New Foes
Novos
Inimigos
—
Começamos bem, hein? —
Astaroth surgiu das sombras ao lado de Tristan. —
Nossa! — O Demônio
metálico se admirou ao olhar o estrago que estavam fazendo na cidade. — Civis correndo e
chorando. Guardas totalmente perdidos. Poucos seguidores da Luz fazendo algo
realmente útil contra nós...mas morrendo rapidamente contra nossos enxames. E
ali temos? — Ele
apontou para os céus na direção de um Demônio. A criatura voava quase rente ao
solo. Com um adaga em cada mão, o ser das Trevas retalhava gargantas e decepava
cabeças. Suas asas negras se agitavam pelos céus. — É o Shadowing, não é?
—
Conhece mais alguém que poderia fazer tamanho estrago enquanto voa? — Tristan falou com um
sorriso vitorioso no rosto.
—
É verdade...
—
Você não vai se juntar ao massacre.
—
Mas que pergunta idiota! É claro que vou! Essa peça não teria a mesma graça sem
minha performance. —
Astaroth sorria como uma criança ao pensar em quanto sangue poderia derramar. — Por mais que, nesse caso,
pareça ser um monólogo. —
Ele riu. — Nem eu
imaginava que seria tão humilhante para eles!
—
Verdade. — Tristan
concordou. — Então, o
que faz aqui?
—
Só vim elogiar a estratégia. Eu teria comandado um ataque direto contra o
lugar. Isso causaria muitas mortes desnecessárias do nosso lado, por mais que
fosse mais divertido.
—
Você me elogiando? —
Tristan parecia genuinamente surpreso. —
Isso é realmente algo que não se ouve todos os dias.
—
Aceita a droga do elogio, brinquedinho do Nidhogg.
Ambos riram.
—
Certo. — Astaroth
coçava o queixo enquanto olhava para a cena de destruição. — Acho que é melhor nos
juntarmos logo ao ataque, não é?
—
Sim. — Tristan
concordou. — Vamos!
Astaroth desapareceu nas sombras enquanto Tristan se
transformou em trevas e surgiu junto ao grupo de cinco guardas que tentavam
resistir um ataque de dois Demônios.
—
Como!? — Um guarda
exclamou ao ver o guerreiro das Trevas aparecendo de repente a sua frente.
Com um movimento rápido, Tristan invocou sua espada e com
um ataque horizontal decapitou o guarda.
—Então,
acho melhor deixar esses por conta de Tristan, não acham? — Um dos Demônios comentou
rindo.
—
Sem dúvida! — O outro
Demônio respondeu.
Os dois Demônios voaram para longe, em direção a mais um
grupo de guardas, enquanto os quatro guerreiros tentavam cercar Tristan.
—
Muito bem. — Tristan
disse. — Mostrem-me o
que vocês sabem fazer!
Os quatro guerreiros remanescentes correram na direção de
Tristan ao mesmo tempo. Todos brandiam suas espadas. Tristan riu. Com um único
giro, o guerreiro sombrio atacou com sua espada em um círculo, atravessando a
armadura dos inimigos, atingindo o abdômen e alguns órgãos internos dos
oponentes.
“Patéticos”.
Os quatro caíram ao mesmo tempo. Rapidamente, Shadowing
pousou na frente de Tristan.
—
Surgiu um pequeno imprevisto. —
O Demônio encapuzado disse.
—
Como assim? — Tristan
indagou.
—
Vamos até o portão principal da cidade.
Em um instante, Tristan se transformou em trevas e surgiu
no local informado por Shadowing. Uma nova tropa de cerca de vinte guerreiros
havia chegado. O Demônio encapuzado pousou ao seu lado.
—
Esses parecem bem mais fortes. —
Shadowing constatou.
Os guerreiros trajavam armaduras que pareciam feitas de
cristal, alguns azuis, outros verdes e outros ainda brancos. As armas que
empunhavam também pareciam feitas do mesmo material que as armaduras, inclusive
as flechas.
—
Mas esses não são seguidores da Luz. —
Tristan disse.
—
Como assim? —
Shadowing perguntou intrigado. —
Eles estão atacando os Demônios!
—
Mas não para proteger a cidade. Só estão nos atacando porque estamos no
caminho. O objetivo deles também é atacar a cidade.
—
Como você sabe disso?
—
Já ouvi falar deles. São uma organização bem poderosa, mesmo sendo bem recente.
Eles reúnem seguidores de vários deuses pagãos. Eles se aliaram apesar das
diferenças para enfrentar os inimigos em comum, a Luz e a Trevas. Eles vieram
atacar a cidade muito provavelmente pelo mesmo motivo que nós.
—
Ai eles aproveitam que nós também estamos aqui e nos atacam também.
—
Exatamente.
—
Bem...vamos atacá-los?
—
Obviamente. — Tristan
sorriu. — Mas não
abaixe a guarda nem por um instante.
—
Certo.
Os dois avançaram rapidamente na direção dos inimigos. Em
um instante, Tristan estava cercado por três guerreiros com armadura de
cristal.
—
Ora, ora. Se não é o próprio Escolhido do Lorde das Trevas. — Um dos guerreiros disse
em tom de escárnio. —
A que devemos essa honra?
—
Eu e os outros Demônios viemos aqui para massacrar essa cidade e todos os
seguidores da Luz que haviam se reunido aqui. —
Disse Tristan. —
Imagino que vocês vieram fazer o mesmo.
—
Exatamente! —
Confirmou outro guerreiro.
—
Só não esperávamos encontrar vocês, seres das Trevas, andando por aqui. — Disse o terceiro
guerreiro. — Bem,
assim é melhor.
—
Assim podemos esmagar um pouco da Luz e das Trevas no mesmo dia. — Concluiu o segundo.
—
Então é assim, hein? —
Tristan olhava para os três oponentes enquanto girava sua espada em sua mão
direita. — Ótimo. Só
tenho uma pergunta para vocês antes.
—
Que seria...? —
Indagou o primeiro guerreiro.
—
Qual o nome da organização de vocês? —
Perguntou Tristan.
—
Tiamat. — Respondeu o
terceiro.
—
Ótimo. — Tristan
falou. — Já tinha ouvido
esse nome antes, mas sempre me esqueço. É sempre muito difícil para eu me
lembrar de nomes insignificantes como o de sua organização, seus vermes.
—
Maldito! — O segundo
guerreiro exclamou e avançou na direção de Tristan. — Vou te ensinar a ter respeito!
O segundo guerreiro atacou com seu machado de duas mãos.
Apesar do peso da arma, os ataques dele eram rápidos. Uma seqüência de ataques
na horizontal, vertical e diagonal foi desferida contra Tristan. O guerreiro
das Trevas bloqueava cada ataque com sua espada sem nenhuma grande dificuldade.
—
Chega! — O guerreiro
com o machado bradou. —
Morra logo!
O segundo guerreiro ergueu a arma acima de sua cabeça e a
desceu contra Tristan em um ataque violento. Rapidamente, Tristan se
transformou em trevas e surgiu atrás do inimigo, fazendo com que o oponente
cravasse sua arma no chão.
“Ridículo”.
Tristan segurou sua espada com as duas mãos e golpeou as
costas do guerreiro com um ataque vertical de cima para baixo. Porém, nada
aconteceu, com a exceção de um arranhão da superfície de cristal. O oponente
começou a gargalhar.
“Mas como..?”.
—
Você é muito fraco! —
O guerreiro zombou de Tristan. —
Você não conseguirá atravessar nossas armaduras com essa espadinha. — Ele voltou a gargalhar.
—
Não quero faltar com o respeito, mas não há chances de você derrotar a todos
nós. — O terceiro
guerreiro disse. —
Um, dois, talvez três. Certamente, caso você enfrente um por um.
—
Nesse momento somos três contra um, Escolhido. —
O primeiro guerreiro constatou. —
Não há chances de você sobreviver. É só você olhar para os lados. Suas tropas
estão sendo massacradas por nós.
Rapidamente, a mão do segundo guerreiro tocou no ombro de
Tristan. Uma descarga elétrica percorreu o corpo do guerreiro das Trevas.
—
Droga! — Tristan
exclamou.
—
Não se esqueça de quem somos. —
A voz do segundo guerreiro soou séria e profunda. — Somos todos seguidores de deuses pagãos!
Nossos poderes mágicos vão além da Luz e das Trevas!
—
Bom saber que vocês não são guerreiros comuns. —
Tristan disse sorrindo. —
Assim fica mais divertido.
—
Idiota! — O seguidor
da Deusa do Raio bradou. —
Morra de uma vez!
O guerreiro, apesar de estar sem seu machado, atacou
Tristan com suas próprias mãos. Faíscas envolviam seus punhos. A um milímetro
de distância de acertar o golpe, Tristan desapareceu em forma de trevas e
ressurgiu atrás do inimigo. A mão direita do guerreiro das Trevas brilhava com
uma marca de dragão tão vermelha quanto seus olhos. Ao tocar na lateral direita
da armadura do guerreiro, uma pequena explosão escarlate foi detonada, abrindo
um buraco na proteção do inimigo e arrancando dele um pedaço de carne.
—
Maldito! — O
guerreiro exclamou, agonizando pela dor.
Tristan invocou uma adaga e a enterrou dentro do corpo do
inimigo através do buraco que ele havia criado. O guerreiro caiu no chão morto.
—
Ora...nada mal. — O
primeiro guerreiro admitiu.
—
Nada mal mesmo. — O
terceiro guerreiro concordou. —
Porém, não posso deixar que a morte de meu amigo seja em vão.
O terceiro guerreiro optou por não sacar sua espada. Ele
apenas estendeu sua mão e, em uma fração de segundos, uma esfera de fogo de um
metro de diâmetro havia surgido na ponta de seus dedos.
—Morra!
— O manipulador de
chamas bradou.
Ele arremessou a bola de fogo contra Tristan que não
conseguiu desviar. Rapidamente, as chamas se espalharam pelo seu corpo.
—
Agora...queime. — O
seguidor do Deus do Fogo disse. —
Queime até virar cinzas.
Tristan gargalhou.
—
Por que você ri? — O
guerreiro com a espada embainhada perguntou. —
Você não sente dor?
—
Claro que sinto. —
Tristan respondeu. —
Mas não nesse momento.
As chamas que cobriam o corpo de Tristan começaram a
mudar de cor. Rapidamente, eles foram do vermelho e alaranjado para o roxo e o
preto. Tristan ria enquanto concentrava as chamas em sua mão.
—
Obrigado pela munição. —
Tristan ironizou.
Rapidamente, o seguidor do Fogo correu para longe.
“Risível”.
Tristan surgiu logo a sua frente e atacou com a palma de
sua mão aberta, empurrando o inimigo para o chão e o segurando enquanto as
chamas negras atravessavam seu elmo e queimavam sua pele. O guerreiro das
Trevas não parecia se incomodar com os gritos de agonia do inimigo que
queimava.
—
Só falta você agora. —
Disse o guerreiro sombrio enquanto apontava para o guerreiro com a armadura de
cristal remanescente.
—
Pois bem. — O
guerreiro disse. —
Vamos ver se você aguenta isso.
Com um estralar de dedos, ele ateou fogo no guerreiro das
Trevas.
—
Sério? — Tristan
questionou o ataque do inimigo. Ele olhou para o arco e a aljava nas costas do
oponente. — Com a
possibilidade de atirar uma flecha de cristal na minha cabeça você preferiu
atear fogo em mim? Ainda mais depois do que eu fiz com seu amigo?
—
Minhas chamas são diferentes. Você não conseguirá manipulá-las.
—
Se você diz...
Tristan se concentrou para converter as chamas comuns em
chamas negras, mas não obteve êxito.
“Por quê?”.
Rapidamente, as chamas estavam realmente queimando o
corpo de Tristan.
“Por quê!? Minha pele...minha própria essência...parecem
que estão queimando!”.
Tristan se transformou em trevas e se deslocou para a
esquerda. Seu corpo ainda queimava. Mais uma vez se transformou em trevas. Seu
corpo ainda ardia e torrava.
—
Aceite a morte com dignidade. —
O oponente disse sorrindo por de baixo do elmo.
“Como!? Como essas chamas me queimam!? Eu posso controlar
as chamas sem dificuldades há anos. Por que não consigo agora? Agora pouco
acabei de repetir o feito. Por que não agora? Por quê?”.
Tristan se ajoelhou. O guerreiro com a armadura de
cristal riu.
—
Desista logo. — O
inimigo olhava para Tristan enquanto ria maquiavelicamente.
“Espere...eu não consigo manipular as chamas
dele...somente as dele. Por quê?”.
—
Isso não são chamas. —
Tristan disse secamente. —
Você é apenas um ilusionista. Nada mal, devo admitir. Conseguiu enganar todos
os meus sentidos por um instante. —
As chamas desapareceram do corpo do guerreiro das Trevas, apesar das marcas de
queimaduras persistirem. —
Soube que os mais poderosos entre vocês conseguem manter o efeito da ilusão
mesmo com o inimigo estando ciente que o ataque não é real. Uma pena para você
que seus talentos não cheguem a esse nível.
—
Bem...valeu a tentativa. —
O seguidor do Deus das Ilusões disse. —
Sem problemas. Ainda posso te matar com minhas flechas.
Em um instante, o guerreiro com a armadura de cristal
puxou seu arco das costas, armou uma flecha e a atirou contra Tristan. Sem
dificuldades, ele agarrou a flecha. O guerreiro sombrio começou a concentrar
sua energia na flecha.
—
Esse meu ataque será bem real, seu verme. —
Disse Tristan.
O guerreiro sombrio se transformou em trevas e se
deslocou para alguns metros acima do chão. Com a flecha envolvida por um poder
sombrio, Tristan a arremessou contra a cabeça do oponente, atravessando seu
elmo e a cravando em seu crânio.
“Pronto”.
Tristan aterrissou e olhou ao seu redor.
“A cidade está em ruínas...centenas de seguidores da Luz
mortos...algumas baixas do nosso lado...”.
De repente, Tristan ouviu um grito. Um guerreiro com uma
armadura de cristal caiu de costas no chão. O impacto da queda o matou. Tristan
olhou para cima e viu Shadowing voando. O Demônio encapuzado aterrissou do seu
lado.
—
Acho que acabamos com todos. —
Shadowing disse.
—Matou
quantos deles? —
Tristan perguntou.
—
Três. E você?
—
Três também.
—
Então parece que eu ganhei. —
Disse Astaroth, surgindo das sombras e arrastando o corpo de um guerreiro com
armadura de cristal. O inimigo havia perdido tudo abaixo dos joelhos. — Com esse... — Astaroth atravessou as
costas do guerreiro com sua mão esquerda. —
...são cinco! — O
Demônio metálico gargalhou. —
Eu devia ter apostado alguma coisa com vocês antes de começarmos o ataque!
—
Bem...eu nunca teria apostado contra um psicopata como você, Astaroth. — Shadowing riu. — Pelo menos, não numa
competição de matança.
Os três riram.
—
Bem...aposto que suas garras foram bem úteis contra as armaduras de cristal
deles. — Tristan
disse.
—
Sim! — Astaroth
concordou. — Pra ser
sincero, eu nem tinha notado que a armadura deles era mais resistente. Eu
atravessei ela com a mesma facilidade de que quando ataco armaduras de
ferro...ou aço...ou couro...ou só pele. —
Astaroth gargalhou.
Tristan olhou para os dois companheiros que sorriam e
jogavam conversa fora.
“Quase não parecemos servos das Trevas. Eu poderia me
acostumar com isso”.
—
Bom trabalho hoje. —
Disse Tristan. —
Concluímos nossa missão e ainda derrotamos alguns membros da Tiamat. Podemos
dormir bem hoje, certo?
Os dois assentiram com um movimento com a cabeça. Eles
reuniram os Demônios sobreviventes e voltaram para a cidade de Nidhogg.
Nenhum comentário:
Postar um comentário