quarta-feira, 11 de março de 2015

Capítulo 3

The Prodegy
O Prodígio

Anos antes...
Preparado? Perguntou um guerreiro trajando uma armadura tão bem polida que parecia ser feita de prata. O rosto do homem inspirava liderança e coragem, com cabelos e barba castanhos claro bem aparados e olhos azuis. Caso sua expressão não fosse bondosa, certamente seria intimidador, graças a sua altura de um metro e noventa e a espada pouco menor que ele próprio.
Como sempre, general Maximillian. Respondeu Tristan, sorrindo. Naquela época, o rosto do guerreiro demonstrava alegria e jovialidade, em vez da expressão fria e séria. Seu cabelo era castanho claro como o de Maximillian, mas o corte era mais irregular, mas não muito longo. Seus olhos eram cor de mel em vez de vermelhos, refletindo sua bondade e certa inocência. A armadura que trajava era quase idêntica ao de seu general, com a exceção do fato de que a de Tristan não era tão bem cuidada. Acho que vai ser rápido. Depois que derrubarmos os portões da fortaleza, a vitória já estará garantida. Tristan segurava sua espada e seu escudo ansioso. A arma era um pouco mais curta que a que usa atualmente, e a cor tanto da espada quanto a do escudo eram prateadas, mas a lâmina da arma estava muito bem cuidada, evidenciando a preferência de Tristan pelo ataque em relação a defesa.
Os dois se entreolharam e sorriram e, em seguida, colocaram seus elmos. Ambos tinham um fogo no olhar. Ambos estavam mais do que prontos para a batalha.
A fortaleza que iriam atacar estava a meio quilômetro de distância. Não era tão impressionante, mas as paredes altas de rocha branca pareciam ser bem resistentes, deixando como única opção de invasão a porta da frente. Fora da fortificação, um batalhão estava protegendo os portões de madeira do local. Nas muralhas, arqueiros estavam de prontidão. Porém, atrás de Tristan e Maximillian havia um verdadeiro exército de aliados, prontos para o combate.
Essas planícies verdes serão tingidas de vermelho. O aroma de flores do campo será substituído pelo de corpos sem vida estirados no chão. Disse Tristan, sem um sorriso no rosto dessa vez. É uma pena.
Mas é o nosso trabalho, nosso dever, nosso ganha-pão. Disse Maximillian. Orgulhe-se. Você é o maior guerreiro da região. O Duque reconhecerá seu valor em breve. Eu mesmo farei questão de te dar destaque no relatório desse ataque, caso você mereça. O general riu, familiarizado desempenho habitual do companheiro em batalhas.
Está certo. Tristan riu, animado. Agora, dê as ordens, general. Comece o ataque.
Vejo que alguém está bem ansioso. Ótimo. Maximillian olhou para trás, em direção aos seus homens. Vamos, soldados! Atacar!
Os soldados então urraram e avançaram em direção à fortaleza à frente. Ambos os exércitos começaram a se enfrentar. Mortes ocorriam dos dois lados. Sangue era espalhado por espadas e machados, Flechas acertavam brechas de armaduras, tirando a vida de muitos. O exército de Maximillian era muito maior. O batalhão que se encontrava fora da fortificação já havia sido quase dizimando, porém, os arqueiros nas muralhas tiravam a vida de muitos guerreiros sem poderem ser confrontados. Poucas flechas do exército conseguiam acertar os inimigos no alto da fortificação.
Tristan corria pela planície ceifando a vida dos inimigos sem dificuldades. Um inimigo veio atacá-lo com um golpe horizontal de um machado, da esquerda para a direita. Tristan simplesmente se agachou e fincou sua espada no pé do oponente, facilmente abrindo uma fenda na bota de sua armadura de couro do seu alvo, derrubando-o com um golpe do escudo contra o capacete, que já estava gritando de dor. Rapidamente, Tristan golpeou a garganta do oponente, exatamente na brecha entre o elmo e o peitoral da armadura, dilacerando-a e matando o oponente. Ao olhar para frente, viu outros dois guerreiros armados com espadas quase tão grandes quanta às de Maximiliian correndo em sua direção. Eles atacaram horizontalmente com as armas, permitindo que Tristan desviasse com uma cambalhota, posicionando-se atrás dos inimigos, cravando sua espada nas costas do guerreiro da esquerda. Quanto ao da direita, esse tentou agora um ataque vertical de cima para baixo, forçando Tristan a bloquear o ataque e a deixar sua espada enfiada no inimigo agora morto.
“Ótimo. Afora eu estou desarmado, contando apenas com um escudo em um bloqueio constante. São em situações assim que eu sou grato pelo treinamento de meu pai”.
Rapidamente, vendo a brecha na guarda do oponente que estava com o abdômen exposto, Tristan chutou o alvo com toda força que tinha na perna direita, derrubando o guerreiro e sua espada para trás. Tristan jogou o escudo para perto do oponente que fora morto.
“Daqui a pouco me rearmo. Agora, vou me divertir como antes de entrar para o exército”.
 Ao se levantar, o inimigo levou dois socos, um com o punho e esquerdo e outro com o direito, direto na barriga, abrindo a guarda para Tristan golpeá-lo ainda mais, agora com uma seqüência composta por um soco com o punho direito na face do oponente, seguido por um soco com o esquerdo, girando no sentido horário, terminando com uma cotovelada de direita, derrubando o inimigo para longe da espada de duas mãos. Rapidamente, Tristan pegou a arma e a cravou no peito do oponente, matando-o, enfim.
Tristan recuperou rapidamente sua espada e escudo e correu para socorrer dois companheiros que estavam ali pero. Utilizando-se do elemento surpresa, desferiu três golpes nas costas de três inimigos distintos, derrotando-os sem dar chance de reação.
Obrigado. Disse um dos aliados que acabara de ajudar. Acho que é melhor você se juntar àquele grupo. Ele apontou para um grupo que carregava um aríete e avançava para o portão da fortaleza. Os arqueiros das muralhas podem atrapalhá-los. Tente bloquear algumas flechas por eles.
Certo! Respondeu Tristan, e foi em direção ao grupo do aríete.
Acabou ultrapassando-os, chegando antes do que o grupo ao portão. Arqueiros aliados atiravam flechas incendiárias no portão, mas a estrutura resistia.
“Será mesmo esse portão feito de madeira comum?”
Ao chegar o grupo, olhou a portão mais de perto.
“É feito de madeira, mas é bem espessa. Parecem várias camadas de madeira com camadas finas de ferro entre elas. Inteligente. Assim, fica mais difícil destruir o portão apenas ateando fogo. O jeito é atacar com o aríete mesmo”.
Tristan saiu do meio do caminho dos aliados e se posicionou para defendê-los das flechadas. O grupo de soldados começou a atacar violentamente o portão com a arma de dez metros de comprimento. O aríete era feito de madeira e em sua ponta havia uma cabeça de grifo (em homenagem a Griffinrealm, o reino da Luz, ao qual eram aliados), feita de ferro, aproveitando o bico afiado como a forma de ataque.
Veio se juntar a equipe de proteção? Disse Tristan sorrindo por baixo do elmo, ao ver Maximillian correndo na direção deles carregando dois escudos.
Claro! Respondeu o General, rindo. Nós dois sabemos que não somos bons arqueiros. Aliás, quase ninguém no nosso exército é. Nossa melhor chance de matar aqueles arqueiros e invadir o local e correr até eles com uma espada em uma mão e um escudo na outra.
Sim! Tristan riu. Então, vamos!
Os dois se posicionaram cada um de um lado do grupo e começaram a interceptar os ataques dos arqueiros, juntamente com outros guerreiros que chegavam com mais escudos. Enquanto isso, o grupo atacava repetidamente o portão com o aríete.
Pouco tempo depois, o portão ruiu e todos urravam triunfantes enquanto adentravam o forte.
Agora que a diversão começa! Avançar, homens! Disse Maximillian, enquanto guiava suas tropas rumo à ruína dos oponentes.
Tristan correu animado escadas acima. Todo inimigo que surgia em sua frente, era morto rapidamente. Um guerreiro o atacou com uma lança apenas para ele desviar com um passo para o lado e puxar o oponente pela arma e golpeá-lo no peito com sua espada. Outro avançou em sua direção com um machado e um escudo na frente. Esse levou um chute contra o escudo, caindo para trás, com as costas no chão, olhando para cima enquanto Tristan pulava por cima dele e golpeava sua garganta com sua arma. Outro ainda surgiu pulando do andar de cima da muralha com uma adaga em cada mão. Em um movimento rápido, Tristan bloqueou uma das adagas com o escudo e a outra com a própria espada, empurrando os braços do inimigo para fora, deixando o corpo dele totalmente exposto para uma joelhada na barriga, ganhando tempo para então desferir uma espadada na garganta do oponente.
Ao chegar ao topo da muralha, Tristan sorriu.
Agora, é a vez de vocês se sentirem indefesos!
Não ouse ficar com toda diversão! Disse Maximillian, aparecendo do outro lado do topo da muralha, vindo de outra escada.
Os dois então começaram um pequeno massacre. Seus estilos de luta eram parecidos e pensavam de maneira quase idêntica no campo de batalha, então ambos adotaram a mesma abordagem: correr em direção aos alvos com o escudo levantado, deixando pouco espaço para fugirem, enquanto bloqueavam as flechas e, ao se aproximarem o suficiente, desferir um único ataque para matar-los.
Essa estratégia funcionou, permitindo a eles matar todos derrotar todos os arqueiros. Um a um, os inimigos foram mortos, fazendo com que os companheiros se encontrassem no centro do topo da muralha.
Acho que eu matei mais que você. Disse o general, rindo.
Eu acho que não, velho. Zombou Tristan.
“Velho”? O rosto de Maximillian não podia ser visto por causa do elmo, mas Tristan imaginava que o companheiro devia estar com uma expressão aturdida pela brincadeira. Perdeu o respeito pelo seu general enquanto massacrava alguns arqueiros? Os dois riram. Bem...ainda não terminamos o nosso trabalho. Os inimigos só serão derrotados caso se rendam ou sejam todos mortos.
Espero que se rendam. A luta está boa, mas se trouxermos sobreviventes para o Duque, ele terá mais escravos e nossa recompensa será maior.
Verdade. Maximillian viu que alguns inimigos subiam as escadas e seguiam em direção dos dois. Ótimo. De volta à matança.
Agora, Tristan e Maximillian estavam lutando lado a lado.
“Agora, somos quase invencíveis”
Os dois se alternavam com maestria nas funções de “isca” e “predador”. Ora Tristan abria a guarda de um inimigo e Maximillian cravava sua espada no peito do oponente, ora o general deixava um alvo exposto e o guerreiro o finalizava.
Ao chegarem à sala do trono da fortaleza, os dois depararam-se com algo que não esperavam.
Então...enquanto eu e o Tristan estávamos matando arqueiros, vocês mataram a guarda real e a família real se rendeu? Disse Maximillian ao analisar a cena: guerreiros fortemente armados mortos no chão enquanto algumas pessoas com vestimentas vistosas se ajoelhavam no chão com uma pequena tropa de seus soldados apontando suas armas aos supostos nobres. É isso?
Precisamente, general. Respondeu um dos soldados.
O Duque ficará feliz com alguns escravos de sangue azul, não? Perguntou outro soldado, enquanto ria dos nobres.
Sim. Concordou o general. Bem...então é isso. Trabalho bem feito, homens. Saqueiem tudo o que for de valor. Por favor, não destruam mais nada para não termos trabalho a mais reformando o lugar. Agora esse forte é nosso! E...alguém amordace e amarre os nobres. Não quero que eles fiquem falando ou tentem fugir. Dormiremos aqui essa noite, mas amanhã acordaremos o mias cedo possível, então tratem de cuidar de qualquer ferimento agora. Quanto antes voltarmos para o Duque, mais cedo receberemos nossa merecida recompensa e mais cedo podemos celebrar a vitória em nossa missão!
Os soldados começaram cumpriram as últimas ordens enquanto cantavam e tagarelavam. O general se dirigiu a Tristan e ambos retiraram seus elmos.
Muito bom trabalho hoje, garoto. Disse. Sua expressão era um misto de alegria e cansaço devido à vitória na árdua batalha. Não se surpreenda se o próprio Duque Wallace te convocar para agradecer-lhe pessoalmente.
Muito obrigado, general. Disse Tristan, com a mesma expressão mista no rosto.
Glórias ainda maiores o esperam no futuro. Muitas guerras travadas. Muitas vitórias conquistadas. Maximillian conseguiu forças para dar um sorriso um pouco maior. Eu até já consigo te ver como general daqui a uns anos. Talvez o homem mais jovem a se tornar general.
Eu... Tristan corou, meio sem jeito pelos elogios. Nem sei o que dizer.
Apenas aceite seu futuro. Eu, quando tinha sua idade, também não acreditava que eu chegaria à posição que estou atualmente. Mas os anos passaram. Ganhei experiência. Melhorei minhas técnicas no campo de batalha. Aprendi estratégias novas. O general apoiou a mão direita sobre o ombro esquerdo de Tristan. E eu era muito mais despreparado que você quando eu tinha sua idade. Acredite em mim, um dia você chegará onde estou.
Bem...se o senhor diz...você deve estar certo.
Claro que estou certo. Eu sou o general. Disse Maximillian, em um tom brincalhão. Agora vá ajudar os outros com os saques, garoto! Vamos passar a noite aqui e amanha voltaremos para White Plains para sua recompensa mais que especial.
Tristan sorriu e foi ajudar seus aliados.
“Vamos ver o que o futuro tem a me oferecer”.
Na manhã seguinte, o exército marchou de volta para a cidade.

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