Assault To The
Fort
Assalto
à Fortaleza
Tristan chega a menos de cem metros do forte inimigo.
“Bem...vamos ver...”.
A estrutura era constituída por pedras brancas. As
paredes do local eram altas, mas o forte em si não era muito grande. A única
porta de acesso era um portão de barras de metal, como lanças. Era possível avistar alguns soldados andando
pelo andar superior do lugar.
“Até que poderia ser pior. Isso vai ser rápido”.
Tristan inspirou o ar frio da planície que era preenchido
pelo perfume de lavanda. Olhou para cima e contemplou o céu azul e límpido, sem
nenhuma nuvem.
“Vamos começar a carnificina”.
Transformando-se em trevas, Tristan subiu direto para o
segundo andar do forte, diretamente atrás de um soldado. A armadura de aço do
oponente cobria quase todo seu corpo, com a exceção de algumas juntas. Sem
dificuldade, Tristan sacou sua espada e cortou a garganta do guerreiro.
“Fácil”.
De repente, um círculo branco surgiu cobrindo a área em
volta e dentro do forte. Um padrão de encantamentos estava escrito por quase
metade do círculo. Na área central, havia o desenho de um grifo.
—
Você! — Um homem
bradou. A voz vinha da parte mais alta do forte. Um homem usando uma armadura e
capa brancas com detalhes em dourado sorria. Seu elmo não cobria a parte de
baixo do rosto, então sua boca podia ser vista sem problemas. — Enviado das Trevas! Não
posso afirmar exatamente onde você está, mas sei que está aqui nesse forte. Eu
posso sentir sua presença maligna. A escuridão transborda de você, ser vil.
Dentro desse círculo que eu mesmo conjurei você não tem poder! Boa sorte em tentar
matar meus homens e eu sem sua magia!
“Como...? Ótimo. Ele não é só um nobre que se aliou a Luz
por segurança ou por motivos políticos. Ele é um seguidor da Luz. Bem
talentoso, pela magia que conjurou. Astaroth não me contou nada disso. Espero
que ele não soubesse disso também, caso contrário vou ter que ter uma
conversinha com ele depois...”.
Tristan se transformou em trevas. Futilmente, avançou
apenas um metro e se cansou. Ele bufou e trincou os dentes.
“A magia dele realmente me enfraqueceu. Esplêndido! Isso
vai ser muito mais divertido...”
Ao olhar para frente, Tristan viu que um guarda se
aproximava. Ele usava a mesma armadura que o outro soldado.
“Bem...vamos tentar fazer uma adaga...”.
Três segundos depois, Tristan conseguiu uma adaga das
sombras.
“Isso não vai ser fácil. Vou ter que ser bem furtivo
dessa vez”.
Tristan arremessou a adaga no pescoço do guarda antes que
ele pudesse vê-lo. O oponente caiu morto com o ataque. Tristan correu até ele e
retirou a adaga de seu pescoço.
“Não posso ficar gastando muitas dessas. Não sei quantas
mais vou conseguir fazer. Ou se vou conseguir fazer mais alguma”.
Ao olhar para o outro lado da barreira, Tristan viu mais
três guardas, todos armados com arcos.
“Vou ter que me livrar desses antes”.
Andando agachado, Tristan se esgueirou para trás de uma
caixa com armamentos. Ele viu os três inimigos em linha reta.
“Agora é só esperar a hora certa...”.
Quando o arqueiro mais distante se virou para o pátio
dentro do forte e o outro, que não estava nem perto nem longe de Tristan,
virou-se para olhar o lado de fora da fortificação, o guerreiro das Trevas
agiu. Rapidamente, Tristan saiu de trás da caixa e arremessou sua adaga da
garganta do arqueiro mais próximo antes que ele pudesse dizer qualquer coisa.
Então, pegando o arco e uma flecha do guarda, Tristan acertou a nuca do guarda
que olhava para fora do forte, derrubando-o para fora do local. Virando-se na
direção do estrondo metálico proveniente da queda do soldado, o arqueiro mais
distante voltou a olhar para a muralha, avistando um vulto de Trevas.
