The Noble Fencer
O
Nobre Esgrimista
Ao terminar de subir as escadas, Tristan se deparou com
uma porta trancada. Nela haviam mais encantamentos da Luz.
“Como se isso fosse me impedir...”.
Tristan se transformou em trevas e atravessou a porta. Do
outro lado, o nobre estava parado, a cinco metros, olhando em sua direção.
Agora mais perto, era possível ver seu florete. O cabo da arma parecia ser
feito de ouro e a lâmina de prata. A expressão no rosto do homem demonstrava
certa surpresa em ver Tristan.
—
Achou mesmo que a porta me impediria? —
Tristan segurou o riso. —
Depois de tudo o que eu acabei de fazer? A sua tropa de vinte guerreiros nem
conseguiu me arranhar. Nem um único arranhão, mesmo estando
enfraquecido...graças a você, claro. —
Tristan olhou seriamente para o homem. —
Vou lhe dar pelo menos a oportunidade de dizer o seu nome antes que eu jogue
seu corpo sem vida daqui de cima.
—
Demônio! — O nobre
bradou. — Você irá
agora perecer diante do grande Leodegrance!
—Nada
do que você tentou até agora funcionou. Você realmente acha que terá um
resultado melhor tentando com suas próprias mãos?
—Mas
é claro! —
Leodegrance apontou sua arma em direção a Tristan. — Você não é o primeiro Demônio que eu
enfrento. E, com certeza, não será o último! —
Ele sorriu confiante. —
Em parte, foi por isso que vim para esse forte isolado. Ele está longe das
grandes cidades de Griffinrealm. Com isso, fica mais fácil para vocês,
Demônios, investirem contra mim, um dos mais poderosos seguidores da Luz dos
últimos tempos!
—
Então você está brincando de caçar Demônios?
—
É um ótimo passatempo e exercício. —
Leodegrance gargalhou. —Vocês,
servos das Trevas estam no meu encalço a um tempo. A tropa foi uma exigência de
meu irmão, sempre preocupado comigo. Realmente, eles me foram úteis. Até hoje.
Eu senti que hoje seria diferente! Hoje, um Demônio ainda mais poderoso
apareceria! Senti que eles não seriam páreos para você!E isso se concretizou!
Seguindo as minhas ordens, eles o enfrentaram para que eu o pudesse avaliar. — O nobre sorriu. Nos seus
olhos, uma chama brilhava. —
Tenho certeza que essa será uma excelente luta, Demônio! Vamos! Lute contra
mim!
A mão esquerda de Tristan se envolveu com Trevas. Em três
segundos, uma adaga tinha surgido. Tristan olhou para Leodegrance. O Guerreiro
das Trevas brandiu as duas armas.
—
Ótimo. — O rosto de
Tristan não demonstrava nenhuma emoção. —
Vamos acabar logo com isso.
Leodegrance urrou e avançou. Com uma estocada rápida, o
nobre atacou. Tristan desviou o ataque do florete para o seu lado direito com
sua espada e golpeou o ombro direito da armadura do oponente com sua adga. Uma
rachadura foi feita no local.
—
Isso é o melhor que você pode fazer? —
Tristan indagou.
—
Você ainda não viu nada! —
Leodegrance bradou. —
Morra!
O nobre atacou com uma seqüência rápida de três
estocadas. Tristan bloqueou todos os ataques com sua espada. Leodegrance deu um
passo para trás. Rapidamente, com um pulo frontal, ele atacou com sua espada
verticalmente de cima para baixo. Com um passo largo para a direita, Tristan
desviou do ataque e, com um giro, golpeou o ombro esquerdo da armadura do
inimigo com sua espada. Outra rachadura apareceu na armadura no nobre.
—
O próximo golpe vai ser nas suas costas. —
Tristan advertiu. —
Esteja preparado.
—
Maldito! —
Leodegrance rugiu.
O seguidor da Luz parou com as estocadas. Partindo da
esquerda e do topo para a direita e para baixo, indo em seguida para cima,
cortando para baixo e para a esquerda, rumando para cima e para o centro,
descendo e depois subindo, o florete de Leodegrance descreveu sua trajetória
contra Tristan. O guerreiro das Trevas não fazia nada além de bloquear os
ataques com sua espada. A seqüência de ataques não parava. O nobre continuava a
atacar implacavelmente. Em uma fração de segundos, Tristan se transformou em
Trevas e surgiu atrás do seguidor da Luz, fazendo-o errar seu ataque. Por
golpear o ar, o nobre perdeu o equilíbrio e caiu para frente, fincando seu
florete no chão para não cair estirado no solo. Com essa brecha, Tristan golpeou as costas da armadura de Leodegrance, abrindo
uma fenda na peça de metal e levando-o ao chão com sucesso.
—
Como previsto. —
Disse Tristan. —
Agora, morra com um pouco de dignidade.
Tristan levantou sua espada para fincar nas costas
expostas de Leodegrance quando este estendeu sua mão direita para trás,
soltando um flash de Luz.
—
Droga! — Tristan
exclamou enquanto se transformava em trevas e se deslocava para trás,
distanciando-se de Leodegrance e derrubando suas armas no chão.
—
Não subestime a Luz! —
Leodegrance disse triunfante enquanto se levantava e pegava seu florete do
chão.
Quando a visão de Tristan ficou menos turva, ele pôde ver
o nobre em pé, rindo. Sua aura era extremamente luminosa.
“Ele parece mais forte...mas..eu também?”.
Tristan sentiu todo seu poder voltando. Sua aura sombria
era assustadora, comparando-se à potência da de seu inimigo.
—
Presumo que seu encantamento tenha acabado. —
Disse Tristan.
—
Sim. — Confirmou
Leodegrance. —
Infelizmente, não posso usar minhas magias da Luz enquanto mantenho um
encantamento de tamanha magnitude. Portanto, tive que cancelar minha restrição
aos seus poderes. Tive que fazer isso para usar o flash de agora pouco. Mas
pensando bem, talvez tenha sido melhor assim. Agora poderemos lutar usando todo
o nosso potencial! Nossas magias estão irrestritas! Aproveite os últimos
instantes da sua vida, Demônio! Use sua magia profana! Aproveite!
—
Chega de conversa.
Tristan absorveu suas armas como trevas e criou uma bola
de fogo de chamas negras em sua mão esquerda. A esfera tinha meio metro de
diâmetro e irradiava poder. O guerreiro das Trevas a jogou levemente no ar,
fazendo com que ela caísse bem na frente de sua mão direita. Rapidamente,
Tristan socou a bola de fogo na direção de Leodegrance. Rapidamente, o nobre
criou um escudo de Luz na sua frente. Quando a esfera atingiu a barreira, o
ataque das Trevas explodiu, gerando uma nuvem de escuridão, bloqueando o campo
de visão do seguidor da Luz.
—
Interessante... —
Leodegrance murmurou.
Rapidamente, Tristan invocava e arremessava adagas contra
a barreira já instável de Leodegrance. Após quatro golpes, a barreira caiu,
permitindo que as demais adagas fossem diretamente contra o nobre. Com uma
precisão impressionante, o seguidor da Luz atacava as adagas com seu florete
que agora parecia emitir Luz, desintegrando as adagas. Mesmo após a nuvem de
escuridão se dissipar, Tristan continuou arremessando adagas freneticamente.
Infelizmente, todas tinham o mesmo destino: eram desintegradas pela arma de
Leodegrance.
“Maldito! Ele parece estar muito mais rápido só de estar
envolto pela Luz”.
Após alguns segundos, Tristan se cansou.
“É inútil continuar a atacar assim. Melhorar esperar pelo
ataque dele para que eu contra-ataque”.
—
Vejo que agora é a minha vez de atacar. —
Leodegrance sorriu. Seu florete agora brilhava ainda mais intensamente. — Morra, verme!
O nobre traçou uma linha luminosa na horizontal no ar com
a arma. Imediatamente, a linha se transformou em uma lâmina e seguiu em linha
reta em direção a Tristan. Rapidamente, ele se agachou, desviando do ataque de
Luz.
—
Muito bom! — O nobre
sorriu. —Agora, vamos
ver você repetir esse feito mais alguma dezenas de vezes!
Leodegrance começou a traçar diversas linhas luminosas no
ar, de todos os jeitos possíveis. Várias lâminas horizontais, verticais e
diagonais avançaram na direção do guerreiro das Trevas.
Rapidamente, Tristan se transformava em trevas e desviava
das lâminas.
—
Já foi uma dezena! —
Anunciou Leodegrance. —
Nada mal! Faltam apenas mais algumas. —
Ele riu. — Mas agora
vamos dificultar a situação! Vamos acelerar isso!
Leodegrance traçava mais linhas cada vez mais
rapidamente. As lâminas avançavam na direção do guerreiro sombrio ainda mais
velozmente. Tristan não conseguia tempo para revidar, mas pelo menos não estava
sendo atingido. Porém, quando duas lâminas na horizontal vieram, uma delas por
cima da outra, com pouco espaço entre elas, o guerreiro sombrio se viu obrigado
a entrar na forma de Trevas para que as lâminas o atravessassem. Infelizmente,
isso não ocorreu. Tristan sentiu o ataque de Luz queimar, atravessando sua
armadura e queimando sua pele.
—
Droga! — O guerreiro
das Trevas exclamou.
—
Essas foram apenas as primeiras de muitas, Demônio! — Leodegrance riu. — Morra! Morra! Morra!
Mais lâminas
seguiam na direção de Tristan. Dessa vez, ele não conseguiu nem se transformar
em Trevas, levando mais cinco ataques seguidos.
—
Maldição! —Tristan
urrou. — Esses
ataques...
—
O que foi? — O nobre
riu. — Esses ataques
estão te enfraquecendo? É isso? —
Leodegrance começou a gargalhar. —
Eu sabia que você não seria páreo para minha Luz! Agora, faça-me um favor:
morra logo!
O seguidor da Luz invocou mais lâminas contra Tristan.
Sem poder se esquivar, o guerreiro das Trevas permaneceu em pé com sua espada
em mãos. Tristan tentou bloquear os ataques com sua arma. O esforço foi inútil:
as lâminas ignoraram sua espada e até sua armadura, atingindo a pele do
guerreiro sombrio, queimando-a. Entretanto, Tristan não gritava mais de dor.
—
O que foi? — O
sorriso de Leodegrance era maligno. —
Não tem forças nem para gritar? —
O nobre gargalhou. —
Você é mesmo patético!
Leodegrance acertou mais três lâminas no oponente.
Tristan nem se movia. Não tinha nem mais forças para segurar sua espada. Assim,
o guerreiro derrubou sua arma.
—
Já chega. — O
seguidor da Luz disse. —
Já acabou a graça. Agora é hora do golpe de misericórdia!
O nobre estava a pouco mais de três metros de distância
do guerreiro sombrio. Leodegrance ergueu seu florete e começou a andar
calmamente na direção do inimigo.
— Já acabou a graça? Não me
faça rir. — Tristan
disse. Sua voz parecia distante.
—
Como? Ainda tem forças para tagarelar?
—
Não acabou a graça. O que acabou foi sua força.
—
Como!? — Leodegrance
parou de andar.
—
Não se finja de idiota. Odeio quando fazem isso. Seu cansaço é nítido. Sua aura
diminui, perdeu a intensidade e o brilho de antes. Consigo ver o suor
escorrendo no seu rosto. A sua fala, ao invés de apenas prepotente e arrogante
como antes da luta, agora também está arrastada. Você não agüenta invocar mais
nenhuma magia da Luz.
O nobre estava atônito.
—
Eu sei que eu estou certo. —
Tristan disse com a voz cansada.
—
Muito bom. —
Leodegrance sorriu. —
Mas isso não importa agora. Você está à beira da morte. Só preciso de um ataque
para te matar. Deixe-me ver...já sei! Uma estocada atravessando seu crânio será
uma morte apropriada, não acha?
—
Isso se você acertar o golpe.
—
Você está insinuando que eu erraria um ataque em um moribundo?
—
Não. Claro que não. Você acertaria o moribundo...mas não no lugar certo.
—
Insolente!
—
Não se esqueça de que eu luto muito melhor do que você quando só usamos
espadas.
—
Cale-se! — O rosto de
Leodegrance estava levemente avermelhado. —
Não tolerarei mais nenhuma palavra sua, verme! Morra de uma vez!
O seguidor da Luz avançou até Tristan e atacou com uma
estocada mirando na testa do guerreiro sombrio. Rapidamente, Tristan levantou
seu braço esquerdo na frente de seu rosto. O florete atravessou o meio de seu
antebraço esquerdo, no lado das costas da mão. Suprimindo um grito, o guerreiro
das Trevas jogou seu braço atingido para o lado e, num impulso, levantou-se e
invocou uma adaga com a mão esquerda. Tristan tentou golpear a garganta exposta
de Leodegrance. Este, ao ver a morte iminente, jogou-se desesperadamente para trás,
abandonando seu florete fincado no braço do oponente.
—
Maldito! — O nobre
gritou. — Como!? Como
você ainda tem forças!?
—
É bem simples na verdade: eu nunca deixei de ter. Apenas deixei que você
acreditasse que eu não tinha.
—
Não! Não é possível! Que tipo de Demônio é você!?
—
Eu não sou um Demônio. Eu sou O Demônio. Eu sou aquele que foi escolhido pelo
próprio Lorde das Trevas, Nidhogg, para espalhar as Trevas por este mundo! Eu
sou o Escolhido das Trevas, seu cretino!
Tristan arremessou a adaga no abdômen da armadura de
Leodegrance, cravando a arma.
—
Droga! — O nobre
exclamou.
Com a mão direita, Tristan tirou o florete do antebraço e
o admirou.
—
É uma bela arma. —
Confessou o guerreiro.
Com a mão esquerda, Tristan pegou sua própria espada do
chão.
—
Vamos testar qual das duas é a melhor. —
O sorriso do Escolhido era amedrontador.
Tristan envolveu os dois braços com Trevas. O ferimento
do braço esquerdo sumiu, reconstituindo até a armadura. As duas espadas estavam
cobertas pelas Trevas, irradiando chamas roxas e bruxuleantes.
—
Esse é seu fim! —
Bradou Tristan.
O guerreiro sombrio avançou contra o seguidor da Luz. O
nobre tentou levantar outra barreira com o que lhe restava de sua energia. A
tentativa foi em vão, não conseguindo nem levantar seus braços. O florete
atravessou a armadura de Leodegrance, perfurando-o no peito. O seguidor da Luz
gritou. Tristan levantou sua espada horizontalmente, na altura do pescoço do
inimigo.
—
Últimas palavras? — O
guerreiro das Trevas perguntou.
—
Boa sorte se livrando do caçador lá em baixo. —
Leodegrance riu apesar da dor exorbitante e do sangue que saia pela própria
boca.
—
O quê?
O nobre gargalhou. Um campo de luz no formato de uma meia
esfera cobriu os céus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário