terça-feira, 14 de abril de 2015

A Queda, Capítulo 2

Rumo ao Desconhecido


Eu suponho que nem mesmo você saiba sobre este lugar. Disse um dos mercenários para o Mago. Muito menos, sobre a civilização que aqui vivia.
O Mago se voltou na direção de seu interlocutor. O mercenário que falara com ele era aquele conhecido como Silver. Uma breve introdução fora feita antes de todos partirem juntos para aquela missão, uma vez que o Mago era aquele que pagaria pelos serviços.
Silver não devia ter chego aos seus trinta anos ainda. Ele devia ter cerca de um metro e setenta e cinco de altura. Seu rosto exibia um sorriso brilhante e charmoso. Seus olhos cor de mel não podiam esconder sua personalidade ambiciosa. Seu cabelo castanho era curto, penteado para trás. Sua armadura seguia o modelo da de seu líder. Entretanto, haviam algumas poucas diferenças. Por exemplo, as partes reforçadas da armadura. Estas eram feitas de prata, bem como o cinturão que ele usava e a adaga que ele carregava em uma bainha, feita de couro negro, no esquerdo da cintura. Silver era canhoto. Durante as lutas, ele deveria usar as outras armas que estavam em sua disposição, firmadas em seu cinturão: os cristais. As dezenas de pedras, de diversas cores e poderes, poderiam ser utilizadas rapidamente durante uma luta.
O Mago, serenamente, confirmou:
É verdade. O meu povo conviveu com essa civilização séculos atrás. Entretanto, pouco é claro sobre eles. Informações podem ter sido perdidas ou, então, omitidas.
E você desconfia do seu povo, então? Perguntou uma das mercenárias.
Aquela que havia acabado de fazer a pergunta para o Mago era Huntress. Ela, que não devia ter muito mais de vinte anos, tinha, aproximadamente, um metro e setenta de altura. Sua pele era da cor de grãos de café. Seus lisos cabelos negros chegavam até a altura de seus ombros. Seus olhos mais pareciam duas esmeraldas. O rosto possuía traços belos e delicados. Entretanto, a expressão em seu rosto evidenciava a sua determinação. A armadura parecia uma versão mais leve da de Overseer, com as partes reforçadas pesando menos, apesar de não serem tão resistentes. Pelo menos, assim, a armadura não atrapalharia tanto os seus movimentos em batalha. Com um arco de carvalho reforçado com aço e uma aljava de couro com vinte flechas, peso demais em seus braços poderiam a levar a derrota. Disso, Huntress tinha certeza.
Por baixo de seu capuz, o Mago sorriu. Então, ele disse:
E você confia em tudo o que os seus governantes te falam?
Huntress riu baixo e, logo, admitiu:
É claro que não.
Mas o que exatamente você acha que o seu povo esconde, Mago? Perguntou outro mercenário.
Quem acabara agora de falar era Pierce. Ele não devia ter mais de trinta anos de idade. Com mais de um metro e oitenta de altura, o homem era relativamente magro, principalmente ao se tratar de um mercenário. A face tinha traços delicados. Os olhos azuis escuros se assemelhavam à cor do céu noturno. Os cabelos longos e ondulados eram dourados, entendendo-se até quase o meio de suas costas. No rosto, a expressão de superioridade era nítida. Os reforços de aço da armadura dele haviam sido tingidos de vermelho. Havia um florete preso no lado esquerdo de sua cintura. A arma tinha uma longa lâmina prateada e um punho ornado, mesclando prata com o mesmo aço vermelho de sua armadura.  
O Mago deu de ombros, e, quase como em um murmúrio, ele disse:
Algo sobre uma criatura mitológica. Um ser que bem poderia ser um deus apenas pela destruição que ele causou tão facilmente.
Então quer dizer que foi essa coisa que eliminou toda essa civilização? Perguntou Overseer.
Possivelmente. O Mago respondeu. Após suspirar, ele continuou. E, em caso afirmativo, essa criatura pode ter causado dano a outras civilizações. Até mesmo, para as da atualidade. Isso explicaria assassinatos que foram realizados sem deixar vestígios.
Isso já começa a soar como muita loucura. Disse, secamente, outra mercenária.
Judge era a nova interlocutora do Mago. A mulher tinha mais de um metro e oitenta de altura. Ela parecia ter cerca de trinta e cinco anos de idade. Seu rosto era sério. Os olhos verdes eram frios, sem brilho algum. O cabelo castanho claro era curto e desgrenhado. Algumas poucas sardas marcavam o seu rosto cor de alabastro. Diferentemente da maioria dos outros mercenários, Judge trajava uma armadura pesada, completamente negra, feita de aço. Entretanto, ele não usava um elmo. Judge acreditava que aquilo mais atrapalhava do que ajudava, uma vez que sua visão no campo de batalha se tornava limitada. No lado esquerdo da cintura, uma espada cinzenta de pouco menos de um metro de comprimento estava embainhada. A bainha era feita de couro negro. Nas costas, ela carregava um grande escudo cinzento com o símbolo de uma lua vermelha no centro. O escudo, do jeito que estava, já conseguia proteger completamente as costas da guerreira.