“Droga”.
Tristan pegou sua adaga de volta e arremessou-a no
oponente. Porém, antes que a arma rasgasse sua garganta, o arqueiro conseguiu
soltar um grito, alertando os outros soldados do local.
—
Ali está o Demônio! —O
nobre gritou enquanto apontava para Tristan. —
Guardas! Matem-no! Aproveitem enquanto ele está enfraquecido!
“Maldição!”
Do alto do forte, juntos do nobre, dois arqueiros
preparavam suas flechas. Subindo as escadas para a muralha do forte, seis
guerreiros brandiam suas armas e urravam. Tristan desviou do primeiro ataque
dos arqueiros esquivando-se em forma de trevas. Entretanto, os guerreiros
haviam alcançado o guerreiro das Trevas.
“Bem...vamos parar de ser furtivos”.
Tristan sacou sua espada e golpeou horizontalmente o
primeiro inimigo na cintura antes que ele pudesse tentar atacar, jogando-o em
seguida para o andar de baixo do forte. O guerreiro que veio atacar em seguida
carregava uma espada e um escudo. Ele atacou com rapidamente com uma seqüência
de três espadas, todas bloqueadas pela própria espada de Tristan. Rapidamente,
o guerreiro das Trevas golpeou a mão que segurava a espada do inimigo,
forçando-o a derrubar a arma e erguer o escudo.
—
Patético. — Disse
Tristan. — É uma pena
que eu tenha que perder tanto tempo com vermes como vocês.
Tristan chutou o escudo do inimigo, derrubando-o para
trás, levando ao chão outros dois guerreiros. Ao ouvir o som de flechas sendo
disparadas logo acima, Tristan se transformou em trevas e surgiu logo atrás dos
dois guerreiros que ainda estavam em pé.
—
Muito lentos. — O
guerreiro das Trevas disse.
Antes que pudessem se virar, Tristan acertou com sua
espada uma estocada na nuca do guerreiro que estava à direita. O outro brandiu
seu machado de duas mãos e atacou horizontalmente. Tristan pulou por cima da
arma e aterrissou a esquerda do guerreiro. Rapidamente, ele ficou sua espada
sombria no pescoço do guarda e o empurrou para o pátio central da fortificação.
Os três guerreiros se levantaram recuperados do chute de Tristan.
“Isso está me tomando muito tempo”.
Um guerreiro avançou com uma espada que tinha quase um
metro e meio de comprimento. Ele atacou verticalmente de cima para baixo.
Tristan deu um passo para o lado e desviou do ataque. Rapidamente, o guerreiro
das Trevas pisou em cima da arma, impedindo que o guarda pudesse levantá-la.
—
Lastimável. — Tristan
disse enquanto olhava para os olhos do inimigo através das frestas do elmo.
Eles estavam cheio de medo, o que fez com que o guerreiro das Trevas abrisse um
leve sorriso.
Com um golpe horizontal rápido, Tristan cortou a garganta
do oponente e, em seguida desviou de mais duas flechas pulando para trás. O
próximo guerreiro carregava dois machados e corria em direção de Tristan com as
armas levantadas, preparadas para um ataque duplo.
—
Ridículo...suas guarda está totalmente aberta, seu verme! — Tristan quase rugiu.
Com uma estocada rápida, Tristan jogou o inimigo para
trás e o forçou a derrubar os machados. Com uma seqüência de três estocadas no
mesmo ponto da armadura do guarda, o guerreiro das Trevas abriu uma fresta na
defesa do oponente. Antes que pudesse finalizar o inimigo, o guarda que portava
agora apenas um escudo investiu contra Tristan.
—
Sem comentários. —
Disse Tristan.
Ele surgiu atrás do guarda com o escudo e o chutou nas
costas com os dois pés, usando sua espada como apoio no chão. O guerreiro foi
lançado para fora do forte, caindo na planície do lado de fora com o som
metálico de sua armadura atingindo o solo. Tristan se virou em direção ao
guarda com a armadura fissurada. O oponente estava parado sem saber o que
fazer.
—
Se você se render, eu te deixo viver. —
Tristan disse enquanto se transformava em Trevas para desviar de mais duas
flechas. — O que você
acha?
—
Sim! Eu me rendo! Só me deixe viver! —
Respondeu o guarda. O medo estava claro em sua voz.
—
Ótimo. — Tristan deu
um leve sorriso. —
Agora corra! —
Tristan apontou para as escadas de onde ele havia vindo.
Sem objeções, o guerreiro fugiu.
—
Covarde! — O nobre
gritou! — Arqueiros,
matem logo esse Demônio!
Tristan pegou a adaga que havia arremessado em um
arqueiro e a arremessou em um dos arqueiros.
—
Não! — O nobre
bradou. — Acabem logo
com ele!
O arqueiro remanescente atirou sua flecha. Com um
movimento rápido, Tristan pegou a flecha.
—
Tente de novo. — O
guerreiro desfiou o arqueiro.
Com as mãos trêmulas por não acreditar no que havia
presenciado, o arqueiro preparou outra flecha. Ele atirou a flecha e,
rapidamente, Tristan soltou sua espada para pegar a outra flecha.
—
Se quiser tentar de novo, não tem problema. —
Tristan zombou.
Maldito! —
O arqueiro exclamou. —
Agora você não tem como segurar mais nenhuma flecha!
—
Verdade. — Tristan
concordou. — Mas
também não será preciso.
Tristan envolveu as duas flechas com um pouco de seu
poder das Trevas. Antes que o arqueiro preparasse outro ataque, o guerreiro
arremessou as duas flechas na direção de seus inimigos. Uma acertou a garganta
do arqueiro. A outra foi bloqueada com o florete do nobre.
—
Verme! — O nobre
gritou. — Como ousa!?
—
Acalma-se. — Disse
Tristan. — Guarde sua
indignação para quando eu subir ai.
Tristan desceu para o pátio central do forte.
Transformando-se em trevas, ele atravessou uma porta que dava para o interior
da fortificação. Uma sala o separava de uma escada em espiral que deveria levar
ao topo do forte. Nessa sala, os últimos sete guerreiros o aguardavam.
—
Espero que isso valha o meu tempo. —
Disse Tristan olhando todos os sete guerreiros que brandiam suas armas.
Os sete se movimentaram pela sala. Tristan apenas
observava. Quando eles pararam de se mover, haviam formado um círculo em volta
do guerreiro.
—
Muito bem. — Disse
Tristan ao ver a formação inimiga. —Agora,
venham!
Todos os guerreiros avançaram de uma vez. Tristan pulou
para trás, aterrissando nos ombros do guarda mais alto. Com um golpe na
garganta, o guerreiro das Trevas matou o guarda e, transformando-se em trevas,
surgiu atrás de outro inimigo. Girando o corpo em sentido horário, Tristan
desferiu um ataque que decapitou o soldado.
—
Já foram dois. — O
guerreiro sombrio disse isso enquanto olhava para os inimigos remanescentes. —Posso sentir o medo de
vocês no ar. Posso quase tocá-lo, saboreá-lo. —
Tristan riu. — Ainda
insistem em lutar?
—
Mas é claro! — Um
guerreiro bradou e avançou com sua clava e escudo.
O guerreiro atacou verticalmente de cima para baixo.
Tristan golpeou a arma de madeira com sua espada, separando a parte recoberta
por espinhos da base que estava em sua mão. Antes que o oponente pudesse
entender o que havia acontecido, Tristan cortou sua garganta em uma fração de
segundos.
—
Alguém mais? —
Tristan perguntou. —
Alguém mais acha que vale a pena morrer pelo nobre cretino que está se
escondendo enquanto vocês perdem a vida inutilmente?
Os guerreiros se entreolhavam.
—
É óbvio que não queremos morrer. —
Disse um dos soldados. —
Mas esse é nosso trabalho. Nosso ganha-pão. É assim que sustentamos a nós
mesmos. É assim que sustentamos nossa família. Não podemos voltar para casa de
mãos vazias.
