terça-feira, 5 de maio de 2015

A Queda, Capítulo 7

Androide


O que diabos é você? Perguntou, rispidamente, Silver.
E o que seria isso em suas mãos? Indagou Judge.
O androide de dois metros de altura olhou de relance para os dois. Seu rifle ainda estava apontado para a cabeça do Mago. Não era difícil distinguir quem era pertencente da infame tribo. Aqueles olhos cor de ametista o delatavam.
Entretanto, apesar de estar correndo risco de vida, o Mago parecia calmo. O homem nem olhava para aquele que o ameaçava. Porém, seus companheiros não compartilhavam aquele sentimento. Os mercenários estavam inquietos diante da criatura de aço.
Como o androide não respondia o que os seus aliados indagavam, o Mago resolveu perguntar:
O que você quer?
A extinção de sua raça imunda. O robô humanoide respondeu, aparentemente, irritado. Então, após uma breve pausa, ele continuou a falar. Mas eu sou apenas um. Tenho noção de que não posso fazer nada sozinho. Talvez eu possa te matar, mas aí tenho os seus servos para me preocupar.
Servos dele? Psycho questionou e, então, em seguida, riu em tom de deboche. Certo...
Apenas digamos que todos nós estamos em relação de igualdade uns com os outros neste momento. Disse Pierce que, logo em seguida, olhou para Overseer.
Naquele instante, o líder dos mercenários olhou nos olhos do esgrimista. Os rostos dos dois se tornaram sérios. Em uma fração de segundos, Pierce e Overseer pareciam ter se envolvido em uma discussão silenciosa. O ar parecia mais pesado. Todos pareciam estar em um estado de torpor.
Então, a voz do Mago quebrou o silêncio:
Imagino que você deva saber melhor do que ninguém o que aconteceu neste local...
O androide segurou com força o rifle em suas mãos frias. Seu indicador esquerdo estava quase puxando o gatilho. Então, de repente, a criatura de aço pareceu tentar se acalmar. Após alguns segundos, ele disse:
Por tanto tempo eu aguardei que algum humano voltasse a esse local. Ver um de vocês, Rocs, aqui realmente me pegou de surpresa.
Um calafrio percorreu a espinha do Mago. Roc. Ao ouvir o nome de sua tribo, desconhecido por qualquer um que não pertencesse a ela, era surreal. Naquele instante, o Mago passou a temer o androide.
Roc... Silver repetiu a palavra lentamente, como se a escrevesse delicadamente em um pedaço de papel. Então esse é o nome...
Eu esperava algo mais imponente... Comentou Juggernaut.
Digo o mesmo. Concordou Huntress.
Tenho certeza que o nome tem algum significado importante... Disse Overseer que apontou sua espada para o androide. Mas isso não é importante agora, certo?
Apesar de não ter olhado na direção dele, o Mago sabia que o líder mercenário falava com ele.
Overseer estava certo. O Mago tentou colocar os pensamentos em ordem. Aquela criatura apontava uma arma desconhecida contra ele. Sua vida estava sendo ameaçada. A jornada dele estava longe do fim. Ele não poderia morrer, principalmente tão cedo. Assim, o Mago disse:
Estamos aqui para consertar o que o meu povo fez, criatura.
O androide inclinou a cabeça levemente para a esquerda. Ele se mostrou intrigado e, então, perguntou:
E como vocês pretendem fazer isso?
Não sabemos ao certo. O Mago respondeu honestamente. Mas eu sei que o meu povo tem segredos que são omitidos a até alguns de nós. E é por isso que eu quis vir aqui. Eu tenho que saber o que aconteceu aqui tanto tempo atrás. Eu tenho que descobrir a verdade.
O androide parecia ter ouvido cada palavra dita pelo Mago como se não só julgasse a veracidade delas, mas também apreciasse o som da voz dele. Após alguns instantes, a criatura o ser de aço disse:
Você não parece estar mentindo...
Confiança é algo difícil de se pedir, eu sei. Disse o Mago. Mas, na situação em que estamos...
Precisaremos cooperar. O androide completou a frase.
O Mago assentiu. O robô sorriu o melhor que pôde com o rosto rígido de metal.
Então, Overseer perguntou:
O que você pode nos contar?
O androide se voltou ao líder mercenário e, então, respondeu:
Não tanto quanto eu gostaria, devo admitir. Não faço ideia de como o mundo está fora daqui, mas...a julgar por vocês...vejo que retrocedemos.
Como assim? Indagou Judge claramente ofendida.
Seraphs. Começou, o androide, a responder. Eles criaram a maior e mais avançada civilização de todos os tempos. Eles criaram esta cidade. Eles me criaram. Eles...foram extintos. Graças a algo que ninguém soube dizer muito bem o que era. Ele parecia grunhir. Um demônio. Foi assim que alguns o descreveram. Uma criatura colossal com poderes inimagináveis. Ela fora a responsável pelo declínio de nossa civilização e, por fim, a nossa queda. O androide olhou friamente para o Mago. Você sabe algo sobre essa criatura?
Muito pouco. Ele respondeu. É como eu havia dito. Grande parte do conhecimento é mantido em sigilo por uma minoria de meu povo.
O androide deu de ombros. Após organizar seus pensamentos, ele continuou a falar:
O importante é saber que os Seraphs não escolheram viver no subterrâneo. Eles foram obrigados.
Por quem? Indagou Specter.
Ele olhou para o lado, em direção a sua irmã. Eles pareciam poder conversar apenas por suas expressões faciais.
Após uma fração de segundos, Ghost indagou:
Você está dizendo que os Rocs expulsaram vocês para o subsolo?
Talvez. O androide respondeu. Faz sentido quando você pensa a respeito. Afinal, eles foram amaldiçoados.
Defina “amaldiçoados”. Pediu Silver.
Certo... O androide bufou. A carne dos animais. Os frutos das árvores. As águas dos rios. O próprio. Tudo parecia ter se tornado tóxico. Os Seraphs eram enfraquecidos a cada segundo. A situação se tornou crítica quando algumas pessoas começaram a morrer. O ar e o solo estavam tão tóxicos que até as edificações de metal pareciam estar sendo danificadas. Não importava o quão surpreendente fossem os avanços científicos realizados por eles. Uma cura não pôde ser achada. Alguns começaram a se desesperar. Entretanto, a maioria conseguiu se manter calma. Isso foi a salvação dos Seraphs. Eles conseguiram vir até o subsolo. Aqui era seguro. E, uma vez aqui, os Seraphs voltaram a sua grandeza. Um século de trabalho árduo foi posto neste lugar até que ele chegasse ao nível das cidades antigas. Porém, eles decidiram expandir o local. Escavando pelas centenas de galerias de cavernas das redondezas...eles encontraram a criatura...
E o que ela fez exatamente? Perguntou Overseer.
O inimaginável. O robô respondeu melancólico. Os Seraphs não a atacaram a princípio. Porém, ela ainda estava...adormecida. Entretanto, quando ela despertou, a criatura começou a matar todos os que se aproximavam. Por isso, os Seraphs começaram a se distanciar. Eles ergueram barreiras para manterem o monstro longe deles. Mas aquilo não adiantou. A criatura...não saia do lugar. Porém, ela não precisava. Suas...crias fizeram esse trabalho por ela.
Então esse monstro criou versões menores dele? Psycho perguntou. O mercenário parecia desinteressado, como se tudo aquilo o deixasse entediado.
Não. Respondeu o Mago. Todos os animais que habitam esse lugar agora...
Sim. Concordou o androide. Todas são criações de uma única criatura. Ela deve continuar criando formas de vida até hoje. Aves, mamíferos, répteis, plantas... É quase um outro mundo aqui em baixo.
E nós vamos ter que atravessar esse Novo Mundo pra chegarmos até as respostas que o Mago procura... Murmurou Silver.
E torcermos para não dar de cara com essa criatura que é quase um deus. Acrescentou Judge.
Ou qualquer outra criatura que ela criou que está além da nossa imaginação. Disse Huntress.
Psycho, então, riu e disse:
Parece divertido. Ele olhou em volta. Todos topam?
Os mercenários começaram a trocar olhares. Então, um a um, eles começaram a falar:
Parece interessante. Sorriu, confiante, Judge.
Um desafio a altura... Murmurou Juggernaut. Vamos ver.
Se o pagamento compensar...não vejo problemas. Disse Silver.
Enquanto eu tiver flechas, nós viveremos. Declarou Huntress.
Digo o mesmo sobre eu e minhas facas. Sorriu Ghost.
É...talvez seja divertido mesmo. Admitiu Specter sorrindo. Eu estou ansioso agora.
Isso vai ser um teste para todas as nossas habilidades. Anunciou Pierce. Então, ele sorriu. Apenas os melhores sobreviverão.
Enquanto estivermos de pé, nós lutaremos. Disse Overseer. Disso eu tenho certeza.
O Mago, então respirou fundo. Ele olhou para todos a sua volta. Todos estavam dispostos a correr riscos inimagináveis. Aquilo o fez sorrir. Agora, ele também estava confiante. Assim, o Mago conseguiu encarar o androide e, então, perguntou:
E você? Pode nos ajudar?
Com um leve sorriso no rosto, ele respondeu:
Depois de tanto esperar por um momento como esse...eu não conseguiria dizer “não”. Ele se virou de costas, em direção ao grande prédio do qual ele havia saído. Sigam-me.

Sem questionarem, o Mago e os mercenários entraram no local.

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