sexta-feira, 13 de março de 2015

Capítulo 6

The Turmoil
O Tumulto

Dois dias depois...
“Eu sinceramente já perdi a paciência com esses bárbaros...”.
Era noite. Tristan, Maximillian e seus soldados estavam em uma colina não muito longe da cidade de White Plains detendo outro ataque de guerreiros das Terras do Norte. O ataque bárbaro dessa vez era em maior escala do que o de dois dias atrás, mas já havia sido quase que totalmente reprimido, uma vez que o exército de Maximillian era ainda mais numeroso e bem armado.
“Bem...acho que agora acabou”.
Havia apenas dez bárbaros remanescentes, sendo que um deles aparentava ser o líder do ataque. Ele tinha pouco mais de dois metros de altura e toda sua armadura de ferro era coberta pela pele de um urso pardo. Ele não usava um capacete, apenas uma máscara de ferro no rosto e a pele da cabeça do urso na cabeça, fazendo com que se o guerreiro fosse visto de costas, ele aparentaria ser um urso vivo. Ele carregava um machado grande o suficiente para ter matado um urso com um único golpe.
Você parece bem forte. Disse Tristan no idioma das Terras do Norte. Mas acho melhor vocês se renderem agora. Prometemos que vocês podem voltar para suas terras congeladas em segurança.
O homem com a armadura de urso riu. Ele tirou a máscara, mostrando os ferimentos de muitos outros confrontos. Cicatrizes pareciam formar a barba em seu rosto. Um olho era azul claro e, o outro, provavelmente havia sido tirado dele há muito tempo, já que agora só existiam bandagens cobrindo o lado superior esquerdo de seu rosto.
Vocês acham que ganharam? A voz do homem era rouca e profunda. Vocês se acham mais espertos?
Considerando essa tentativa ridícula da parte de vocês, bárbaros, de invadirem nossas terras com mais um ataque bruto e sem planejamentos algum...é, eu diria que nós somos mais espertos que vocês e que também fomos os vitoriosos hoje. Tristan riu. Sinceramente, vocês das Terras no Norte não sabem fazer nada certo, pelo menos em termos de batalhas? Vocês mandaram um ataque como esse há dois dias e não deu certo. Aliás, não me lembro de nenhum dos ataques de vocês terem dado muito certo.
Um ataque nosso? Há dois dias? O líder inimigo olhou para Tristan e o imponente exército atrás dele e riu. Vocês são mesmo muito burros. Ele riu mais alto ainda. Vocês acham que as Terras do Norte são compostas por um único povo unido e alegre? Ele cuspiu no chão em sinal de desprezo pela ideia. Podemos apresentar certas semelhanças étnicas e até culturais, como o amor pela arte da guerra e a repulsa pelos seus deuses que impõe um regime autocrático sobre seus seguidores, mas não somos unidos. Somos bem diferentes em relação à força dos nossos povos. Os que atacaram vocês há dois dias provavelmente eram de um povo menor, mais fraco, mais bruto. O meu povo, por exemplo, compõe um dos maiores impérios do norte! Nós somos verdadeiros mestres da guerra, conquistadores e estrategistas sem igual!
Se você diz...mas vocês perderam aqui hoje.
Você simplesmente não entende, não é? Eu sou apenas um capitão liderando uma pequena distração. O meu general está liderando um exército sobre sua cidade enquanto falamos, verme.
“Como...? Isolde!”.
O Capitão inimigo gargalhou. Maximillian se aproximou de Tristan.
Tristan...afinal, o que ele disse?
Tristan simplesmente sacou sua espada e cortou a garganta do inimigo com um único golpe horizontal. O Capitão inimigo caiu no chão enquanto tingia o chão de vermelho.
Tristan!? O General gritou com ele. O que...
Era apenas uma distração.
Como?
Esse ataque foi apenas uma distração! O verdadeiro ataque já está invadindo a cidade!
Os soldados do Exército de Maximillian, assim como o próprio General, ficaram aturdidos por um segundo. Os guerreiros inimigos, apesar da morte de seu Capitão, estavam rindo.
Viu? Um dos inimigos sobreviventes perguntou para Tristan. Nós ganhamos.
Vocês! Maximillian apontou para um grupo de seus soldados. Eram pouco mais de vinte guerreiros. Acabem com esses bárbaros. Quanto aos outros, vamos voltar para a cidade. Não sabemos o tamanho do ataque, melhor permanecermos juntos. Ninguém tente chegar antes dos outros a cavalo para não combaterem o inimigo em número menor. Ele apontou novamente para o grupo de soldados. Juntem-se a nós o mais rápido possível. Ele se voltou para Tristan.  — Vamos!
O exército marchou de volta às pressas em direção a White Plains. Ao se aproximarem da cidade, podiam ver o fogo contra o céu negro.
“Isolde...por favor esteja bem!”.
Ao se aproximarem de White Plains, todos podiam ver claramente os bárbaros destruindo o local. Os cidadãos da cidade eram mortos impiedosamente. Construções ruíam e pegavam fogo.
Homens! Gritou Maximillian. Se forem se separar do resto do exército, que seja para se dividirem em grupos menores para vasculhar uma área maior! Procurem por sobreviventes! Unam-se a nossos aliados que estejam em apuros! Tristan... Ele olhou a sua volta e viu que o Capitão havia disparado para longe montado em um cavalo. Tristan!
“Desculpe-me, Maximillian. Minha prioridade é a segurança da minha Isolde...”.
Tristan chegou até o cemitério. O lugar estava deserto, sem Isolde ou Wilhelm.
“Eles não devem ter conseguido saído do castelo. Maldição!”.
O Capitão disparou até os fundos do castelo. Agora havia um grande buraco na parede a sua frente. Tristan deixou o cavalo e correu para dentro do castelo.
“Será mais fácil se locomover pelos corredores do castelo, ainda mais agora, quase destruído, a pé. Também não tenho tempo de deixar o cavalo em um lugar seguro. Só posso esperar que ele ainda esteja no mesmo lugar para que eu e Isolde pudermos fugir depois”.
Tristan correu por vários corredores destruídos e em chamas.
“Talvez eles já tenham saqueado o castelo”.
Ao dobrar um corredor, viu Isolde correndo.
Isolde! Tristan gritou, aliviado.
Tristan! Ela gritou, mas sua voz mais demonstrava medo do que alívio.
Eles se abraçaram. As roupas da amada estavam ainda mais estragadas. Suas pernas, braços e rosto apresentavam arranhões. Um pouco do vestido estava queimado. Mas Tristan não se importava com isso, contanto que Isolde estivesse viva.
Eu estava tão preocupado. Disse ele, sorrindo por baixo do elmo. Quando soube do ataque surpresa à cidade, temi o pior. Meu desespero só aumentou quando vi que você não estava no lugar planejado. Mas agora está tudo bem, porque você está bem, meu amor.
Tristan! A voz de Isolde mostrava claramente seu desespero. Ele tentou me matar! E conseguiu matar Wilhelm! Aquele demônio...aquele desalmado...
Do que você está falando?
Frederick! Ele descobriu sobre nós! Sobre o plano! Não sei como, mas ele conseguiu! Ele foi até a masmorra confrontar Wilhelm e eu! Nós dois íamos aproveitar a confusão da invasão para fugirmos! Mas aquele demônio apareceu e matou Wilhelm enquanto eu fugia! Eu consegui me esconder debaixo de alguns escombros. Eu estava lá até agora pouco. De repente, um bárbaro me puxou de baixo do meu esconderijo! Achei que iria ser o meu fim, até ter sido salva, ironicamente, pelo Frederick, que havia mudado a prioridade de seus alvos. Ele começou a matar os bárbaros e eu corri para longe, até chegar aqui.
Aí está você! Frederick apareceu no fim do corredor pelo qual Isolde havia chego. Não esperava que alguns poucos bárbaros imbecis fossem me segurar por tanto tempo, não é? O guerreiro da máscara de caveira riu.
Seu idiota! Tristan gritou. O que você acha que está fazendo!? A cidade está sendo destruída e você preocupado em matar minha amada! Por quê!?  Só para me ver infeliz!?
Eu tenho meus motivos. Frederick disse, calmamente. Eu nunca gostei de você, é verdade. Você não tem sangue nobre correndo pelas suas veias. Você é um ninguém que caiu nas graças de Maximillian e, posteriormente, de Wallace. Isso fez com que eu perdesse o respeito pelo nosso querido General e também pelo nosso imponente Duque. Ele riu maquiavelicamente. Eles já devem estar mortos agora, assim como você estará em poucos segundos, juntamente com essa escrava!
Você não entende que você levou você mesmo a ruína!? Tristan praticamente rugia agora. Você acha que conseguirá sobreviver a esse ataque!?
Eu já tenho tudo planejado, não se preocupe. Sua voz irritava Tristan mais que nunca agora. Venha, seu verme! Enfrente-me! Morra pela minha espada!
Ótimo. Tristan tirou o elmo e o jogou no chão. Venha! Isolde foi para trás de seu amado.
O que você está fazendo?
Não preciso do meu elmo. Na verdade, não precisaria nem de armadura. Mas...o tempo é curto. Não tenho tempo de tirar a armadura toda.
Insolente! Frederick também tirou sua máscara e a arremessou no chão. Venha logo! Encare sua morte!
“Imbecil. Sabia que tiraria seu elmo também. Você e seu senso de honra podre”.
Frederick avançou rapidamente na direção de seu oponente. Tristan jogou sua espada no chão, firmando suas duas mãos no escudo. Frederick atacou com uma estocada rápida com seu florete, porém, Tristan conseguiu desviar com um passo largo para a esquerda. Com um rodopio, girou da direção do inimigo e, com seu escudo bem firmado, acertou um golpe no rosto de seu oponente, quebrando seu nariz e o derrubando para trás. Rapidamente, antes que Frederick pudesse se levantar, Tristan pisou na cabeça do rival. O golpe com a bota de aço deixou o inimigo inconsciente.
Vamos! Tristan chamou Isolde, enquanto pegava sua espada e elmo. Não temos tempo a perder!
Mas...ele está morto?
Não. Tenho quase certeza disso. Tristan colocou seu elmo. Não quero sujar minha espada e muito menos as minhas mãos com o sangue dele. Quero que a morte dele seja causada por um bárbaro que ronde o castelo, ou talvez por um pedaço desse castelo em ruínas, caso caia e acerte a cabeça dele. Ai sim ele poderia se arrepender de não ter deixado o castelo antes. Agora...temos que correr!
Os dois correram para onde o cavalo de Tristan estava.
“Maldição...onde está o cavalo?”.
Uma conversa alta no idioma das Terras do Norte podia ser ouvida.
Isolde! Esconda-se!
Ela assentiu e foi para trás de um pedaço da parede do castelo que havia caído. Dois bárbaros apareceram e avistaram Tristan. Os dois sacaram suas espadas e avançaram na direção do jovem.
Malditos bárbaros das Terras do Norte! Tristan brandiu sua espada e foi de encontro aos dois. Ele bloqueou a espada do que estava a sua esquerda com o escudo e do que estava a sua direita com a espada. Tristan acertou um chute no abdômen do que estava a sua esquerda, derrubando o bárbaro, podendo usar sua espada acertar o pescoço do guerreiro que estava em pé. Rapidamente, o outro se levantou e atacou, apenas para ter seu ataque bloqueado. Tristan atacou rapidamente a barriga do bárbaro com um golpe horizontal e, em seguida, atravessou o peito do inimigo com sua espada.
“Ótimo...só preciso achar um cavalo agora”.
Rapidamente, mais três guerreiros vieram. Um estava armado com um machado e um escudo. Outro, com um arco. Outro, que poderia ser um Capitão pela armadura de aço protegendo todo seu corpo, carregava um martelo de duas mãos.
“Isso pode ser um problema”.
O arqueiro disparou uma flecha. Tristan conseguiu bloqueá-la com seu escudo. Os dois guerreiros avançaram. O golpe do martelo foi horizontal da direita para a esquerda, permitindo que Tristan desviasse com uma cambalhota para frente. O Bárbaro que usava o machado esperou Tristan desviar do golpe do companheiro, por que agora ele se encontrava agachado, vulnerável para um ataque com seu machado. Com um ataque vertical de cima para baixo, ele achou que mataria Tristan. Porém, o jovem conseguiu levantar seu escudo no momento exato para bloquear o ataque. Graças a surpresa, a guarda do inimigo estava aberta, permitindo Tristan fincar sua espada na lateral esquerda do abdômen do bárbaro. Rapidamente, o jovem se levantou para se desviar de um ataque vertical de baixo para cima do martelo do aparente Capitão inimigo e, em seguida, bloqueou mais uma flechada do arqueiro.
Só me responda uma coisa: você é um dos Capitães desse ataque? Tristan perguntou no idioma do inimigo.
Sim. Ele respondeu e atacou com a arma como se fosse uma lança. Tristan bloqueou o golpe e riu.
Ótimo. Vamos ver quem é o melhor Capitão.
Você é um Capitão? Ele riu. Realmente, são boas notícias. Mas...há um pequeno problema.
Qual?
De repente, uma flecha acertou a parte de trás da junta da armadura do ombro esquerdo de Tristan, fazendo com que ele largasse o escudo devido à dor.
“Como...?”.
Ao olhar para trás, viu que mais quatro bárbaros se aproximavam, dentre eles, um arqueiro.
O problema? O Capitão inimigo riu. Bem...talvez seja o fato que essa batalha já acabou. Nós ganhamos. A cidade foi praticamente tomada. Seu exército está sendo massacrado. O castelo está em ruínas. E você... Ele levantou o martelo sobre o ombro direto. ... está morto.
Ele golpeou Tristan na cabeça com o martelo, moendo o elmo de Tristan e quase o matando, conseguindo arremessar o jovem para trás, caindo com o rosto nem tão protegido no chão.
“Bem...se não fosse pelo elmo, eu já estaria morto. Não resta dúvida agora. Eu perdi essa guerra. Nem consigo enxergar direito agora. Sinto o sangue escorrer levemente da minha testa. Tem um exército bárbaro em minha volta. É o fim”.
De repente, podia-se ouvir um grito feminino.
Tristan! Tristan! Era Isolde. Você não pode morrer agora! Tristan! O último grito saiu mais esganiçado do que os outros.
“Não! Isolde! Ela saiu do esconderijo. Mas...mesmo assim, do que adiantaria ela continuar escondida? Eles iriam achá-la, cedo ou tarde. Ela não tinha para onde fugir”.
Logo, Isolde não gritava mais palavras, apenas emitia berros. Não era mais pela tristeza de ver Tristan morrer, era o desespero. A jovem está desesperada, morrendo de medo. Os bárbaros riam.
“Não! Os bárbaros...o que eles estão fazendo...? Não...não posso permitir. Não posso!”.
Tristan tentava se mexer, mas não conseguia. Havia quase morrido com o ataque do Capitão bárbaro.
“Não! Não! Isolde...perdoe-me, Isolde. Eu não pude te salvar”.
De repente, parecia que o mundo havia parado. Tristan só podia ouvir agora o mundo a sua volta e , por isso mesmo, teve essa impressão. Os berros de Isolde haviam parado. Os grunhidos dos bárbaros também haviam se silenciado. Até os sons do fogo queimando e das construções ruindo haviam cessado.
“O que está acontecendo? Será que eu morri? Será essa escuridão e silencio o destino daqueles que morrem?”.
A temperatura do lugar parecia ter caído. De repente, Tristan pode ouvir passos aproximando-se dele.
“O que será agora?”.
Tristan sentiu que alguém tocava sua nuca. Inesperadamente, ele foi se recuperando, recobrando a visão e podendo se mexer vagarosamente.
Tudo bem, garoto? Disse uma voz.
Ao olhar para os bárbaros e Isolde, percebeu algo anormal.
“Eles...estão paralisados?”.
Os bárbaros haviam se juntado em volta de Isolde. O Capitão inimigo pressionava sua garganta com sua mão direita.
Maldito! Gritou Tristan ao visualizar completamente a cena. O quê? Eu voltei a falar?
Você está em perfeitas condições agora. Disse a voz. Não precisa agradecer.
Tristan olhou para onde a voz vinha. Um homem vestido com uma armadura imponente, completamente negra, estava olhando para ele. Seus cabelos eram longos e negros. Seus olhos, vermelhos, penetrando a alma de Tristan.

Você estaria interessado em um acordo, meu jovem? Perguntou o Lorde das Trevas sorrindo.

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