—
Podemos não ser adeptos à Luz como o nobre que temos que proteger, mas devemos
nos aliar a um dos lados. —
Disse outro soldado. —
Nós temos que nos aliar a um dos lados para conseguirmos emprego, entende?
—
E nós não pretendemos nos aliar às Trevas. —
Disse um terceiro. —
Não queremos ser assassinos.
—
Também nos queremos servir de guarda-costas para pessoas podres de caráter. — Disse o último guarda. — Os nobres da cidade de
Nidhogg são assassinos aposentados que fizeram fortuna durante a juventude. Ou
ainda ladrões que seguiram uma trajetória parecida. Ou então grandes traficantes.
Ou ainda chefes de guildas de mercenários. Donos de bordéis.
—
E todos incluem suas famílias nessa vida. —
O primeiro acrescentou. —
Todos arrastam seus filhos para essa vida. Futuras gerações de assassinos,
ladrões, mercenários, traficantes e outros criminosos são moldadas todo dia.
—Poupem-me
de seus discursos moralistas. Vocês acham que a Luz é perfeita? — Tristan questionou. — Vocês acham que a Luz não
derramou sangue por interesse próprio? Sangue de inocentes? Vocês acham que
ninguém age por interesse próprio pelo menos uma vez na vida, ciente do fato de
que outra vida será prejudicada?
—
Nós sabemos que a Luz não é totalmente bondosa. —
O segundo respondeu. —
Leviathan não é totalmente bondoso. Isso é fato.
—
Nós apenas escolhemos o lado que julgamos melhor. — Acrescentou o quarto guerreiro. — Escolhemos os lados que
os valores julgamos como melhores, mais éticos, entendeu?
—
Patéticos. — Tristan
disse com desdém. —
Talvez vocês passem o resto de suas vidas sem entender. A Luz não é melhor que
as Trevas, muito menos mais ética. Ambos são podres. Ambos apresentam boas
propostas, uma boa imagem. Mas isso não significa nada. Nada do que os dois
lados falam podem ser aceitos como máximas ou como dogmas. Vocês tem que
aprender a ser mais...flexíveis. Aceitem os dois lados e, ao mesmo tempo,
nenhum. Aliem-se a quem é melhor em determinado momento para vocês. Não se
sujeitem à Luz ou às Trevas. Deixem que eles se sujeitem a vocês.
—
Então me responda algo. —
Pediu o terceiro guarda. —
Por que você se aliou às Trevas?
—
Porque Nidhogg me prometeu algo muito importante. — Tristan suspirou. — Ele prometeu trazer minha amada Isolde de
volta. Ela morreu durante um ataque bárbaro à cidade de White Plains. Nós
éramos aliados de Leviathan. E ele não fez nada para ajudar.
—
Então é por isso que você é leal a Nidhogg? —
O primeiro soldado queria confirmar.
—
Sim. Mas apenas temporariamente. Já fui leal a Luz. Por interesse. Eu era um
guerreiro de White Plains. Queria proteger minha terra. Queria ascender no exército.
Foi por isso. —
Tristan olhava para o nada. —
Sou leal a Nidhogg temporariamente. Pelo menos eu acho. Sou seu Escolhido
agora. Tenho poderes inimagináveis por causa dele. Depois que ele trouxer minha
Isolde de volta, não sei se continuarei a ser aliado dele. Posso até me aliar a
Leviathan para combater Nidhogg. Por que não? Tudo dependerá da proposta dele
e, também, de meu interesse.
Os guerreiros olhavam para Tristan sem dizer nada, nem
uns para os outros.
—
Dei a vocês muito o que pensar, não? —
Tristan abriu um pequeno sorriso. —
Pensem o quanto for preciso. Vocês perceberão que estou certo, espero eu. — Tristan suspirou. — Bem...eu tenho que
terminar meu trabalho. Vão embora. Ou fiquem aqui, caso prefiram.
Tristan subiu as escadas enquanto ouvia os soldados
discutirem.
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