The Prodegy
O
Prodígio
Anos antes...
—
Preparado? —
Perguntou um guerreiro trajando uma armadura tão bem polida que parecia ser feita
de prata. O rosto do homem inspirava liderança e coragem, com cabelos e barba
castanhos claro bem aparados e olhos azuis. Caso sua expressão não fosse
bondosa, certamente seria intimidador, graças a sua altura de um metro e
noventa e a espada pouco menor que ele próprio.
—
Como sempre, general Maximillian. —
Respondeu Tristan, sorrindo. Naquela época, o rosto do guerreiro demonstrava
alegria e jovialidade, em vez da expressão fria e séria. Seu cabelo era
castanho claro como o de Maximillian, mas o corte era mais irregular, mas não
muito longo. Seus olhos eram cor de mel em vez de vermelhos, refletindo sua
bondade e certa inocência. A armadura que trajava era quase idêntica ao de seu
general, com a exceção do fato de que a de Tristan não era tão bem cuidada. — Acho que vai ser rápido.
Depois que derrubarmos os portões da fortaleza, a vitória já estará garantida. — Tristan segurava sua
espada e seu escudo ansioso. A arma era um pouco mais curta que a que usa
atualmente, e a cor tanto da espada quanto a do escudo eram prateadas, mas a
lâmina da arma estava muito bem cuidada, evidenciando a preferência de Tristan
pelo ataque em relação a defesa.
Os dois se entreolharam e sorriram e, em seguida,
colocaram seus elmos. Ambos tinham um fogo no olhar. Ambos estavam mais do que
prontos para a batalha.
A fortaleza que iriam atacar estava a meio quilômetro de
distância. Não era tão impressionante, mas as paredes altas de rocha branca
pareciam ser bem resistentes, deixando como única opção de invasão a porta da
frente. Fora da fortificação, um batalhão estava protegendo os portões de
madeira do local. Nas muralhas, arqueiros estavam de prontidão. Porém, atrás de
Tristan e Maximillian havia um verdadeiro exército de aliados, prontos para o
combate.
— Essas
planícies verdes serão tingidas de vermelho. O aroma de flores do campo será
substituído pelo de corpos sem vida estirados no chão. — Disse Tristan, sem um sorriso no rosto dessa
vez. — É uma pena.
—
Mas é o nosso trabalho, nosso dever, nosso ganha-pão. — Disse Maximillian. — Orgulhe-se. Você é o maior guerreiro da
região. O Duque reconhecerá seu valor em breve. Eu mesmo farei questão de te
dar destaque no relatório desse ataque, caso você mereça. — O general riu,
familiarizado desempenho habitual do companheiro em batalhas.
—
Está certo. —Tristan
riu, animado. —
Agora, dê as ordens, general. Comece o ataque.
—
Vejo que alguém está bem ansioso. Ótimo. —
Maximillian olhou para trás, em direção aos seus homens. — Vamos, soldados! Atacar!
Os soldados então urraram e avançaram em direção à
fortaleza à frente. Ambos os exércitos começaram a se enfrentar. Mortes
ocorriam dos dois lados. Sangue era espalhado por espadas e machados, Flechas
acertavam brechas de armaduras, tirando a vida de muitos. O exército de
Maximillian era muito maior. O batalhão que se encontrava fora da fortificação
já havia sido quase dizimando, porém, os arqueiros nas muralhas tiravam a vida
de muitos guerreiros sem poderem ser confrontados. Poucas flechas do exército
conseguiam acertar os inimigos no alto da fortificação.
Tristan corria pela planície ceifando a vida dos inimigos
sem dificuldades. Um inimigo veio atacá-lo com um golpe horizontal de um
machado, da esquerda para a direita. Tristan simplesmente se agachou e fincou
sua espada no pé do oponente, facilmente abrindo uma fenda na bota de sua
armadura de couro do seu alvo, derrubando-o com um golpe do escudo contra o
capacete, que já estava gritando de dor. Rapidamente, Tristan golpeou a
garganta do oponente, exatamente na brecha entre o elmo e o peitoral da
armadura, dilacerando-a e matando o oponente. Ao olhar para frente, viu outros
dois guerreiros armados com espadas quase tão grandes quanta às de Maximiliian
correndo em sua direção. Eles atacaram horizontalmente com as armas, permitindo
que Tristan desviasse com uma cambalhota, posicionando-se atrás dos inimigos,
cravando sua espada nas costas do guerreiro da esquerda. Quanto ao da direita,
esse tentou agora um ataque vertical de cima para baixo, forçando Tristan a
bloquear o ataque e a deixar sua espada enfiada no inimigo agora morto.
“Ótimo. Afora eu estou desarmado, contando apenas com um
escudo em um bloqueio constante. São em situações assim que eu sou grato pelo
treinamento de meu pai”.
Rapidamente, vendo a brecha na guarda do oponente que estava
com o abdômen exposto, Tristan chutou o alvo com toda força que tinha na perna
direita, derrubando o guerreiro e sua espada para trás. Tristan jogou o escudo
para perto do oponente que fora morto.
“Daqui a pouco me rearmo. Agora, vou me divertir como
antes de entrar para o exército”.
Ao se levantar, o
inimigo levou dois socos, um com o punho e esquerdo e outro com o direito,
direto na barriga, abrindo a guarda para Tristan golpeá-lo ainda mais, agora
com uma seqüência composta por um soco com o punho direito na face do oponente,
seguido por um soco com o esquerdo, girando no sentido horário, terminando com
uma cotovelada de direita, derrubando o inimigo para longe da espada de duas
mãos. Rapidamente, Tristan pegou a arma e a cravou no peito do oponente,
matando-o, enfim.
Tristan recuperou rapidamente sua espada e escudo e
correu para socorrer dois companheiros que estavam ali pero. Utilizando-se do
elemento surpresa, desferiu três golpes nas costas de três inimigos distintos,
derrotando-os sem dar chance de reação.
—
Obrigado. — Disse um
dos aliados que acabara de ajudar. —
Acho que é melhor você se juntar àquele grupo. —
Ele apontou para um grupo que carregava um aríete e avançava para o portão da
fortaleza. — Os
arqueiros das muralhas podem atrapalhá-los. Tente bloquear algumas flechas por
eles.
—
Certo! — Respondeu
Tristan, e foi em direção ao grupo do aríete.
Acabou ultrapassando-os, chegando antes do que o grupo ao
portão. Arqueiros aliados atiravam flechas incendiárias no portão, mas a
estrutura resistia.
“Será mesmo esse portão feito de madeira comum?”
Ao chegar o grupo, olhou a portão mais de perto.
“É feito de madeira, mas é bem espessa. Parecem várias
camadas de madeira com camadas finas de ferro entre elas. Inteligente. Assim,
fica mais difícil destruir o portão apenas ateando fogo. O jeito é atacar com o
aríete mesmo”.
Tristan saiu do meio do caminho dos aliados e se
posicionou para defendê-los das flechadas. O grupo de soldados começou a atacar
violentamente o portão com a arma de dez metros de comprimento. O aríete era
feito de madeira e em sua ponta havia uma cabeça de grifo (em homenagem a
Griffinrealm, o reino da Luz, ao qual eram aliados), feita de ferro,
aproveitando o bico afiado como a forma de ataque.
—
Veio se juntar a equipe de proteção? —
Disse Tristan sorrindo por baixo do elmo, ao ver Maximillian correndo na
direção deles carregando dois escudos.
—Claro!
— Respondeu o
General, rindo. — Nós
dois sabemos que não somos bons arqueiros. Aliás, quase ninguém no nosso
exército é. Nossa melhor chance de matar aqueles arqueiros e invadir o local e
correr até eles com uma espada em uma mão e um escudo na outra.
— Sim!
— Tristan riu. — Então, vamos!
Os dois se posicionaram cada um de um lado do grupo e
começaram a interceptar os ataques dos arqueiros, juntamente com outros
guerreiros que chegavam com mais escudos. Enquanto isso, o grupo atacava
repetidamente o portão com o aríete.
Pouco tempo depois, o portão ruiu e todos urravam
triunfantes enquanto adentravam o forte.
—
Agora que a diversão começa! Avançar, homens! —
Disse Maximillian, enquanto guiava suas tropas rumo à ruína dos oponentes.
Tristan correu animado escadas acima. Todo inimigo que
surgia em sua frente, era morto rapidamente. Um guerreiro o atacou com uma
lança apenas para ele desviar com um passo para o lado e puxar o oponente pela
arma e golpeá-lo no peito com sua espada. Outro avançou em sua direção com um
machado e um escudo na frente. Esse levou um chute contra o escudo, caindo para
trás, com as costas no chão, olhando para cima enquanto Tristan pulava por cima
dele e golpeava sua garganta com sua arma. Outro ainda surgiu pulando do andar
de cima da muralha com uma adaga em cada mão. Em um movimento rápido, Tristan
bloqueou uma das adagas com o escudo e a outra com a própria espada, empurrando
os braços do inimigo para fora, deixando o corpo dele totalmente exposto para
uma joelhada na barriga, ganhando tempo para então desferir uma espadada na
garganta do oponente.
Ao chegar ao topo da muralha, Tristan sorriu.
—
Agora, é a vez de vocês se sentirem indefesos!
—
Não ouse ficar com toda diversão! —
Disse Maximillian, aparecendo do outro lado do topo da muralha, vindo de outra
escada.
Os dois então começaram um pequeno massacre. Seus estilos
de luta eram parecidos e pensavam de maneira quase idêntica no campo de
batalha, então ambos adotaram a mesma abordagem: correr em direção aos alvos
com o escudo levantado, deixando pouco espaço para fugirem, enquanto bloqueavam
as flechas e, ao se aproximarem o suficiente, desferir um único ataque para
matar-los.
