domingo, 22 de março de 2015

Conto de Terror 3

O Criminoso

Eu...sinceramente não se vocês irão acreditar no que vocês estão prestes a ler. Eu não sei se eu acreditaria se me contassem. Sendo um jornalista respeitado por mais de trinta anos...talvez hajam aqueles que acreditem em mim. As minhas palavras têm certa credibilidade, eu suponho. Por outro lado, acredito que muitos me zombaram por esse texto. Talvez seja o fim de minha carreira jornalística, mas...enfim... Eu tenho que escrever isso. Depois do que eu vi...eu me sinto obrigado a fazer isso.
Thommas West fora um criminoso morto já há mais de cinqüenta anos. Ele praticava pequenos furtos no começo de sua carreira criminosa. Com o tempo, ele começou a invadir residências para roubar objetos mais valiosos. Após mais alguns anos, West começou a matar. Muitas vezes, não havia a necessidade. A vítima já havia entregado seus pertences, mas...ele parecia querer mais. “Demônio”. Foi assim que ele passou a ser conhecido. Simplesmente uma palavra. Mas era o suficiente.
Outra característica importante de Thommas West era a sua astúcia. Por quê? Bem...porque ninguém conhecia prender o “Demônio”. Ele sempre conseguia fugir. Pelo menos...até o dia em que ele foi morto.
Eugene Parker. Esse é o nome daquele que conseguiu matar o “Demônio”. Um simples policial. Sozinho. Nem um grande atirador Eugene era. Então...como ele poderia ter matado o “Demônio”?. Por que aquele policial fora de forma tinha um motivo. Amy Parker. Sua filha. Uma garotinha de catorze anos. Vítima do crime mais hediondo de West.
 Amy Parker fora seqüestrada por Thommas West. Não era do feitio dele. Aparentemente...ele havia se interessado por ela. Durante os três dias de cativeiro, a menina fora violada pelo “Demônio”. Após esse período, desinteressado, o criminoso a matou e se livrou dela. A polícia achou rapidamente o corpo, juntamente com um bilhete. Resumidamente, West zombara da polícia. Pouco tempo depois, Eugene Parker fora informado do ocorrido. Ele deveria, agora, aguardar por ordens.
Pobre homem. Ele perdeu a cabeça. Tomado por uma raiva incontrolável, Eugene decidiu, sozinho, caçar o “Demônio”. E...após um mês, eles se encontraram. Eugene Parker havia alcançado Thommas West em um bar.
O confronto foi rápido. Cego pela raiva, Eugene nem pensou em usar sua pistola. De acordo com relatos de testemunhas, West atacara com um facão. De alguma maneira, Parker havia conseguido desarmar o adversário. Rapidamente, o policial decepou o braço direito de West e, enfim, cravou a arma no peito dele.
Para muitos, Eugene era, agora, um herói. Porém, isso não mudava o fato de que ele havia matado, brutalmente, um ser humano. Também havia o grande problema de ele ser um policial que desobedeceu a ordens de superiores. Parker seria julgado.
Entretanto, nenhum julgamento ocorreu. Por quê? Porque acharam Parker morto em sua casa no dia seguinte. Seu braço direito havia sido decepado. Seu corpo estava pregado na parede de sua cozinha com um facão em seu peito.
A partir desse dia, outros policiais começaram a ser encontrados mortos. Todos tiveram um braço decepado e, em seguida, receberam algum golpe fatal com um objeto cortante ou perfurante.
Boatos surgiram sobre os assassinatos, algo como o “Demônio” era, de fato, um demônio ou, então, que ele se transformou em algum tipo de espírito maligno depois de ser morto.
Então, há dez anos, um novo criminoso começou a aterrorizar a cidade. “Açougueiro de Um Braço”. Um nome um tanto quanto longo, mas que o descreve muito bem. O homem tinha pouco mais de um metro e setenta de altura. Não aparentava ser musculoso, mas também não era exatamente magro. Ele usava uma roupa preta que cobria completamente o seu corpo, incluindo um capuz e um lenço preto na parte inferior do rosto. Na parte superior, entretanto, ele usava um acessório um pouco mais tecnológico. Óculos de visão noturna, também na cor preta. Com isso, ele podia se camuflar na escuridão sem problemas e, ainda por cima, identificar suas vítimas. A falta de seu braço esquerdo nem era lembrada. Em meio às trevas o “Açougueiro de Um Braço” atacava suas vítimas, decepando um de seus braços e desaparecendo junto com o membro. Aparentemente, o único propósito era causar dor às vítimas, que eram totalmente aleatórias, e prejudicar suas vidas. Eu diria que há um motivo oculto...
Enfim, as próximas passagens do texto são baseadas em relatórios de Bruce Newman, chefe de polícia da cidade, e de Matthew Moss.
Comecemos com o primeiro, cronologicamente, e, também, o mais breve: Newman.
O chefe de polícia, como Eugene Parker, resolveu ir atrás do temido “Açougueiro de Um Braço” após sua filha ter sido vítima dele. O braço esquerdo da garota de dez anos fora decepado quando ela foi atacada na noite passada. Pobrezinha. Ela se afastou do pai por apenas alguns instantes e isso aconteceu. Pelo menos ela sobreviveu, apesar do braço dela ter, obviamente desaparecido.
 Enfim, diferentemente de Parker, Newman não pode vingar a filha. Ao tentar seguir o criminoso em uma casa abandonada, o chefe de polícia acabou sendo mais uma das vítimas. Um único golpe de uma faca de açougueiro foi o suficiente para arrancar o braço direito de Bruce.
O chefe de polícia sobreviveu aos ferimentos. Porém, a astúcia do “Açougueiro de Um Braço” somado a sua habilidade de desaparecer sem deixar rastros levaram ao surgimento de mais boatos e comparações com o “Demônio”. Em pouco tempo, muitos já diziam ser impossível capturá-lo, o que apenas enfurecia Bruce Newman. Ele era o responsável pelo caso. Há dez anos, Newman caçava o açougueiro. E, agora, ele e sua vítima foram vítimas daquele ser sádico.
Então, continuemos agora com o relatório de Matthew Moss. Alguns dias após o ataque do “Açougueiro de Um Braço”, ele convidou Bruce Newman para sua casa. Moss prometerá cozinhar algo. Após dez anos, e muitas recusas, Newman aceitou o convite.
Bruce não se importava muito com Matthew. Para o chefe de polícia, Moss era apenas o seu assistente. Eles eram colegas de trabalho e nada mais. Portanto, um não participava da vida pessoal do outro. Até aquele momento. Obviamente, Bruce estava muito abalado e frustrado com tudo o que acontecera. Ou era o que Matthew achava.
Os dois estavam na cozinha do apartamento de Moss. Ele terminava de cozinhar enquanto Bruce estava sentando, esperando, impacientemente. “Bem...eu estou feliz que nós estamos fazendo algo fora do serviço. Finalmente”. Moss disse. Newman deu de ombros. “Que seja. Eu só não tinha onde comer. Minha esposa anda tão ocupada ultimamente cuidando da minha filha que ela não tempo de cozinhar para mim”. O chefe de polícia explicou grosseiramente. Matthew trincou os dentes. “Entendo...”. O assistente levou um prato com dois bifes até seu chefe. “Aqui está”.
Newman comeu um pedaço de uns dos bifes. “Nossa...e não é que você cozinha bem?”. Bruce sorriu. “O que é isto? Cordeiro?”. “Bom palpite...mas não”. Respondeu Moss alegremente. “Experimente o outro. Vamos ver se você acerta...”. Sem hesitar, Newman provou um pedaço do outro bife em seu prato. “Delicioso. Ah...bem...com essa maciez...eu diria que é...vitela?”. Arriscou Newman. “Outro bom palpite...mas não. Você errou”. Matthew respondeu. “Nossa...você fala como se eu fosse ser punido por não saber que raios de carne é essa. Diga logo a resposta!”. Exigiu o chefe de polícia. “Certo...”. Concordou Moss.
Calmamente, Matthew andou até atrás da cadeira de Bruce. “O bife da carne da esquerda é de seu braço. O da direita é o de sua filha”. Disse Moss calmamente.
Bruce ficou paralisado por um instante e, rapidamente, olhou para Matthew. Moss sorria calmamente. Então, rapidamente, o assistente arrancou o seu braço esquerdo com a mão direita. Uma prótese caiu no chão. Newman parecia ainda mais assombrado, mas não tanto quanto no instante seguinte, quando Moss tirou uma faca do bolso de sua calça e a cravou em seu peito.
“Você realmente não sabia nada ao meu respeito. Você...nunca nem teve curiosidade, seu verme...”.
Esse tipo de informação não é fornecida por qualquer tipo de relatório policial. Isso é uma confissão de não só um, mas sim, vários crimes. Matthew Moss é um assassino que está a solta. E como eu sei disso? Simples. Ele veio até mim. Na janela do meu quarto, mais especificamente, e me deixou uma carta com todas essas informações. “Você é um jornalista. Publique isso em algum lugar. Vai render uma boa história...”. Ele disse calmamente. Ele vestia uma roupa completamente preta, com um lenço e um par de óculos de visão noturna. Aturdido, eu nem o vi partindo. Mas a carta está comigo. Assinada por Matthew Moss.

Matthew Moss. Não passava de um anagrama de Thommas West. Eles eram a mesma pessoa. Ele...voltou dos mortos? Ou não teria nem morrido? Não importa. “Demônio”, “Açougueiro de Um Braço”, realmente não importa o nome. O que importa é...ele pode atacar qualquer um, em qualquer lugar, do jeito que ele achar melhor , sem deixar rastros. Principalmente quando ele tem um motivo.

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