quarta-feira, 20 de maio de 2015

A Queda, Capítulo 9

Infortúnio


Ghost! Gritou Specter.
O assassino correu em direção à porta trancada e começou a bater inutilmente nela. Do outro lado do portão, Ghost fazia o mesmo.
Os dois estavam juntos há tanto tempo. Não havia dúvida que Ghost e Specter haviam sofrido muito. Entretanto, eles sempre puderam contar um com o outro. Ambos se sentiam extremamente seguros e confiantes enquanto estavam lado a lado. Agora, porém, a situação havia mudado abruptamente.
Enquanto os irmãos gritavam um pelo outro, o resto dos membros do grupo parecia ter entendido que aquela situação não mudaria tão facilmente.
Além do portão estavam cinco pessoas: Overseer, o Mago, Juggernaut, Judge, Silver e Specter.
O restante, os que não haviam atravessado a porta de metal, eram o andróide, Huntress, Psycho, Pierce e Ghost.
Em meio aos murmúrios preocupados, vindos de praticamente todos, e os gritos dos dois irmãos, o androide disse, em alto e bom som, para que todos, de ambos os lados do portão, pudessem ouvir:
Não há nada a ser feito agora a não ser continuarmos essa missão. Por caminhos separados, infelizmente.
Você vai desistir tão fácil assim!? Perguntou, berrando, Specter.
Eu conheço muito bem tudo o que foi feito aqui, garoto. Respondeu calmamente o robô.   Não há como as destruirmos. E não poderemos as abrir sem estar em uma sala de controle.
E como fazemos para chegar a uma delas? Indagou, quase sussurrando, Ghost.
O androide olhou para a jovem. O capuz cobria o seu rosto. Entretanto, não era difícil perceber, apenas pela voz dela e a situação em que se encontrava, que era muito provável que ela estivesse apavorada. Uma  visão fora inesperada por vir de uma assassina. Porém, Ghost ainda era uma garota. Se a situação era difícil para Specter, a irmã mais nova dele deveria estar ainda pior.
Entretanto, esse não era o tipo de coisa que sensibilizava uma máquina. Assim, o androide respondeu friamente:
Não creio que haja alguma em bom estado aqui por perto. Se alguma estiver em bom estado, deve estar nas profundezas deste lugar, próximo do objetivo de vocês. Logo, será mais fácil seguirmos em frente com a missão. Há a chance de nos encontrarmos...
De quanto é essa chance!? Perguntou Specter, interrompendo abruptamente o androide. Hein!? De quanto...?
Não tenho como saber. Respondeu friamente.
Um momento de silêncio quase absoluto começou. Specter trincava seus dentes. Ghost, mesmo que quase imperceptível, tremia. Foi aí que Overseer resolveu falar:
Ghost! Ele a chamou. Não se preocupe. Você e o seu irmão são alguns dos mercenários mais fortes que eu já vi nesse meu meio século de vida. Overseer apoiou a mão no ombro de Specter. Era claro que o líder mercenário também queria reconfortar o subordinado ao seu lado. E é por isso que vocês entraram no Blood Moon. E é por isso que vocês estão aqui, nesta missão tão arriscada. Vocês dois, bem como todos os outros que estão aqui, compõe a elite de um grupo seleto: as pessoas que eu confio a minha vida. E é por isso que eu sei que vamos todos sobreviver a essa missão. E é por isso que iremos todos nos reencontrar com um sorriso no rosto. E, assim, voltaremos para a nossa base e beberemos até não aguentarmos mais.
Inevitavelmente, todos abriram um sorriso, não importa o quão discreto fosse. Esse clima de companheirismo que Overseer conseguia proporcionar, mesmo em situações difíceis era, sem dúvida, surreal. Pensar que o líder de um bando de mercenários era quase como um pai para os seus subordinados era, também, surreal. Muitos já chegaram a pensar se o líder mercenário não era algum tipo de mago que podia influenciar seus pensamentos. Nada foi confirmado em todos esses anos, mas acabaram resolvendo descartar essa hipótese.
Com todos visivelmente mais calmos e animados, Overseer, com um largo sorriso no rosto, disse:
Nós todos nos veremos em breve. Não esqueçam disso. Agora... Ele respirou fundo, tomando fôlego. Vamos, Blood Moon!

Com essas palavras, cada grupo tomou o seu rumo. O desconhecido não parecia mais o deixar preocupados. Isso era bom. Entretanto, ninguém podia imaginar o que os aguardava e, muito menos, o quão tortuoso eram os caminhos a frente deles.

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