Essa estratégia funcionou, permitindo a eles matar todos
derrotar todos os arqueiros. Um a um, os inimigos foram mortos, fazendo com que
os companheiros se encontrassem no centro do topo da muralha.
—
Acho que eu matei mais que você. —
Disse o general, rindo.
—
Eu acho que não, velho. —
Zombou Tristan.
—
“Velho”? — O rosto de
Maximillian não podia ser visto por causa do elmo, mas Tristan imaginava que o
companheiro devia estar com uma expressão aturdida pela brincadeira. — Perdeu o respeito pelo
seu general enquanto massacrava alguns arqueiros? — Os dois riram. — Bem...ainda não terminamos o nosso trabalho.
Os inimigos só serão derrotados caso se rendam ou sejam todos mortos.
—
Espero que se rendam. A luta está boa, mas se trouxermos sobreviventes para o
Duque, ele terá mais escravos e nossa recompensa será maior.
—
Verdade. —
Maximillian viu que alguns inimigos subiam as escadas e seguiam em direção dos
dois. — Ótimo. De
volta à matança.
Agora, Tristan e Maximillian estavam lutando lado a lado.
“Agora, somos quase invencíveis”
Os dois se alternavam com maestria nas funções de “isca”
e “predador”. Ora Tristan abria a guarda de um inimigo e Maximillian cravava
sua espada no peito do oponente, ora o general deixava um alvo exposto e o
guerreiro o finalizava.
Ao chegarem à sala do trono da fortaleza, os dois
depararam-se com algo que não esperavam.
—
Então...enquanto eu e o Tristan estávamos matando arqueiros, vocês mataram a
guarda real e a família real se rendeu? —
Disse Maximillian ao analisar a cena: guerreiros fortemente armados mortos no
chão enquanto algumas pessoas com vestimentas vistosas se ajoelhavam no chão
com uma pequena tropa de seus soldados apontando suas armas aos supostos
nobres. — É isso?
— Precisamente,
general. — Respondeu
um dos soldados.
—
O Duque ficará feliz com alguns escravos de sangue azul, não? — Perguntou outro soldado,
enquanto ria dos nobres.
—
Sim. — Concordou o
general. — Bem...então
é isso. Trabalho bem feito, homens. Saqueiem tudo o que for de valor. Por favor,
não destruam mais nada para não termos trabalho a mais reformando o lugar.
Agora esse forte é nosso! E...alguém amordace e amarre os nobres. Não quero que
eles fiquem falando ou tentem fugir. Dormiremos aqui essa noite, mas amanhã
acordaremos o mias cedo possível, então tratem de cuidar de qualquer ferimento
agora. Quanto antes voltarmos para o Duque, mais cedo receberemos nossa
merecida recompensa e mais cedo podemos celebrar a vitória em nossa missão!
Os soldados começaram cumpriram as últimas ordens enquanto
cantavam e tagarelavam. O general se dirigiu a Tristan e ambos retiraram seus
elmos.
—
Muito bom trabalho hoje, garoto. —
Disse. Sua expressão era um misto de alegria e cansaço devido à vitória na
árdua batalha. — Não
se surpreenda se o próprio Duque Wallace te convocar para agradecer-lhe
pessoalmente.
—
Muito obrigado, general. —
Disse Tristan, com a mesma expressão mista no rosto.
—
Glórias ainda maiores o esperam no futuro. Muitas guerras travadas. Muitas
vitórias conquistadas. —
Maximillian conseguiu forças para dar um sorriso um pouco maior. — Eu até já consigo te ver
como general daqui a uns anos. Talvez o homem mais jovem a se tornar general.
—
Eu... — Tristan
corou, meio sem jeito pelos elogios. —
Nem sei o que dizer.
—
Apenas aceite seu futuro. Eu, quando tinha sua idade, também não acreditava que
eu chegaria à posição que estou atualmente. Mas os anos passaram. Ganhei
experiência. Melhorei minhas técnicas no campo de batalha. Aprendi estratégias
novas. — O general
apoiou a mão direita sobre o ombro esquerdo de Tristan. — E eu era muito mais despreparado que você
quando eu tinha sua idade. Acredite em mim, um dia você chegará onde estou.
—
Bem...se o senhor diz...você deve estar certo.
—
Claro que estou certo. Eu sou o general. —
Disse Maximillian, em um tom brincalhão. —
Agora vá ajudar os outros com os saques, garoto! Vamos passar a noite aqui e
amanha voltaremos para White Plains para sua recompensa mais que especial.
Tristan sorriu e foi ajudar seus aliados.
“Vamos ver o que o futuro tem a me oferecer”.
Na
manhã seguinte, o exército marchou de volta para a cidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário