The Four Fists
Os
Quatro Punhos
As flechas atingiram a armadura negra de Tristan sem
causar nenhum tipo de dano. Os projéteis caíram no chão. Os arqueiros não
entendiam o que havia acontecido pela expressão no rosto deles. A aura sombria
de Tristan pulsava intensamente.
—
Eu posso criar um escudo com a minha própria aura. — O guerreiro das Trevas disse em um tom esnobe. —
É verdade que consumo muito energia assim, mas é bem útil em situações que não
tenho muito tempo para reagir, como agora. —
Ele riu e invocou duas adagas. —
E vocês? Conseguem?
Tristan arremessou as duas adagas contra o rosto dos
oponentes. As lâminas afundaram na testa de cada um dos inimigos. O guerreiro
das Trevas normalizou sua aura.
“Aparentemente, não, não conseguem”.
De repente, um virote passou a menos de um centímetro do
rosto de Tristan, acertando a garganta de um guerreiro que subia as escadas
para atacá-lo. O guerreiro das Trevas olhou de onde o projétil havia vindo. Ele
viu Lilith andando em sua direção. Apesar de a máscara cobrir a metade inferior
de seu rosto, seus olhos expressavam claramente a sua raiva.
—
Você tinha mesmo que alertar a todos tão rápido? —
Lilith indagou.
—
Eu perdi a paciência. —
Tristan admitiu. —
Não gosto de ficar brincando de ser furtivo por muito tempo.
—
Sei...
—
Matou quantos?
—
Dez.
—
Quem diria...temos um empate. —
Tristan sorriu.
Uma flecha passou a poucos centímetros entre os dois.
Arqueiros haviam se posicionado no pátio central da fortaleza e também nos
arredores. Guerreiros marchavam escadas a cima na direção de Tristan e Lilith.
Mais oponentes trajando armaduras de cristal saiam de dentro da fortificação.
—
Talvez seja melhor nos focarmos nesses novos inimigos. — Lilith afirmou.
—
É...e ver quem mata mais deles em um confronto direto. — Tristan acrescentou.
Ela assentiu com a cabeça e sorriu.
—
Vamos! — Lilith
exclamou.
Cada um seguiu para uma direção. O primeiro guerreiro com
armadura de cristal avançou contra ele com um escudo em uma mão e um machado
revestido por uma camada de chamas na outra. O inimigo atacou com um golpe um
giro, desferindo um ataque horizontal. Rapidamente, Tristan atacou com sua
espada a arma do oponente. A arma que emanava energia sombria derrubou a que
estava coberta por fogo. Com o impacto do golpe, o guerreiro da Tiamat perdeu o
equilíbrio, ajoelhando-se no chão. Antes que ele pudesse se levantar ou pegar
seu machado, Tristan desferiu uma estocada contra o pescoço do inimigo, atravessando-o
e tirando a vida do adversário.
“Fácil”.
Mais três inimigos vinham agora. O que vinha na frente
carregava uma maça em uma mão e nada na outra. Antes que Tristan pudesse
questionar a mão vazia, o membro da Tiamat a estendeu, lançando pequenas lâminas
de gelo na direção do guerreiro sombrio. Rapidamente, Tristan se transformou em
trevas para atravessar os ataques do inimigo em segurança e, por fim, ficar
frente a frente com o adversário. O seguidor do Deus do Gelo atacou
horizontalmente da esquerda para a direita com sua maça, apenas para ter o
ataque bloqueado pela espada de Tristan, posicionada na vertical, com sua ponta
virada para baixo. Antes que o oponente pudesse tentar realizar outro ataque, o
guerreiro das Trevas invocou uma adaga. Com um movimento rápido, ele cravou a
lâmina no lado direito do pescoço do adversário. Enquanto o corpo do inimigo
caia no chão e sangrava até a morte, Tristan encarou os outros dois guerreiros.
—
Vocês têm certeza de que querem me enfrentar? —
Tristan perguntou.
—
Não é uma questão de querer te enfrentar, ser das Trevas. — Um dos guerreiros disse.
Ele empunhava uma lança com ambas as mãos.
—
O nosso objetivo é derrotar a Luz e as Trevas com completo. — O outro guerreiro disse.
Este tinha uma espada em uma das mãos e um machado na outra.
—
Poupem-me de seus delírios! —
Tristan disse de maneira solene apesar de ter elevado seu tom de voz. — Vocês são apenas parte da
parcela irritante da população insatisfeita com tudo. Vocês afirmam que os dois
lados, Luz e Trevas, não são bons o suficiente. Vocês levam mais pessoas a
pensar como vocês. Vocês planejam mudar o mundo, erguer uma utopia onde antes
só havia caos. Vocês são imbecis! Vocês nem sabem como vão fazer isso. Vocês
afirmam saber como criar um mundo ideal para todos apenas para, quando
conseguirem, criarem um mundo perfeito...apenas para vocês. — O guerreiro das Trevas
riu. — Aliás...nem
sei se vocês, soldados, fazem parte desse grande plano. Não finjam que não
sabem. Vocês são prescindíveis, é óbvio. É por isso que vocês estão aqui nessa
linha de frente. Vocês dizem lutar por um ideal...mas que, tragicamente, apenas
o levaram a morte. Vocês não estão vivendo, estão apenas sobrevivendo. Suas
vidas miseráveis não têm sentido. Vocês nasceram para morrer, sem nenhuma grande
expectativa. Destino funesto, não?
Os guerreiros pareciam paralisados pelas palavras que
acabaram de ouvir. Tristan ouviu uma flecha sendo disparada a alguns metros
abaixo dele. Rapidamente, ele se virou e pegou o projétil com a mão esquerda.
Quando a flecha começou a brilhar um tom escarlate, Tristan a arremessou contra
o abdômen do inimigo. A explosão resultante abriu um buraco na armadura no
arqueiro e também em sua barriga. O inimigo caiu no chão enquanto seu sangue
escorria e suas tripas começavam a escapar pela nova abertura. Tristan olhou
para os dois guerreiros a sua frente. Eles ainda estavam estáticos.
“Nossa...eu nunca havia ganho uma luta assim...”.
Tristan se transformou em trevas e seguiu para fora da
fortaleza, lugar onde muitos arqueiros haviam se reunido. Rapidamente, ele foi
de um em um, atacando as gargantas deles com sua espada, decapitando o
primeiro, dilacerando a garganta do segundo e atravessando o pescoço do
terceiro com uma estocada. Quando foi em direção ao quarto, o oponente jogou o
arco no chão e sacou duas adagas da parte de trás de sua cintura. O guerreiro
que trajava a armadura de cristal desferiu uma seqüência de ataques vorazes com
as lâminas, girando o próprio corpo no sentido horário e avançando contra
Tristan. O guerreiro das Trevas apenas se deslocava a passos largos para trás,
esperando uma brecha do inimigo. Após alguns segundos, o guerreiro que manejava
as adagas cambaleou para o lado direito.
“Ficou tanto de tanto girar, hein?”.
Aproveitando a oportunidade, Tristan atacou verticalmente
para baixo com sua espada, decapitando o inimigo.
“Com esse...são dezessete mortes ao todo. Será que eu
mato os dois confusos lá em cima?”.
De repente, um guerreiro da Tiamat pulou do andar
superior da barreira para cima de Tristan.
—
Morra! — O guerreiro
com a armadura de cristal bradou. Ele segurava uma espada com as duas mãos. A
arma era um pouco menor que o próprio guerreiro que tinha pouco mais de dois
metros de altura.
Tristan golpeou o abdômen do inimigo com sua espada. O
ataque não foi forte o suficiente para causar danos à armadura, mas o impacto
foi o bastante para fazer com que o guerreiro largasse a própria espada e fosse
lançado um metro para trás, em direção a parede da fortificação. Antes que o
membro da Tiamat pudesse se levantar, Tristan arremessou uma adaga. Entretanto,
o guerreiro posicionou seu braço na frente de sua garganta, bloqueando o ataque
letal.
“Até que ele não é tão burro assim...”.
O guerreiro da Tiamat se levantou e correu na direção de
Tristan mesmo estando desarmado.
“Acho que me enganei...”.
O guerreiro rugiu ao desferir o soco, acertando o ar, já
que Tristan havia surgido atrás dele após uma transformação rápida em trevas. O
guerreiro sombrio tocou nas costas do adversário, deixando a marca vermelha das
Trevas no inimigo. Rapidamente, Tristan ativou a detonação do seu ataque,
abrindo um buraco nas costas de seu inimigo. Porém, a pele das costas dele só
estava levemente chamuscada.
—
Você é bem resistente. —
Tristan admitiu. — O
que é bom. Já estava ficando entediado de enfrentar gente fraca.
—
Você se acha forte!? —
O guerreiro da Tiamat indagou com um rugido.
—
Eu diria que sim.
—
Patético! Você não sabe o que é força! Eu vou te mostrar o que é força!
De repente, as águas que corriam nos rios começaram a se
agitar. Ao levantar as mãos, o guerreiro elevou um volume de água enorme no ar.
—
Eu sou Wasserfaust! —
O guerreiro bradou. —
Tema esse nome! Esse é o nome daquele que vai te matar!
Wasserfaust arremessou o volume de água contra Tristan,
que rapidamente se transformou em trevas e se deslocou para trás. Antes que
Tristan pudesse tentar realizar qualquer tipo de ataque, o seguidor da Deusa da
Água fez com que todo o líquido que ele havia arremessado se aglomerasse em
volta dele, formando uma barreira azul celeste em forma de meia esfera.
—
O seu plano é se esconder agora? —
Tristan indagou.
—
Morra, verme! — Uma
voz bradou atrás do guerreiro das Trevas.
Tristan se transformou em trevas e se deslocou para a
direita. O novo oponente tinha a mesma altura de Wasserfaust. Tal qual o
aliado, ele manejava uma arma quase tão grande quanto ele próprio. Entretanto,
sua arma era um martelo de guerra.
—
Feuerfaust! —
Wasserfaust bradou através da barreira, fazendo com que sua voz ficasse um
pouco sufocada. — Não
subestime esse aí! Ele é bem forte até!
—
Sério? — Feuerfaust
olhou para Tristan. —
Não parece. Acho que você é quem está ficando mole, meu irmão!
Rapidamente, Tristan desapareceu em forma de trevas.
—
Fugindo? — Feuerfaust
riu. — Que patético!
Tristan surgiu acima de Feuerfaust, tocando no topo do
elmo do inimigo com ambas as mãos, deixando duas marcas das Trevas no local.
Porém, o guerreiro das Trevas teve sua perna pega por uma das mãos do oponente.
—
Não é tão rápido assim, pelo visto. —
Feuerfaust riu maquiavelicamente e arremessou Tristan contra o chão, acertando
a face de Tristan em uma pedra. —
Morra!
O seguidor do Deus do Fogo golpeou o guerreiro das Trevas
nas costas com seu martelo, mantendo a arma sobre o oponente, segurando Tristan
no chão.
—
Pronto irmão? —
Feuerfaust perguntou.
—
Pronto! — Wasserfaust
bradou.
Feuerfaust arremessou Tristan em direção ao irmão. Em uma
fração de segundos, toda a barreira de água se desfez e se chocou contra
Tristan, jogando-o dez metros para o ar.
“Eu não esperava por essa...”.
Em seguida, Feuerfaust lançou uma bola de fogo com mais
de dois metros de diâmetro contra Tristan. A luz da explosão quase cegou os
irmãos. Os dois riam maniacamente com o resultado do ataque combinado.
—
Será que ele foi desintegrado? —
Wasserfaust perguntou enquanto ainda ria.
—
É bem provável! —
Feuerfaust respondeu gritando.
Os dois riam quando, de repente, o elmo de Feuerfaust
explodiu, deixando a cabeça do seguidor do Fogo ensangüentada.
—
O que foi isso!? —
Wasserfaust indagou.
A resposta veio com Tristan surgindo acima de seu irmão,
cravando sua espada na cabeça dele. Antes que Wasserfaust pudesse fazer
qualquer coisa, o guerreiro das Trevas apareceu atrás dele, desferindo uma
estocada através do buraco em suas costas. Wasserfaust caiu de joelhos.
—
Eu sou praticamente a prova de fogo. —
Tristan disse. — Isso
porque eu controlo muito bem as chamas. Veja.
O guerreiro das Trevas surgiu na frente de Wasserfaust e
retirou o elmo que protegia seu rosto. A expressão de medo parecia improvável em
um rosto com traços fortes e queixo quadrado, mas ela estava acontecendo.
Tristan invocou chamas negras em ambas as mãos e, então segurou o rosto do
oponente, tapando a boca dele, abafando seus gritos de agonia enquanto seus
cabelos negros queimavam e sua pele branca derretia.
“Bem...vamos ver como a Lilith está se saindo”.
Tristan subiu até o topo da barreira do primeiro andar do
forte. Os dois guerreiros que estavam paralisados agora estavam mortos, cada um
com um virote no pescoço.
“Até que eu fui misericordioso dessa vez. Já a
Lilith...”.
Tristan olhou para dentro do forte. A porta estava
aberta.
“Lilith...?”.
Tristan avançou para dentro do local. A estrutura
esculpida a partir da pedra era ainda mais impressionante e detalhada no lado
de dentro da fortaleza. Um guerreiro gigante estava caído com a cabeça
encostada na parede. Um machado enorme estava jogado ao seu lado. Mais adiante,
Lilith lutava contra outro guerreiro gigantesco. Esse usava uma lança e parecia
enfurecido.
—
Você vai pagar pelo que você fez ao meu irmão Windfaust! — Exclamou o guerreiro.
—
Você nem consegue me alcançar, Bodenfaust. —
Lilith zombou. — Boa
sorte em tentar me matar.
A Caçadora de Anjos pulou para trás em um salto mortal e
atirou um virote contra o oponente. Bodenfaust bloqueou o projétil com a mão e
desferiu mias um ataque reto com a lança. Lilith desviou do ataque e, sem
brechas para um ataque com suas katares, foi forçada a continuar desviando.
“Parece que ela precisa de ajuda...”.
Tristan canalizou sua energia e invocou duas adagas
escarlates. Quando Lilith desviou de um atauqe de Bodenfaust e se deslocou para
a esquerda, o guerreiro que trajava a armadura de cristal pôde olhar
diretamente para o guerreiro das Trevas, bem como para as lâminas que seguiam
contra o seu peito. A explosão abriu um buraco no peitoral da armadura do
membro da Tiamat, além de chamuscar sua pele.
—
Maldição! —
Bodenfaust gritou de dor e caiu para trás.
Lilith olhou na direção de Tristan.
—
Vai logo. — Disse
Tristan, sorrindo. —
Acaba com ele!
Bodenfaust colocou as duas mãos no piso. De repente, um
abalo sísmico causou um impacto em todo o lugar, balançando o chão onde Tristan
e Lilith estavam.
—
Boa tentativa...mas você é quem vai morrer! —
Lilith bradou.
A caçadora pulou e pousou em cima do inimigo. Com as duas
katares, Lilith golpeou o peitoral exposto do adversário. As armas afundaram na
pele de Bodenfaust enquanto ele gritava pela última vez.
—
Nada mal. — Tristan
disse com um sorriso.
Lilith riu.
—
Obrigada pela ajuda. —
A caçadora disse. — Não
teria conseguido sem você.
—
Eu sei. — Tristan
disso em um tom metido. —
Mas...aquele outro...? —Tristan
apontou para o guerreiro jogado no chão junto a uma parede.
—
Windfaust. Ele está desacordado. Usei uma das magias mais fortes que eu
conheço. Quase me esgotei. Tive que tomar minha poção, mas...eu só o deixei
desacordado.
—
Entendo. Bem...já que eu não tomei minha poção ainda...acho que eu fazer
algo...diferente.
A espada de Tristan emanava energia sombria. De repente,
ela começou a emitir uma luz vermelha.
—Acho
que está bom já. —
Disse Tristan.
—
O que você...? —
Lilith começou a perguntar quando Tristan se transformou em trevas.
O guerreiro sombrio surgiu na frente de Windfaust. O
membro da Tiamat estava voltando a si.
—
Onde...? Como...? —
Windfaust balbuciava. Ele parecia entender o poder que estava na frente dele. — Quem é você!?
—
O seu fim. — Tristan
disse solenemente. —
Volte a dormir...
O guerreiro sombrio desferiu um ataque vertical para
baixo com sua espada. O golpe atingiu o elmo de Windfaust. Com o contato, uma
explosão de chamas negras envolveu a área em volta deles. Lilith deu um passo
para trás. Com o impacto da explosão, ela quase foi arremessada para trás,
mesmo estando distante da esfera de fogo que havia se formado.
“Acho que agora já está bom”.
Tristan surgiu na frente da Lilith.
—
Gostou? — O guerreiro
das Trevas perguntou com um sorriso no rosto.
—
Achei meio exagerado.
Os dois riram.
—
As chamas vão continuar até quando? —
A caçadora perguntou.
—
Elas só param quando eu perder todas as minhas energias. — Disse Tristan. — Ou quando eu quiser. — Ele sorriu.
—
Entendo...
—
Quer que eu as apague?
—
Sim. Quero ver como o Windfaust está depois disso.
—
Bem...não sei se você vai gostar do resultado.
—
Por quê?
—
Veja por si mesma.
Com um estralar de dedos, Tristan apagou as chamas.
Lilith andou até o local.
—
Não tem nada aqui... —
A caçadora disse.
—
Eu sei. — Tristan
sorriu.
—
Você...o cremou.
Tristan assentiu.
—
Eu teria medo de você se você não fosse meu aliado. — Lilith admitiu.
Tristan riu. Ele invocou sua poção e a tomou.
—
Então...sobre a nossa disputa...quem ganhou? —
Perguntou Tristan.
—
Você derrotou esses dois sozinho. —
Lilith disse. — Acho
que isso garante sua vitória.
—
E derrotei mais dois desses lá fora também.
—
Exibido.
Tristan riu.
—
Bom...vamos voltar para Nidhogg agora?
Lilith sorriu e assentiu com a cabeça. Ela se segurou em
Tristan e os dois se transformaram em trevas e desapareceram.
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