Rumo ao Desconhecido
—
Eu suponho que nem mesmo você saiba sobre este lugar. — Disse um dos mercenários para o Mago. — Muito menos, sobre a civilização
que aqui vivia.
O Mago se voltou na direção de seu interlocutor. O
mercenário que falara com ele era aquele conhecido como Silver. Uma breve
introdução fora feita antes de todos partirem juntos para aquela missão, uma
vez que o Mago era aquele que pagaria pelos serviços.
Silver não devia ter chego aos seus trinta anos ainda. Ele
devia ter cerca de um metro e setenta e cinco de altura. Seu rosto exibia um
sorriso brilhante e charmoso. Seus olhos cor de mel não podiam esconder sua
personalidade ambiciosa. Seu cabelo castanho era curto, penteado para trás. Sua
armadura seguia o modelo da de seu líder. Entretanto, haviam algumas poucas
diferenças. Por exemplo, as partes reforçadas da armadura. Estas eram feitas de
prata, bem como o cinturão que ele usava e a adaga que ele carregava em uma
bainha, feita de couro negro, no esquerdo da cintura. Silver era canhoto.
Durante as lutas, ele deveria usar as outras armas que estavam em sua
disposição, firmadas em seu cinturão: os cristais. As dezenas de pedras, de
diversas cores e poderes, poderiam ser utilizadas rapidamente durante uma luta.
O Mago, serenamente, confirmou:
—
É verdade. O meu povo conviveu com essa civilização séculos atrás. Entretanto,
pouco é claro sobre eles. Informações podem ter sido perdidas ou, então, omitidas.
—
E você desconfia do seu povo, então? —
Perguntou uma das mercenárias.
Aquela que havia acabado de fazer a pergunta para o Mago
era Huntress. Ela, que não devia ter muito mais de vinte anos, tinha,
aproximadamente, um metro e setenta de altura. Sua pele era da cor de grãos de
café. Seus lisos cabelos negros chegavam até a altura de seus ombros. Seus
olhos mais pareciam duas esmeraldas. O rosto possuía traços belos e delicados.
Entretanto, a expressão em seu rosto evidenciava a sua determinação. A armadura
parecia uma versão mais leve da de Overseer, com as partes reforçadas pesando
menos, apesar de não serem tão resistentes. Pelo menos, assim, a armadura não
atrapalharia tanto os seus movimentos em batalha. Com um arco de carvalho
reforçado com aço e uma aljava de couro com vinte flechas, peso demais em seus
braços poderiam a levar a derrota. Disso, Huntress tinha certeza.
Por baixo de seu capuz, o Mago sorriu. Então, ele disse:
—
E você confia em tudo o que os seus governantes te falam?
Huntress riu baixo e, logo, admitiu:
—
É claro que não.
—
Mas o que exatamente você acha que o seu povo esconde, Mago? — Perguntou outro
mercenário.
Quem acabara agora de falar era Pierce. Ele não devia ter
mais de trinta anos de idade. Com mais de um metro e oitenta de altura, o homem
era relativamente magro, principalmente ao se tratar de um mercenário. A face tinha
traços delicados. Os olhos azuis escuros se assemelhavam à cor do céu noturno.
Os cabelos longos e ondulados eram dourados, entendendo-se até quase o meio de
suas costas. No rosto, a expressão de superioridade era nítida. Os reforços de
aço da armadura dele haviam sido tingidos de vermelho. Havia um florete preso
no lado esquerdo de sua cintura. A arma tinha uma longa lâmina prateada e um
punho ornado, mesclando prata com o mesmo aço vermelho de sua armadura.
O Mago deu de ombros, e, quase como em um murmúrio, ele
disse:
—
Algo sobre uma criatura mitológica. Um ser que bem poderia ser um deus apenas
pela destruição que ele causou tão facilmente.
—
Então quer dizer que foi essa coisa que eliminou toda essa civilização? — Perguntou Overseer.
—
Possivelmente. — O
Mago respondeu. Após suspirar, ele continuou. —
E, em caso afirmativo, essa criatura pode ter causado dano a outras civilizações.
Até mesmo, para as da atualidade. Isso explicaria assassinatos que foram
realizados sem deixar vestígios.
—
Isso já começa a soar como muita loucura. —
Disse, secamente, outra mercenária.
Judge era a nova interlocutora do Mago. A mulher tinha
mais de um metro e oitenta de altura. Ela parecia ter cerca de trinta e cinco
anos de idade. Seu rosto era sério. Os olhos verdes eram frios, sem brilho
algum. O cabelo castanho claro era curto e desgrenhado. Algumas poucas sardas
marcavam o seu rosto cor de alabastro. Diferentemente da maioria dos outros
mercenários, Judge trajava uma armadura pesada, completamente negra, feita de
aço. Entretanto, ele não usava um elmo. Judge acreditava que aquilo mais
atrapalhava do que ajudava, uma vez que sua visão no campo de batalha se
tornava limitada. No lado esquerdo da cintura, uma espada cinzenta de pouco
menos de um metro de comprimento estava embainhada. A bainha era feita de couro
negro. Nas costas, ela carregava um grande escudo cinzento com o símbolo de uma
lua vermelha no centro. O escudo, do jeito que estava, já conseguia proteger
completamente as costas da guerreira.
—
Você realmente vai falar de loucura com um mago? —
Perguntou Silver. Após balançar, levemente, a cabeça para a esquerda e a
direita, ele continuou a falar. —
Talvez você não tenha visto o que ele fez para abrir a passagem para esse
lugar...
—
Sinceramente, se um lugar como esse existe, eu não sei mais exatamente o que é
loucura. — Argumentou
Huntress.
Judge deu de ombros e, então, murmurou:
—
Que seja...
O Mago olhou para os quatro mercenários que não haviam
falado ainda. Talvez aqueles fossem os mais perigosos entre eles.
Um deles era o guerreiro conhecido como Juggernaut. O
homem tinha mais de dois metros e dez de altura. Sua armadura era do mesmo
modelo que a de Judge, com apenas a diferença do elmo. Juggernaut usava um capacete
negro que lhe cobria o rosto quase que por completo, apenas existindo uma fenda
em forma de uma letra “T” no elmo, permitindo que ele pudesse ver e respirar
sem problemas, além de impedir que os outros vissem a sua face. Nas costas, ele
carregava a sua arma. O comprimento da espada era quase a própria altura do
guerreiro. A arma de lâmina cinzenta tinha o punho negro.
Próximo de Juggernaut, estava aquele conhecido como
Psycho. Apesar de ter mais de um metro e noventa de altura, o homem não era tão
imponente. Entretanto, com certeza ele era ameaçador. Isso se devia ao jeito
como ele andava e, até, permanecia de pé, mantendo as costas curvadas, quase
como um animal prestes a dar um bote. Ele trajava a típica armadura do clã: couro
preto reforçada com aço. No rosto, entretanto, ele usava uma máscara. A peça
era feita de aço tingido de branco e, nela, havia um rosto dividido ao meio. A parte
direita mostrava, em vermelho, a metade da face de um demônio, louco, com um
largo sorriso pontudo. Enquanto isso, no lado esquerdo, estava a metade que
retratava o rosto de um anjo, serene, sem sorrir. Nas costas, Psycho carregava
dois machados idênticos. As armas, que tinham um metro de comprimento, pareciam
ser feitas de ferro comum. Entretanto, as lâminas arredondadas, manchadas de
sangue, pareciam muito bem afiadas.
Um pouco afastado do restante, estavam os dois últimos
mercenários. Estes, sem dúvida, eram os que deixavam o Mago mais
desconfortável. O homem era conhecido como Specter e, a mulher, Ghost. Os dois
tinham o rosto completamente cobertos por capuzes negros. O resto da armadura
era a típica armadura do clã Blood Moon. Os dois não carregavam nenhuma arma
ou, pelo menos, não as mostravam. Durante todo o caminho, o Mago não havia
ouvido uma palavra vinda dos dois. Aquilo apenas o deixava mais inquieto por
dentro.
Parecendo estar entediado, Overseer desembainhou sua
espada e, com um gesto rápido, passou a lâmina pelo chão. O ruído de metal
contra metal chamou a atenção de todos que, então, voltaram-se na direção de
seu líder. Com um sorriso satisfeito no rosto, ele opinou:
—
Nós poderíamos parar de conversar e nos entreolhar agora, não, madames? — Nesse instante, ele olhou
diretamente para Judge. A guerreira desviou o olhar, mas o Mago havia
percebido, apesar de não saber o porquê da repreensão direcionada diretamente a
ela. Rapidamente, Overseer apontou sua espada em direção às ruas daquele local
desconhecido. —
Vamos!
Antes que alguém pudesse dizer algo, entretanto, sons
começaram a vir dos pontos mais profundos daquelas ruínas. Ecoando pela cidade,
gemidos, latidos, rugidos e outros barulhos que ninguém parecia entender de que
animais vinham soaram. Juggernaut, então, murmurou:
—
Você não precisa ser nenhum gênio para saber que isso é um mau sinal...
—
Eu nem sabia que teríamos animais aqui. —
Comentou Huntress
—
Muita coisa pode ter acontecido durante esses séculos neste local. — Disse o Mago. — Eu não me surpreenderia
se houvessem seres vivos que conseguem sobreviver aqui.
—
Mas um feito miraculoso de sua criatura mitológica, Mago? — Perguntou Silver.
—
Talvez... — Ele
respondeu, realmente começando a ponderar sobre tal possibilidade.
—
Só temos um jeito de descobrir, certo? —
Disse Overseer e, então, começou a andar em direção à cidade que, agora, eles
sabiam que não era tão deserta assim.
Os mercenários se entreolharam. O Mago parecia perdido em
seus pensamentos. Porém, após alguns segundos de reflexão, ele resolveu seguir
Overseer, assim como os outros oito fizeram logo em seguida.
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