Capítulo 12

Lilith, The Huntress

Lilith, a Caçadora

Tristan acordou no dia seguinte em seu quarto.

“Droga...o que aconteceu?”.

O guerreiro olhou em volta.

“O que aconteceu ontem?”.

De repente, Tristan ouve uma batida na porta.

— Ainda está vivo? — Uma voz masculina perguntou parecendo genuinamente preocupada através da porta.

— Estou...eu acho. — Tristan disse enquanto cambaleava até a porta.

O guerreiro das Trevas abriu a porta. Um seguidor das Trevas usando a típica túnica negra estava parado olhando para ele enquanto alisava a barba grisalha.

— Você realmente não parece bem. — O homem disse.

— Obrigado pela sinceridade, Jonathan. — Tristan disse. — Veio com uma poção nova?

— Esse é um dos motivos. — Jonathan invocou uma poção com de sangue e a entregou para Tristan que a envolveu com suas trevas, absorvendo-a, guardando-a para mais tarde. — O outro era realmente para ver se você estava vivo ainda.

— Entendo...Nidhogg ordenou isso, certo?

— Obviamente. Não tenho interesse se você está vivo ou morto, garoto. Estou apenas cumprindo meu trabalho.

— Ótimo. —Tristan esfregava os olhos, tentando enxergar melhor, afastando o cansaço. — Você pode me dizer o que aconteceu ontem depois que eu cheguei?

— Não faço ideia do que você andou fazendo.

— Obrigado por ser inútil.

— Moleque...sirvo o Lorde das Trevas há anos! — Jonathan elevou seu tom de voz. — Estou aqui a mais tempo do que você! Você pode não gostar de mim, mas respeite-me!

Tristan invocou sua espada sombria e olhou para Jonathan com desgosto.

— Eu sou o Escolhido de Nidhogg. — Tristan disse friamente. — E você? Você não é nada. Você é facilmente substituível, velho. Se o Lorde das Trevas fosse obrigado a matar um de nós, você estaria morto antes que pudesse argumentar qualquer coisa. — Com a mão que não segurava a arma, o guerreiro apertou o pescoço de Jonathan. — Então...não se oponha a mim, entendeu?

Tristan soltou o seguidor das Trevas após alguns instantes. Ele olhava aterrorizado para o guerreiro enquanto recuperava o fôlego.

— Sim. — Jonathan disse com dificuldade.

— Que bom que nos entendemos. — Tristan disse com uma expressão de pura crueldade no rosto. — Acho melhor falar com o próprio Nidhogg para saber o que aconteceu ontem. Com vossa licença...

Tristan se transformou em trevas e surgiu na frente dos portões da sala do trono. Os dois guardas olharam para ele.

— Sem brincadeiras dessa vez. — O guarda da esquerda disse.

— Entre logo, guerreiro. — O outro guarda falou. — O Lorde das Trevas tem que falar urgentemente com você.

Os guardas abriram as portas e Tristan seguiu até o trono de Nidhogg. O Lorde das Trevas estava tomando uma taça de hidromel.

— Tristan! — O lorde estava com um sorriso largo no rosto. — Meu Escolhido! Como é bom te ver! Inteiro, ainda por cima! — Nidhogg riu. — Jonathan te entregou a poção nova?

— Sim. — O guerreiro respondeu. — O que aconteceu ontem depois que eu voltei?

— Você nem se lembra, não é? — O Lorde das Trevas soltou um sorriso zombeteiro. — Pobrezinho...

— Diga-me logo o que aconteceu.

— Calma, calma...nossa, como você anda estressado...

— Vou me acalmar assim que você me contar o que houve.

— Bem...nada de mais. Você ficou muito desgastado após a luta contra Rundas. Você já tinha tomado sua poção, logo, não havia como você recuperar muito poder sem descansar. O que mais? — Nidhogg coçou o queixo. — Ah, claro! O pouco de energia que lhe restava você gastou voltando para cá em forma de trevas. E levar a Lilith junto com você só lhe cansou mais. Aliás...logo ela deve estar aqui?

— A Caçadora de Anjos?

— Sim. — Um sorriso malicioso surgiu no rosto do Lorde das Trevas. — Gostou dela?

— Ela salvou minha vida. Sou grato a ela por isso. Mas não gosto mais dela do que de qualquer outra pessoa.

— Tristan, Tristan...sempre tão frio. Seja um pouco mais legal com as pessoas, certo?

— Eu não tenho essa obrigação.

— É claro que tem! Todos nós temos! Bem...na verdade, é uma convenção social, na verdade. É opcional, mas todos agem assim.

— Eu não.

— Tristan, Tristan...sempre o rebelde. — Nidhogg tomou mais um gole de hidromel. — Mostre a gratidão devida à Lilith, pelo menos. Depois que você desmaiou de cansaço ela mesma te carregou até seu quarto.

O rosto do guerreiro das Trevas demonstrava certa surpresa.

— Ela é bem forte até, não? — Nidhogg sorriu.

— Sim...devo admitir. — Tristan falou com menos frieza dessa vez.

— Bem...enquanto  ela não chega...acho que é melhor eu te informar sobre sua próxima missão.

— Depois de tudo que aconteceu ontem?

— Na verdade...seria o que aconteceu anteontem. Você dormiu um dia inteiro.

“Nossa...”.

— Você está bem agora, certo? — O Lorde das Trevas perguntou.

— Sim...só um pouco...lento.

— Normal. Você não se mexia faz um bom tempo. — O lorde tomou mais um gole de sua taça.

— Daqui a alguns minutos você já estará pronto para lutar em minha honra! — Nidhogg estendeu a taça em direção a Tristan e sorriu.

— Claro...

— Você não me parece muito entusiasmado...que seja. Tenho que te passar os detalhes da sua próxima missão. Preparado?

— Diga.

— Você irá comandar um ataque a cidade de Aurora Hill!

— Aurora Hill? Por quê?

— Porque eu estou mandando. — Nidhogg riu.

— Não me convenceu.

— Já que insiste em saber...muitos seguidores da Luz se reuniram lá...não sei o porquê. Talvez eles estejam com medo das nossas forças. Principalmente por sua causa. Quem sabe? — O Lorde das Trevas tomou mais um gole de sua bebida, esvaziando a taça. — A única coisa que eu tenho certeza é que essa é uma excelente oportunidade de massacrar seguidores da Luz. Algo contra?

— De forma alguma.

— Ótimo! Vá para essa localização. — A partir das trevas, surgiu uma carta na mão de Nidhogg. O lorde a jogou para Tristan. — Um esquadrão o acompanhará nessa missão. Eles já estão indo para o local. Você liderará o ataque do jeito que achar melhor. Alguma pergunta?

— Não.

— Nossa... — Disse uma voz feminina. — Acha mesmo que ele pode arcar com tanta responsabilidade?

Uma mulher com uma armadura negra e púrpura entrou na sala.

“Lilith?”.

A mulher não cobria o rosto.

“Nossa...”.

A pele da mulher era cor de bronze. Seus olhos pareciam ser feitos da mesma pedra ametista que sua armadura. Seus cabelos longos, por sua vez, pareciam da mesma cor negra que cobria boa parte de sua proteção. Seu rosto era extremamente delicado e belo. Seu sorriso pareciam pérolas.

— Acho que talvez possa confiar nele, minha querida Lilith. — Nidhogg ria enquanto invocava uma garrafa de hidromel. — Por mais que tenha se desleixado na última missão, não é, Tristan?

Tristan não respondeu. O Lorde das Trevas se serviu uma taça de hidromel. Lilith sorria calorosamente, fazendo com que ela parecesse ainda mais linda.

— Tudo bem que a culpa não foi inteiramente dele. — Lilith disse. — Ele serviu de isca para meu alvo. Sorte minha. Foi bem fácil matar Rundas sem que ele nem soubesse que eu estava lá. E eu ainda recebi uma carona em forma de trevas. — Ela riu. — Realmente, é diferente de qualquer outra coisa que eu já havia sentido. — Ela olhou para Tristan. — Você facilitou meu trabalho. Eu salvei sua vida. Você me trouxe para cá em alguns instantes. Eu te carreguei até seu quarto. Acho que estamos quites. — A caçadora sorriu. — Não é?

— Talvez. — Tristan disse. Sua voz não estava fria e cortante como de costume. — Mesmo assim, sinto que lhe devo agradecer. — Ele a olhou nos e pegou a mão esquerda da caçadora. — Obrigado. — O guerreiro beijou a mão de Lilith.

A caçadora sorriu.

— Bem...já que é assim, também preciso te agradecer. — Lilith abraçou Tristan. — Obrigada.

O rosto de Tristan corou um pouco.

— Vai com calma, Lilith. — Nidhogg sorria. — O garoto não está acostumado com tanto contato humano.

— Sério? — Ela olhou para Tristan. — Bem...me desculpe. Eu não sabia...

— Não! — Tristan a interrompeu. — Não há razão para se desculpar. Eu aceito os agradecimentos.

Lilith sorriu.

— Bem...eu tenho um alvo para matar. — Ela disse. — E você...uma cidade inteira. — A caçadora deu um tapinha no ombro do guerreiro. — Boa sorte!

— Pra você também. — Um esboço de sorriso genuíno apareceu no rosto de Tristan.

— Adeus, mi lorde. — Lilith se despediu de Nidhogg.

— Até mais! — O Lorde das Trevas respondeu sorrindo.

Ela saiu da sala enquanto Nidhogg tomava mais um gole de hidromel.

— “Mi lorde”. — O Lorde das Trevas disse enquanto balançava sua taça na mão. — Você poderia aprender boas maneiras com ela, não é, Tristan?

— Não. — O guerreiro respondeu friamente.

— Vocês formariam um belo casal. — Nidhogg disse sorrindo.

Tristan olhou para o lorde. Seus olhos estavam tomados de fúria.

— Não ouse brincar com isso. — Tristan trincou os dentes. — Não se esqueça que só estou trabalhando para você para eu ter minha Isolde de volta!

— Calma. — O Lorde das Trevas riu. — Eu estava apenas brincando. Você anda sempre tão estressado...achei que eu pudesse te animar falando alguma bobagem. — Nidhogg tomou mais um gole de sua bebida. — Vejo que eu estava errado.

— Bem...tenho uma cidade para massacrar. Com vossa licença...

Tristan leu a carta e se transformou em trevas.