. —
Aliás, é uma bela ideia.
—
Suponho que descansarmos um pouco não faria mal... — Acrescentou Judge.
Overseer ergueu uma sobrancelha. Claramente, ele não
esperava aquela resposta. Entretanto, o líder mercenário estava um pouco
cansado, bem como todos os outros ali também estavam. Eles haviam caminhado
muito e só haviam parado antes de se encontrarem com o androide. Além disso,
aquela jornada parecia estar sendo mais cansativa psicologicamente do que
fisicamente. Logo, Overseer suspirou e disse:
—
Creio que...nós merecemos um pequeno descanso.
Ninguém contestou o que foi dito pelo líder mercenário.
Com um sorriso no rosto, todos se sentaram.
A plataforma de rocha onde eles estavam sentados não era
muito grande. Não havia espaço suficiente para eles, por exemplo, se deitarem.
Mas, caso conforto não fosse muito importante, não haveria problema.
Juggernaut e Overseer haviam se encostado-se à parte de
fora do elevador. Specter, Judge, Silver e o Mago estavam sentados ao lado deles,
fazendo um círculo.
Todos haviam se alimentado bem da última vez. Logo,
ninguém sentia fome, o que era bom, já que eles teriam que conseguir mais
comida.
Não demorou muito para os corpos dos seis companheiros
amolecerem. Mesmo tentando conversar, e até contar algumas piadas, eles
acabaram adormecendo.
Realmente, o cansaço físico e psicológico havia os
enfraquecido. Porém, não havia sido aquilo que os havia derrubado. De fato, o
lugar onde eles estavam providenciou aquilo: o doce aroma que eles haviam
sentido era sonífero.
Apesar de fraco, aquilo fora o suficiente para fazê-los
dormir. Em breve, o grupo se acostumaria com aquilo. O aroma das flores não
surtiria mais efeito neles. Mas não antes dos seis despertarem com um ruído
estrondoso vindo do elevador.
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