Você realmente vai falar de loucura com um mago? Perguntou Silver. Após balançar, levemente, a cabeça para a esquerda e a direita, ele continuou a falar. Talvez você não tenha visto o que ele fez para abrir a passagem para esse lugar...
Sinceramente, se um lugar como esse existe, eu não sei mais exatamente o que é loucura. Argumentou Huntress.
Judge deu de ombros e, então, murmurou:
Que seja...
O Mago olhou para os quatro mercenários que não haviam falado ainda. Talvez aqueles fossem os mais perigosos entre eles.
Um deles era o guerreiro conhecido como Juggernaut. O homem tinha mais de dois metros e dez de altura. Sua armadura era do mesmo modelo que a de Judge, com apenas a diferença do elmo. Juggernaut usava um capacete negro que lhe cobria o rosto quase que por completo, apenas existindo uma fenda em forma de uma letra “T” no elmo, permitindo que ele pudesse ver e respirar sem problemas, além de impedir que os outros vissem a sua face. Nas costas, ele carregava a sua arma. O comprimento da espada era quase a própria altura do guerreiro. A arma de lâmina cinzenta tinha o punho negro.
Próximo de Juggernaut, estava aquele conhecido como Psycho. Apesar de ter mais de um metro e noventa de altura, o homem não era tão imponente. Entretanto, com certeza ele era ameaçador. Isso se devia ao jeito como ele andava e, até, permanecia de pé, mantendo as costas curvadas, quase como um animal prestes a dar um bote. Ele trajava a típica armadura do clã: couro preto reforçada com aço. No rosto, entretanto, ele usava uma máscara. A peça era feita de aço tingido de branco e, nela, havia um rosto dividido ao meio. A parte direita mostrava, em vermelho, a metade da face de um demônio, louco, com um largo sorriso pontudo. Enquanto isso, no lado esquerdo, estava a metade que retratava o rosto de um anjo, serene, sem sorrir. Nas costas, Psycho carregava dois machados idênticos. As armas, que tinham um metro de comprimento, pareciam ser feitas de ferro comum. Entretanto, as lâminas arredondadas, manchadas de sangue, pareciam muito bem afiadas.
Um pouco afastado do restante, estavam os dois últimos mercenários. Estes, sem dúvida, eram os que deixavam o Mago mais desconfortável. O homem era conhecido como Specter e, a mulher, Ghost. Os dois tinham o rosto completamente cobertos por capuzes negros. O resto da armadura era a típica armadura do clã Blood Moon. Os dois não carregavam nenhuma arma ou, pelo menos, não as mostravam. Durante todo o caminho, o Mago não havia ouvido uma palavra vinda dos dois. Aquilo apenas o deixava mais inquieto por dentro.
Parecendo estar entediado, Overseer desembainhou sua espada e, com um gesto rápido, passou a lâmina pelo chão. O ruído de metal contra metal chamou a atenção de todos que, então, voltaram-se na direção de seu líder. Com um sorriso satisfeito no rosto, ele opinou:
Nós poderíamos parar de conversar e nos entreolhar agora, não, madames? Nesse instante, ele olhou diretamente para Judge. A guerreira desviou o olhar, mas o Mago havia percebido, apesar de não saber o porquê da repreensão direcionada diretamente a ela. Rapidamente, Overseer apontou sua espada em direção às ruas daquele local desconhecido. Vamos!
Antes que alguém pudesse dizer algo, entretanto, sons começaram a vir dos pontos mais profundos daquelas ruínas. Ecoando pela cidade, gemidos, latidos, rugidos e outros barulhos que ninguém parecia entender de que animais vinham soaram. Juggernaut, então, murmurou:
Você não precisa ser nenhum gênio para saber que isso é um mau sinal...
Eu nem sabia que teríamos animais aqui. Comentou Huntress
Muita coisa pode ter acontecido durante esses séculos neste local. Disse o Mago. Eu não me surpreenderia se houvessem seres vivos que conseguem sobreviver aqui.
Mas um feito miraculoso de sua criatura mitológica, Mago? Perguntou Silver.
Talvez... Ele respondeu, realmente começando a ponderar sobre tal possibilidade.
Só temos um jeito de descobrir, certo? Disse Overseer e, então, começou a andar em direção à cidade que, agora, eles sabiam que não era tão deserta assim.

Os mercenários se entreolharam. O Mago parecia perdido em seus pensamentos. Porém, após alguns segundos de reflexão, ele resolveu seguir Overseer, assim como os outros oito fizeram logo em seguida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário